David & Jonathan - "Lovers Of The World Unite" (1966)
Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
quarta-feira, agosto 31, 2011
Da universalidade dos "serviços públicos"
Uma vez mais: na essência do conceito de "serviço público", seja a prestação de cuidados de saúde, a utilização de transportes públicos, a distribuição de medicamentos, etc, etc, está a sua universalidade, isto é, a possibilidade de acesso de todos os cidadãos a esses serviços em condições de igualdade. E tal não só não é injusto como não acontece por acaso: em primeiro lugar, os cidadãos já contribuíram para o seu pagamento de acordo com as suas possibilidades, através de impostos directos progressivos, e, em segundo lugar, se tivessem que o fazer novamente de acordo com o seu rendimento, não só estariam a ser sujeitos a uma dupla tributação, incentivando a evasão fiscal, como tal contribuiria para o seu afastamento da utilização desses serviços, com a sua natural degradação e transformação em "serviços para pobres". Não cabe, portanto, ao conceito de "serviço público", tal como ele tem sido entendido nas modernas e mais progressivas democracias liberais, o papel de "redistribuidores" de rendimentos. Tal é sempre, e fundamentalmente, função dos impostos directos e da sua progressividade. Estamos entendidos?
O PIB em 2013 contado às crianças e ensinado ao povo
O ministro das Finanças importa-se de explicar, a mim e a todos os cidadãos, que tão extraordinários factos, acontecimentos ou eventos irão ocorrer entre 2012 e 2013 para que o PIB, depois de se prever "encolha" 2.2% este ano e 1.8% em 2012, passe a crescer 1.2% em 2013? Wishful thinking, é?
terça-feira, agosto 30, 2011
segunda-feira, agosto 29, 2011
domingo, agosto 28, 2011
Frivolidades: os "docksides" (ou "sapatos de vela")
Os "sapatos de vela", a que eu sempre me habituei a chamar "docksides" pois esta marca da Sebago tornou-se um verdadeiro "genérico" da categoria, são sapatos de Verão, "casuais", que nasceram para os desportos náuticos mas rapidamente estenderam o seu uso a todas as situações de "borda de água" e até mesmo urbanas, em tempos de lazer. Podem, assim, usar-se com quase todo o vestuário informal de Verão, "bermudas", "chinos", "jeans" e pouco ou nada mais no que diz respeito a calças. Como sapatos nascidos para o Verão "à borda d'água", não podem, ou não devem, é, como vejo por aí agora em muitos portugueses, usar-se com meias, ou com aquelas hipóteses de meias envergonhadas, sem "perna", inventadas (tanto quanto me parece...) nos anos mais recentes para não se magoar o "pezinho". E muito menos devem usar-se no Inverno, mesmo que tratando-se daqueles modelos com sola mais grossa que, para mim, representam uma certa perversão da ideia original, um contra-senso. Com meias, estragam mesmo qualquer eventual pretensão de elegância...
sábado, agosto 27, 2011
Cavaco Silva fala do que não deve a cala-se sobre o que não devia
Por muito que o tema seja popular e Cavaco Silva, por vezes, aqui e ali, até possa ter razão, gostaria bem mais de ouvir o Presidente da República falar sobre algo que tem a ver com as suas funções de garante do cumprimento da constituição e do regular funcionamento das instituições democráticas, em causa na questão das escutas a um jornalista de "Público" (Nuno Simas), do que sobre impostos sobre o rendimento, património, heranças e doações, etc, etc, que, quer este as resolva bem ou mal, a meu contento ou não, são assuntos da responsabilidade do executivo. Exactamente por isso, o CDS já o mandou "meter a viola no saco". "Não havia necessidade"...
"Shindig" - 1965 (7)
1. Opening medley:
Bobby Sherman - "I Can't Stop"
Jackie and Gayle - "Give Him A Great Big Kiss"
The Walker Brothers - "I'm A Loser"
Donna Loren - "Rock 'n' Roll Music"
Glen Campbell - "Mean Woman Blues"
2. The Kinks - "You Really Got Me"
3. Jackie and Gayle - "Yakety Yak"
sexta-feira, agosto 26, 2011
Do "público" e do "privado" - sobre um texto de Fernanda Câncio
Penso neste seu texto do DN, publicado também no "Jugular", estar Fernanda Câncio a confundir duas coisas bem distintas. Por um lado, a tentativa dos poderes públicos (ou, pior, de alguns dos seus agentes) imporem a toda a sociedade uma sua concepção da moral, para o qual não estão mandatados nem têm qualquer cobertura legal. É o que acontece nos casos que cita da tentativa de apreensão de um livro por parte da PSP de Braga, do célebre e triste episódio Saramago/Sousa Lara e, tanto quanto sei, também no episódio do Museu Grão Vasco, que penso ser um espaço gerido pelo Estado ou pela autarquia. Serei - e tenho sido - dos primeiros a protestar e lutar contra tal coisa. Outra coisa, bem diferente, é o direito e a liberdade que uma instituição privada que patrocina, organiza e expõe em espaço próprio uma manifestação artística deve ter para decidir o que quer expor em função dos seus valores e objectivos que persegue. Inclusivamente, em função daquilo que entende serem os valores morais da instituição e da maioria dos seus "stakeholders" (não confundir com "stockholders").
Fernanda Câncio considera "hilariante" que a Companhia de Seguros Tranquilidade invoque os "valores tradicionais" da seguradora e pergunta: "além do fazer dinheiro, quais?" Bom, para além de "fazer dinheiro", desde que respeitando a legalidade e a ética, ser algo perfeitamente legítimo e necessário numa democracia liberal baseada na livre iniciativa, como o são as democracias ocidentais (é mesmo um dos princípios fundamentais em que estas assentam), as principais empresas, públicas ou privadas, são, na sua actividade, normalmente enquadradas por um conjunto de valores e regras que as definem, presidem aos seus negócios e lhes permitem ser bem sucedidas ("fazer dinheiro", mas também terem uma função social - as que a têm) nas sociedades e mercados onde actuam. Digamos que tal define a sua personalidade e o seu "way of doing the things". Nada estranho, portanto, que a Tranqulidade os invoque neste caso.
No seu texto Fernanda Câncio critica também o Secretário de Estado da Cultura por duplicidade de opiniões entre o caso de Braga e este agora da Companhia de Seguros Tranquilidade. Existem, certamente, boas razões para se criticar o governo, e eu próprio não tenho por aqui deixado escapar oportunidade quando tal se justifica. Mas, pelo que acima escrevo, pela necessidade clara de um distinção entre o que é da esfera "pública" e o que pertence ao foro "privado", essencial numa democracia liberal (não conheço outra), não me parece constituir este assunto razão para tal. Outras oportunidades não faltarão...
quinta-feira, agosto 25, 2011
A Companhia de Seguros, a arte e a alegada homofobia: algum bom-senso, sff
Defendi neste "blog" o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e continuo intransigentemente a defendê-lo como elemento essencial da igualdade de direitos entre todos os cidadãos. Mais, defendo o direito de acesso à adopção plena pelos casais homossexuais nas mesmas condições dos casais heterossexuais. Escusado dizer que me bato contra a institucionalização de todas as formas de discriminação e censura. Mas tendo dito isto, e enquanto defensor de uma sociedade baseada na livre iniciativa, considero que a Companhia de Seguros Tranquilidade e o Grupo Espírito Santo, enquanto entidades privadas promotoras e organizadoras de uma exposição de arte, têm todo o direito de recusar divulgar temas e apresentar obras que, em seu entender e pelo seu conteúdo, possam considerar constituírem fonte de potencial conflito com os seus "stakeholders" ou prejudicarem os interesses e negócios do grupo e das empresas que o constituem.
Não estamos aqui, neste caso, face a um qualquer incumprimento constitucional ou discriminação em função de sexo, etnia, nacionalidade, ideias políticas ou orientação sexual (ou outra) - discriminação essa que teria a minha frontal oposição - mas apenas perante o direito de uma entidade privada - neste caso um grupo empresarial - poder escolher, aprovar ou recusar temas ou conteúdos de manifestações artísticas por si promovidas, patrocinadas e exibidas num seu espaço. Pergunto-me mesmo se qualquer tentativa de impor o contrário não poderá conter em si mesma, mesmo que apenas de uma forma subliminar, os germes de uma qualquer forma de totalitarismo. Algum bom-senso, se fazem favor...
quarta-feira, agosto 24, 2011
terça-feira, agosto 23, 2011
Summer nights music - III série (8)
Ludwig van Beethoven - Sexteto para duas trompas e quarteto de cordas em Mi bemol maior
1º andamento (Allegro con brio)
O SCP para além dos árbitros
Ora vamos lá ver se conseguimos colocar o tema SCP onde ele deve mesmo ser colocado, isto é, no futebol que a equipa joga e não nos árbitros, jogadas e manobras de bastidores, programas do tipo "Trio d'Ataque", afirmações de dirigentes e ofícios correlativos. Salvaguardo, desde já, que só ainda vi o SCP desta época na televisão e nem sempre com a atenção totalmente disponível. Mas vou tentar "dar um jeito", agradecendo as achegas dos leitores sejam tantas quanto as deixadas neste "blog" dirigidas aos que têm a tarefa de arbitrar um jogo. Vamos lá ver, então...
- Comecemos pela defesa que, independentemente da qualidade dos seus componentes - que é mediana (por exemplo, e valendo a análise "jogador a jogador" o que vale, nenhum seria titular do meu clube) - é também pouco alta, o que é penalizador nas bolas paradas defensivas e também ofensivas. Por exemplo, depois da saída de Tonel não me lembro de um central "goleador" no SCP. Para além disso, qualquer combinação da dupla de centrais (com Polga, Rodriguez e Carriço - Onyewu parece ser ainda, ou já, carta fora do baralho) resulta demasiado igual, sem um "chefe de banda" mais posicional, que funcione como referência e "dê a entrada aos artistas", e um jogador mais rápido e agressivo, que dobre na lateral direita onde João Pereira, pelas suas características mas também pelos princípios de jogo perfilhados pela equipa, tem de se adiantar com frequência.
- Com Rinaudo e Schaars, que me parece ser um nº8, a equipa deverá jogar preferencialmente em 4x3x3. Ora para jogar assim o SCP precisa de um 10 que "saia a jogar", de "tabelas", capaz de desequilibrar no "um para um", já que Schaars é bem mais um jogador que constrói através do passe longo. Há Matias Fernandez, mas parece ter problemas físicos. Não sei se Ismailov poderá ser esse jogador, mas tenho dúvidas. Posso estar errado, mas sempre o vi mais nas faixas, em diagonais (mas admito estar errado). Sem esse nº10, os laterais têm tendência a adiantar-se mais, tentando a equipa sair a jogar por aí. Sem um central rápido e agressivo, que dobre bem nas faixas, fica aí mais um problemas por resolver.
- E depois... o ataque. Com a equipa a jogar em 4x3x3, com extremos como Capel e Jeffren (por aí parece-me estar o SCP bem servido), que vão a linha e não jogam "trocados" efectuando diagonais e rematando, o SCP precisava de um jogador-referência na área, que não é Postiga. Na selecção rende mais porque joga com Cristiano e Nani, que efectuam essas diagonais e jogam com ele. No FCP de Mourinho tinha Deco muito próximo de si (e que valia alguns golos) e nas alas jogavam falsos extremos: Carlos Alberto e, principalmente, Derlei, que fazia grande parte das despesas de goleador. E quando o esquema se transformava num 4x4x2 havia ainda Benni McCarthy. Postiga, que não é um goleador, um jogador para valer 25 golos por época, mas que sabe jogar à bola, precisa de companhia, de alguém por perto que "jogue com ele" e também supra esse seu "déficit" de golos. Um outro ponta de lança? Nada disso, de um ou dois alas e de um nº10 que façam com ele esse trabalho.
Estes parecem-me ser os principais problemas para que, uma vez resolvidos, a equipa ganhe uma identidade e funcione melhor. Mas atenção: não lhe peçam que seja candidata ao título. Com este plantel e as suas actuais possibilidades de investimento (para não falar do meu clube, o FCP já investiu mais de 60M), dificilmente o será. Um "outsider" interessante, talvez e a prazo, mas, sustentadamente, não muito mais do que isso. Sorry...
Jerry Leiber (1933 - 2011)
Little Willie Littlefield - "K. C. Loving" (1952)
"Durante muito tempo, e antes de ter esbarrado com os Coasters, se me perguntassem o que significavam para mim Jerry Leiber e Mike Stoller eu diria: sim, são aquela dupla de compositores responsável por alguns dos melhores temas de Elvis Presley ainda “antes de ele nos ter deixado”, isto é, naquele período da RCA entre a saída da Sun Records e a entrada para a tropa, quando decidiu, definitivamente, que a vida dele era outra que não o "rock & roll". E dizia bem, com certeza: Leiber e Stoller são responsáveis por temas como “Treat Me Nice”, Baby I Don’t Care, “Don’t”, o célebre “Jailhouse Rock” e, por interposta Big Mama Thornton, “Hound Dog”. Mas e que mais? Qual a sua história? Pois Leiber e Stoller, a quem é atribuída a frase “nós não escrevemos canções, escrevemos discos”, embora oriundos de Baltimore e Long Island, respectivamente (1933), encontraram-se em 1950 na sunny Califórnia, terra das oportunidades, onde descobriram que, como muitos outros miúdos brancos dos subúrbios pobres das cidades – como o próprio Elvis Presley - tinham partilhado a vida com os negros e também o gosto pela sua música. Bom, e aqui chegamos a uma questão essencial: uma das principais contribuições de Leiber e Stoller para a história do "rock & roll" foi o facto de terem sido dos primeiros brancos a trabalhar na área da música negra – como compositores, produtores e empresários - e isso, bem evidente no início da sua carreira, muito contribuiu para o seu desenvolvimento, para que a música negra saísse do ghetto, e, por acréscimo, para o nascimento e implantação do "rock & roll".
Pois se a primeira composição de Leiber e Stoller foi uma tal “Real Ugly Woman”, para Jimmy Whitherspoon (confesso a minha ignorância: nunca ouvi) e se, depois disso, ainda se seguiu “Hard Times” para Charles Brown (em ambos os casos estamos a falar de cantores de “blues”), à terceira foi de vez e “K C Loving”, gravado em 1952 por Little Willie Littlefield, chegaria a # 1 em 1959 pela voz de Wilbert Harrison, depois de ver alterado o seu nome para “Kansas City”. Mais tarde entraria mesmo para a posteridade pela voz de Little Richard e... dos Beatles, pois claro, no álbum Beatles For Sale. Aqui fica."
Publicado neste "blog" a 27 de Fevereiro de 2008. Pode (e deve) ler mais sobre Jerry Leiber (c/ Mike Stoller) no "Gato Maltês", aqui.
segunda-feira, agosto 22, 2011
Quotas e cedências
Parece-me perfeitamente razoável o estabelecimento de uma quota de 5% para os professores com a classificação de "excelente". Já a quota de 25% para os classificados com "muito bom" me parece claramente um exagero e uma concessão aos sindicatos. Uma quota de 15/20% para as "top two boxes" ("excelente" e "muito bom"), com a grande maioria dos professores avaliados (60/65%) a integrarem as classes do "meio" (bom e suficiente), parecer-me-ia bem mais de acordo com a norma conhecida de outras áreas e com o que se sabe da realidade do sector.
As confusões de um hino...
Joseph Haydn - Quarteto nº 62 em Dó maior
2º andamento - Poco adagio; Cantabile)
A versão do hino alemão adoptada pela Alemanha nazi
Hino Nacional da Alemanha (versão actual)
Noticia o "Público" que durante uma das cerimónias protocolares dos campeonatos mundiais de canoagem o actual hino alemão ("Das Lied der Deutschen") foi trocado pelo antigo hino nazi. Certo, mas bastante imcompleto, já que a melodia é a mesma e apenas a estrofe que é cantada é diferente. Vejamos...
A melodia do hino alemão é a mesma desde 1922 (República de Weimar) e é baseada no 2º andamento (Poco adagio; Cantabile) do Quarteto nº 62 em Dó maior de Joseph Haydn. Durante o regime nazi apenas a primeira estrofe do poema, um original de Hoffmann von Fallersleben, era cantada, a que começa pelo célebres versos " Deutschland, Deutschland über alles, Über alles in der Welt". Normalmente, antecedia aquele que pode ser considerado, na realidade, o verdadeiro hino da Alemanha nazi, o "Horst Wessel Lied" (aka "Die Fahne hoch" - "Bandeira ao Alto"). Finalmente, com a fundação da RFA, em 1952, foi determinado oficialmente que apenas a terceira estrofe, a que começa com os versos "Einigkeit und Recht und Freiheit, "Für das deutsche Vaterland!" ("Unidade, Justiça e Liberdade para a pátria alemã"), constituiria o hino oficial. Entende-se, portanto, a terrível "gaffe" para quem não sabe alemão ou conhece mal a sua História... Desculpar, isso já é mais complicado...
domingo, agosto 21, 2011
Um brincadeira de mau gosto?
Digamos, em abono da verdade, que pelo menos nestas coisas da escolha dos árbitros o FCP costuma ser um pouco mais discreto...
Já agora, espero também, caso isto, na prática, venha a acontecer, isto é, se fôr esta a equipa de arbitragem a actuar, que os restantes clubes da Liga, e principalmente o SLB, tomem a única posição admissível: a impugnação do campeonato.
Domingo é dia de "bola": 3 notas 3
- Falta ao Chelsea quem, no meio-campo, seja forte no "um para um", capaz de criar espaços de penetração e desposicionar o "bloco" contrário. Um Joe Cole, mas "em bom". Por outro lado, Torres vem de equipas (Atlético e Liverpool de Benitez) que jogavam em "bloco baixo" e transições rápidas, com passes a explorar as costas da defesa contrária. Tenho dúvidas alguma vez "encaixe" no modelo de jogo dos "blues" de Fulham Broadway.
- Mais uma vez se prova que esta equipa do meu "Glorioso" defende muito mal. Porquê? Pelo facto de o Feirense, penso que o orçamento mais baixo da Liga, ter conseguido, para além do golo, mais três ou quatro oportunidades em que ele não apareceu porque... não tinha que aparecer e o árbitro decidiu em favor do SLB um lance em que não escandalizaria se tivesse decidido ao contrário. A equipa não defende "em bloco" desde a área contrária e, assim, deixa demasiadas vezes o adversário chegar à zona de remate em condições favoráveis. Ontem, houve mesmo um lance paradigmático em que o Feirense consegue sair a jogar desde o seu sector recuado, em sucessivas trocas de bola, e criar um lance extremamente perigoso na área do SLB. Quarta-feira terá que defender bem melhor se não quiser ter um dissabor.
- Aqui para nós: ainda bem que a selecção portuguesa sub-20 não ganhou o campeonato do mundo. Em 89 e 91 tal serviu, fundamentalmente, para criar uma série de mitos que pouco ou nada ajudaram o futebol português a crescer. E atenção aos considerados "melhores jogadores". Em 91, Emílio Peixe foi eleito o melhor - e havia Rui Costa e Luís Figo. E o melhor lateral esquerdo foi um tal Paulo Torres - e o Brasil tinha Roberto Carlos. Pois...
A LPFP e a "greve"
A greve dos árbitros a um jogo do SCP, que Vítor Pereira e a Liga não conseguem resolver, a fazer "jurisprudência" arrisca-se a criar um grave e iníquo precedente: sempre que um clube não queira aceitar o árbitro nomeado, preferindo um de 3ª, 4ª ou 5ª categoria, ou até mesmo um "curioso", basta a um dirigente insurgir-se contra tal de modo público e notório, de preferência com algum estrondo à mistura. Significa isto que o SCP não se possa queixar (até arrisco a dizer, "reiteradamente") de erros de arbitragem em seu prejuízo? Nada disso, mas apenas que a LPFP, perante os factos, só poderia agir de uma maneira: punir severamente Godinho Lopes e João Ferreira, de tal modo ficassem, eles ou quaisquer outros, sem vontade de repetir a "gracinha". O problema, o grave problema, é que perante um panorama feito de "apitos dourados", "assistentes de recintos desportivos" transformados, por arte circense, em meros espectadores, um clube (FCP) que todos sabemos por que caminhos de Guímaros, Pratas e guardas Abéis se alcandorou até ao topo com a conivência das autoridades desportivas, o histórico de complacência perante afirmações incendiárias de dirigentes e distúrbios nos estádios (e fora deles) perpetrados por grupos de arruaceiros e criminosos, a LPFP, mais a mais presidida por uma personalidade como Fernando Gomes, perdeu qualquer autoridade para actuar consequentemente na defesa da indústria e da isenção das competições de futebol profissional. Por tal razão, resta-lhe assistir e assobiar para o lado.
sábado, agosto 20, 2011
"Shindig" - 1964 (3)
1. The Hondells - "Little Honda"
2. Adam Faith - "Big Time"
3. The Everly Brothers - "Let It Be Me" e "Gone Gone Gone"
sexta-feira, agosto 19, 2011
O radicalismo católico e o laicismo militante
Nas décadas de 60 e 70 existia em Portugal uma esquerda católica, liberal (os chamados "católicos progressistas"), com um pensamento próprio e uma intervenção política importante na sociedade portuguesa, mormente nas lutas contra a guerra colonial e a ditadura. Mas não só: nas questões de costumes de então que poderiam afrontar o catolicismo conservador, como o divórcio, terão também feito ouvir a sua voz e sentir o seu peso no sentido da abertura e do progresso. Embora os tempos fossem outros, de outras polarizações e radicalismos também, penso que a sua existência terá, de algum modo, ajudado a evitar alguma da polarização que hoje se verifica na sociedade portuguesa entre uma esquerda laica radical e activamente militante e uma direita católica ultraconservadora e não menos radical e talvez ainda mais militante. Lembrei-me disso hoje - tempo de férias - a propósito dos confrontos de Madrid, embora as clivagens em Espanha sejam histórica e politicamente bem mais gravosas e por isso mesmo não possam ser comparáveis. A questão é que para mim, defensor de um Estado laico mas compreendendo a importância da herança cultural cristã e católica na sociedade portuguesa, não me parece que ver a defesa da concepção laicista, que partilho, fundamentalmente entregue ao radicalismo militante, como por vezes tem acontecido, mesmo que como resposta a igual atitude da parte contrária, possa trazer contribuição positiva às concepções que defendo. Ontem, em Madrid, cidade onde tenho algumas das minhas raízes, por certo isso não aconteceu.
Summer nights music - III série (7)
W. A. Mozart - Trio com clarinete em Mi bemol maior K. 498
3º andamento - (Rondeau) Allegretto
quinta-feira, agosto 18, 2011
Selecção sub-20: atenção aos mitos
Agora que a selecção portuguesa de sub-20 se apurou para a final do Mundial da categoria, espero não se inventem novos mitos do tipo geração dourada" ou "geração da coragem", como já ouvi chamar a esta equipa que, nos seus princípios e modelo de jogo, tem grandes semelhanças com a Grécia do Euro 2004 que tão vilipendiada foi. Não pode haver dois pesos e duas medidas.
Como já aqui afirmei, da selecção campeã de 1989 apenas Fernando Couto, João Pinto e Paulo Sousa fizeram carreira na selecção principal - e Sousa era extremo direito e suplente. Já se falarmos de 1991, apenas com Luís Figo, Rui e Jorge Costa (João Pinto era uma repetição) tal aconteceu com regularidade (Nelson teve uma carreira com mais baixos que altos e Abel Xavier era suplente). Emílio Peixe, considerado o melhor jogador do torneio, nunca se imporia de modo consistente. Da equipa sénior que iniciou o jogo da a meia-final do Euro 2000 contra a França, talvez a melhor selecção portuguesa depois de 1966, apenas faziam parte 4 jogadores titulares das selecção sub-20 de 1989 e 1990: Fernando Couto, Jorge Costa, Luís Figo e Rui Costa. João Pinto foi suplente nesse jogo e Aber Xavier era suplente em 1991.
As selecções jovens servem fundamentalmente para formar jogadores - e não para ganhar títulos - e países como a França, Itália, Inglaterra e Holanda nunca foram campeões. E a Alemanha, na altura ainda RFA, foi-o apenas uma vez e no já longínquo ano de 1981, tal como a Espanha o foi no já mais recente ano de 1999.
quarta-feira, agosto 17, 2011
Summer nights music - III série (6)
Dmitri Shostakovich - Valsa nº 2 da Suite nº 2 para Orquestra de Jazz
terça-feira, agosto 16, 2011
F.C. Twente - SLB
A equipa defende mal, não o faz em bloco logo à saída da área contrária. Foi assim contra o Gil Vicente e foi assim hoje, novamente. Porquê? Nem Nolito, Gaitán ou Cardozo têm esse perfil , a agressividade necessária, e deviam ser eles a fazê-lo em primeiro lugar. E como seu modelo de transições rápidas, gerindo pouco a posse de bola e perdendo-a muitas vezes, a equipa desposiciona-se com alguma facilidade. Enfim, um razoável resultado mas um enorme sofrimento. Mas desta vez Jorge Jesus geriu bem o jogo.
segunda-feira, agosto 15, 2011
Selecções jovens
As selecções sub "qualquer coisa" servem para formar jogadores ou ganhar campeonatos? Da equipa sub-20 de Riad, mesmo com o caminho aberto por terem sido campeões do mundo, apenas quatro dos dezoito jogadores que compunham o plantel fez carreira com algum destaque: Fernando Couto, Paulo Madeira, Paulo Sousa (era suplente e, salvo erro, extremo direito) e João Vieira Pinto. E destes, apenas Couto e Sousa fizeram carreira no "grande futebol" internacional. Digamos também que três outros, Folha, Paulo Alves e Jorge Couto, se ficaram por uma mediania que não envergonha. Dos restantes, pouco ou nada reza a História.
O governo, a despesa do Estado e as "corporações"
Penso, uma coisa este governo terá já compreendido: a "paz social", a ausência de contestação ou a sua manutenção em "banho maria" têm menos que ver com a contestação sindical, as manifestações e greves da CGTP, do PCP e BE, das várias "gerações à rasca"ou dos "precários inflexíveis", mas estará mais, muito mais, ligada à ausência de medidas que possam afrontar as corporações do costume. Aliás, fácil foi perceber que não foi a rua da CGTP e afins, mas sim o Sr. Litério da Anadia, os juízes e magistrados de António Martins e João Palma e os professores, conjuntural e oportunisticamente mobilizados por Mário Nogueira, que tramaram José Sócrates e as veleidades reformistas do seu primeiro governo.
E outra coisa, ligada a esta, também o governo já terá compreendido: não pode haver cortes significativos na despesa do Estado que não passem por uma ainda maior contracção das transferências sociais ou de cortes nos salários dos funcionários públicos sem medidas e reformas que afrontem o poder das corporações, e não afrontar esse poder é condição sine qua non para eliminar qualquer veleidade de contestação ao governo ou a mantê-la nos limites do tolerável. Por isso mesmo, este governo resistirá enquanto puder a avançar com quaisquer reformas que possibilitem tais cortes. Mas também por uma outra razão: no fim de contas, deve em boa parte a essas corporações a criação do caldo de cultura" que permitiu a sua ascensão ao poder. E que um favor tem sempre de ser pago já todos aprendemos nos filmes...
Televisão e família: o que sugere uma foto
Fotografia bem representativa (retirei-a do "Abrupto" de JPP) da família e da função da televisão nos seus primórdios, nos anos 50 do século XX.
- Em primeiro lugar, a televisão ainda é um equipamento colectivo, que junta toda a família a sua volta, contribuindo assim para a coesão da família enquanto "célula base" da organização social (era assim que se dizia). Hoje, como sabemos, tornou-se um bem pessoal, existindo duas, três ou quatro por cada casa, e só em ocasiões muito excepcionais (os jogos de futebol da selecção nacional, por exemplo) é capaz de voltar a reunir a família à sua volta.
- O homem, o chefe de família, é o único que, na fotografia, assume uma atitude activa, sintonizando o televisor e escolhendo o programa que toda a família irá ver.
- A "hierarquia" continua presente na mãe, que tem direito a estar sentada no sofá e lê o jornal, enquanto os mais novos, presume-se que filhos, se sentam no chão e uma delas segura uma garrafa de refrigerante, símbolo dos consumos emergentes.
Tudo isto nos faz entender como a individualização dos consumos agiu também sobre a família, pôs em causa a dominância do seu modelo tradicional e a sua homogeneidade de comportamentos. Hoje, cada um, ou cada subgrupo dentro do grupo que constitui a família, tem a sua própria televisão e escolhe os programas que quer ver. Cada um tem o seu computador pessoal onde selecciona a informação que pretende. O próprio telefone familiar deixou de existir com o aparecimento e democratização do telemóvel, correio electrónico, Facebook, Skype, etc. Muitas vezes, pelo menos nas famílias da classe média-alta, é já o conceito de "automóvel familiar" que começa a desaparecer. Enfim, a fotografia é bem demonstrativa de como a "revolução electrónica" e a democratização dos que eram, até há bem pouco tempo, considerados equipamentos colectivos facilita o primado do individual, tende a fragilizar alguns dos momentos que funcionavam como afirmação da hierarquia familiar tradicional e obriga esta a procurar novas formas de coesão no seu interior. Porventura, bem mais saudáveis...
domingo, agosto 14, 2011
Os "penalties"
Quando, nas provas da FIFA e UEFA, os desempates começaram a ser decididos por pontapés da marca da grande penalidade, isso constituía para as equipas portuguesas como que uma fatalidade: o que as poderia esperar era a derrota quase certa. Azar? Maldição? Mau olhado? Nada disso: apenas falta de concentração competitiva, medo de falhar, ausência de convicção, timidez, "tremideira". Ou seja: o mesmo provincianismo, filho do subdesenvolvimento, que levava os poucos jogadores portugueses que conseguiam lugar numa equipa estrangeira a voltar para Portugal mal passavam a fronteira com saudades do bacalhau com batatas, do caldo verde e da malga de verde tinto.
Hoje, as equipas e selecções portuguesas ultrapassam a prova do desempate "por penalties" com desenvoltura e sem preconceitos. Dificilmente poderemos encontrar outra coisa que demonstre melhor o que o país progrediu e avançou nas últimas décadas.
sábado, agosto 13, 2011
O dilema de Jorge Jesus
Uma coisa que Jorge Jesus tem de compreender rapidamente é que uma equipa não pode ir trocando de identidade, de modelo, jogo a jogo. Muito menos pode hesitar permanentemente na assunção dessa mesma identidade. Isto não significa que, dentro de limites, não possa ir mudando o seu sistema (4x4x2; 4x3x3) de jogo para jogo ou até durante um jogo, consoante a flexibilidade e polivalência dos seus jogadores ou as alterações e substituições que faça. Não pode é mudar de identidade... O Barça, o Arsenal, o Real Madrid, mesmo o FCP são equipas com uma forte identidade e quando muito, a longo prazo, vão fazendo evoluir, em nuances, essa sua identidade num ou noutro sentido. Por exemplo, o FCP utilizava mais as transições rápidas com Jesualdo Fereira e passou a privilegiar mais a posse e circulação de bola com Villas-Boas, mas tal não significou uma mudança brusca, nem sequer mesmo uma ruptura ou que um modelo se passasse a impor definitivamente a outro: houve, simplesmente, uma evolução que determinou que um dos modelos se fosse tornando mais dominante (mas não exclusivo).
Ora o SLB tinha essa mesma identidade há duas épocas: uma equipa que jogava quase exclusivamente em transições muito rápidas, com alas agressivos e que jogavam verticalmente dando profundidade à equipa (Coentrão/Di Maria e Maxi/Ramires ou Urreta - até dada altura) e um "ponta de lança" do tipo poste" (Cardozo), servido por esses mesmos alas que arrastavam os defesas contrários para os flancos e assim abriam, juntamente com Saviola no meio, os espaços necessários para um jogador (Cardozo) que deles precisa para ser eficaz. A capacidade de Ramires para fechar no meio e a rapidez de David Luiz, permitindo-lhe subir no terreno e à defesa jogar adiantada, equilibravam defensivamente a equipa ajudando a ganhar agressividade a meio-campo. Mesmo assim, no grandes jogos, esse modelo muito "prá frentex" e com pouca capacidade de "gestão de bola" deu alguns problemas: a equipa sentia dificuldades defensivas e, embora campeã, não conseguiu vantagem nos jogos contra as equipas do seu campeonato (FCP e S.C. Braga).
Os problemas defensivos enfrentados na época passada, particularmente nos jogos da Champions League, mostraram à evidência os problemas deste modelo sem Ramires, Di Maria e, depois, David Luiz, pelo que Jorge Jesus terá começado a hesitar na preparação desta época entre repetir o modelo das épocas anteriores, com Witsel em vez de Aimar, quando fosse necessário um maior equilíbrio defensivo, e Enzo Perez a fazer de Sálvio, e um modelo quase antagónico, de transições rápidas mas em circulação, em passe mais curto, em carrocel, sem Cardozo mas com jogadores muito móveis e extremos "trocados" a efectuarem diagonais. Digamos que menos vertical. Tal permitir-lhe-ia utilizar simultâneamente Witsel e Aimar, equilibrar a equipa e encurtar e preencher melhor os espaços. O sucesso de Nolito, um dextro a jogar do lado esquerdo e que por esse motivo obriga Gaitán a ir para a direita, o que é pouco compatível com a eficácia de Cardozo, terá contribuído ainda mais para entusiasmar Jorge Jesus. O problema é que estamos perante dois modelos, duas identidades, demasiado antagónicas para irem coexistindo e alternando, e para jogar no modelo "tradicional" (digamos assim), para além de precisar de uma alternativa a Cardozo (na época passada, bem ou mal, havia Kardec), não pode "meter" Aimar e Witsel na mesma equipa nem utilizar Nolito. Já para o "novo" modelo não tem um "ponta de lança" adequado e em Barcelos acabou por misturar os dois com os maus resultados conhecidos.
Parecem-me, pois, ser estas as hesitações de Jorge Jesus, e é bom que resolva rapidamente o seu dilema enquanto o mercado está aberto e pode fazer adaptações sem pôr a época demasiado em risco. E também o seu emprego e, last but not least, a paciência dos benfiquistas.
"Shindig" - 1964 (2)
1. Bobby Sherman - "Just for Me and My Girl"
2. Elkie Brooks - "Nothing Left To Do but Cry"
3. Roy Orbison - "Oh, Pretty Woman"
sexta-feira, agosto 12, 2011
E assim se perderam dois pontos...
Quando o jogo de hoje acabou, tentei encontrar uma explicação para o empate que não passasse pelos corriqueiros "jogámos mal", etc, etc. Uma explicação que considerasse ser chave, e não vários motivos que ligados uns aos outros justificassem tal fiasco. Primeiro achei fosse do meio-campo, da equipa "partida", daquele desequilibrado 4x1x5 de que Jesus tanto gosta. Mas quando vi que a entrada de Witsel pouco ou nada tinha resolvido, cheguei a uma conclusão: raramente vi o Gil Vicente com dificuldades em sair a jogar desde as suas linhas recuadas, o que lhe deu a possibilidade de, em transições rápidas, chegar frequentemente junto da defesa do SLB com esta equipa ainda à procura do seu equilíbrio defensivo. Pois, foi exactamente isso: a incapacidade de realizar tal pressão alta, em bloco. E assim se foram os dois primeiros pontos...
IVA e justiça social
Como já por várias vezes tenho afirmado neste "blog", continuo a ser de opinião que não faz qualquer sentido fazer (ou tentar fazer) justiça social através dos impostos indirectos (IVA, p.ex.). Por isso mesmo, digo, uma vez mais, não fazer também qualquer sentido, em abstracto, a existência de taxas de IVA reduzidas para os chamados produtos ou serviços essenciais, financiando ricos e pobres em condições práticas de igualdade (os ricos não comem apenas caviar ou trufas do Périgord, comem também batatas, arroz e feijão). Essa justiça social deve ser feita, isso sim, por via da progressividade dos impostos directos, mormente sobre o rendimento de famílias e empresas, e das transferências sociais para as famílias que delas efectivamente necessitem.
Digamos que, por isso mesmo, não me choca o agravamento do IVA para o gás e a electricidade em si mesmo, tal como não me chocaria tal acontecesse para a restauração. Não percebo, mesmo, qual a razão das suas taxas reduzidas. Os problemas, esses, são bem outros: em primeiro lugar, e em termos de oportunidade, estamos perante uma medida claramente recessiva, pró-cíclica, que soma austeridade a austeridade numa conjuntura internacional que também começa a acentuar essa tendência; em segundo lugar, o que se tem verificado nos últimos tempos não é uma clara tendência para um aumento da progressividade dos impostos sobre o rendimento nem, principalmente, das transferências e apoios sociais para quem deles carece. Digamos que, assim, só actuando do lado do IVA, o governo se limita a actuar só de um lado: o da cobrança.
"Who framed Vítor Gaspar"?
Fazer constar e publicar, sem desmentido, que vão ser anunciados cortes drásticos na despesa do Estado e depois anunciar, através de uma formal conferência de imprensa convocada para as nove da manhã, um aumento significativo do IVA no gás e electricidade, defraudando completamente as expectativas é um erro de comunicação tão primitivo, "colossal" (direi mesmo uma trapalhada ao nível do melhor burlesco de um Jerry Lewis), que acredito nem um governo com demasiada gente inexperiente, como é o actual, cometeria tal erro. Muito menos um governo que conta com a experiência e expertise de um político como Paulo Portas. A pergunta que posso fazer é pois a seguinte: quem terá tramado Vítor Gaspar (e, já agora, Passos Coelho)? Quem fez com que tropeçassem no balde e fossem espalhar-se direitinhos com a cara de encontro à tarte de creme? Ou, então, quem sabia isso ia acontecer e não fez nada para o evitar?
quinta-feira, agosto 11, 2011
UK: ordem pública e política
Li ontem, num daqueles rodapés informativos das televisões, que a polícia britânica estaria a ser acusada de pouca eficácia, pelo menos num primeiro momento, na repressão dos motins. Admito o tenha sido, mas também sou levado a pensar que tal se pode ter ficado a dever àquele que é, tradicionalmente, o "way of doing the things" da Polícia Metropolitana e que não terá muito a ver com o que se passa noutros países quando estes enfrentam situações semelhantes (v.g. França)
De qualquer modo, e como por aqui já afirmei, se no curto-prazo estamos perante uma questão aguda de alteração violenta da ordem pública, a que é preciso pôr cobro e rapidamente, não é indiferente para a prevenção futura e resolução no longo-prazo deste tipo de problemas, evitando o ressurgimento das suas manifestações mais agudas e violentas, o modo como o reestabelecimento dessa ordem pública possa ser conseguido. Estamos pois, também, perante uma questão política, e é indispensável que tal seja levado em linha de conta nos processos e meios utilizados para repor a ordem e punir os responsáveis. Assim sendo, recorrer ao exército, transformando-o em verdadeira força de ocupação e de subversão do Estado de Direito, seria a pior das soluções, arriscando transportar para algumas cidades inglesas o ambiente militarizado e bélico da irlandesa Belfast, com o risco de transformar algumas das suas áreas em atoleiros semelhantes. Para bem de todos, espero mesmo não passe de uma ameaça e não se ofereça de mão-beijada aos desordeiros essa vitória.
As capas de Cândido Costa Pinto (73)
Capa de CCP para "A Diabólica Casa Isolada", de Agatha Christie, nº 37 da "Colecção Vampiro"
Nota: a versão televisiva ("Peril At End House"), incluída na série "Poirot", com David Suchet, passa hoje na RTP Memória pelas 22.20h. Recomendável.
À atenção da PSP, GNR e populismo ultra-securitário
Suzella Palmer, criminologista e especialista em gangs, crime e juventude na Universidade de Bedfordshire.
Nota: vale a pena ler a entrevista na íntegra.
quarta-feira, agosto 10, 2011
A RTP e os jogos de futebol
Ontem, faute de mieux, lá me dispus, pelas 23h, a ver o jogo da selecção portuguesa no mundial de sub-20 (não, não venho falar sobre o jogo, aliás entediante de mal jogado). Sabendo da transmissão da RTP 1, comecei por lá, mas logo verifiquei que teria de aturar uma transmissão com umas barras pretas em cima e em baixo ao longo de todo o comprimento do écran, vá lá saber-se porquê (gostava me explicassem, mas penso seja por causa das televisões antigas). Foi quando se fez luz no meu espírito e me lembrei que as transmissões do campeonato têm estado a cargo da Eurosport, muitas delas em HD. Na "mouche": mudança para o canal 27 e a Eurosport lá me proporcionou a transmissão do jogo com a qualidade HD e total preenchimento do écran. Depois invoquem o serviço público...
David Cameron
Contrariamente ao que David Cameron afirma, o problema não é "existirem partes da sociedade que estão doentes". Trata-se de um diagnóstico errado e a seguir por esse caminho Cameron não chegará a parte alguma: repetirá os mesmos erros que nos trouxeram - a todos - a esta situação explosiva. O que existe, isso sim, é um modelo de desenvolvimento que gerou nos últimos 20 ou 30 anos uma sociedade pouco saudável, se quisermos, doente no seu todo.
Claro que é agora indispensável reprimir e restaurar a ordem pública rapidamente; defender a propriedade, pessoas e seus bens. Levar desordeiros perante a Justiça que não deixará de os responsabilizar pelos seus actos. Mas o próprio modo como isso for feito, sem que o que digo possa ser interpretado como apelo a qualquer tipo de brandura ou capitulação mas apenas como necessidade de se respeitar, ao impor o primado da lei, a letra e o espírito do Estado de Direito Democrático britânico, não é indiferente para se mostrar a todos, prevaricadores e vítimas, que se percebeu o que está em causa e que se saberá agir também a montante dos problemas para evitar uma sua qualquer repetição. É esta, agora, a tarefa fundamental de David Cameron e do seu governo.
Summer nights music - III série (4)
Carl Maria von Weber - Concerto para Fagote em Fá maior
3º andamento (Rondo; Allegro)
terça-feira, agosto 09, 2011
Motins de Londres: à atenção das autoridades portuguesas
O que vou dizer é óbvio, mas em ocasiões complexas e difíceis existe sempre tendência para entrar em análises profundas (o que também é necessário) e esquecer esse mesmo óbvio.
- Mesmo nas maiores desgraças há sempre algo a aprender. No caso dos motins londrinos, seria bom que as autoridades portuguesas (Governo, Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia e outras) tentassem perceber como se chegou a tal ponto, agindo enquanto é tempo de modo a evitar qualquer coisa de parecido à escala portuguesa. É que já existiram uns "ameaços"... Não há qualquer desculpa para a repetição das mesmas asneiras, e tal repetição costuma dar origem aos mesmos desastrosos resultados.
- Seria também ocasião indispensável para as forças de segurança perceberem como devem lidar com situações semelhantes, quer preventivamente (a PSP e a GNR costumam ter dedo demasiado pesado no gatilho e pouca sensibilidade para lidar com algum tipo de marginalidade, mas também com algumas minorias étnicas), quer no caso, que esperemos não aconteça, de se verem forçadas a recorrer à repressão por alteração da ordem pública. Pede-se profissionalismo.
"One-Hit Wonders" - II série (4)
The Paper Dolls - "Something Here In My Heart (Keeps A-Tellin' Me No) (1968)
segunda-feira, agosto 08, 2011
A "ducal" comissão
Num arremedo de voluntarismo ditado por razões estritamente ideológicas, o PSD resolveu incluir no seu programa, quase como se fora ponto de honra, a privatização da RTP. Em função desse mesmo voluntarismo, não cuidou de ouvir operadores privados, inteirar-se de razões de mercado e assim sucessivamente. Ou seja: foi incompetente. Agora, mediante a oposição desses mesmos operadores privados, que por razões de mercado em crise temem concorrência acrescida e pela viabilidade das suas operadoras, questionado, ficou literalmente "à rasca" com a trapalhada em que se viu metido. Que fazer, então? Nomear uma comissão, pois claro, para estudar e definir aquilo que, depois de sete anos de oposição, já devia estar estudado e caberia aos orgãos políticos dirigentes do partido definir: o seu conceito de serviço público de comunicação social, em geral, e de televisão, em particular. Agora "enquanto o pau vai e vem folgam as costas" e pode ser que entretanto uma solução mágica caia do céu ou o assunto, tal como o parecer daquela comissão que há uns anos decidiu entregar a RTP 2 à "sociedade civil" com os brilhantes resultados que se conhecem, morra de morte lenta, "morrida matada". Difícil, difícil mesmo é demonstrar maior incompetência e resolver tal disparate.
Nota: tal como aqui afirmei - e repito - nada tenho, em termos ideológicos ou de princípios, contra a privatização da RTP.
Contestação em Setembro?
Oiço e leio frequentemente que a ausência de contestação a algumas medidas do governo se ficará a dever ao período de férias. Tenho algumas dúvidas, embora não descarte sejam as férias pouco amigas da contestação. Parece-me mais evidente que essa ausência de tal contestação se ficará mais a dever ao facto de, até agora, não terem sido atingidos de modo notório, específico e exclusivo os interesses de algumas das corporações dominantes e que estiveram na vanguarda das acções contra o anterior governo, tais como, por exemplo, professores, autarcas, magistraturas, forças de segurança, camionistas, médicos, etc. Enquanto tudo se resumir a uns cortes salariais e das transferências sociais, mais ou menos universais pelo menos para quem vive ou sempre viveu do seu trabalho, a contestação, mesmo chegado Setembro, ficará reduzida apenas a umas poucas e institucionais manifestações do costume a cargo dos organizadores habituais, CGTP, PCP e BE. Digamos que pelo menos neste ponto a gestão do governo tem sido inteligente.
domingo, agosto 07, 2011
Um retrocesso civilizacional
Estive a folhear esta manhã o terceiro volume da "História da Vida Privada em Portugal" (coordenação de José Mattoso), o referente à Idade Contemporânea. Confesso que ao ler certas passagens sobre a primeira metade dos século XX, referentes ao modo como viviam as classes mais pobres e ao "apoio" que lhes era concedido, não pude deixar de estabelecer um certo paralelismo com algumas das medidas decretadas pelo actual governo. E senti vergonha.
Futebol: proteccionismo e selecções nacionais
A cruzada de jornalistas e comentadores desportivos em favor do proteccionismo no futebol, aproveitando o facto do SLB ter iniciado alguns jogos sem um único português na equipa, é um dos factos marcantes neste final de "defeso". Agora, esgotados outros argumentos, vem o recurso ao patrioteirismo mais saloio e reacionário, com o pretexto de que o "excesso" de jogadores estrangeiros prejudica as selecções nacionais. Como se o facto, proporcionado pelo fim do proteccionismo, de alguns dos principais jogadores portugueses actuarem nas principais equipas e campeonatos europeus não beneficiasse a selecção portuguesa. Como se o facto de muitos jogadores dos escalões sub-21 e sub-20 actuarem em equipas estrangeiras de média dimensão, em vez de o fazerem no Fafe ou no Freamunde, não resultasse em benefício dessas mesmas selecções, como se vê agora no Campeonato do Mundo da Colômbia. Como se a concorrência acrescida, nascida com o fim do proteccionismo, não obrigasse a uma melhoria da qualidade de todos os jogadores, com a qual beneficiam também os jogos que envolvam as selecções nacionais.
Enfim... já não falando da liberdade e do direito que a todos deve ser concedido de poderem procurar trabalho onde tal possa melhorar as suas condições de vida.
sábado, agosto 06, 2011
sexta-feira, agosto 05, 2011
Portugal: "apartheid" ou "um país, dois sistemas"?
Haverá muitas e boas razões para que muita gente aplauda as medidas do governo ao "aligeirar" o controlo da ASAE nas "cantinas" das instituições de solidariedade social e em distribuir medicamentos grátis que se encontram perto do final do seu prazo de validade. No fim de contas, dirão, muita comida haverá que, não estando estragada, terá que ser deitada fora "por causa dessas regras estúpidas da ASAE" e também "não faz sentido destruir medicamentos que ainda estão dentro do prazo limite da sua utilização". Bom, mas o problema, o grande problema, é que vivemos num Estado de Direito Democrático e em democracia (mas não só) as leis do Direito são gerais e abstractas, isto é, aplicam-se igualmente a todos sem definirem situações concretas. Não são algo de instrumental ou descartável, isto é, que se usa quando dá jeito e se deita fora quando se tornam incómodas. Ora o Estado, ao definir determinadas regras que regulam a distribuição e consumo de alimentos e medicamentos, considera que são essas leis, e não outras quaisquer, as necessárias para garantir a segurança e saúde pública de todos os cidadãos, e não apenas de alguns. Ao "aligeirar" essas regras para os cidadãos mais pobres o Estado está, pois, a criar, institucionalizar e avalizar uma situação de verdadeiro "apartheid", de "desenvolvimento separado", de "um país, dois sistemas", penalizando, em termos de risco e de saúde pública, um grupo de cidadãos já por si penalizado pela sua situação de pobreza extrema. "És pobre? Então és duplamente penalizado"! Reparem que nem mesmo o "anti-estatista" Banco Alimentar Contra a Fome, posição publicamente assumida pela sua responsável Isabel Jonet, chega a tão longe, limitando-se a distribuir gratuitamente, a quem precisa, produtos comprados e oferecidos, dentro das regras gerais que regulam a distribuição de alimentos, pelos cidadãos cooperantes.
Mas, perguntarão, que pode então o Estado fazer na situação de crise actual? Bom, se considera as actuais leis absurdas ou excessivas (em termos gerais, eu não acho, mas claro que admito posição contrária), deve mudá-las, mas para todos. Se as considera adequadas, deve garantir que todos, sem excepção ou discriminação, têm acesso aos alimentos e medicamentos nas condições adequadas do mercado. Como? De várias formas: quer através de um aumento das transferências sociais para aqueles que efectivamente precisam de apoio, redistribuindo recursos através dos impostos; quer através da formação de um "cabaz de compras", que inclua os bens essenciais, com IVA reduzido (embora eu tenha sérias dúvidas sobre a eficácia da utilização do IVA para redistribuição de recursos, ele tem sido assim utilizado), compensando com o agravamento e reclassificação de outros; quer incentivando a actuação solidária dos cidadãos, instituições e empresas - a impropriamente chamada "sociedade civil". Haverá mais opções, mas não me compete, aqui e agora, ser exaustivo. O que o Estado não pode nem deve fazer é ignorar as próprias leis com que se rege quando isso dá jeito ou aplicá-las de modo não universal, mais a mais penalizando os já socialmente penalizados. Infelizmente, os indícios existentes mostram que não poderemos esperar nada de muito diferente deste governo.
quinta-feira, agosto 04, 2011
Equipas com mais jogadores nacionais ou Liga Europeia?
Em vez de criticarem a falta de jogadores portugueses nas equipas nacionais, o que não terá quaisquer consequências e é uma posição ideologicamente reacionária (o tempo não volta para trás nem o mundo anda às arrecuas), os jornalistas e comentadores deveriam aproveitar a oportunidade para, partindo desta constatação, se interrogarem sobre se um sistema competitivo baseado fundamentalmente em ligas nacionais continua a fazer sentido. É, mais uma vez, a velha questão da Liga Europeia ou da fusão de ligas nacionais, pois claro.
Um pouco mais de atenção, senhores comentadores desportivos!
Às vezes gostava que os comentadores e jornalistas encarregues dos assuntos da "bola" percebem-se um pouco mais do assunto. No "blogue" "Jogo Jogado", da TSF, Mário Fernando, que nem é dos piores, vem dizer que o SLB jogou ontem, na Turquia, com um "duplo pivot", Javi/Witsel. Não é verdade e, pelos vistos, Mário Fernando não sabe o que é um "duplo pivot". O meu clube jogou ontem, isso sim, com um "pivot" posicional, um nº6 clássico (Javi Garcia), um médio "box to box", ou um nº8 (Witsel - que é assim a modos que um misto de Stromberg e Rui Costa), e um nº10 clássico, Pablo Aimar. Um sistema semelhante ao 4x3x3 que a selecção portuguesa utilizava nos tempos de Costinha, Maniche e Deco, só que, em vez de dois alas mais ou menos clássicos (Cristiano e Luís Figo) e um ponta de lança de área, de "último toque" (Pedro Pauleta), optou por três avançados muito móveis (Gaitán, Saviola e Nolito), com os alas trocados" para efectuarem diagonais para a área. Aliás, foi assim o golo de Nolito. Que raio, futebol não é nenhuma ciência complicada, mas é pelo menos preciso estar atento.
"Elephant" (10/10) - para melhor entender o massacre de Utoya
"Elephant", de Gus Van Sant (2003)
Legendas em castelhano
quarta-feira, agosto 03, 2011
Um novo SLB?
Correndo o risco de me repetir...
Sem Coentrão e com Cardozo no "banco", com Witsel (belo jogador!) e Matic como opção, com um Emerson a dar menos profundidade ao jogo mas defensivamente consistente e Jorge Jesus a optar por jogar com os extremos "trocados", como deve acontecer quando não existe um "poste" na área, a equipa fica mais "curta", mais compacta, os jogadores mais próximos e por isso controla melhor o jogo e circula melhor a bola. Acabam-se assim o frenesim, responsável por goleadas mas também por insucessos em alguns jogos contra as equipas do "seu" campeonato, e a incapacidade para ter bola e sair a jogar. Há menos espectáculo mas mais consistência. Como já tenho dito, falta um ponta de lança para jogar neste modelo. Ah!, e também é preciso maior objectividade.
Portagens no IC19? Pois claro!
Portajar o IC19, onde existe um transporte público alternativo eficaz (o comboio), significaria menos automóveis em Lisboa, menor poluição e menor consumo de combustíveis importados. Mais: o valor cobrado nas portagens deveria servir para financiar esse mesmo transporte público, melhorando-o em termos de conforto, segurança e eficácia e permitindo, a prazo, um menor aumento ou até a estabilização ou redução das tarifas cobradas aos seus utilizadores. Para além de beneficiar os mais pobres - que são os utilizadores mais frequentes desses mesmos transportes públicos - parece-me ser, pelas razões apontadas, também uma medida de carácter civilizacional.
BPN/BIC: uma decisão política
Parece-me ser quase impossível a alguém que desconheça os pormenores e não esteja por dentro do negócio BPN/BIC (ou melhor, Estado português/Estado angolano) opinar com rigor sobre a bondade do mesmo para o Estado e cidadãos portugueses. De uma coisa - penso - poderemos contudo estar certos: a partir do momento em que o BIC (leia-se, o Estado angolano) manifestou o seu interesse no negócio, dificilmente, dentro de determinados limites, o resultado poderia ter sido muito diferente sem que os interesses portugueses em Angola e os futuros negócios angolanos em Portugal sofressem um duro revés, algo a que Portugal, neste momento, não se pode dar ao luxo. Aliás, é este um dos problemas que sempre se deparam às empresas e aos Estados que afunilam demasiado os seus negócios com países onde vigoram regimes ditatoriais e campeia a corrupção a favor da elite no poder.
A decisão do negócio BPN/BIC foi pois, e independentemente dos argumentos de ordem social, económica e financeira que se têm vindo a esgrimir no Parlamento e nos "media", uma decisão política, e só assim poderia ter sido. O que estranho - estranho mesmo - é ver e ouvir alguns dos que sempre têm defendido, e bem, o primado dessa mesma política, passarem agora ao seu lado na discussão do tema. "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"?
"Elephant" (9/10) - para melhor entender o massacre de Utoya
"Elephant", de Gus Van Sant (2003)
Legendas em castelhano
Legendas em castelhano
terça-feira, agosto 02, 2011
Summer nights music - III série (1)
W. A. Mozart - Divertimento em Fá maior K138
1º andamento (allegro)
"Elephant" (8/10) - para melhor entender o massacre de Utoya
"Elephant", de Gus Van Sant (2003)
Legendas em castelhano
O negócio Roberto Jimenez e a sua "engenharia financeira": uma hipótese
Nada como dormir sobre um assunto para, no dia seguinte, o podermos analisar com maior nitidez. Vamos então imaginar um negócio assim:
- O passe do guarda-redes Roberto Jimenez foi comprado ao Atlético de Madrid por um valor claramente acima do mercado e ainda englobado no negócio Simão Sabrosa, assim abatendo ao valor pago pelo Atlético pelo jogador do SLB. Tal "camuflagem" terá permitido ao SLB apresentar a aos seus accionistas, sócios e adeptos a venda de Simão como melhor negócio do que na realidade terá sido. Por alguma razão, também se falaram nos nomes de De Gea e Asenjo, ambos jogadores do Atlético. É possível que o empréstimo de Sálvio estivesse também envolvido no negócio.
- Se tudo tivesse corrido bem com Roberto o assunto estaria arrumado e, depois das interrogações iniciais sobre o valor pago, no fim do dia ninguém questionaria o negócio.
- Como não correu, JJ e LFV, pressionados, tiveram que "descobrir" uma solução que lhes permitisse salvar a face, e ela chegou pelas mãos (ou melhor, através do bolso) de Jorge Mendes. Como? Vejamos...
- Um "grupo de investidores", com Jorge Mendes largamente maioritário mas onde o Atlético pode, eventualmente, estar também integrado, em posição secundária, compra a grande maioria do passe de Roberto Jimenez e coloca-o no Real Zaragoza, clube onde, atendendo ao passado, mais facilmente poderá valorizar-se. O restante, numa percentagem claramente inferior, saldará ou irá abater á dívida do SLB ao Real Zaragoza por via da contratação de Pablo Aimar.
- Se, a prazo, Roberto se valorizar o suficiente para o tal grupo de investidores recuperar, no mínimo, o investimento efectuado, o assunto ficará provavelmente encerrado, e o SLB apenas terá de pagar a Jorge Mendes e parceiros os juros devidos por este seu empréstimo (no fundo, trata-se de um empréstimo de dinheiro ao SLB caucionado pelo passe do guarda-redes). Caso tal não aconteça, o SLB ressarcirá Jorge Mendes do valor recebido integrando tal pagamento numa transferência futura, quer pagando pelo passe de um ou mais jogadores um valor superior ao do mercado, quer através do pagamento de comissões mais elevadas dos que as habitualmente praticadas.
Digamos que "se non è vero è bene trovato", ou não será assim?
segunda-feira, agosto 01, 2011
Roberto Jimenez
Não, confesso ainda não percebi os contornos deste negócio de Roberto Jimenez. Mas algumas interrogações (haverá outras que irão surgindo):
- Nunca me pareceu o seu passe tenha directamente custado os 8.5MM anunciados, e sempre liguei, de algum modo, a sua contratação ainda ao negócio Simão Sabrosa.
- Também teremos que ver quem fica com os direitos desportivos do jogador (em Espanha fala-se de um grupo de investidores, de Jorge Mendes e ainda de uma dívida do SLB relacionada com a transferência de Aimar) e qual a intervenção efectiva do Real Zaragoza, que "não tem dinheiro para mandar cantar um cego", no negócio.
- De algum modo, suspeito o assunto possa envolver também o Atlético de Madrid.
Mas tudo isto são especulações sobre um negócio que parece pouco "normal". Veremos (ou não...) o que nos reservam os próximos dias.
"Elephant" (7/10) - para melhor entender o massacre de Utoya
"Elephant", de Gus Van Sant (2003)
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