terça-feira, janeiro 31, 2012

Justiça: um saco de lacraus


Conclusão: este conjunto de afirmações, as contradições e antagonismos que encerram, a defesa que fazem de posições aparentemente inconciliáveis, as lutas pelo protagonismo e pelo poder que lhes estão implícitas, constituem ou não um excelente conjunto de razões para explicar do estado em que se encontra a justiça em Portugal? Reformas? Mudança? Com esta gente - este saco de lacraus - e este estado de coisas? Esqueçam... 

Back to the basics: Marty Robbins & Charlie Feathers (12)

Charlie Feathers - "When You Come Around"

Frivolidades ou "coisas de gajo" - "dress codes" (1)

  • Nunca se devem usar sapatos pretos com calças de bombazina, mesmo quando se possa achar que as cores combinam. As calças de bombazina, ou veludo "cotelê" ("pana" em castelhano e "corduroy" em inglês), são uma peça de roupa informal, mesmo quando usada com casaco de "tweed" ou "blazer" e gravata, e os sapatos pretos são sempre para usar com roupa mais formal, mesmo quando falamos de "loafers" (a  que os portugueses chamam genericamente "mocassins" ou sapatos sem atacadores).
  • De igual modo, e em termos genéricos, calças de bombazina e "loafers", mesmo quando castanhos ou "bordeaux", combinam mal. Tanto pior quanto mais grossas aquelas forem. Porquê? Bombazina é um tecido normalmente grosso, invernoso, "heavy duty" nas suas origens, que evoca a vida no campo mesmo que hoje seja frequentemente utilizado - e bem - na cidade, em ocasiões de lazer e informalidade. Pelo contrário, "loafers" são sapatos leves, mais próprios para a Primavera/Verão citadinos e inapropriados para o campo. Digamos que são uma combinação espúria. Por isso mesmo, "brogues" de camurça, "nobuck" ou pele, com ou sem sola de borracha, em vários tons de castanho, são os sapatos adequados.  

Então agora digam lá que nada separa Belém de S. Bento...



Nota para os mais distraídos: Vítor Bento é Conselheiro de Estado nomeado pelo Presidente da República.

segunda-feira, janeiro 30, 2012

"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (27)

"Baby Please Don't Go" - o original de Big Joe Williams (1935)

"Baby Please Don't Go" - a superlativa e incontornável versão dos Them, com Van Morrison (1964)

domingo, janeiro 29, 2012

O galo de Barcelos ao poder. Já!

É uma estrelinha que aponta a Belém...

Eis uma notícia do "Público" que, qual rabo escondido com gato quase todo de fora, tem todo o ar de "encomenda". De Belém? É possível: Cavaco Silva tem todo o interesse em demarcar-se de Vítor Gaspar e tem enviado suficientes recados nesse sentido. Depois do triste episódio das "pensões", tem também todo o interesse num "comeback" a preceito. De uma parte do PSD, que com Ferreira Leite e Pacheco Pereira em destaque tem feito os impossíveis por fragilizar o governo? Também, o que não é nada incompatível com uma acção concertada que envolva o Presidente da República. Do PS, cuja colagem ao Presidente da República tem sido por demais evidente? A actual direcção do partido teria todo o interesse nisso, mas não penso tenha hoje em dia qualquer capacidade para influenciar quem ou o que quer que seja. De Passos Coelho? Do CDS e de Paulo Portas, interessados em verem-se livres de um elemento que concentrou em si demasiado poder e já demonstrou fragilidades? Demasiado "far-fetched": é improvável que tal não os fragilizasse simultâneamente, actuando assim como aprendizes de feiticeiro. Poderíamos continuar por aqui, num exercício não de "chercher la femme" mas de averiguar para onde aponta a estrela. Eu diria que aponta para Belém, mas esta, por tão fácil, não seria seguramente a resposta que me daria direito a ganhar "um milhão de dólares".

De qualquer modo: mais importante do que para onde aponta a estrela é o que a notícia revela, se tal ainda fosse necessário, sobre o jornalismo actual: a sua promiscuidade com a política e com os interesses em jogo. Interrogo-me, contudo, se no actual "estado da arte" as coisas poderiam funcionar de outra maneira.

London Public Houses (7)




The Churchill Arms
119 Kensington Church St., Notting Hill, Kensington, London W8 7LN
Tel :020 7727 4242

"It would be hard to find a more traditional London pub than the Churchill Arms. Praised by press and customers alike, it offers consistently great beers, excellent food and good service. Manager Gerry O'Brien has run the Churchill enthusiastically for more than twenty-five years and created a pub to be proud of.

In summer the pub is buried beneath an abundance of flowers and the Churchill has won numerous awards for its displays including 'Boozer In Bloom' at Chelsea Flower Show 2007 when Gerry was interviewed by Alan Titchmarsh and Joe Swift.

Inside, it is rammed full with curiosities and memorabilia; all manner of objects hang from the ceiling, including copper vessels, hat boxes and an astonishing number of chamber pots. Every inch of shelf and wall space is crammed with intriguing items, including a beautiful butterfly collection.

The pictures of American Presidents, from Washington to Nixon; British Premiers and a good number of British Royals, are only out-done by images of Winston Churchill, who takes pride-of-place. This pub was originally called The Marlborough in honour of an earlier Churchill ancestor.

Apart form the surroundings, the reasonably priced Thai food is a major attraction, served in the pretty creeper covered restaurant, which occupies the old garage at the rear. Simple British bar food is available at lunchtimes and there is a traditional roast on Sundays. Children are allowed in the restaurant only."

O jogo de ontem; mas muito mais do que isso...

Duas questões que vão muito para além do jogo de ontem:
  1. Com a mesma veemência como que me manifestei contra o facto de, há uns anos, o meu "Glorioso" ter ido disputar um jogo decisivo contra o G. D. Estoril-Praia ao Estádio Algarve, porque razão autorizou a LPFP que algumas equipas defrontassem o C. D. Feirense no Estádio Municipal Mário Duarte, em Aveiro, e outras tivessem que o fazer naquele quintal em que se disputou o jogo de ontem, criando condições de desigualdade, de facto, entre os vários clubes que disputam a 1ª Liga? Porquê, salvo imponderáveis e questões de força maior não pontuais e continuadas, devidamente avalizadas pela LPFP, se não obriga os clubes a jogarem no mesmo local durante toda a época? Porque o Marcolino de Castro estava em obras no seu início? Paciência, o C. D. Feirense jogaria em Aveiro (ou em outro local aprovado que tivesse indicado) até final da época. 
  2. Porque, durante o chamado "mercado de Inverno", se permite a compra, venda e troca de passes de jogadores (para já não falar de empréstimos, questão que já tenho abordado e merece tratamento à parte) entre clubes que disputam a mesma competição, alterando assim, a este nível, as condições de igualdade em que esta se deveria disputar? Indo um pouco mais além, porque não é cada equipa obrigada a acabar a época com os mesmíssimos jogadores inscritos no seu início?
Pois... Apetece perguntar quando é que as instâncias que dirigem o futebol entendem finalmente que estamos perante um indústria que movimenta milhões e, por isso, deve ser gerida com rigor e profissionalismo. E, convenhamos, tudo isto é bem mais importante e fácil de implementar do que as "novas tecnologias" e os "não sei quantos árbitros" e vale bem mais a pena ser discutido do que o "penalty" que foi ou não foi ou o "off-side" de cinco centímetros.

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Em defesa do feriado de 24 de Julho

Uma das provas em como os feriados comemorativos contribuem para manter viva a História e potenciam a sua divulgação nos "media" está no esquecimento a que foi remetido o 24 de Julho de 1833, data essencial que assinala a entrada em Lisboa do exército liberal e a derrota do absolutismo monárquico, marcando, assim, aquilo que se poderia considerar o início do Portugal moderno, democrático e livre (embora com as limitações da época, evidentemente). Em contraste com o 5 de Outubro e o 1º de Dezembro, ambos objecto de estudo de muitos historiadores (principalmente o primeiro, que por ocasião dos seus 100 anos teve mesmo direito a obras de ficção) e de divulgação mediática, o que só pode ser louvável e permite a conhecimento da História de Portugal por um número cada vez mais vasto de portugueses, o 24 de Julho encontra-se limitado ao nome de uma Avenida de Lisboa, mais conhecida como local de diversão (nada contra, também a frequentei) do que pelo significado histórico da data. E se alguma data histórica merecia ser devidamente comemorada e divulgada seria esta, em vez de um 10 de Junho sem valor histórico relevante.

"For sentimental reasons" - original doo wop classics (22) e Specialty records (8): edição conjunta

The Monitors - "Closer To Heaven"

Carta aberta aos meus amigos "lagartos"

Caros amigos "lagartos":

Importam-se muito de ganhar domingo ao Beira Mar? Importam-se mesmo? Não é que eu não goste de ovos moles ou de bacalhau de cura natural, antes pelo contrário: a única coisa que tenho contra Aveiro é aquela mania de lhe chamarem a Veneza portuguesa (quem o faz nunca deve ter ido a Veneza) e tal coisa não é suficiente para ter o que quer que seja contra a cidade. Mas pronto, eu explico:

É que já não sendo vocês, "lagartos", do nosso campeonato - o do título - e tendo eu muitos e bons amigos adeptos ferrenhos do vosso clube, aos quais prezo e de quem já estou um bocado farto de só ouvir silêncios e queixumes quando se fala destas coisas de "bola", sendo ambos (o vosso clube e o meu "Glorioso"), ainda por cima, da mesma cidade e não conhecendo eu ninguém em Braga - nem sequer o Arcebispo - ou de qualquer local abaixo da "dita" cidade capital do Minho, não nutrindo mesmo qualquer simpatia por aquele senhor que manda lá na Câmara desde o tempo - sei lá - do cónego Melo e esforçando-me sempre por não ver ou ouvir as homilias do professor Marcelo, não gostaria nada, mesmo nada, de os ver substituídos a vocês - "lagartos" - na pré-eliminatória da Champions League por um clube que, ainda por cima, partilha convosco o primeiro nome e funciona mais ou menos como uma filial do FCP. Pode ser? Podem mesmo ganhar? É que matam dois coelhos de um só cajadada (o SCB joga com o C. S. Marítimo) e, que raio, ganhar ao Beira-Mar também não será assim tão difícil, caramba! Sim, eu sei que talvez joguem um pouco melhor do que a "reserva" do Moreirense, mas se não deixarem o Bojinov marcar "penalties", se o Polga não se distrair a pensar no "meaning of life" e o João Pereira já se fizer entender em inglês das docas com o Onyewu até pode ser que consigam... ""Bute lá, caros amigos "lagartos", que a gente até talvez lhes faça um descontozinho lá no arranjo do que vocês estragaram na "Catedral"? "Muito agradecido", como diria o velho e saudoso Solnado, que até era "pastel"...

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Onde se fala do DN e de Pippa Middleton (Uáuh!)

Ora façam favor de comparar esta notícia do DN sobre Pippa Middleton, irmã da Duquesa de Cambridge, com o que consta, assinado por Sarah Reynolds, na localização que é especificamente citada pelo DN no "site" da empresa "Party Pieces" (a que o DN chama "The Party Times"), propriedade da família Middleton.  Eu sei que é suposto não se levar muito a sério o pseudo-jornalismo "cor de rosa", mas convenhamos que se trata do DN, em tempos um jornal de referência, e que há limites para tudo. Até para o mau gosto.

Paulo Portas e a Constituição

Confesso que me enterneço quando oiço os que sempre protestaram contra uma Constituição que consideram ser demasiado programática (e eu também acho que há por lá muita tralha, mas era o "ar do tempo") virem agora defender seja nela incluída uma cláusula que limite os "déficits" orçamentais e o endividamento. É que mais programático do que isto não haverá muitas coisas. É preciso ter "lata" para tanta pirueta!  

"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (26)

"The Pied Piper" - o original (1965) dos "The Changing Times", um duo composto por Artie Kornfeld, mais tarde o promotor musical do festival de Woodstock, e Steve Duboff.

A bem conhecida versão (1966) do britânico Crispian St. Peters, #4 nos USA e #5 no UK

No dia em que o rei faz anos...

Palavras? Para quê?

"Casa roubada, trancas à porta"?

Para os que só agora, após o caso Antena 1, acordaram para o que também pode representar a crescente importância de Angola e dos seus investimentos na economia e no mundo empresarial português, principalmente nos "media", aqui fica o que escrevi no dia 17 deste mês após declaração do ministro Miguel Relvas. "Fishing for compliments"? Porra, às vezes acho que bem os mereço...

terça-feira, janeiro 24, 2012

A "gaffe"

Ora vamos lá ver... O Presidente da República, tal como o primeiro-ministro, membros do governo ou altas figuras do Estado, não têm nada que discutir com os jornalistas ou prestar a estes satisfações sobre quanto ganham ou deixam de ganhar: os seus rendimentos são, e muito bem, públicos e estão ao dispor de quem os quiser consultar. Muito menos devem entrar em amena cavaqueira sobre os seus problemas de economia doméstica, ou outros com o mesmo grau de intimidade: ao fazê-lo, estão apenas a demonstrar não estarem à altura dos cargos que ocupam e não entenderem o conteúdo das funções que exercem. Eu próprio, simples cidadão, só discuto ou falo de tais coisas com os meus mais próximos e apenas quando isso se revela absolutamente necessário e incontornável. Portanto, ao aceder a falar com os jornalistas, de modo informal e no final de uma qualquer cerimónia oficial com muitas outras pessoas presentes, sobre este tipo de assuntos, Aníbal Cavaco Silva veio mais uma vez demonstrar não estar à altura do cargo que ocupa, o que, infelizmente, está muito longe de constituir novidade.

A "gaffe" a que tal deu origem...? Bem, digamos que a "gaffe" das "pensões" é apenas consequência disso, de alguém que não está talhado para o cargo que ocupa e tem pouca ou nenhuma noção das conveniências, mesmo das mais prosaicas convenções sociais - e na vida política do casal Cavaco Silva existem um ror delas. Trata-se apenas de um fait-divers"? Sim, mas não "apenas": na política, fait-divers" e actos que podem de início parecer inocentes não raramente têm consequências imprevisíveis e acabam por levar à morte política dos seus autores (convém lembrar que Cavaco Silva demitiu o seu ministro Borrego por uma questão semelhante). Não será o caso, já que Cavaco Silva, mais ou menos "chamuscado", irá sobreviver e terminar o seu mandato. Mas sendo, politicamente e em termos de Estado, um acto que considero menos grave do que o célebre caso das "escutas" (razão para um processo de "impeachment" num país em que estas coisas fossem levadas mais a sério), do facto de ter recebido a oposição madeirense num hotel, desrespeitando gravemente as instituições democráticas, ou de ter aproveitado a sua tomada de posse para, em vez de um discurso de Estado, mostrar os sentimentos mesquinhos que lhe iam na alma e moldam o seu carácter, talvez seja mesmo este "fait-divers" que vai marcar para sempre a opinião negativa que dele irão guardar muitos portugueses. E, embora talvez bem mais por outras razões, bem tem feito por merecê-la, senhor Presidente. 

Etta James (1938 - 2012) - V (último)

Etta James - "I Just Want To Make Love To You" (Dixon)

Etta James é inclassicável dentro da música negra americana. "Soul"? "Gospel"? "Funk"? Nada disso e de tudo um pouco. Digamos que é "rhythm & blues", que foi uma forma prática que os americanos encontraram para arrumarem a questão de tudo o que vinha da música negra mas não pertencia claramente a nenhum sub-género. Mais tarde, os britânicos pediriam o nome emprestado para designar as versões brancas de originais da música negra americana adaptadas e interpretadas por alguns grupos da "British Invasion" que nela mergulhavam as suas raízes, tais como os Yardbirds, Animals, Manfred Mann, Rolling Stones, Them e por aí.

Mas, mais do que classificar Etta James e sua música, o melhor é ouvi-la, e para isso sugiro como compra, de entre o que vejo por aí disponível, qualquer edição em CD que inclua as suas gravações para a Chess Records, dos míticos irmãos Leonard e Phil Chess, entre 1960 e 1975. Se achar "The Chess Box" demasiado cara, tente "Her Best" - The Chess 50th Anniversary Collection, bastante mais adaptada à crise. E, já agora, aproveite o balanço e compre também "The Willie Dixon Blues Dixonary", um conjunto de cinco CDs que vale bem o preço que pagar por eles. É que, além de Etta James, inclui nomes como Muddy Waters, Koko Taylor, Howlin' Wolf, Little Walter, Bo Diddley, Otis Rush, Elmore James, o próprio Dixon e assim sucessivamente. Vale cada cêntimo!

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Nursery Rhymes (4)

"Bye, Baby Bunting"

Etta James (1938 - 2012) - IV

The Animals - "I Just Want To Make Love To You" (Dixon)

Muito graças à voz de Eric Burdon, já que Alan Price abandonou o grupo ainda cedo, em 1965, os Animals, apesar de Yardbirds, Manfred Mann, Them e alguns outros,  foram talvez o grupo da "british invasion" que mais se manteve fiel ao "blue eyed soul" e ao "rhythm & blues". Um bom exempo é esta sua versão do tema de Willie Dixon que popularizou Etta James. Foi incluída numa reedição tardia do álbum Animalisms (1966), como "bonus track". O álbum original não vale muito a pena, (acho) e na minha discoteca a versão dos Animals de "I Just Want To Make Love To You" está incluída no CD "The Rhythm And Blues Collection", de 1987. Compre já.

SLB - Gil Vicente

Para mim, a questão ontem não foi só, nem fundamentalmente, a incapacidade do SLB, face à "ausência" de Gaitán, causar desequilíbrios no último terço do campo. Foi bem mais, em função do 4x4x2 em bloco muito baixo do Gil Vicente, que teimava em não se deixar desposicionar, a dificuldade em sair a jogar desde os seus terrenos mais recuados, criando desequilíbrios logo nessa fase. O SLB costuma fazê-lo pelos flancos, mas Emerson não é destas vidas e Maxi, "sem" Gaitán à sua frente, não o podia fazer sozinho. E os centrais e Javi Garcia já sabemos não terem essas características.

Por isso, Jorge Jesus não começou a ganhar o jogo quando Aimar entrou (a substituição óbvia), mas quando este, certamente cumprindo as indicações do seu treinador, começou a vir buscar a bola quase ao terreno dos centrais. Mais ainda: Jorge Jesus esteve ainda muito melhor quando fez sair Javi e recuou Witsel, uma substituição talvez menos óbvia. Foi deste modo, com um jogador mais técnico e com outra leitura do jogo ofensivo da equipa no lugar de "pivot" defensivo, que, definitivamente, o SLB deu a estocada final num inteligente Gil Vicente. Depois, uma pequena dose de sorte ajudou. Digamos que, desta vez, Jorge Jesus bem a mereceu. 

domingo, janeiro 22, 2012

Etta James (1938 - 2012) - III

The Rolling Stones - I Just Want To Make Love To You" (Dixon)

Nada admira que esta versão dos Rolling Stones, incluída no seu primeiro álbum (1964) e também editada em "single" nos USA, seja, das que aqui vou incluir, a que está mais longe dos "blues" e mais perto do "rock n' roll". Aliás, os "Stones" seuiram essa via em vários originais de nomes grandes do "blues", como John Lee Hooker, ou da música negra em geral (Chuck Berry é um dos melhores exemplos). 

O "Provedor do Povo"

Em parte alguma da Constituição da República Portuguesa se pode ler ou interpretar de entre as funções do Presidente da República ser ele um "provedor do povo" (seja lá o que isso for). Ao assumir-se como tal, inventando para si novas funções, ampliando as constitucionalmente consagradas, está portanto Cavaco Silva a desrespeitar a Constituição que jurou defender, o que é grave. Pior e mais grave ainda: ao fazer esse apelo ao "povo", no seu conjunto e inorgânicamente considerado, pretendendo assumir-se como intérprete da sua vontade, Cavaco Silva deixa-se resvalar para o pior dos populismos proto-fascitas sul-americanos, assim um género de peronismo em que interpretará, talvez, o papel de uma Eva Péron do género masculino. É que não nos esqueçamos: todos os ditadores, nas suas versões "hard-core ou soft-core", governam ou governaram sempre em nome do "povo", daquilo que eles próprios definem como sendo os "seus superiores interesses".

Que as afirmações de Cavaco Silva sejam lamentáveis, escusado será dizê-lo; mas velhos hábitos "die hard". Perigosas, nestes tempos de inquietude e em que a democracia e a política parecem tender a ser substituídas por governos de uma tecnocracia que nunca tem dúvidas e raramente se engana, de certeza absoluta. Mas se estivermos atentos, este género de deriva acaba por ser potenciado por um anacrónico regime dito "semi-presidencialista", que estabelece a eleição directa e por sufrágio universal de um presidente que não governa nem é eleito em função de um programa político, mas sim de um "perfil" ou "personalidade". É esse o verdadeiro "ovo da serpente" que urge esmagar.

sábado, janeiro 21, 2012

Etta James (1938 - 2012) - II

Muddy Waters - "I Just Want To Make Love To You" (Dixon)

Muddy Waters foi o primeiro a gravar o tema (1954) que se tornaria emblemático da discografia de Etta James, ainda antes de Willie Dixon, o seu autor, o ter feito. E com um elenco de luxo, que incluía Little Walter na harmónica, Otis Spann no piano, o próprio Dixon no baixo, Jimmy Rogers na guitarra e Fred Below na bateria. O disco, um 78 rpm, foi editado pela lendária Chess Records, de Leonard e Phil Chess.

sexta-feira, janeiro 20, 2012

Etta James (1938 - 2012)



Willie Dixon - "I Just Want To Make Love To You" (Dixon)

Poderão alguns achar estranho que comece por falar de Willie Dixon quando da morte de Etta James. Tem uma explicação (ou várias): nunca consigo pensar num sem me lembrar do outro. Em primeiro lugar porque Etta fica indissoluvelmente ligada a um tema de Dixon, este "I Just Wanto To Make Love To You". Em segundo lugar porque cheguei a Etta através de Willie Dixon, o que foi um feliz acontecimento. E porque cheguei a Etta através de Willie Dixon acabei também por chegar a Etta através dos Rolling Stones, dos Animals, de Muddy Waters, de, de, de...o que foram também outros felizes acontecimentos.

Mas é exactamente por isso, por "I Just Wanto To Make Love To You" ser um tema que foi gravado por tantos nomes ilustres dos "blues", do "rhythm & blues", do "rock n' roll", da "soul" e até não mais acabar e a interpretação de Etta continuar a ser uma referência, que Etta James merece todas as homenagens. Minto: não é exactamente por isso, mas por isso e muito mais coisas. Nos jornais e nas TVs vão com certeza contar muitas histórias, chamar-lhe, talvez, "rainha" disto e daquilo. Mas a melhor homenagem que lhe posso prestar é, nos próximos dias, passar aqui algumas das versões mais notáveis  de "I Just Want To Make Love To You", começando pela do autor, Willie Dixon, e acabando na da própria Etta James. Poderão confirmar assim como apesar de tanto "quem é quem" nestas coisas da música, a interpretação de Etta é mesmo uma referência.

Les Belles Anglaises (59)






Ginetta G4 (1961-1968)

Um acordo de vistas curtas?

Um acordo de concertação social é, em abstracto, e para aqueles, como eu, que não se identificam com o sindicalismo radical e contestatário, um objectivo sempre desejável. No entanto, este acordo recente entre governo, associações patronais e UGT, expressando uma coligação política que vai do PSD ao CDS, passando pelo PS de António José Seguro e pelo Presidente da República, contém em si dois elementos que o fragilizam:
  1. Em primeiro lugar parece ser visto por uma grande parte dos portugueses e da opinião publicada, mesmo por aqueles que não se identificam com os objectivos e metodologia da CGTP e PCP, como demasiado ou quase totalmente enviesado para um dos lados, o das associações empresariais. Digamos que, deste modo, se torna socialmente pouco abrangente e demonstra alguma falta de autonomia do governo face ao patronato.
  2. Em segundo lugar, em vez de isolar a CGTP, suas práticas e objectivos, acaba por permitir a esta central sindical granjear um capital de simpatia em sectores insuspeitos de comungarem habitualmente das suas posições.
Digamos que no curto-prazo é a vitória de que o governo tanto precisava. Mas interrogo-me sobre se não terá vistas demasiado curtas.

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Despedimento colectivo e despedimento individual

Ora vamos lá ver: não existe qualquer semelhança entre um despedimento colectivo e um despedimento individual. O despedimento colectivo, há longos anos bastante facilitado na legislação portuguesa, permite às empresas flexibilizarem a sua força de trabalho, adaptando-a aos ciclos económicos e à evolução organizacional e tecnológica. Permite, pois, que as empresas se mantenham competitivas. A liberalização do despedimento individual, salvaguardando os casos que a lei há já alguns anos prevê (inadaptação ao uso de novas tecnologias, acção dolosa, etc), é, frequentemente, e tendo em conta a deficiente formação de muitos empresários portugueses, não só uma porta aberta à  discricionariedade, como uma incentivo à má contratação e à manutenção de deficientes processos de selecção. Também a uma medíocre (no mínimo...) gestão de recursos humanos.

Talvez assim se entenda melhor a quem serve...

O "mural" bucólico do estádio do Visconde

Digamos que tem graça (até bastante) e não ofende. Demonstra, mesmo, um sentido de humor pouco frequente em Portugal e ainda menos no futebol. Aliás, até já tinham tido graça uma vez, quando resolveram pintar a nossa águia de verde às riscas...  Sobra-lhes em humor o que lhes falta no resto, mas não se pode ter tudo.

Mas não sei se a direcção do prezado rival do meu "Glorioso" já reparou que ao escarnecer assim das muitas, justas, críticas e da decisão da UEFA (podia ter-se limitado a substituir o antigo "mural" por imagens dos grandes sucessos do clube e das suas conquistas históricas - que as tem em número suficiente) está, por isso mesmo, e simultâneamente, a reafirmar o seu apoio às anteriores e inenarráveis "pinturas de guerra". Digamos que "não havia necessidade" e espero, a breve prazo, ver os girassóis substituídos pelo Zé Travassos, pelo Fernando Peyroteo, pelo Vítor Damas, o Carlos Lopes de medalha ao peito e o velho "Jaquim" Agostinho a dizer das suas. Ah, e também o Fernando Mamede, que assim lá vão ganhando a feijões mas a gente também fica logo a saber que contra nós perderão por goleada!

Nota: e façam favor de não gastar muito dinheiro com essas "pintelhices",  que deve estar quase chegar uma factura bem gorda para nos pagarem e não queremos ser obrigados a mandar lá o "cobrador do fraque".

História(s) da Música Popular (191)

Tommy Steele - "Rock With The Cavemen"

British Rock n' Roll (II)

Tommy Steele (Thomas William Hicks - 1936) é normalmente considerado como tendo sido a primeira estrela do "rock n' roll" britânico. Digamos que o seu "ar" selvagem à Jerry Lee Lewis e a sua imagem "rebelde" ajudam bastante. Embora o seu maior sucesso e # 1 no UK tenha sido um "cover" do americano Guy Mitchell denominado "Singing The Blues" (1957), do qual não sou grande adepto (nem mesmo na versão de Marty Robbins, um habitué aqui do Gato Maltês) prefiro bem mais este seu "single" inicial, bem mais perto das raízes do "rock n' roll",  #13 nos UK charts e que dá pelo nome de "Rock With The Cavemen"(1956).

Como aconteceu também com o "rock n' roll" nos USA, a carreira de Tommy Steele como "rocker" entrou em "fade out" a partir de 1958, e definitivamente desapareceu com a explosão dos nomes da "British Invasion". Mas continuou enquanto actor, "entertainer", escritor e, até, escultor. Desta sua fase penso ser relativamente bem conhecida a sua interpretação no musical "Half A Sixpence", no teatro (West End e Broadway) e, depois, no cinema.

O Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego como instrumento do empobrecimento

Parece-me ser incompatível defender, por um lado, que a política de "empobrecimento" nunca será o caminho para o desenvolvimento do país e sua aproximação ao mundo mais civilizado e, por outro, tecer simultâneamente louvores ao chamado Compromisso Para o Crescimento, Competitividade e Emprego e à sua aprovação pela UGT e confederações patronais. Se o documento contém algumas disposições positivas, mormente na flexibilização e organização do trabalho ("banco de horas"), e outras não excessivamente gravosas para os trabalhadores ou até já praticadas ("pontes" e férias, principalmente), na sua globalidade e naquilo que lhe é essencial, através da redução de salários e prestações sociais, trata-se, fundamentalmente, de um instrumento que tem como fim último pôr em execução essa política de empobrecimento. Aliás, parece-me que, no essencial, e com honrosa excepção das já citadas questões relacionadas com a organização e flexibilização do trabalho, o CCCE se dirige muito mais ao sector mais "atrasado" (digamos assim) do tecido empresarial, fomentando um certo imobilismo, do que se constitui num apoio ao crescimento e dinamização dos sectores mais competitivos da economia, aqueles de onde poderá esperar, de facto, algum crescimento sustentado.

O que acima digo leva-me a colocar duas questões:
  1. Em primeiro lugar, quem, de facto, representam as associações patronais.
  2. Em segundo lugar a constatar a ausência de um verdadeiro sindicalismo reformista e autónomo em Portugal, face a uma CGTP radical, umbilicalmente ligada ao Partido Comunista, e a uma UGT criação artificial dos partido do chamado "arco governamental". Nada de novo, e que se deve à tradicional inexistência histórica na Península Ibérica de um movimento operário de raiz social-democrata e trabalhista (ao contrário do que acontece no norte da Europa) ou democrata-cristão, como durante largo tempo existiu em Itália.

quarta-feira, janeiro 18, 2012

"Les uns par les autres" - os melhores "covers" de temas tornados famosos pelos seus autores (6)

Mick Jagger & Keith Richard por Melanie Safka
"Ruby Tuesday" (do álbum de 1970 "Candles in the Rain")

Então em que ficamos?



Um Passos Coelho pouco inteligente

Ao afirmar que o acordo de concertação social é "mais inovador e audaz do que a troika previa" o primeiro ministro está a demonstrar enorme falta de inteligência política, pois está assim a abrir a porta para uma ainda maior contestação ao papel da UGT na assinatura do acordo e a dar oportunidade ao PS para se colocar "de fora", ou melhor, para "esconder apenas o rabo (no MoU) e colocar o resto do corpo de fora (do acordo). Digamos - e refiro-me a Passos Coelho - está na natureza do seu "ego". 

terça-feira, janeiro 17, 2012

Miguel Relvas: de Angola, rapidamente e com força


Confesso que se posso achar normal tal participação, ela não me deixa nada confortável vinda da cleptocracia angolana, um regime ditatorial, sem qualquer autonomia empresarial, com liberdade de informação condicionada e que persegue, manda prender e assassina jornalistas. É que não estamos a falar de berlindes, parafusos, cabos de faca ou do restaurador Olex; estamos a falar da liberdade de informar e ser informado. Que o ministro Miguel Relvas não se sinta incomodado é bem definidor daqueles que são os seus valores e, parece, também os do governo na área da comunicação social. Basta ter visto o vergonhoso programa de ontem da RTP1.  

Nursery Rhymes (3)

"As I Was Going To St. Ives" 

O Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego

Bom, lá gastei algum tempo a ler na íntegra o Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego. Nada que requeira demasiada paciência já que, das 51 páginas, grande parte, como é infelizmente norma nos documentos do Estado português, não passa de vagas ou muito vagas manifestação de intenções, cujo conteúdo não requer mais do que uma leitura em diagonal. Então, da parte, digamos, mais "sumarenta", que se pode dizer? Vejamos:
  1. No seu conjunto, desnecessário dizer, repetindo o que os "media " já afirmaram, que se trata de um documento que vai ao encontro dos desejos repetidamente manifestados pelas organizações empresariais e afins (Fórum para a Competitividade, no último caso). No entanto, convém também afirmar que as disposições vertidas no documento não têm todas elas o mesmo "peso" naquilo que se poderia denominar como sendo desfavorável aos trabalhadores.
  2. Assim sendo, é essencialmente na flexibilização dos despedimentos, seu custo para os empregadores e valor e duração dos subsídio de desemprego, bem como na redução do valor pago nas horas extraordinárias, que o documento mais penaliza os trabalhadores, baixando os custos do trabalho e possibilitando ao Estado uma redução nas transferências sociais. Digamos que existe aqui uma modificação que poderíamos denominar como violenta face ao regime que vigorou nos últimos 30 anos, modificação esta que, com tal amplitude, me parece desnecessária e, até, potencialmente geradora de conflitos. 
  3. O regime de "banco de horas", por acordo entre empregador e empregado e que não exceda o limite de duas horas diárias, 50 semanais e 150 anuais, não me parece mais do que passar a letra de lei o que, informal ou formalmente, já se pratica em muitas empresas. Muito francamente, parece-me uma necessidade na organização e funcionamento empresariais dos dias de hoje. Veremos como vai ser aproveitado pelos empregadores e qual a sua capacidade para um entendimento com os trabalhadores. 
  4. A questão dos feriados não merece grandes comentários, já que se trata, fundamentalmente, de uma medida populista. Veremos, isso sim, como funciona a anulação dos dias de férias suplementares concedidos por assiduidade. Com ou sem avaliação do modo como funcionou até aqui, a medida parece-me desnecessária e poderá vir a tornar-se até contraproducente. Já a questão das pontes com desconto nas férias, uma vez que é necessário aos empregador definir no início do ano quais as que irão ser consideradas, permite ao empregado um planeamento atempado das suas férias e à indústria hoteleira não sair demasiado prejudicada pela respectiva anulação. Parece-me razoável, tendo mesmo em atenção que tal já é praticado em várias empresas e mesmo considerando que muitas fecham para férias durante um número de dias determinado no início do ano, "obrigando" assim os seus trabalhadores a gozarem parte das suas férias nesse período.
  5.  Duas questões finais mas importantes:
  • O que foi afirmado inicialmente sobre a possibilidade da Segurança Social pagar ("em determinados casos" - resta saber quais) uma parte do salário de trabalhador que aceite trabalhar por uma retribuição inferior à do subsídio de desemprego encontra-se bastante aligeirado no texto do CCCE. Por um lado o trabalhador não é obrigado a aceitar a proposta; por outro, é obrigatório o pagamento do salário previsto na negociação colectiva. O princípio continua a ser errado, mas com esta formulação parece-me ser mais um nado-morto. Se assim for, felizmente.
  • Parece-me ferida de ilegalidade (até constitucional) a disposição que determina "que a falta injustificada a um ou meio período normal de trabalho diário imediatamente anterior ou posterior a dia de descanso ou a feriado implica a perda de retribuição relativamente aos dias de descanso ou feriados imediatamente anteriores ou posteriores." Então como é? Falta-se um dia e descontam dois? Percebo o racional, na tentativa de evitar os tradicionais abusos, mas parece-me injustificável.
Conclusão? Se, no seu conjunto, o texto do chamado Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego de Concertação é francamente desfavorável para os trabalhadores e - opinião pessoal - não me parece contribua, de modo consistente, para o objectivo que o seu título deixa perceber, esse prejuízo distribui-se de modo desigual, sendo que é mais penalizador nas questões relacionadas com a retribuição do trabalho, segurança de emprego e apoio no desemprego do que naquilo que se refere à duração e organização dos seus tempos de descanso. Veremos como funcionará na prática.  

O acordo (para já)

Para já, e antes de conhecer em detalhe informação mais completa, o acordo de concertação social permite ao governo ganhos importantes do ponto de vista propagandístico: no exterior, perante a "troika" e o eixo franco-alemão (os mercados são outra conversa e aí a "coisa" fia mais fino), e, internamente, quando, fruto das polémicas nomeações para a EDP e Águas de Portugal e dos reflexos do fundo de pensões da Banca na execução orçamental, parecia estar a perder o seu "estado de graça" e a gerar alguma contestação. Quanto à eficácia do acordo, mais tarde se verá, acrescentando, no entanto e como afirmação de princípio, não deve o governo nem ninguém no seu perfeito juízo pensar que a desvalorização do trabalho, o tal "empobrecimento", possa levar o país a parte alguma, no sentido positivo do termo. Muito menos ao aumento de competitividade de um número significativo das suas empresas. Por vezes, questiono que empresas estão maioritariamente representadas nas confederações patronais, e se é com esse tipo de empresas que o país pretende de facto progredir e aproximar-se de padrões civilizacionais avançados.

Uma nota para a CGTP: não contestando possam existir razões atendíveis e de peso para se ter posto antecipadamente à margem, o facto de ser esta a sua atitude sistemática retira qualquer peso a esta sua decisão.  

segunda-feira, janeiro 16, 2012

Martha Marcy May Marlene

"Martha Marcey May Marlene", de Sean Durkin (2011)

Muito do melhor cinema que tenho visto nos últimos anos tem origem no chamado "cinema independente americano". Para não variar, é este o caso do filme de Sean Durkin, feito à medida da sensibilidade com que uma notável Elizabeth Olsen assume a sua interpretação. Vá vê-lo antes que desapareça, pois, de certeza, será tempo bem melhor ocupado do que com a catadupa de nomeados para óscares que por aí se avizinha. 

Qual o "modelo de negócio" do SCP actual?

Num clube de futebol profissional, muito antes dos princípios, modelo e sistema de jogo, está aquilo a que poderíamos chamar de "modelo de negócio". Mais ainda nos clubes que, não dependendo de milionários de ocasião ou não vivendo umbilicalmente ligados ao poder autárquico ou regional, não são sustentáveis por via das suas receitas ordinárias (bilheteira, quotização, receitas de TV, etc) e são obrigados a recorrer permanentemente às receitas extraordinárias conseguidas com a venda dos agora chamados "direitos desportivos" dos seus atletas, entretanto valorizados. Isso é claro em Portugal no caso dos chamados "clubes grandes", que apenas conseguem equilibrar as suas contas de exploração anuais com a venda dos passes de um ou dois jogadores. Para este fim, SLB e FCP recorrem, contudo, as estratégias um pouco diferentes: enquanto o SLB, nos últimos dois/três anos, tem privilegiado a "fonte de abastecimento" sul-americana, principalmente argentina, uruguaia e, até, paraguaia, que darão maiores garantias de rápida adaptação ao futebol europeu, o FCP, não a descurando (Falcão, Diego e Anderson), tem colocado o seu foco de abastecimento, na primeira década do século XXI, na Liga Liga portuguesa (Pepe, Deco, Bosingwa, Meireles, etc) independentemente da nacionalidade dos jogadores. Estamos a falar, claro, em termos muito gerais, pois não só o SLB realizou excelentes negócios com Fábio Coentrão ou Simão, como o FCP o fez com nomes da sua formação como Ricardo Carvalho.

E o SCP? Nenhum segredo: durante os últimos anos, principalmente através de jogadores da sua formação: Nani, Cristiano, Simão, Quaresma e até Moutinho. E porque individualizo aqui o SCP? Pois, o problema é que se olha para a sua equipa actual, depois de um investimento não negligenciável, e não se vislumbra uma estratégia de contratações que permita viabilizar um modelo de negócio deste tipo, absolutamente necessário para a sustentabilidade do clube. E a prova é que se viu obrigado a vender o passe de Moutinho ao um rival interno. Vejamos... Patrício é um bom guarda-redes, mas tão só; e o valor de mercado dos guarda-redes é limitado e implica algum risco (que o diga Alex Ferguson depois do "meio-flop" De Gea). Quem mais? Elias é um jogador já consagrado, de excelentes recursos, mas já foi caro e jogadores com as suas características não são raros no futebol europeu. Van Wolfswinkel? É um razoável "ponta de lança", mas evoluirá o suficiente e será o "estilo" de "ponta de lança" em voga no futebol de hoje, onde se privilegiam, nesse lugar, jogadores de maior mobilidade? De todos, quem me parece com maior potencial para permitir realizar algum valor futuro será talvez Carrillo, um desequilibrador, mas com o "handicap" de ser peruano e não argentino, brasileiro ou uruguaio, o que reduz o seu valor de mercado.

Bom, conclusões a tirar?... Uma e bem definida: que o meu rival SCP, para além de questões como o futebol jogado dentro e fora das "quatro-linhas" (o chamado "jogo jogado"), tem a montante uma questão que prevalece sobre todas as outras: qual o modelo de negócio que possibilitará a sua sustentabilidade enquanto clube, indispensável á obtenção de resultados desportivos. E, olhando para a sua equipa de futebol, se fosse seu adepto estaria preocupado. Muito preocupado. 

domingo, janeiro 15, 2012

Ils ne pensent qu'à ça!

Redução da TSU, 1/2 hora de trabalho "para a nação", menor número de feriados e, agora, esta "brilhante ideia". De comum, um só objectivo: diminuir o valor do trabalho, reduzindo o salário pago pelos empregadores. Para quem ainda não percebeu, o tal "empobrecimento" é isto mesmo.

Mas da cabeça desta gente não sai mais nenhuma ideia?

London Public Houses (6)





 The Anchor

34 Park Street, Bank End, Southwark, London SE1 9EF
Tel :020 7407 1577

"This historic pub, on the south bank of the Thames, is a favourite with tourists. It has several bars, a restaurant and roof terrace, both of which have wonderful views across the Thames to the City, and a large seated area on the riverbank. A recent refurbishment has added a fish and chip shop; the oldest and most atmospheric part of the building with its low beams, exposed brickwork and open fireplaces, has been converted into a tea rooms. Not open to the public, but available for functions, is the beautiful Shakespeare Room, which is clad in mellow 18th century pine panelling.


The Anchor was rebuilt in 1676 after fire devastated the area. The pub's original structure has been added-to over the centuries, creating a maze of odd little beamed rooms. One is named after Samuel Johnson, the lexicographer and writer, who drank here regularly and was a friend of the Thrale's who owned the pub and the phenominally successful Anchor porter brewery, which when offered for sale Johnson said 'We are not here to sell a parcel of boilers and vats, but the potentiality of growing rich beyond the dreams of avarice'. A copy of Johnson's dictionary is on display."

Foi uma bela jogatana.

Emerson é um problema? É, e pouca gente ousará dizer o contrário. Mais do que um problema, ele é "o problema". Mas quando não há Garay, o central que joga do lado esquerdo, e também não há Javi Garcia, que dobra Garay quando esta dobra Emerson e dobra todos quando é preciso (Matic é outro tipo de jogador), o problema amplia-se. Vá lá, que ontem era só o Vitória de Setúbal... Foi uma bela jogatana.

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Ópera não é só música para operários (11) - Maçonaria

Wolfgang Amadeus Mozart - "Die Zauberflöte" (final)

Mozart era "maçon" - nenhuma novidade e daí existir uma (agora célebre) loja maçónica com esse nome, em Portugal. Emanuel Schikaneder, autor do ""libretto de "A Flauta Mágica", também o era, da mesma loja a que pertencia Mozart. Daí, como resultado, talvez a mais maçónica de todas as óperas, esta última (estreou a 30 de Setembro de 1791, cerca de dois meses antes da sua morte) que Mozart compôs. Ora vejam o final para não dizerem que não é verdade. Pelo menos assim, esta polémica idiota à volta da maçonaria sempre pode ter a utilidade de se ouvir boa ópera.

"Les haricots sont pas salés" - old time cajun music (16)

Iry LeJeune - "Calcasieu Waltz"

Álvaro Santos Pereira: é sempre triste ver bater nos mais fragilizados

O ministro Álvaro Santos Pereira corre o risco de se transformar num verdadeiro génio do burlesco, num autêntico exemplo do comediante "pé no balde e bolo na cara", num "alter ego" do Coyote que, ao pensar idealizou finalmente a derradeira armadilha que lhe permitirá realizar o sonho de uma vida, apanhando um "Bip-Bip" que teima em escapar-lhe, acaba, para sua total surpresa, por vê-la voltar-se contra si próprio. E, no entanto, talvez por esta sua falta de destreza, esta sua azelhice que parece congénita e saída de uma Hollywood dos tempos áureos de um Buster Keaton ou de um Laurel & Hardy, não consigo deixar de simpatizar com o "ministro Álvaro". Porquê? Porque, tal como acontece com os comediantes do burlesco, também o "ministro Álvaro" parece ser um tipo bem intencionado, até talvez inteligente, alguém que se esforça por fazer bem mas a quem, fruto dessa sua maladresse, tudo sai mal e ao contrário das que seriam as suas intenções de "bem fazer". Aliás, imagino-o mesmo um ultra-romântico, alguém que imaginou a forma ideal de se declarar à mulher da sua vida mas a quem tudo acabou por sair mal, apenas tendo suscitando um misto de comiseração e pena.

Quis conquistar os "media", manter com eles uma relação mais informal e distendida do que é hábito no formalismo de um país que ainda não há poucos anos começou a sair da pré-história das relações sociais? Saiu-lhe "o Álvaro". Quis, com razão, chamar a atenção do empresários e das empresas para as oportunidades, porventura "escondidas", que podem existir em alguns dos produtos tradicionais portugueses, contando até com uma "diáspora" que foi essencial (a italiana) na divulgação internacional das "pizzas" e da "pasta"? Saiu-lhe o "franchise" do pastel de nata. No fundo, o "ministro Álvaro" parece ser mais um tipo apanhado entre duas culturas, um académico prisioneiro de um livro que escreveu, uma figura de Sancho Pança que quer assumir o papel que por tradição pertence a Dom Quixote, do que propriamente alguém que mereça ser elevado à categoria de "bombo da festa", tantas vezes por gente que, fruto da sua "cara de pau", é capaz de dizer enormidades ou afirmar os maiores lugares-comuns com total impunidade e sem que ninguém lhes diga que vão efectivamente nus. No fundo, tal como acontece com as artimanhas do pobre "Coyote eternus famélicus e azarentus", muitas vezes até me rio de tanta maladresse demonstrada pelo "ministro Álvaro"; mas, como em tantos outros casos, sempre com a secreta esperança de que um dia apanhe finalmente o seu coyote. É que rei do burlesco é uma coisa; "gordo" da turma já me parece algo bem diferente e condenável.

quinta-feira, janeiro 12, 2012

Regimental Ties (18)

The Welch Regiment Tie



The Welch Regiment Quick March: "Ap Siencyn (Ap Shenkin) (Son Of Jenkin)"

Um país ensandecido...

O país ensandeceu... Definitivamente, perdeu e o juízo e o decoro. Tornou-se estúpido, potenciando o pior que existe em si. A sua intelectualidade, aquilo a que deveria chamar-se "elite" (e uma sociedade é muito daquilo que forem as suas elites), a sua "intelligentsia" perde horas horas a fio, dias, a discutir algo que não deveria merecer mais de um minuto de conversa: se um político "maçon" deve ser obrigado a declarar esta sua filiação, obrigatoriedade que, a acontecer, constituiria grave violação de um dos princípios básicos do Estado Democrático - começar-se-ia por aí, mas desconhece-se onde acabaria; ouve, sem grande espanto, uma venerável anciã, conselheira de Estado, ex-ministra e ex-líder de um dos seus principais partidos políticos, propor uma género de "endlösung" à portuguesa, tendo como único objectivo poupar dinheiro ao Estado à custa da morte de alguns dos seus cidadãos; à esquerda, nela se incluindo uma parte do partido socialista - o que é lamentável - investe-se contra um bem sucedido grupo económico, dos poucos que se internacionalizou com dimensão, porque ousou, legal, legitimamente e num acto de boa gestão, transferir a sua "holding" para um outro país comunitário, no cumprimento de um direito que lhe assiste e tendo como objectivo o seu fortalecimento e o normal desenvolvimento dos negócios; no desporto, pasma-se ao ver um clube prestigiado, outrora dirigido por gente educada e cordata e que me habituei a respeitar enquanto rival, assumir como seus os comportamentos à margem da lei de um grupo de energúmenos que se auto-intitula de "claque". Ah!, e posto isto não quero falar de um primeiro-ministro que resolveu fazer, agora no governo, tudo ao contrário do que afirmou em campanha eleitoral, porque disso, infelizmente, já vamos tendo, desde há muito, dose suficiente para não estranharmos.  

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Dennis Potter's "Pennies From Heaven" (7)

"You Rascal, You"

A "endlösung" de Ferreira Leite

Da incompetência política de Manuela Ferreira Leite já todos sabíamos o suficiente; deu conclusivas provas disso como Ministra da Educação, das Finanças, líder do PSD e candidata a primeiro-ministro. Do seu carácter tivemos agora algo mais do que um simples vislumbre, ao querer condenar os doentes renais com mais de 70 anos e sem dinheiro para pagar hemodiálise a uma verdadeira endlösung. Sugiro Ferreira Leite leve a sua concepção do mundo um pouco mais longe e a torne abrangente, propondo, pura e simplesmente, eliminar fisicamente todo o cidadão que se revele demasiado gastador para o Estado. Que raio!, tal sempre seria bem mais coerente e igualitário: porquê esta discriminação dos doentes renais?

Não sei se Ferreira Leite gosta de ficção científica e tem cultura cinematográfica (duvido). Mas permito-me sugerir-lhe uma visão de Logan's Run", um filme de 1976, de Michael Anderson. O filme está longe de ser fantástico, mas antecipa uma visão da Terra, no século XXIII, dominada por um governo despótico, em que a idade de vida é limitada a trinta anos. Que seria de si nessa história e nesse tempo, Drª Manuela Ferreira Leite? 

O problema, o verdadeiro problema é que Manuela Ferreira Leite não esteve assim tão longe como isso de vir a tornar-se primeiro-ministro de Portugal. Ah!, e passa por ser uma defensora do "direito à vida"! Tenham mas é medo; tenham mesmo muito medo...

Os liberais e as privatizações

Desde os tempos do Estado Novo que antigos governantes são nomeados para as administrações de empresas privadas, principalmente, mas não de modo exclusivo, daquelas que correspondiam, tradicionalmente, a monopólios naturais ou de outras, durante a ditadura e a vigência do "chamado condicionamento industrial", em que o Estado, directa ou indirectamente, tinha assumido papel determinante na sua génese e desenvolvimento. Conheci vários casos, muitos deles de pessoas a quem não era reconhecida qualquer formação, capacidade ou experiência para o lugar que ocupavam, excepto o facto de serem íntimos do regime. O objectivo era, e é, apenas um: permitir uma relação bem "oleada", nos dois sentidos, entre o Estado e essas empresas, pouco importando se, desse modo, é o "Estado a mandar nas empresas" ou "as empresas a querer mandar no Estado", como agora alguns sectores afectos ao governo inventaram para "dourar a pílula" das nomeações para o Conselho Geral da EDP. Digamos antes que, em vez do primarismo de raciocínio que esses dois casos extremos expressam, estamos perante situações em que Estado e empresas não funcionam um sem o outro, numa relação umbilical, biunívoca, que expressa bem a fraqueza do empreendorismo e a sua falta de autonomia.

Prova-se, também, que se a privatização de algumas empresas pode ser condição necessária à sua autonomização, ela está frequentemente longe de ser suficiente, principalmente em casos nos quais se pode considerar não estarmos perante uma verdadeira e genuína privatização, mas apenas perante a venda dos direitos que o Estado português exercia numa empresa a uma sociedade de um país estrangeiro, só em teoria privada, onde não existe nem se prevê venha a existir, nos tempos mais próximos, qualquer autonomia empresarial. Que muitos "soi-disant" liberais exultem, já não é caso para estranhar: o seu liberalismo dura o exactamente o mesmo tempo em que o(s) seu(s) partido(s) está(ão) na oposição.   

terça-feira, janeiro 10, 2012

Nursery Rhymes (2)

História(s) da Música Popular (190)

Wee Willie Harris - Rockin' At The 2 I's"

British Rock n' Roll (I)

Difícil seria entender que a aparecimento do "rock n' roll" em meados dos anos 50, na América, com nomes como Elvis Presley, primeiro, e Carl Perkins, Jerry Lee Lewis, Eddie Cochran, Buddy Holly, Johnny Burnette e, do lado negro, Chuck Berry e Little Richard, além de outros, não tivesse influenciado enormemente a cultura britânica juvenil da década posterior à WWII, uma época ainda de enormes privações para a maioria dos seus habitantes. A ligação da metrópole à antiga colónia tinha sido fortalecida pela guerra e, apesar das fortes restrições, ou talvez por isso mesmo já que as importações não eram fáceis, os discos eram trazidos dos USA pelos marinheiros que aportavam a Liverpool, Southampton e outros portos da ilha. Não tardou a surgir, portanto, principalmente a partir de 1956, um movimento que, um pouco "assim ao género" copycat, tentava seguir os passos do que se passava nos USA. Com dificuldades acrescidas, claro, pois a cópia raramente é tão boa como o original e não existiam no Reino Unido editoras discográficas e estações de rádio independentes e de alcance regional, algo que se tinha revelado essencial no surgimento e difusão do "rock n' roll" americano. São pois desse período nomes quase desconhecidos em Portugal, tais como Billy Fury, Adam Faith, Tommy Steele, Marty Wilde (pai de Kim Wilde), Johnny Gentle e por aí fora. Mais conhecido se tornou Cliff Richard, na maioria dos casos pelas piores razões, pois após um curto período em que se afirmou como o "rocker" britânico número um, mesmo nas suas aparições no cinema ("Serious Charge" e "Expresso Bongo" - inéditos em Portugal), cedo enveredou, com os Shadows, pelo "easy listening", pela canção ligeira e pelo musical de entretenimento.

Local pioneiro e responsável por muita desta actividade foi o "2 I's coffee bar", no Soho londrino. Foi lá, por exemplo, que o Cliff (Richard) rocker foi descoberto. Por isso mesmo não admira que aquele que é considerado, talvez, o pioneiro do "rock n' roll" britânico, Wee Willie Harris, um género de êmulo inglês de Jerry Lee Lewis,  tenha dedicado ao local o tema que ocupa o "A" side do seu primeiro disco, editado em 1957: "Rockin' At The 2 I's". Enjoy...

Um país inquisitorial

No tempo da ditadura os funcionários públicos eram obrigados a assinar um documento declarando que "não professavam ideias contrárias à existência de Portugal como Estado independente" (o "patuá" era mais ou menos este). Na linguagem criptografada da época queria isto dizer que não pertenciam ao Partido Comunista Português, organização então clandestina. Lembrei-me disto a propósito desta conversa cretina sobre a maçonaria, como se numa democracia alguém pudesse ser obrigado a declarar pertencer ao que quer que seja, desde que legal. Mais, que tal direito, pois de um direito se trata, pudesse ainda ser questionado. País de tristes, mesmo.

O pior é que muita gente, alguma que considero, caíu na esparrela e veio a correr, e publicamente, afirmar pertencer ou não pertencer a tal coisa, caucionando assim a mentalidade inquisitorial que parece querer instalar-se. Pois de mim fiquem todos a saber o que já sabem: sou do "Glorioso", e por aqui me fico. E nem mais uma palavra sobre outras quaisquer pertenças...

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Val Lewton (6)



"Mademoiselle Fifi", de Robert Wise (1944)

O Campeonato

Não sei se já repararam que estão formados três blocos bem distintos de equipas no Campeonato Nacional de Futebol: SLB e FCP lutam pelo título (e estão ambos em excelente posição para garantir acesso directo à Champions League), SCP, SCP e CS Marítimo estão na chamada zona europeia, sendo que um deles terá acesso à pré-eliminatória da Champions League, e os restantes por ali andam, entre a possibilidade de despromoção e o possível lugar que resta de acesso à Liga Europa (depende da Taça de Portugal), que não será mais do que um presente envenenado que fará essa equipa perder e perder-se entre o desinteresse dos jogos das pré-eliminatórias.

sábado, janeiro 07, 2012

Ele disse mesmo isto!


Numa democracia, a tarefa mais nobre de um governo é prestar contas da sua actividade, no parlamento, aos legítimos representantes do povo. Com esta frase, o primeiro-ministro ofendeu a Assembleia da República e a democracia. Desprezou todos os cidadãos, inclusivé os que o elegeram.Talvez esta fosse, de facto, a sua verdadeira oportunidade para pedir desculpa aos portugueses.

sexta-feira, janeiro 06, 2012

Ópera não é só música para operários (10) - Também para deputados?

Wolfgang Amadeus Mozart: "As Bodas de Figaro" - "Non son più, cosa son, cosa faccio"

No debate quinzenal de hoje na Assembleia da República, Francisco Louçã mencionou esta ária das "Bodas de Figaro", interpretada pelo personagem Cherubino. Aqui fica, para quem não a conhece (e acho 95% dos deputados não a conhecerá), na interpretação de Gabriele Sima.

E se fossem para o raio que os parta?


Já agora, importam-se de vasculhar quantos pertencem ao grupo excursionista "Cá Vai Ó Linda", ao grupo almoçarista "Os Doze da Vida Airada", à Sociedade Recreativa "Os Sempre em Festa" e à "Associação dos Antigos Passageiros do Paquete Santa Maria"? Para não falar dos mais prosaicos "Alunos de Apolo" ou do já extinto, mas aristocrático, "Sporting Clube de Cascais", mais conhecido pela "Parada"? Francamente, ninguém tem mais nada que fazer ou com que se preocupar? Eu, por mim, vou dar por bem melhor empregue o meu tempo e vou ouvir o "Governo Sombra". Mas agora me lembro... Haverá alguma associação secreta dos "Ouvintes do Governo Sombra"? Se calhar há, e de tão secreta sou membro sem sequer o saber.

Oh, Teresa! E se formássemos uma "Associação dos Antigos Frequentadores do Stone's"?


Nursery Rhymes (1)


"A Wise Old Owl"
A wise old owl lived in an oak
The more he saw the less he spoke
The less he spoke the more he heard.
Why can't we all be like that wise old bird?

"In Memoriam" de um clube que se dizia de elite e de um jornal em tempos de referência


Esta notícia do "Público" prova duas coisas (pelo menos):
  1. Que o SCP adoptou oficialmente a iconografia das suas claques, caucionando assim comportamentos, entre os quais se inclui o recente incêndio provocado na bancada do Estádio da Luz, que não são indissociáveis dessa iconografia. Está pois explicada, se necessário ainda fosse, a reacção tíbia (no mínimo) da direcção do clube aos desacatos provocados pelos seus adeptos no ainda recente SLB-SCP.
  2. Que não sendo o acontecimento que o "Público" descreve de hoje ou dos dias mais recentes, mas comprovadamente mais antigo, ao revelá-lo apenas hoje o jornal presta um inestimável serviço ao clube de Pinto da Costa na tentativa de criar um clima de hostilidade à volta do jogo de amanhã, clima esse onde o FCP se costuma movimentar como peixe na água. Nada de novo, portanto, conhecidas que são as linhas de orientação da sua secção de desporto e as ligações do jornal ao FCP. 

Walk On By - The Story Of Popular Song (19/23)

quinta-feira, janeiro 05, 2012

"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (25)

"Morning Dew" - o original de Bonnie Dobson (1962)


A mais conhecida(?) versão de Tim Rose (1966)

Ora aqui está um caso em que o "cover" é quase tão desconhecido como o original - passe, é claro, algum exagero. Excepto, é evidente, para os cultores do velho "Em Órbita", que deu a conhecer tanto o tema como Tim Rose. Aliás, devo dizer só há relativamente pouco tempo (10/15 anos) me lembrei de comprar um disco de Tim Rose, já em CD e nem me lembro sequer onde. De qualquer modo, na era "pré-internet" desconhecia em absoluto a canadiana Bonnie Dobson, autora e primeira intérprete do tema.

Existem um quase sem número de "covers", mas, para mim, a interpretação de referência será sempre a de Tim Rose, um americano com fortes ligações ao rock da "west coast" (Mamas & The Papas; Jefferson Airplane; Grateful Dead)

Alexandre Soares dos Santos, a iniciativa privada e os "ataques pessoais"


Pois eu devo dizer a Soares dos Santos que até gosto da iniciativa privada, pois só uma economia nela baseada permite a existência de sociedades mais livres, abertas e prósperas. Mais progressivas e justas. Por isso me manifestei aqui contra a incoerência daqueles que clamam por empresas portuguesas mais competitivas internacionalmente mas, simultânea e demagogicamente, tomaram uma atitude crítica populista no caso da transferência das acções da Francisco Manuel dos Santos para a Holanda. Mas devo também acrescentar que tal não me impede de afirmar que não gosto da personalidade de Alexandre Soares dos Santos, pois, por norma, abomino empresários populistas que se sujeitam a transformar em armas de arremesso político/partidário; que insultam em público o primeiro-ministro democraticamente eleito pelos portugueses (qualquer que ele seja); que venham arengar para a praça pública como se transportassem às costas o peso da moral do mundo. Tento, portanto (não sei se o consigo), sempre que possível, não confundir  e separar os factos em concreto das pessoas que lhes dão origem ou estão neles envolvidos. Mas tendo dito isto, Alexandre Soares dos Santos conhece bem o país onde vive, e se agora se manifesta contra ataques pessoais sabe bem que se pôs a jeito. Por isso, e em função disso, talvez seja agora altura (já o devia ter sido...) de adoptar uma atitude mais "low profile". Ficaríamos - acho - todos a ganhar e o país um pouco mais respirável.

Nelson Oliveira


Nelson Oliveira fez um bom campeonato do mundo de sub-20. Mas atenção: para além do ritmo e intensidade competitivas nesta categoria nada terem a ver com o que se passa nos seniores, pelo menos nos melhores campeonatos e jogos (e estou a citar, livremente, Jorge Jesus), Nelson Oliveira integrou uma equipa que, não tendo à partida pretensões, fazia dos processos defensivos a matriz essencial do seu jogo, jogando num bloco baixo ou médio baixo o que potenciava as suas características enquanto jogador. Assim, Nelson Oliveira, com boa técnica e razoavelmente rápido e poderoso para se sair bem nos "sprints" longos, dispunha de espaço no meio-campo contrário, descaindo mesmo para os flancos, para se tornar um jogador importante na manobra da equipa.

Ora - e para além das diferenças de andamento que mencionei - nem o SLB nem a selecção sub-21, onde Nelson passou depois a actuar, perfilham este modelo de jogo e princípios semelhantes aos utilizados pela equipa portuguesa sub-20, pelo que o jogador tem mostrado dificuldades evidentes de adaptação: na selecção sub-21 as suas exibições pautaram-se pela mediania e no SLB, ao contrário do que aconteceu com Rodrigo, passou ao lado do jogo nas oportunidades que lhe foram concedidas. 

Significa isto que Nelson Oliveira, que indiscutivelmente tem "boa imprensa", nunca poderá vir a ser um jogador de topo? Alto aí, é cedo para uma afirmação desse tipo, como mais cedo ainda será para ver já nele um "craque" destinado a brilhar no meu "Glorioso" e na selecção principal. Mas é importante que não se criem mitos e se tenha a noção clara das realidades. E a realidade é que Nelson Oliveira, até aqui e para além das qualidades que possui, tem demonstrado evidentes dificuldades em se encaixar num modelo de jogo diferente daquele que o catapultou para os títulos de primeira página e que, mais coisa menos coisa, é o normalmente adoptado pelas grandes equipas, que "jogam para ganhar". Aguardemos, sendo que ninguém mais do que eu o desejaria ver brilhar no meu clube.