Depois de ter dedicado o seu primeiro mandato a afastar do governo um primeiro-ministro carismático (José Sócrates), primeiro enfraquecendo-o ("escutas", "Açores") e, depois de enfraquecido, quando por via da crise económica e de erros próprios a sua popularidade começava a decair, dando-lhe a "estocada final" com alguns dos seus discursos e afirmações, Cavaco Silva tenta agora, depois do falhanço que consistiu a tentativa de colocar os seus fiéis na direcção do PSD e apelando a um PS fragilizado e colaborante, colocar mais uma pedra no panteão que espera o acolha em toda a sua glória política. A retórica que invoca e a que fez apelo na sua mensagem de Ano Novo, colocando especial ênfase no que o pode aproximar do PS actual, dos sectores críticos do PSD, das posições da Igreja Católica e de largos sectores da população, não esquecendo o fugidio CDS (crescimento, desemprego, emigração, expectativa dos jovens, concertação social, União Europeia), apelando, no fundo e como aqui disse, a um "Compromisso Histórico" à portuguesa, não tem qualquer outro fim ou intenção. Para isso, claro, necessita de enfraquecer (até certo ponto, pois existe a necessidade de cumprir o MoU) o actual governo e os que no PSD nele se reconhecem, levando-os a aceitar a inevitabilidade de uma solução deste tipo. Ou, em alternativa e como tanto gosta de fazer, não deixando de "entoar", quando a situação se deteriorar irreversivelmente, o seu já conhecido "eu bem avisei". Gostemos ou não de Cavaco Silva (e a minha opinião negativa é conhecida), se isto não é um político dos "pés à cabeça", então façam favor de me mostrar um.
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