segunda-feira, fevereiro 28, 2011

George VI: The Reluctant King (1/4)


Documentário da BBC sobre a vida do rei George VI

"The King's Speech" - o verdadeiro

O rei George VI dirige-se aos povos do Império Britânico no dia 3 de Setembro de 1939

"The Lost Prince" (6)

"The Lost Prince" (BBC - 2003)

"Arte Popular" e Estado Novo (17)

Pintura mural de Eduardo Anahory
(Museu de Arte Popular, Lisboa)

"Somewhere"


A menina Coppola, de quem sou seguidor atento e admirador entusiasta desde “The Suicide Virgins”, acaba de me desiludir. “Somewhere” pouco mais é do que a história, já mil vezes repetida, do pai rico, fútil e mulherengo (neste caso, estrela de cinema), ausente como é de regras nestas coisas, a quem uns dias na companhia da sua filha “preteen” revelam o absurdo e o vazio dessa sua própria existência. Claro que Coppola (Sofia) consegue filmar tal coisa com simultâneos distanciamento e sensibilidade para não se tornar lamechas, mas, que raio!, também não estamos nos estúdios da Disney! Duas notas:

  1. Nunca me lembraria de beber “Chateau Pétrus” (está lá a garrafa e o rótulo é como o algodão, não engana) com duas “gajas” a fazer “dança de varão” à minha frente. Aliás, com ou sem “dança de varão”, nunca bebi “Chateau Pétrus”, e disso tenho mesmo pena.
  2. Em tempo de Oscares, a cena da entrega de prémios em Itália, ao bom estilo super/hiper “possidónio” dos “Globos de Oiro” da SIC , é de um enorme e valentíssimo gozo.

domingo, fevereiro 27, 2011

No regresso de um jogo sofrido

Em todas as épocas há pelo menos um jogo assim, em que a bola se recusa liminarmente a entrar. Postes, guarda-redes contrário que “engata” uma grande exibição, corpos onde a bola acaba sempre por bater, uma ou outra azelhice por desespero e fadiga, um ou dois lances duvidosos em que o árbitro não decide a nosso favor e, por último, um golo sofrido por desconcentração defensiva quando a equipa (toda ela) já só mesmo pensa é na baliza contrária. Desta vez lá acabou por se resolver.

Duas notas:
  1. Poucas vezes tenho visto um central do SLB exibir-se tão mal, perante tão pouco trabalho, como aconteceu hoje com Jardel. De uma lentidão exasperante (parecia que tinha chumbo nos pés...), hesitante, sem perceber o que tinha que fazer nos movimentos defensivos da equipa. Parafraseando o Jorge Jesus da época passada, quando se referia à equipa, terá, não que jogar o dobro, mas de multiplicar esse número várias vezes.
  2. Quase 55 000 pessoas num jogo com o Marítimo quando o campeonato está quase perdido. Quem, durante anos, deixou este enorme potencial adormecido não merece perdão.

"When I Woke Up This Morning" - original blues classics (29)


Big Bill Broonzy - "Mississipi River Blues"

Soares dos Santos e Ricardo Salgado: o contraste

Interessante assinalar o diferente entusiasmo com com que foram acolhidas nos “media” e em alguma “blogosfera” as declarações bombásticas e mal-educadas, aspirando ao protagonismo fácil, de Alexandre Soares dos Santos (será que ousaria referir-se em público ao primeiro-ministro polaco como o fez em relação ao português?) e a sensatez política da entrevista do banqueiro Ricardo Salgado ao “Expresso”, revelando, com o “low profile” que é a sua “imagem de marca”, inteligência e um conhecimento aprofundado das matérias sobre as quais opina. Reveladora, essa diferença de entusiasmo da opinião publicada, de algumas pulsões dominantes na sociedade portuguesa.

Estamos aqui, nestas duas intervenções públicas, claramente perante duas metodologias de afirmação de poder e de defesa dos respectivos interesses, talvez estabelecidas pelas diferentes origens de cada um dos grupos (comercial e posteriormente também industrial, no caso da JM, e financeira, no caso do GES): uma, mais burguesa, que se pretende afirmar pelo “soundbite”, confrontação e arruaça, fazendo apelo às pulsões sociais populistas; outra, de raiz aristocrática, que joga na influência discreta, na cooperação com o poder político, na rede estabelecida de relacionamentos sociais e no desenvolvimento de negócios em parceria com o Estado, tendo sabido, de modo inteligente, percorrer o longo caminho entre a prosperidade à sombra da ditadura colonial de Salazar e Caetano e a reafirmação no Estado Democrático membro de pleno direito da UE. Em função disto, não será surpresa que, dos grandes grupos económicos anteriores ao 25 de Abril, tenha sido o GES aquele que melhor se adaptou à mudança e mais influente se tornou no Portugal democrático e europeu do século XXI.

Independentemente da opinião de cada um – e elas existirão para todos os gostos, favoráveis e desfavoráveis – um verdadeiro “case study” ao cuidado dos historiadores.

sábado, fevereiro 26, 2011

"Shindig" - British Invasion (1)


1. Herman's Hermits - "Can't You Hear My Heartbeat"

2. Peter & Gordon - "I Go To Pieces"

3. Billy J. Kramer & The Dakotas - "Trains & Boats & Planes"

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

"The Lost Prince" (5)

"The Lost Prince" (BBC - 2003)

Desta vez a PSP até consegue ter razão...

Esta notícia põe, de facto, o dedo na ferida (ou nas feridas) de um dos problemas mais inexplicáveis deste país:

  • O facto de uma boa parte da legislação não ser aplicada.
  • O facto de não se entender muito bem (nem muito mal) como umas dezenas ou centenas destes energúmenos não são efectivamente impedidos de frequentar os estádios, o que seria uma medida (parece-me) muito fácil de aplicar.

Inglaterra teve um muito mais sério problema de “hooliganismo” nos anos 80 e 90. Resolveu-o e hoje o futebol é um espectáculo para famílias. Sendo os jogos mais importantes da Premiership transmitidos para Portugal, digam-me se já alguém assistiu a cenas como a aqui descrita.

Claro que também me parece que a PSP terá alguma responsabilidade no assunto, já que aquelas manifestações de fanfarronice e exibição gratuita de poder nas televisões na véspera dos jogos que ela própria classifica como de “alto risco” me parecem completamente despropositadas e contraproducentes. Parecem-se sempre mais com más acções de relações públicas do que com informação com qualquer intuito dissuasor. O mesmo devo dizer do modo como são permitidos os “ajuntamentos” das claques e a sua condução aos estádios, algo a que nunca assisti em Inglaterra, por exemplo, onde inclusivamente aquelas mega-bandeiras e tarjas estão proibidas. Se o sistema utilizado é este há muitos anos, sem resultados práticos, já deveria ter sido modificado, ou não será assim? Mas tem razão a PSP ao perguntar porque não é a legislação aplicada.

Por último: este é um caso paradigmático de que não é necessário inventar a roda. Basta ver como se fez em Inglaterra (e não só) e copiar, adaptando. Assim haja vontade política.

História(s) da Música Popular (176)


The Ivy League - "Running Round In Circles"

Carter & Lewis (VII)

Último “single” da Ivy League do qual vale a pena falar é este “Running Round In Circles”/ “Rain Rain Go Away”, aparecido em 1966 e antes de Carter & Lewis se terem dedicado a outras vidas. De qualquer modo, falo em termos de gosto pessoal já que o sucesso do disco foi muito relativo, para não dizer quase inexistente. E sim, concordo com Perry Ford (o terceiro membro da Ivy League e co-autor de ambos os temas do “single”) quando afirmou: “To this day I can’t work out why that one wasn’t a hit... it had everything”. E como quando o povo não vota em nós não se pode mudar o povo...

A "atitude"

Bom, o tema acabou por me ser lembrado por um comentário de um leitor que destacava aquilo que ele designa por (grande)“atitude” da equipa do SLB nos últimos jogos e, mais concretamente, ontem. Vou ser claro: na maior parte dos casos (não excluo um ou outro, pontual, que possa não se enquadrar no que vou dizer) quando falamos da boa atitude de uma equipa, mais do que a “vontade”, o “querer”, a “garra” e por aí fora, tal significa que o colectivo e os jogadores que o compõem se sentem confortáveis com os princípios, modelo e sistema de jogo que a equipa perfilha, isto é, que eles são adequados os jogadores utilizados e resultam quando postos em prática colectivamente. Um pouco como tudo parece mais fácil, se desenvolve de modo mais mais fluído e nos “dá mais gozo” quando pensamos e executamos um trabalho cujo tema dominamos, do qual gostamos e que tivemos facilidade, desde o seu início, em ordenar e esquematizar. Se e quando isso acontece, se o trabalho é adequado à nossa personalidade, conhecimentos e começamos desde muito cedo a nele nos reconhecermos, facilmente nos entusiasmamos e os resultados serão bem melhores.

É isso que acontece com agora com o SLB. Depois de um início de época em que a equipa parecia, como por aqui fui afirmando, um pouco “lost in translation” (foi a expressão que usei), perdida entre dois modelos, por inadaptação de jogadores como Gaitán e Jara a princípios e modelo “importados” da época passada, por “desconfiança” simultânea em a equipa assumir sem medo as transições ofensivas rápidas por via da insegurança demonstrada, nas suas costas, por Roberto, individualmente e na sua relação com os jogadores à sua frente, parecendo com isso revelar pouca “atitude”, a adaptação destes jogadores e a consistência acrescida trazida por Salvio a estes princípios e modelo permitiram que a equipa se sinta hoje muito mais confortável na sua pele, fazendo crer que a sua “atitude”, colectiva e individualmente considerada, terá mudado. Nada disso: ao sentir-se finalmente confortável no modo como joga, tudo se torna mais fluído, o que se reflecte no acréscimo dos valores de confiança demonstrados. Não foram, portanto, a “garra”, o “querer” ou a “vontade de ganhar” que mudaram; mas, se virmos bem e com “olhos de ver”, algo que tem muito mais a ver com questões de carácter técnico, resultantes do trabalho efectuado nos treinos ao longo da época.

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

"The Lost Prince" (4)

"The Lost Prince" (BBC - 2003)

VFB - SLB (2)

Afinal Saviola não jogou por doença (dizem), mas o papel de Jara foi exactamente o que eu tinha antecipado: pressionar alto e preencher espaços, evitando demasiada circulação de bola a meio-campo, desse modo libertando Aimar. Isto são muitos anos a "virar frangos", seja, a ver "bola".

O resto foi um jogo sem história, mas acrescento que finalmente Jorge Jesus justificou o epíteto de "mestre da táctica"

VFB - SLB (1)

Ao optar por Jara em vez de Saviola, e caso nada de anormal se passe com este, quer-me parecer que Jesus pretende alguém mais eficaz na "pressão alta", libertando assim ou pouco mais Aimar, pouco dado a essas vidas. Mas, desse modo, também evitar que caia muito jogo sobre o meio-campo do SLB, algo de que a equipa "não gosta". Em teoria, está correcto. Veremos o que dá na prática...

"Shutter Island", de Martin Scorsese, amanhã no TVCine 1 pelas 21.00h


"Shutter Island" - trailer

Fica aqui o que escrevi quando da estreia do filme em Portugal.

Lucy in the Sky with Diamonds (31)

Cream - Um "poster" de Martin Sharp

O voluntarismo de Daniel Oliveira e um dos dramas da sociedade portuguesa


“Há uma forma de vencer o desespero: dar esperança. E para isso é preciso que as pessoas acreditem que há alternativas e que elas podem vencer. Ninguém se arrisca a troco de coisa nenhuma. Duas condições para que isso seja possível: credibilidade no que se propõe e uma ação política que se dirija a uma base social maioritária. Programa exequível e alianças alargadas

Estou a falar do Bloco de Esquerda, do PCP e dos muitos eleitores e militantes do PS que ainda acreditam que o poder pode ser mais do que gestor da desgraça. Estou a falar dos sindicatos, dos movimentos sociais, de quem tem espaço na comunicação social.”

Este pensamento de Daniel Oliveira, que embora sendo militante do “Bloco de Esquerda” (digamos em seu abono que pouco "ortodoxo"), tenho como democrata sincero e empenhado, constitui, de facto, um dos dramas da sociedade portuguesa: a existência, à esquerda, de um grupo significativo de defensores das instituições democráticas que, honestamente, ainda pensam qualquer acordo alargado (a velha “frente”...) que inclua o PCP, o BE e o actual sindicalismo conservador pode constituir uma alternativa democrática, não radical, solidária e modernizadora da sociedade portuguesa. Mais ainda, que é estrategicamente possível, para além de iniciativas tácticas localizadas, qualquer aliança entre o PCP, “vanguarda da classe operária”, e o BE ou quaisquer outras “forças” sem a hegemonia de quem se assume como “vanguarda” da classe a quem cabe um um papel histórico no derrube do capitalismo. Pior, que tal coisa é possível no quadro da UE ou não implicando o abandono desta, com todas as suas consequências.

Na realidade, as propostas voluntaristas de Daniel Oliveira, pela sua inexequibilidade já por várias vezes provada, muitas delas de forma trágica, acabam por demonstrar exactamente o contrário do que ele pretende: não existe qualquer alternativa democrática não radical e, portanto, não anti-capitalista (e o capitalismo é condição sine qua non da democracia política, note-se), modernizadora da sociedade portuguesa, geradora a prazo de maior justiça social (mesmo que com o dramático sacrifício actual de uma geração) que possa ser protagonizada pelo PCP, BE e o actual sindicalismo. Trazer quem neles se revê e acredita em soluções por si protagonizadas para o campo da democracia liberal e da economia baseada na livre iniciativa, lutando, neste campo gerador de desigualdades, por uma sociedade mais justa e solidária, mais aberta e tolerante, mais igual apesar das desigualdades que necessariamente gera, é uma tarefa de todos os que se revêm na democracia e no progresso social. Assim sendo, espero um dia seja possível dar as boas-vindas ao Daniel Oliveira. Digamos que já estivemos mais longe...

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

"The Lost Prince" (3)

"The Lost Prince" (BBC - 2003)

"Parole, parole"...

Somos constantemente bombardeados por diagnósticos e terapias para resolver os estrangulamentos de que Portugal padece. Se atentarmos bem, uma grande parte deles correctos e até relativamente sensatos. O problema é quem governa ter a capacidade e força políticas necessárias para as pôr em prática. Não acreditam? Perguntem a Correia de Campos e Maria de Lurdes Rodrigues... “Parole, Parole”...

Mina & Alberto Lupo - "Parole, parole"

terça-feira, fevereiro 22, 2011

"The Lost Prince" (2)

"The Lost Prince" (BBC - 2003)

"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (5)


The Callahan Brothers - "Rounder's Luck" (Rising Sun Blues) - 1935

Uma das primeiras gravações conhecidas do tema "The House Of The Rising Sun"



A versão de Doc Watson e Clarence Ashley

(Esta gravação é dos anos 60, mas Watson e Ashley gravaram o tema pela 1ª vez em 1934)


A versão de referência dos Animals (ainda com Alan Price no orgão) - 1964

As revoltas árabes e a disparatada comparação com queda das ditaduras ibéricas e do "Muro de Berlim"


Acho não vou dizer nada de novo, mas nunca é demais repetir...

Vejo por aí escrito e falado que o que se passa em alguns países árabes tem semelhanças com a queda do “Muro de Berlim” ou das ditaduras ibéricas e grega. Um disparate!

Em primeiro lugar porque, no caso da queda das ditaduras europeias ,estamos na presença de sociedades industriais ou, até, no limiar do pós-industrialismo, com sectores de serviços já importantes. De sociedades burguesas, com classes médias, mesmo que empobrecidas como acontecia em algumas ditaduras do leste europeu, dominantes e influentes. De países onde o “iluminismo” e os ideais da Revolução Francesa tinham feito o seu caminho e a separação entre a igreja e o Estado era uma questão pacificamente aceite. Que, alguma vez na sua História, já tinham vivido (pelo menos a sua grande maioria) sob regimes de parlamentarismo liberal e constitucional. Onde existiam partidos e organizações políticas oposicionistas (mesmo que embrionárias), algumas delas relativamente toleradas (em Portugal, para além do PCP, um embrionário PS, a chamada “ala liberal” e, tal como em Espanha, um influente movimento católico e “tecnocrático” adepto da “abertura”). De países que nunca tinham vivido sob o domínio colonial e onde as estruturas do Estado eram desde há muito sólidas. De Estados que integravam algumas organizações internacionais onde o ocidente e as democracias eram dominantes (EFTA, NATO, OCDE). De sociedades cristianizadas e, de um modo geral, onde a influência romana se fez sentir. Mesmo no caso da oriental Turquia, maioritariamente muçulmana e onde a democracia e a laicidade do Estado estão longe de ser dados adquiridos, não poderemos esquecer que o Império Otomano foi, durante séculos, um potência europeia. Não valerá a pena continuar – acho – neste jogo de “descubra as diferenças”.

Significa isto que os países árabes agora em convulsão não poderão aspirar a viver sob regimes menos autocráticos, mais liberais e onde os direitos humanos sejam tratados com outro respeito? Claro que sim, poderão fazê-lo e espero que o façam. Mas, em função do que acima escrevi, já me parece bem mais complicado que, no curto ou médio prazo, democracias plenas ou, no mínimo, “à turca” consigam fazer o seu caminho. De qualquer modo, comparar o que se passa no Egipto, Tunísia, Líbia, Iémen e o que se possa seguir com a queda das ditaduras ibéricas ou do “Muro de Berlim” parece-me um enorme disparate histórico e político. Por muito que tal me, e nos, custe.

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Depois do "derby" - breves notas despretensiosas

  • Diferença demasiado grande de orçamentos, logo de jogadores. O vencedor do campeonato será cada vez mais uma questão a dois. Em Espanha é igual.
  • Pelo seu modelo de jogo, privilegiando as transições muito rápidas, o SLB tem, nestes jogos contra equipas mais perto do seu nível, dificuldade em ter bola. Isso sobrecarrega a sua defesa, obrigando-a a cometer muitas faltas com os subsequentes cartões. Tal como no Porto, acabou a jogar com dez.
  • Boa arbitragem, se descontarmos o habitual excesso de cartões mostrados nos jogos aqui do "rectângulo". Mas, mesmo aí, o árbitro foi coerente.
  • Luisão é um jogador muito diferente de Humberto Coelho. Mas tal com acontecia com este último, ao seu lado qualquer "perna de pau" joga bem. E nem David Luiz, nem Sidnei nem Jardel são tal coisa: são todos bons jogadores.
  • Estava com medo do espaço atrás da última linha defensiva do SLB, contra jogadores rápidos como Yannick ou Matias, ou móveis como Postiga. A solução foi o "fora de jogo". Muito bem.
  • SLB foi sempre melhor equipa. Mas acabou por ter a sorte do jogo. "Audaces fortuna juvat".
  • Com estes maus resultados em período eleitoral, espero os sócios do SCP resistam à tentação do populismo. Se considerarmos o seu orçamento, a equipa está no lugar que lhe compete e a distância compatível. Não há milagres.

"Só Dylan é Dylan" - homenagem a "Em Órbita" (´4)

Bob Dylan - Boots Of Spanish Leather .mp3
Found at bee mp3 search engine

Bob Dylan - "Boots Of Spanish Leather"

Antes do "derby" - onde se fala de "brand equity" de SCP e SLB

Tenho por aqui falado, a propósito das vendas de Moutinho e Liedson, do conceito de “brand equity”, tentando explicar porque, apesar de financeiramente positivas, foram desastrosas para os valores projectados, interna e externamente, pelo SCP, o que se reflecte na sua (in)capacidade de empolgamento e de gerar receitas. Cabe agora a vez de falar do mesmo assunto aplicando-o ao meu clube.

Bom, várias pessoas me têm afirmado que, estando os dois primeiros lugares praticamente atribuídos, e pela ordem actual (não é crível que o SLB, mesmo ganhando daqui a pouco, possa recuperar oito pontos de atraso em relação ao FCP, como também não parece possível que o SCP faça o mesmo aos 12 pontos de atraso do SLB), deveria o meu “glorioso” concentrar esforços na Liga Europa, refrescando hoje a equipa, já que o jogo com o VFB é já na próxima 5ª feira, joga-se “fora” e o resultado da 1ª mão não deixa ninguém descansado. Mandaria alguma lógica que assim fosse, mas, para os tais valores não tangíveis que a marca SLB projecta (a referida “brand equity”), tal teria como consequência uma sua tremenda desvalorização, com todas as implicações previsíveis na capacidade do clube e da equipa para gerar valor no futuro próximo (desvalorização dos seus activos, diminuição da assistência aos próximos jogos da Liga, receitas de “merchandising”, etc.). E isso, claro, sem qualquer garantia sólida de que um bom resultado na Liga Europa, que nunca poderia ser menos do que jogar a respectiva final, pudesse inverter a situação.

Admito tal poderia ser aceitável, por exemplo, em vésperas de uma final ou 2ª mão de uma ½ final da CL ou da Liga Europa. Não o é quando estamos apenas nos 1/16 avos de final e matematicamente o campeonato ainda é possível.

"The Lost Prince" (1)

"The Lost Prince" (BBC - 2003)

O “Gato Maltês” inicia hoje a reposição da da série da BBC, dirigida por Stephen Poliakoff, “The Lost Prince”, que narra a curta e trágica vida (sofria de epilepsia e, ao que tudo indica, de autismo) do príncipe John (1905-1919), filho mais novo de George V e da rainha Mary, irmão de Eduardo VIII e George VI e, portanto, tio da actual rainha Elizabeth (uma curiosidade: o rei D. Carlos de Portugal foi um dos seus padrinhos de baptismo). Duas excelentes razões para o fazer, neste momento, para além da sua excelente qualidade:


  • Em primeiro lugar porque existe agora disponível uma versão com legendas em inglês, o que torna bem mais fácil o seu acompanhamento por quem tem dificuldades em perceber o inglês falado (mesmo o chamado “received english”).


  • Em segundo lugar, e mais importante, a exibição nos cinemas de “The King’s Speech”, com a provável conquista de alguns oscares, torna quase obrigatório o visionamento da série de Poliakoff para que seja possível uma comparação entre os dois “modelos” de abordagem - o de série de TV e o cinematográfico – já que ambos decorrem no mesmo ambiente, com uma mesma família (a família real britânica), apenas com o intervalo de uma geração (final do reinado de Eduardo VII e início do de George V, na série, e final do reinado de George V e início dos de Eduardo VIII – curtíssimo – e George VI) e abordando situações de disfuncionalidade e adaptação ao mundo e meio onde nasceram de dois dos seus membros (embora num dos casos, o do príncipe John, bem mais grave do que no outro).

    Não perca!

Ainda as afirmações de Alexandre Soares dos Santos: uma reflexão política

As afirmações de Alexandre Soares dos Santos, chamando mentiroso ao primeiro-ministro e tratando-o em público por “o Sócrates, bem como o tom desabrido em que foram feitas, transcendem em muito uma questão de “boa educação” (embora também o sejam). Elas reflectem, antes de mais, uma tentativa de afirmação de poder e de, através dele, retirar daí benefícios próprios. Por um lado, e de modo mais restrito, o poder e a afirmação de superioridade de um grupo económico que é capaz de gerar excedentes e se propõe beneficiar os seus funcionários em contraponto com um Estado em “deficit” e que se vê obrigado a cortar vencimentos e benefícios sociais. Por outro, de modo mais alargado, a superioridade do mundo empresarial (do privado), pelo rigor e transparência com que as empresas são geridas (“não há truques”), perante o público (o Estado). Por último, ao enquadrar estas afirmações num contexto mais vasto de louvor ao papel do Estado polaco em comparação com o português nos apoios concedidos ao grupo Jerónimo Martins, uma tentativa de inverter essa situação, esperando daí retirar benefícios futuros.

Mas é ainda algo mais: tal como aconteceu no já longínquo episódio da ida de Belmiro de Azevedo à Assembleia da República, aberta de propósito para que pudesse estar presente, estamos perante mais um episódio de ataque aos políticos e à política, neste caso, curiosamente, protagonizado por quem, independentemente dos méritos demonstrados e da sua capacidade empreendedora, que certamente terá, viu o seu “core business” beneficiado por um modelo de desenvolvimento que privilegiou a grande distribuição e o mercado interno em prejuízo dos (agora tão em voga) bens transacionáveis e da exportação.

Não será portanto estranho o entusiasmo e louvor, explícito ou implícito, com que o episódio foi recebido pelos arautos do ultra-liberalismo – através de “blogues” e “media” respectivos, principalmente os dedicados às questões de carácter económico -, partidários de um estado minimalista - reduzido às suas funções essenciais - da desregulação dos mercados e de uma diluição do Estado Social, substituídas grande parte das suas funções por um modelo assistencialista fundamentalmente assegurado por instituições de carácter privado. Mais: deste modo defensores, “à outrance”, do domínio quase absoluto de um poder empresarial não eleito em detrimento de um poder político democrático regulador da livre iniciativa e com um papel activo na igualdade de oportunidades e na correcção das desigualdades sociais.

Mais difícil de entender será o silencio conivente de muitos outros, que na esquerda radical ou no centro-direita democrata-cristão, bem como no primado do político e do Estado-Social, se reconhecem. Desse silêncio apenas se deve tirar uma conclusão: o que para eles é, acima de tudo, fundamental é “bater no Sócrates”, mesmo que para tal seja necessário recorrer ao mais profundo desrespeito pelos princípios orientadores da democracia, pelos valores ideológicos que defendem, pela ética e pelo debate político civilizado (já agora, pela boa educação). Assim sendo, depois, quando lhes tocar pela porta, espero não venham por aí queixar-se.

domingo, fevereiro 20, 2011

sábado, fevereiro 19, 2011

Dos salários dos gestores públicos

Fizeram bem PS e PSD em terem “chumbado” a imposição de um limite salarial para os gestores públicos. Porquê? Não faz qualquer sentido os salários dos executivos das empresas públicas e, até, dos organismos estatais, serem determinados, de modo geral e abstracto, pela Assembleia da República sem serem tidas em conta as características de cada empresa ou organismo, condições e mercados em que operam, objectivos a que se propõem, etc, etc. Caixa Geral de Depósitos, Refer, CP, TAP, Direcção Geral de Finanças, e tantas outras, são algo de completamente diferente entre si, requerendo, em função disso, tratamento e definição de políticas salariais e de recursos humanos diferenciadas, a acertar entre elas próprias e os respectivos ministérios da tutela, respeitando padrões de razoabilidade e dentro de limites suficientemente abrangentes. O resto é demagogia da mais pura.

Já agora: como se pretendia limitar o salário dos gestores públicos ao do Presidente da República, aproveito para esclarecer que os titulares de orgãos de soberania são mal pagos, e não apenas em Portugal. Porquê? Porque tradicionalmente tais lugares eram ocupados por pessoas oriundas das classes mais abastadas – as que se dedicavam à política – que, por essa razão, não eram atraídas para as funções de Estado pelo salário oferecido nem esperavam dele vir a viver. Talvez não fosse má ideia rever o assunto.

Do cidadão Armando Vara

A ser verdade o que se relata, Armando Vara teve ontem o seu momento “pai, já sou ministro”. Em que expressou, de modo boçal, o seu arrivismo social fazendo valer, como qualquer burgesso digno do nome que ostenta, direitos que não lhe assistem em detrimento dos deveres a que se deveria obrigar. Mandariam as mais elementares regras de higiene e saúde pública que pedisse desculpa aos seus concidadãos e, depois, se afastasse, calma e discretamente, da vida pública. Mesmo que para tal tenha de ser aconselhado por quem o pode e deve fazer.

A moção" do "Bloco" e o seu texto

Depois de se ter assegurado da abstenção da direita parlamentar, não fosse a sua "moção de censura" poder vir a provocar a queda do governo, o "Bloco de Esquerda "suavizou" as referências ao PSD no respectivo texto. Partindo do princípio que os exercícios de hipocrisia fazem parte integrante da vida política, assumindo mesmo nela um papel essencial, não posso deixar de assinalar que a "coisa" foi bem feita. Mas à atenção do "Bloco": depois não se queixem se forem vistos como um partido igual aos outros!

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

"Love In A Cold Climate" (15 - final)

A Alexandre Soares dos Santos recomenda-se contenção na linguagem.

Pode gostar-se muito, pouco ou nada de José Sócrates e do seu governo. Pode mesmo odiar-se o primeiro-ministro e estar com ele em profundo desacordo político. Detestá-lo enquanto personalidade; às suas atitudes e comportamentos. Às políticas que o seu governo prossegue. Mas quando oiço o presidente do grupo Jerónimo Martins, Alexandre Soares dos Santos, referir-se em público, através da televisão e em reunião formal, ao primeiro-ministro como “o Sócrates” (há pouco no Telejornal – RTP), utilizando tom e linguagem mais próprios das caixas de comentários e dos “fóruns de opinião”, pergunto-me que imagem está a projectar de si próprio, do grupo de empresas que dirige e do empreendorismo em geral. Mais: que exemplo está a dar aos seus accionistas, funcionários, “stakeholders” e público em geral, e se permitirá que estes também a ele, Soares dos Santos, se refiram em público e em reuniões formais como “o Alexandre”.

O que me parece é que este comportamento de Soares dos Santos, enquadrando as já habituais queixas ouvidas sobre a falta de apoio do governo português aos empresários, em contraste com o que – segundo ele – se passa na Polónia, onde o grupo JM tem actividade relevante, só demonstra, uma vez mais, a razão dos que assinalam a falta de preparação e profissionalismo tantas vezes atribuída aos empresários portugueses, bem como a sua tradicional dependência estatal. Também uma enorme ausência de cultura democrática. Melhor serviço prestado a PCP e BE seria difícil imaginar.

Tudo isto é lamentável e, de facto, retrato, não de uma geração "rasca", mas de um país demasiado rasca.

Pensamentos do dia (e nem sequer muito profundos...)

  • O posicionamento central do Partido Socialista, com dois partidos colocados à sua direita e dois à sua (vamos lá...) esquerda, coloca o PS sob o chamado “efeito de tenaz” – fatal na estratégia militar, por exemplo. Mas disso pouco mais pode resultar do que uma acção de desgaste, já que o radicalismo destes últimos, se impossibilita qualquer hipótese de governo de coligação à esquerda, também torna quase praticamente inviável a queda de um governo minoritário do PS por efeito conjugado da votação de uma moção de censura. Resta apenas “bomba atómica” da dissolução, que um Presidente da República, qualquer que seja, apenas utilizará em circunstâncias extremas e seguras.
  • Se o PSD se decidir pelo voto contra no orçamento de Estado para 2012, que farão PCP e Bloco?
  • Devia o governo apresentar uma “moção de confiança”? Então o que foi a aprovação do orçamento de Estado?
  • Não sei se são os programas do tipo “Trio de Ataque” e “Dia Seguinte” que influenciam o modo como se discute futebol em Portugal se são eles próprios efeito e não causa. Recorrendo a Marx diria que existe uma relação dialética. Como o resultado é deprimente, maldita dialética!
  • Dos candidatos aos Oscares, já vi “A Rede Social” e “O Discurso do Rei”. Tenho hesitado em ver “O Cisne Negro”. Tendo em atenção o relativo desinteresse dos dois filmes já vistos, a autêntica chatice que é o primeiro deles e o facto de não gostar de bailado clássico, que querem? Que seja masoquista? Pode ser que no fim de semana me decida pelo dos irmãos Coen (“Indomável”). Ou então ao diabo os Oscares e fico mas é à espera do último da menina Coppola (“Somewhere”).

Tango aus Berlin (12)


Marek Weber Orchester c/ o vocalista John Hendrik - "Jüdischer Tango: Ich hab' kein Heimatland"

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

"Love In A Cold Climate" (14)

Porque é Jorge Jesus tão teimoso?

Quando será que Jorge Jesus finalmente se convence que nos jogos europeus contra equipas de patamar mais elevado do que 95% das que encontra intramuros, mais ainda contra equipas alemãs, piores ou melhores todas consistentes e bem equilibradas, tem de equilibrar a equipa defensivamente e não pode deixar essa “despesa” toda entregue a Javi Garcia? Pior: quando se convence que Pablo Aimar, muito influente nos jogos contra os Rio Ave e Naval de uma Liga muito desequilibrada, já não tem “andamento” para o futebol europeu? Quando a equipa jogou no Porto pareceu ter percebido tal coisa e saiu-se bem. Ter-se-á esquecido? Assim sendo, não teria sido bem melhor, no jogo de hoje, ter jogado Carlos Martins?

"Portugal vai ter um gabinete dedicado exclusivamente a apoiar, dinamizar e criar redes que permitam exportar a música portuguesa"


Sugestão nº1: Carlos Seixas - Sinfonia p/ instrumentos de corda e baixo contínuo em Si bemol Maior.

The Norwegian Baroque Orchestra
Direction - Ketil Haugsand


1. Allegro 2. Adagio 3. Minuet: Allegro

Portugal: "ranking" da UEFA e dinheiro movimentado em transferências

Ouvem-se e lêem-se por aí, frequentemente, enormes louvores ás prestações conseguidas por equipas portuguesas de clube nas provas europeias, lutando – diz-se - com armas absolutamente desiguais, por inferiores. Não negando alguns excelentes resultados dessas equipas na última década, dos quais os mais relevantes terão sido os do FCP (vencedor da Taça UEFA e da Champions League) e SCP (finalista vencido da Taça UEFA), convém notar que, globalmente e em termos médios, Portugal ocupa na “ranking” da UEFA - aquele que define o número e forma de participação das equipas nas suas competições - o 6º lugar, exactamente o mesmo que a sua 1ª Liga ocupa quando falamos do dinheiro movimentado em transferências (compras+vendas) na época 2010/2011. Mais: mesmo se considerarmos apenas as compras, Portugal apenas recua para o 9º lugar, passando para trás da Rússia, Turquia e Ucrânia, havendo contudo que ter em atenção que o caso turco está inflacionado pelo esporádico e muito recente caso Besiktas. Aliás, Rússia e Ucrânia (7º e 8º) são mesmo os países que mais ameaçam Portugal no “ranking” da UEFA.

Conclusões? Existem, de facto, alguns bons resultados (mesmo, aqui e ali, excelentes)de equipas portuguesas nas competições europeias, mas, de um modo global e em termos médios, e se considerarmos o médio/longo prazo, as suas prestações pouco ou nada diferem do valor global dos fluxos financeiros gerados pela indústria em compras e vendas de jogadores. Embora não estejamos aqui a considerar o valor total das receitas geradas (embora esteja em crer tal não modificaria demasiado este quadro), o que temos é indicador suficiente para aconselhar alguma cautela e mais rigor aos senhores jornalistas da “bola” com os entusiasmos excessivos pelos êxitos ou com a cultura dos “pobrezinhos mas valentes”. Certo?

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

"Love In A Cold Climate" (13)

Republic Pictures (9)




"Drums of Fu Manchu" (1940)

Paulo Futre: o "trunfo" de Dias Ferreira

Dias Ferreira, candidato á presidência do SCP, apresentou Paulo Futre como “trunfo”. O problema é que o SCP não precisa de “trunfos”, precisa de um rumo e de uma estratégia adequados; e não só nunca ouvi qualquer ideia consequente a Dias Ferreira para inverter o actual rumo do SCP (aliás, nunca lhe ouvi qualquer ideia consequente), como me parece as ideias necessárias para o clube, neste momento, estão longe de ser aquelas que dão votos e os seus associados querem ouvir. Pior, diz-me a experiência destas coisas que os "trunfos" surgem normalmente na razão inversa das ideias.

Veremos se depois de Santana Lopes e José Sócrates terem chegado ao lugar de primeiro-ministro, teremos pela primeira vez um presidente de clube eleito pela televisão...

O Governador e as bruxas

Estas afirmações, com um claro sentido político (é bom que não se tenha medo das palavras), do Governador do Banco de Portugal, proferidas exactamente no mesmo momento em que o PSD, utilizando a linguagem popular (às vezes dá jeito), se vê obrigado a “dar a mão ao governo” para o “chumbo” da “moção de censura” do Bloco de Esquerda e em que o Ministro das Finanças é chamado a Belém, significam que a acção de desgaste do actual governo (para além, evidentemente, da que o governo faz a si próprio com escusada frequência), aproveitando as hesitações de Berlim, se passa a centrar no eixo Belém/R. do Comércio em vez de no antigo convento de S. Bento ou na S. Caetano à Lapa? Será que as coincidências são mesmo como as bruxas?

terça-feira, fevereiro 15, 2011

"Love In A Cold Climate" (12)

"The King's Speech": algumas das incorreções históricas mais notórias

  • George VI (“Bertie”) não era tão anti-hitleriano como o filme deixa supor. Teria mesmo preferido que fosse Lord Halifax, um dos principais arautos do “apaziguamento”, a suceder a Neville Chamberlain como primeiro-ministro, e não Winston Churchill. De notar que grande parte da aristocracia britânica era pelo “apaziguamento” e nutria maiores ou menores simpatias por Hitler, visto como um inimigo do bolchevismo. Era esse o caso de dois dos irmãos do rei, David (Eduardo VIII) e “Georgie” (Duque de Kent), este morto num desastre de aviação, com um avião da RAF, durante a WWII. Razões para tal? Muitos dos “melhores filhos” da aristocracia tinham morrido ou ficado incapacitados na Grande Guerra; os comunistas tinham assassinado a família imperial russa (Nicolau II era primo direito de George V); e a greve geral de 1926 tinha constituído duro golpe e rude aviso para as “classes dominantes” da Grã-Bretanha.
  • Churchill nunca forçou a abdicação de Eduardo VIII. Quem sempre o fez foi, isso sim, Stanley Baldwin. Compreende-se: era já um primeiro-ministro experiente quando a guerra com a Alemanha parecia inevitável e as notórias simpatias de Eduardo VIII e Wallis Simpson pelos nazis constituiam um séio embaraço.
  • Baldwin não se demitiu por ser partidário do “apaziguamento”, mas por, digamos, cansaço depois de ter chefiado três gabinetes todos eles em ocasiões muito difíceis. Aliás, foi substituído por Neville Chamberlain, esse sim, o signatário dos acordos de Munique.
  • As princesas Elizabeth (actual rainha) e Margaret seriam em 1939 bem mais crescidas do que o filme deixa supor. Elizabeth nasceu em 1926 e teria, portanto, 13 anos no início da WWII. Aliás, acabaria por servir como motorista e mecânico no WATS a partir de 1943.

Blindness (10)


"Blind" Teddy Darby - "Lawdy Lawdy" (1929)

Um agradecimento ao "Bloco de Esquerda" - ou, para ser mais exacto, ao papel que assumiu em defesa do regime e da democracia liberal

Nos dias que se seguiram ao anúncio da sua “moção de censura”, o “Bloco de Esquerda” foi transformado, e com razão, numa espécie de “pushing ball” do regime, saco onde todos, até alguns dos seus dirigentes e simpatizantes mais mediáticos, trataram de acertar uns bons “swings”, “directos” e “uppercuts”. Bem merecidos, direi eu. Mas, nestes tempos complicados para a vida do mais jovem partido português do “arco parlamentar”, talvez seja justo lembrar algo em seu benefício e no do regime que tem ajudado a consolidar (calma, já vão ver porquê...).

De facto, o BE veio ocupar um espaço político (o seu crescimento comprova-o) deixado vago pelo PCP com a dissolução do “proletariado urbano”, com a substituição das cinturas industriais por uma pequena burguesia suburbana e culturalmente autónoma e por aquilo que se pode chamar, embora de modo demasiado redutor, de deriva centrista do PS: um eleitorado mais jovem (mas nem sempre), pós-moderno e radical, relativamente marginal face ao “status quo”, demasiado liberal e individualista, desalinhado, para se reconhecer no conservadorismo tradicional, no monolitismo e ortodoxia comunistas ou na disciplina e cinzentismo dos grandes partidos de poder.

Foi portanto esta, e de modo muito genérico, a base de crescimento do BE, e cuja contestação ao regime ou puro e simples afastamento da política institucional o partido ajudou a enquadrar e institucionalizar, conduzindo-a ao “redil” do sistema (lembram-se da “ovelha negra” do PSR?) e forçando mesmo o PS a cedências em muitas das emergentes questões de “costumes”. Sem o enquadramento desses cidadãos, que o BE em “boa hora” levou a cabo, sem a institucionalização, que realizou, desse potencial de contestação, convenhamos que algumas das manifestações populares da crise poderiam (sabe-se lá?!...) assumir expressões e formas bem mais violentas e de difícil controle. O regime e todos nós, os que nos revemos numa democracia liberal e numa sociedade aberta e progressiva, não conservadora e cosmopolita, devemos ao “Bloco” este agradecimento; e o anúncio de apresentação da sua "moção de censura" nada mais representa do que mais um passo no cumprimento desta sua tarefa histórica. Malgré lui, provavelmente!

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

"Love In A Cold Climate" (11)

"The King's Speech"

“The King’s Speech” é uma importação para o cinema dos modelos da “série de época” britânicos? É, sem dúvida. E então para quem, como eu, é um entusiasta dessas séries isso é necessariamente um defeito? Sim, cada macaco no seu galho: a escrita, os ritmos, a narrativa e até o “acting” têm e devem ser necessariamente diferentes em ambos os modelos: o que se desenvolve para os normais cerca de 100’ e para o “écran grande e sala escura” e os outros, aqueles não demasiado limitados pelo tempo mas condicionados pelo formato “caseiro”. Resultado? O principal é que, ao fazer essa "importação", tudo é demasiado apressado, o que torna a definição de ambientes e vivências (os pequenos gestos. as pequenas atitudes, até os silêncios), tão importante nas “séries de época”, pouco marcada e as personagens demasiado caricaturais. Exemplos? Wallis Simpson e Eduardo VIII. Mas também aquela Elizabeth Bowes-Lyon vestida de Elena Bonham-Carter, misto de membro da alta aristocracia e de dona de casa um pouco a puxar a Patrícia Rutledge (“Keeping Up Appearances”), me parece bem pouco conseguida. Comparações? Veja o filme e, depois, tente ver “The Lost Prince”, a série de Stephen Polyakoff sobre o irmão mais novo de Eduardo VIII e George VI (já a passei aqui no “blog”). Aliás, existem no filme duas “piscadelas de olho” à série de Polyakoff, não só na referência ao próprio príncipe John, como no facto de Michael Gambon, Eduardo VII na série, ser agora o rei George V . E, claro, compare também a extraordinária Queen Mary, mulher de George V, de Miranda Richardson na série e, agora, a Elizabeth Bowes-Lyon de Elena Bonham-Carter. Makes a difference, não é assim?

Bom, mas acabarei sempre por dizer que entre a “maçadoria” de “A Rede Social” e um “The King’s Speech” que até acaba por nos emocionar um pouco, talvez porque todos conheçamos demasiado bem as personagens e o seu enquadramento histórico, apesar de tudo este ajuda-nos a passar o tempo sem enfado. Pouco para o tio Oscar? Sim, pero es lo que hay!

Nota final
: deixo de lado as demasiadas, e infelizmente habituais, imprecisões históricas...

domingo, fevereiro 13, 2011

"Velvet Goldmine" (8)


Venus In Furs - "Ladytron"

Banda sonora de "Velvet Goldmine", de Todd Haynes (1998)

Deve este governo continuar a governar? Em que condições? (ou onde se fala também em coerência...)

  1. Quantos daqueles que agora criticam - com razão - o governo por não governar, por não efectuar as reformas necessárias, não juntaram a sua voz às reivindicações corporativas e à demagogia populista da “rua” quando Correia de Campos e Mª de Lurdes Rodrigues tentavam efectivamente governar e efectuar algumas das reformas necessárias contra os interesses instalados? Ou já se esqueceram da demagogia dos partos em Badajoz, dos bebés nascidos em ambulâncias, das pseudo-urgências à porta de casa, da gritaria contra as “aulas de substituição” e as “avaliações”?
  2. Quantos dos que agora criticam o “apego ao poder” de José Sócrates, o “governar apenas com o intuito de se manter no poder”, não criticaram asperamente António Guterres por ter abandonado o “pântano” e Durão Barroso por “ter arranjado um emprego melhor”? Manter-se no poder ou dele decidir abdicar, desde que cumpridas as leis e as regras da democracia, não será opção legítima de quem é poder? Não estão tais situações constitucionalmente previstas em todos os Estados democráticos? Mudar para um emprego melhor (ainda para mais, e neste caso, de prestígio internacional para o país) não é aquilo que normalmente fazem aqueles que têm essa opção? Ou em vez de bramarem contra o “árbitro”, não teria sido bem melhor o PSD ter eleito em congresso um número dois bem mais competente?
  3. Quantos daqueles que hoje odeiam Jorge Sampaio por ter demitido um governo (mais correctamente, dissolvido a Assembleia da República) de um primeiro-ministro não eleito e que nem no partido a que pertencia gerava apoios significativos gritam hoje histericamente contra Cavaco Silva por este não demitir um governo (bom ou mau, foi escolhido por quem o pode fazer) clara e democraticamente sufragado há cerca de ano e meio pelos cidadãos? (Isto mesmo que este, e quanto a mim mal, não se tenha mostrado capaz de formar uma coligação maioritária).

Conclusão? Embora eu sempre ache e sempre diga que demasiada coerência torna as pessoas previsíveis e mesmo umas grandes “chatas”, que raio!, mesmo assim há “serviços mínimos” a cumprir. O que acho eu? Que salvo circunstâncias excepcionais e por isso mesmo pouco ou nada previsíveis - dois exemplos: incapacidade do país se continuar a financiar em condições aceitáveis ou existência de uma onda de contestação e distúrbios nas ruas (sérios, não estou a falar das habituais greves da CGTP ou das manifs. da FENPROF daquele senhor de bigode) que torne o país ingovernável -, e na impossibilidade de aprovação de uma moção de censura na Assembleia da República (a “direita” e a “esquerda radical” muito dificilmente se unirão com esse propósito), o Presidente da República terá toda a legitimidade para dissolver a AR no caso do governo se revelar incapaz de cumprir aquilo com que se comprometeu perante os portugueses e para o qual contou com a aquiescência do principal partido da oposição: o orçamento para este ano. Ou seja incapaz de apresentar e fazer aprovar igual documento para 2012.

Vale? Estamos conversados?

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

"Love In A Cold Climate" (10)


"Love In A Cold Climate" (BBC-2001)

Mubarak

O fim de um ditador é sempre uma boa notícia. Se isso significar também o fim de uma ditadura transformar-se-á numa notícia excelente. Entretanto... cautelas e caldos de galinha...

Zarzuela (2)


"La Verbena de la Paloma" (Tomás Bretón-Ricardo de la Vega)

"Donde vás con mantón de Manila?"

O SLB, a "Deloitte Football Money League" e as receitas de TV

Para ser muito breve e não maçar os meus leitores com minudências. O que mais salta à vista ao analisarmos a "Deloitte Football Money League", é a incongruência de o SLB ser o 10º clube em receitas de bilheteira (40M€ correspondentes a 41% das receitas totais do clube), o 16º em termos de receitas comerciais (41.2M€ correspondentes a 42% das receitas totais) e sendo, ao contrário de muitos dos seus congéneres europeu, um clube de expressão nacional num país com 10M de habitantes e outros tantos, pelo menos, na diáspora, nem sequer consiga um lugar entre os 20 primeiros em termos de receitas de TV (estará mesmo muito longe). Mais ainda, os 16.8M€ destas receitas (apenas 16.8% do total) correspondem a menos de metade do que clubes “regionais” como o Hamburger SV e o Schalke 04 conseguem obter e menos de 1/3 de clubes como o Atlético Madrid, Tottenham Hotspur, Aston Villa e Manchester City. Mais ainda: no “ranking” dos 20 clubes com maiores receitas, nenhum se situa abaixo dos 35M€ de receitas televisivas e de uma participação destas no “bolo” total de 23%.

Razões? Em primeiro lugar um contrato que é altamente lesivo dos interesses do clube e que muito pouco ou nada tem que ver com o real valor e importância deste em termos de audiências televisivas. Em segundo lugar, e muito, mas muito importante, com o facto de disputar um Liga com pouca ou nenhuma expressão internacional, o que condiciona muitíssimo a venda internacional das suas transmissões televisivas. Uma Liga que constitui, portanto, fato demasiado apertado para o potencial demonstrado pelo meu clube em gerar receitas que o tornem ainda mais competitivo em termos internacionais.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

"Love In A Cold Climate" (9)


A moção

Duas coisas serão curiosas de analisar na moção de censura ao governo que o “Bloco de Esquerda” irá apresentar na Assembleia da República:

  1. Em primeiro lugar se a sua redacção será de molde a “piscar o olho” à direita parlamentar, única hipótese de a moção ter alguma eficácia e de deixar esta em maus lençóis face a uma sua mais do que provável abstenção, pelo menos da parte do PSD. Caso não o seja, optando o BE por uma formulação mais radical “à esquerda”, isso significa que o partido não tem qualquer intenção de derrubar o governo e apenas pretende “marcar a agenda política” e, assim, capitalizar o descontentamento popular face às medidas de austeridade. Passaria a ser uma questão apenas a dois, entre BE e PCP.
  2. Em segundo lugar ver qual a opção do PCP, que ou irá atrás do BE ou terá que se explicar muito bem aos seus militantes. E atenção: o PCP não costuma brincar em serviço. Mas, de facto, perdeu aqui a iniciativa política, embora o partido, pela sua própria natureza, costume recuperar bem destas situações de algum desconforto parlamentar.

Mas, para já, parece-me que será o PSD o partido mais incomodado com esta iniciativa “bloquista. Se optar pela mais do que provável abstenção desagrada ao anti-sócratismo mais populista e radical, que, quer queiram quer não, constitui, neste momento, uma boa parte da sua base eleitoral e, principalmente, da “vanguarda” da opinião publicada; e a não aprovação de uma moção de censura será sempre assinalada como uma vitória do governo e do primeiro-ministro. Se votar a favor tal será recebido com desconforto por uma boa parte do mundo empresarial e dos negócios, e o PSD não escapará à acusação, pelo PS, de actuação “aventureirista”, “anti-patriótica”, “causadora de instabilidade” e por aí fora, sendo obrigado a enfrentar eleições sob o peso deste anátema . Mas penso que, entre estas duas opções, o PSD optará pela “responsabilidade”.

Dennis Potter's "Pennies From Heaven" (2)


"Pennies From Heaven" (1978) - "Hands Across The Table"

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Um bom jogo


A selecção portuguesa perdeu 1-2 com a Argentina. Porquê? Fundamentalmente porque não tem um bom "ponta de lança" e porque a Argentina tem bons jogadores em muito maior quantidade, particularmente no meio-campo (para além de Meireles, Moutinho e Martins, quem mais?) Três notas :
  1. Patrício é bem melhor guarda-redes do que Eduardo e Paulo Bento já percebeu isso. Está apenas a preparar a mudança com inteligência e bom-senso.
  2. Hoje, a selecção portuguesa perdeu; mas apesar disso todos ficamos com a sensação que cumpriu o seu dever e que pode ganhar a qualquer adversário. Joga bem melhor futebol do que no tempo de Scolari. A comparação com Queiroz, essa, é mesmo desnecessária.
  3. Além disso, quando olhamos para Paulo Bento sentimos confiança. Digam-me em relação a que outra figura pública tal acontece.

"Love In A Cold Climate" (8)

Costinha e o SCP

Os meus amigos e grandes rivais (ou serão ex-rivais?) do SCP, em vez de, na mais grave situação da vida do clube, estarem a discutir o que poderá ser a instituição num futuro próximo e de médio prazo, quais os objectivos razoáveis e credíveis a estabelecer, a estratégia para os atingir e as pessoas adequadas a dirigirem tal ou tais projectos, decidiram focar a sua atenção noutros assuntos. Problema deles. Mas deixem-me acrescentar uma coisa: se a saída de Costinha nada mais representa do que o desenlace desejado pela SAD quando da admissão de José Couceiro (organicamente, a coexistência de funções era incompatível - disse-o aqui), não teria sido bem menos prejudicial para o clube acordar a rescisão de contrato logo nesse momento, sem este “lavar de roupa suja”? Tratar-se-á agora de poder alegar “justa causa” e poupar uns, neste caso necessariamente míseros, euros ou foi necessária a entrevista à Sport TV para a administração da SAD conseguir ter suficiente força política para o fazer?

terça-feira, fevereiro 08, 2011

"Love In A Cold Climate" (7)


O veto

Não vale a pena perder demasiado tempo com grandes ou pequenas elocubrações sobre a correcção ou incorrecção técnica do diploma que prevê a prescrição de medicamentos através do “principio activo” para se determinar da justeza da decisão de Cavaco Silva. Também não me parecem ter sido levadas em conta no veto presidencial, ou terem nele importância decisiva, quais as corporações ou classes de utentes e população que tal diploma vai beneficiar ou prejudicar: o veto é político. Trata-se, pura e simplesmente, de “marcar território”, e para tal o diploma bem poderia versar sobre algo tão caricato como “a importância das barbatanas dos peixes na ondulação da agua do mar”: o seu destino seria o mesmo. No fundo, para Cavaco Silva este veto não mais é do que a segunda parte do seu discurso de vitória.

"ab origine": esses originais (quase) desconhecidos... (4)


"Unchained Melody" (Alex North-Hy Zaret) - a versão original de Al Hibbler (1955)


A versão mais conhecida e "de referência", pelos Righteous Brothers (Bill Medley e Bobby Hatfield) - 1965

Algumas notas:

  • Alex North foi um notável compositor para cinema, autor das bandas sonoras de "Spartacus" e "Cleópatra", entre outras. A Antena 2 passou recentemente uma excelente colectânea comentada da sua música para filmes.
  • A interpretação dos Righteous Brothers é, de facto, um "solo" de Bobby Hatfield e o seu "falsetto" tornou a versão inesquecível. Curiosamente, Al Hibbler era um barítono...
  • Pode ver mais completa informação sobre o tema no excelente "blog" "O Rato Cinéfilo".

O "Prós & Contras" e o Egipto

Sejamos claros: não me parece existir em Portugal gente suficientemente conhecedora e qualificada nas áreas de política internacional e de geoestratégia para discutir com seriedade, rigor e profundidade os problemas do Egipto e das revoltas em alguns países árabes. Ou se existe está-se nas tintas para a televisão. O “Prós & Contras” de ontem foi disso prova evidente, e com excepção do general Loureiro dos Santos, que me pareceu minimamente competente e com alguma preocupação de rigor, muito pouco dali saiu. Joshua Ruah foi patético (Esther Mucznik não preencheria melhor a “quota” de Israel?), Miguel Portas lírico e Ângelo Correia palavroso e a gostar demasiado de si próprio - como sempre. E quando a “Drª Fátima”, que não a filha do profeta, decidiu dar a palavra a uns pandegos que estavam na plateia, o melhor teria sido mesmo fugir para a tal Praça do Cairo. É que me parece não basta ter vivido ou trabalhado no Egipto, ou até mesmo ser egípcio, para discutir o assunto

O problema é que não percebo a razão pela qual a RTP não dedicou o seu “P&C” de ontem ao 4 de Fevereiro e ao início da guerra colonial. Trata-se de algo que nos toca de perto e faz parte da nossa História recente, condicionou a vida de uma geração (em muitos casos destruiu) e do regime político, existem muitos estudos (alguns recentes), obras publicadas e documentação sobre o assunto, muitos dos actores e fautores estão ainda vivos, etc, etc. Ou será que o “serviço público de televisão” achou que com o excelente “A Guerra”, de Joaquim Furtado, teria feito a sua obrigação e o tema estava esgotado? Ou que ao tratar o tema do Egipto ia “dar uma de cosmopolitismo”? Uma tristeza...

É que cerca de hora e ½ antes, Mário Crespo (por vezes faz coisas bem feitas) tinha optado por uma pequena mas excelente e interessante entrevista a Carlos Matos Gomes (conheci-o na tropa, era eu alferes miliciano e ele capitão ou major dos comandos, não me lembro bem), autor de algumas obras de cariz histórico e outras de ficção (sob o pseudónimo da Carlos Vale Ferraz) sobre essa mesma guerra colonial. De pé (muito) atrás, fico agora à espera de Dezembro e do modo como a RTP assinalará a data da invasão do chamado “Estado Português da Índia”. "Que parvo que sou"...

"Parva Que Sou" ou o desemprego dos jovens licenciados

Para que não restem dúvidas (se as havia).

Não me incluo no grupo dos catastrofistas e “plano inclinadistas” que acham quem sai da escola, mesmo de muitas universidades,quase não sabe assinar o nome. Mais, concordo com os que dizem nunca em Portugal houve tanta gente qualificada e tão qualificada. Reportando-me à área que tem sido ao longo da vida a da minha actividade, basta ver, na geração anterior à minha, quantos directores e executivos de grandes empresas (Bancos, Seguros, multinacionais) possuíam sequer uma licenciatura: muito poucos; excepto nos casos técnicos em que era preciso ser-se engenheiro ou advogado, a maioria teria os antigos 5º ou 7º ano dos liceus, o curso comercial, e os mais inteligente e trabalhadores, os que tinham “mais mundo”, lá iam subindo nas suas carreiras, alguns até posições de topo. Já na minha geração, a que começou a sua vida profissional na segunda metade dos anos 70 do século passado, quantos tinham ou foram frequentar MBAs no estrangeiro? Que me lembre, e reportando-me aos que comigo se cruzaram – e foram, digamos, muitas dezenas - , conto, com algum esforço, um ou dois, se tantos. Hoje, olhando para a geração que tem menos de quarenta anos, e entre os meus filhos e amigos dos meus filhos, agora nos "early 30s", e meus amigos ou pessoas das minhas relações com perto dos 40 anos, raros (raríssimos) são os que não frequentaram universidades estrangeiras, cursos de pós-graduação intramuros ou, no mínimo dos mínimos, não tiveram a oportunidade de estudar um ano "lá fora" ao abrigo do programa Erasmus.

Tendo dito isto - e apesar disto -, a propósito da recente polémica gerada pela canção dos Deolinda “Parva Que Sou” (by the way: gosto muito dos Deolinda e terá sido este o ou um dos primeiros “blogs” em Portugal a divulgar o grupo, no dia 9 de Maio de 2007, já lá vão quase quatro anos), deixo algumas perguntas.

  1. Qual será o país obrigado a criar postos de trabalho suficientes para serem preenchidos pelos milhares de psicólogos, sociólogos, licenciados em “comunicação social”, “marketing e imagem”, “publicidade”, “relações internacionais”, “turismo”, “direito” em universidades ignotas, etc, etc, lançados anualmente no mercado de trabalho?~
  2. Quando optaram por esses mesmos cursos não sabiam o que os esperava, tal como na minha geração quem ia para “letras” sabia quase de certeza acabaria professor?
  3. Serão a grande maioria destes jovens efectivamente qualificados, tanto nas suas áreas de especialização como na sua capacidade para ver, analisar e compreender o mundo e a vida, algo indispensável nas áreas sociais e/ou de “humanidades”, a que pertencem? Eu, que entrevistei muitas dezenas e falei com outros tantos ao longo destes últimos anos, acho que não, e a pouco mais do que o “call centre”, a caixa do supermercado, o estágio pouco ou nada remunerado ou o recibo verde no Estado podem aspirar.
  4. Pese toda a frustração que isso possa gerar e os problemas políticos para o país que daí possam advir (não os nego), não será preferível, para se conseguir aproveitar uma eventual oportunidade futura, estar no “call centre” mas ser possuidor de uma licenciatura?
  5. Por último, vejamos agora as coisas pelo seu lado positivo: não constituirá também esta situação um incentivo à excelência, sabendo que só os melhores conseguirão trabalho e remuneração de acordo com as suas expectativas?

    Pois... ficam as perguntas.

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

"Love In A Cold Climate" (6)


História(s) da Música Popular (175)


The Ivy League - "Tossing And Turning" (Carter-Lewis)

Carter & Lewis (VI)

Se “Funny How Love Can Be” atingiu o “top ten” conseguindo um muito meritório e justo #8, o “single” seguinte, ainda em 1965 e tendo como “A” side “That’s Why I’m Crying”, não passaria do #22. Sol de pouca dura... “Tossing and Turning”, o quarto “single” do trio, com “Graduation Day” como lado “B”, chegou a #3 e foi o mais bem sucedido tema da “Ivy League”. O seu “riff” inicial é inesquecível e ficará para sempre na história da música popular.

Duas notas para os mais incautos: 1. “Tossing” não significa o acto de “tossir” (diz-se “coughing”) mas define um sentimento de “agitação” por algo que nos preocupa (“I can’t sleep at night tossing and turning”). 2. Existe uma outra canção com o mesmo nome (tenho-a para ali numa colectânea) tornada conhecida na interpretação de Bobby Lewis (1961). A confusão é por vezes bastante, e até na Wikipedia o “link” do tema na página da Ivy League nos leva, erradamente, à página da canção de Bobby Lewis. Como pode ouvir aqui, não existe qualquer relação entre as duas.

Um outro Egipto: o do mistério e da aventura (também das lutas políticas no tempo dos faraós) recomendado pelo "Gato Maltês"





"Pharaoh", de Jerzy Kawalerowicz (1966)

domingo, fevereiro 06, 2011

Fernando Torres e o Chelsea F.C.

Se percebo a contratação de David Luiz pelo Chelsea, já que, desde a saída de Ricardo Carvalho, a equipa não tinha um central rápido, técnico e que “saísse a jogar”, entendo menos o que os 58 milhões de Fernando Torres (um excelente jogador, isso não está em causa) podem acrescentar à equipa, que lacunas se propõem suprir. Para já, a presença de Torres veio apenas “baralhar” e lançar a confusão no habitual 4x3x3da equipa, onde Obi Mikel, Essien (ou Ramires) e Lampard ocupam o meio-campo, Kalou e Malouda (por vezes Anelka) as faixas do ataque e Didier Drogba (ou Anelka) o lugar central de “ponta de lança”. Hoje, pareceu-me evidente tal confusão, num aparente (na TV não se consegue ter uma visão de conjunto) 4x4x2 com Drogba longe da área e Anelka não sei bem onde. Perderam, claro, contra um Liverpool irrepreensível de disciplina táctica.

O que me parece é que não era de um jogador como Torres que o clube de Fulham Road precisava, mas sim de um criativo ao estilo e sucessor de Joe Cole, quando fosse preciso um "abre-latas". Pois... manda quem pode e obedece quem deve!

Les Belles Anglaises (LI)








Jaguar C Type (1951-1953)

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

"Love In A Cold Climate" (5)

"Livre escolha"?

Uma pergunta aos defensores da “livre escolha” do estabelecimento de ensino: reportando-me apenas a Lisboa, como exemplo (é a cidade onde vivo e onde vive a maioria das pessoas das minhas relações), quantas famílias com rendimento suficiente para pagar um estabelecimento de ensino particular para os filhos conseguem efectivamente escolhê-lo? Já alguém que não tenha frequentado algum dos colégios mais emblemáticos de Lisboa ou não tenha uma “valente cunha” (“valente”, mesmo) conseguiu que os filhos fossem neles admitidos? Ou que não tenha ascendentes da nacionalidade ou venha do ensino estrangeiro conseguiu ser admitido no Liceu Francês, Colégio Alemão, Instituto Espanhol, etc, etc?

Pois...

"Empty Bed Blues" - Best of good time mommas (6)


Rosa Henderson & The Kansas City Five - "Don't Advertise Your Man" (1924)

O glorioso mês de Janeiro de José Sócrates

Não sei se já repararam no glorioso mês de Janeiro que teve José Sócrates. Viu a eleição de Cavaco reduzida aos “mínimos de qualificação”, ainda para mais apoucada com o desastroso discurso de vitória deste e aquelas confusões da Coelha; reduziu a influência de Alegre e derrotou a OPA do Bloco de Esquerda sobre o PS; conseguiu colocar sem problemas o montante total de títulos da dívida previsto; viu os juros dessa dívida caírem de forma acentuada, derrotando assim os arautos do “finis patriae” que tinham aí colocado a sua “cave”; mesmo se que com recurso a receitas extraordinárias, anunciou que o “déficit” de 2010 ficará abaixo do previsto; “convocou as “Novas Fronteiras” e o Congresso do partido apresentando a sua recandidatura a Secretário Geral. Ah!, e ainda viu Pedro passos Coelho dizer disparates sobre o “passe social” e José Manuel Fernandes propor o despedimento de funcionários públicos nas “jornadas parlamentares” do PSD, perante o desconforto de uma sala inteira.

E agora? Agora, depois de ter mais uma vez demonstrado que é mesmo osso duro de se roer, querem apostar que a execução orçamental do 1º trimestre deste ano vai mesmo aparecer aí antes do congresso do PS e brilhante que nem um “brinquinho”? Pois, goste-se ou não do homem (e não me parece o estilo de pessoa que escolheria como amigo), é desta estirpe que se fazem os grandes políticos. Mandaram-no vir? Agora aturem-no!