- George VI (“Bertie”) não era tão anti-hitleriano como o filme deixa supor. Teria mesmo preferido que fosse Lord Halifax, um dos principais arautos do “apaziguamento”, a suceder a Neville Chamberlain como primeiro-ministro, e não Winston Churchill. De notar que grande parte da aristocracia britânica era pelo “apaziguamento” e nutria maiores ou menores simpatias por Hitler, visto como um inimigo do bolchevismo. Era esse o caso de dois dos irmãos do rei, David (Eduardo VIII) e “Georgie” (Duque de Kent), este morto num desastre de aviação, com um avião da RAF, durante a WWII. Razões para tal? Muitos dos “melhores filhos” da aristocracia tinham morrido ou ficado incapacitados na Grande Guerra; os comunistas tinham assassinado a família imperial russa (Nicolau II era primo direito de George V); e a greve geral de 1926 tinha constituído duro golpe e rude aviso para as “classes dominantes” da Grã-Bretanha.
- Churchill nunca forçou a abdicação de Eduardo VIII. Quem sempre o fez foi, isso sim, Stanley Baldwin. Compreende-se: era já um primeiro-ministro experiente quando a guerra com a Alemanha parecia inevitável e as notórias simpatias de Eduardo VIII e Wallis Simpson pelos nazis constituiam um séio embaraço.
- Baldwin não se demitiu por ser partidário do “apaziguamento”, mas por, digamos, cansaço depois de ter chefiado três gabinetes todos eles em ocasiões muito difíceis. Aliás, foi substituído por Neville Chamberlain, esse sim, o signatário dos acordos de Munique.
- As princesas Elizabeth (actual rainha) e Margaret seriam em 1939 bem mais crescidas do que o filme deixa supor. Elizabeth nasceu em 1926 e teria, portanto, 13 anos no início da WWII. Aliás, acabaria por servir como motorista e mecânico no WATS a partir de 1943.
Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
terça-feira, fevereiro 15, 2011
"The King's Speech": algumas das incorreções históricas mais notórias
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