“The King’s Speech” é uma importação para o cinema dos modelos da “série de época” britânicos? É, sem dúvida. E então para quem, como eu, é um entusiasta dessas séries isso é necessariamente um defeito? Sim, cada macaco no seu galho: a escrita, os ritmos, a narrativa e até o “acting” têm e devem ser necessariamente diferentes em ambos os modelos: o que se desenvolve para os normais cerca de 100’ e para o “écran grande e sala escura” e os outros, aqueles não demasiado limitados pelo tempo mas condicionados pelo formato “caseiro”. Resultado? O principal é que, ao fazer essa "importação", tudo é demasiado apressado, o que torna a definição de ambientes e vivências (os pequenos gestos. as pequenas atitudes, até os silêncios), tão importante nas “séries de época”, pouco marcada e as personagens demasiado caricaturais. Exemplos? Wallis Simpson e Eduardo VIII. Mas também aquela Elizabeth Bowes-Lyon vestida de Elena Bonham-Carter, misto de membro da alta aristocracia e de dona de casa um pouco a puxar a Patrícia Rutledge (“Keeping Up Appearances”), me parece bem pouco conseguida. Comparações? Veja o filme e, depois, tente ver “The Lost Prince”, a série de Stephen Polyakoff sobre o irmão mais novo de Eduardo VIII e George VI (já a passei aqui no “blog”). Aliás, existem no filme duas “piscadelas de olho” à série de Polyakoff, não só na referência ao próprio príncipe John, como no facto de Michael Gambon, Eduardo VII na série, ser agora o rei George V . E, claro, compare também a extraordinária Queen Mary, mulher de George V, de Miranda Richardson na série e, agora, a Elizabeth Bowes-Lyon de Elena Bonham-Carter. Makes a difference, não é assim?
Bom, mas acabarei sempre por dizer que entre a “maçadoria” de “A Rede Social” e um “The King’s Speech” que até acaba por nos emocionar um pouco, talvez porque todos conheçamos demasiado bem as personagens e o seu enquadramento histórico, apesar de tudo este ajuda-nos a passar o tempo sem enfado. Pouco para o tio Oscar? Sim, pero es lo que hay!
Bom, mas acabarei sempre por dizer que entre a “maçadoria” de “A Rede Social” e um “The King’s Speech” que até acaba por nos emocionar um pouco, talvez porque todos conheçamos demasiado bem as personagens e o seu enquadramento histórico, apesar de tudo este ajuda-nos a passar o tempo sem enfado. Pouco para o tio Oscar? Sim, pero es lo que hay!
Nota final: deixo de lado as demasiadas, e infelizmente habituais, imprecisões históricas...
4 comentários:
Não comento o filme porque ainda não vi. Fico muito interessada em ver Miranda Richardson - lembra-se da sua fabulosa Isabel I em Blackader, mimada, birrenta e caprichosa? Impagável!
E por falar nela, aposto que conhece este filme, aposto que gosta tanto dele como eu: http://www.amazon.co.uk/Enchanted-April-DVD-Alfred-Molina/dp/B001NN4130/ref=sr_1_1?s=dvd&ie=UTF8&qid=1297720310&sr=1-1
Já nem falo do bónus que é a grande Joan Plowright. :)
Agora Keeping Up Appearances é outra loiça. Venero! Está há séculos no meu carrinho de compras da Amazon, e até está muito barata, uma edição completa das três temporadas, eu é que ando pobre. E o que eu daria para ter visto Patricia Rutledge em palco como Lady Bracknell em The Importance of Being Earnest! Parece que foi uma das melhores de sempre, e não duvido nada.
Se quiser ver a Miranda Richardson em "The Lost Prince" como Rainha Mary: http://www.youtube.com/watch?v=BBpMAN5GSgM
Passei aqui a série mas s/ legendas. Tenho agora esta versão c/ legendas em inglês e talvez repita agora que a oportunidade é boa.
Quanto a "Enchanted April" tb está em fila de espera.
Quer que lhe faça uma cópia?
É daqueles filmes que nos apaziguam a alma.
Mtº obrigado, mas não vale a pena maçar-se. Está todinho no You Tube e c/ legendas em inglês. Esta que se assina "Victorian Lady" e que agora descobri armazena filmes e séries ingleses no You Tube está a fazer-me feliz s/ saber!
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