quarta-feira, junho 30, 2010

O PSD e a "golden share"


É perfeitamente defensável a opção do PSD sobre a não utilização da “golden share” no negócio PT/Telefónica, caso fosse governo. Inclusivamente, a argumentação que apresenta é sólida e faz todo o sentido. Devo mesmo dizer que coincide em boa parte com a minha opinião pessoal. Mas nada nos garante que se sendo governo, e tendo em conta os custos políticos e estratégicos associados, a posição do PSD fosse exactamente a mesma. Assim, enquanto oposição – e nos últimos meses tem-se afirmado positivamente enquanto tal - essa opção vale apenas como manifestação de intenções e possibilidade de afirmar uma imagem liberal sem os custos políticos associados. Pois é, “a ocasião faz o ladrão”... “Honni soit qui mal y pense”, evidentemente.

Selecção: apreciação final

  1. Disse aqui neste “blog” quando a selecção portuguesa perdeu com a Alemanha nos ¼ de final do Europeu de 2008 que considerava esse resultado normal e que a participação da selecção portuguesa na prova estava de acordo com as expectativas, nada, em termos de prestação desportiva, podendo ser apontado à equipa técnica então dirigida por Scolari. Da mesma forma, afirmei aqui antes deste Mundial que consideraria normal o apuramento de Portugal para os 1/8 de final no segundo lugar do grupo e a sua posterior eliminação pela Espanha nessa fase, caso fosse este, como tudo faria prever, o adversário que caberia em sorte às “quinas”. Coerentemente, em termos de puro e simples “resultadismo” – que, em última análise é o essencial – tudo de acordo com a normalidade, não existindo razões de fundo, neste campo, para colocar em causa os responsáveis.
  2. Tendo dito isto, confesso reconhecer algo de diferente nestas duas participações. Em 2008, Portugal venceu a Turquia por 2-0 e a República Checa por 3-1. Perderia com a Suiça por 2-0 num jogo “a feijões” e com a Alemanha por 3-2 nos ¼ de final. Agora, não só não conseguiu ganhar a nenhuma das equipas do “seu” campeonato, como não foi sequer capaz de marcar qualquer golo. É que defender bem - Mourinho provou-o - não significa a mesma coisa do que a equipa esgotar-se nos processos defensivos, e Queiroz pareceu-me sempre demasiado obcecado pelos “serviços mínimos”, sem qualquer outra alternativa, talvez porque soubesse isso lhe garantiria um mínimo de contestação e o consequente cumprimento integral do seu contrato com a FPF. Provou, uma vez mais, tratar-se de um académico: profundo, certinho, mas sem rasgo ou chama, muito menos capaz de decidir rapidamente perante uma situação inesperada. Teria sido diferente com Nani e Bosingwa? Seriam duas opções que permitiriam melhorar o desdobramento ofensivo da equipa, mas a sua ausência não justifica tudo.
  3. Chega de atirar com as culpas para cima de Cristiano Ronaldo, apesar da sua inenarrável atitude no final do jogo (não foi ele que se institui capitão). É demasiado fácil fazê-lo: é famoso, milionário, joga no maior clube do mundo e “papa uma gajas boas”. Se jogava bem no United e joga bem no Madrid a responsabilidade da sua má prestação quando joga por Portugal será só dele? O facto é que parece existir uma incompatibilidade entre o modelo de jogo da selecção e a rentabilização de um jogador como Cristiano, com as suas características. Penso que para isso não acontecer a selecção teria que jogar mais á frente, num bloco mais alto. No Real Madrid é isso que acontece quando toda a equipa tende a acompanhar as suas cavalgadas e os “raides” de Kaká, chegando mesmo a desposicionar-se defensivamente. “Nem tanto ao mar”..., mas, penso, vedetismos e cenas de menino mimado à parte que compete ao seleccionador controlar, seria necessário que a equipa jogasse uns bons dez metros mais à frente e adoptasse diferentes procedimentos ofensivos para vermos outro Cristiano.
  4. Simão e Deco. Qual a surpresa? Também por aqui afirmei, antes do início do Mundial, que tinham feito épocas “desgraçadas”. Confirmaram. Alternativas? Moutinho fez igualmente uma má época numa equipa moralmente de rastos e Carlos Martins nada mostrou nas oportunidades que teve na selecção – e teve algumas; era um risco. A selecção teve aqui um enorme problema.
  5. O mesmo se passou com Miguel, sendo, para mim, uma surpresa a sua convocação. Sem Bosingwa, a melhor opção (disse-o aqui atempadamente) teria sido Amorim. Mas Queiroz só viu o problema do lateral direito demasiado tarde e quando Amorim já se tinha lesionado. Acertadamente, e face às más experiências nos jogos anteriores, tentou Ricardo Costa contra o Brasil, para ver no que dava - e deu mal. Não devia ter insistido, mas, digamos, na hierarquia dos problemas, este até nem foi o mal maior.
  6. Resta aquilo que se pode eventualmente ler nas entrelinhas do “caso” Nani, das afirmações de Deco e Hugo Almeida, do destempero de Cristiano e que a FPF deve ter em conta. Mas os problemas de liderança e de falta de carisma de Queiroz não são de hoje, pois não? Exemplo? Todos ainda utilizamos hoje em dia expressões como o “mata-mata”, “e o burro sou eu”, etc, etc, que ouvimos a Luiz Felipe Scolari. De Queiroz só nos lembramos mesmo do já longínquo “ varrer a porcaria que existe na federação”. Pois é...

Milly Possoz e o "Estado Novo" (2 - reposição)

Ilustração de Milly Possoz para o "Livro de Leitura da 2ª classe" (anos 50 do séc. XX)

PT/Telefónica: vale a pena estar atento

Acompanho de perto a “novela” PT/Telefónica. Para já, interessante o Estado (“Caixa” e Parpública) e o GES se terem dividido na votação. Mais ainda o facto desse mesmo Estado ter utilizado os poderes conferidos pelas acções com poderes especiais, vulgo “golden share”, com reacção imediata de Bruxelas. Como novela, vamos ainda nas primeiras cenas, mas, pelo desenrolar da acção, quer-me parecer que no final nada vai ser como dantes.

Estupidez sem limites

Na ponte 25 de Abril existe um excelente comboio que permite evitar o habitual congestionamento automóvel e efectuar a travessia do Tejo com rapidez e conforto. Evitará, ainda, a entrada diária na já congestionada e poluída cidade de Lisboa de uns bons milhares de automóveis. Agora, uma tal autodenominada “comissão de utentes” entende que nada melhor tem a fazer do que propor o fim das portagens, quando o correcto seria o aumento do respectivo valor. Não há paciência para tamanha estupidez...

Não sou dos que sobrevaloriza a acção do treinador nas substituições, mas ontem fez bem a diferença - além de outras coisas, claro!

No "El País":

"...El gol lo marcó como es costumbre Villa. La clave, sin embargo, estuvo en la entrada de Llorente. Aunque la organización eligió a Xavi como jugador del partido, el futbolista del día fue Llorente... "

Na apreciação individual aos jogadores:

"Llorente - El hombre de la noche porque cambió el partido. A diferencia de Torres, que se dejaba caer a las bandas, el riojano se metió entre los centrales y desajustó a la defensa de Portugal mientras permitía la entrada por la banda de Ramos y mejoraba la actividad de los medios. Remató en plancha al poco de salir e intervino también en el gol de Villa."

terça-feira, junho 29, 2010

E pronto... acabou-se!

  1. Só uma equipa quis ganhar o jogo e jogou para isso: a Espanha.
  2. Para agravar Queiroz fez a substituição errada - e incompreensível - e Del Bosque a certa, que esteve na base do golo.
  3. A partir daí Portugal, que, excepto com a Coreia, jogou sempre para o 0-0 (com o Brasil entendia-se porque o empate chegava e perder apenas por alguns também), demonstrou não o saber fazer de outra maneira e desapareceu do jogo. A Espanha jogou como quis.
  4. A selecção portuguesa acaba o Mundial sem marcar um só golo a uma equipa do seu campeonato. Assim não se consegue ganhar a ninguém que valha a pena.

Em (alguma) defesa da FIFA e da UEFA


Confesso a minha perplexidade perante as repetidas críticas à FIFA e UEFA que vejo quase todos os dias na imprensa desportiva. Por ambas as entidades serem isentas de crítica? Nada disso, já que nem sempre isso acontece e eu próprio estou por vezes em desacordo com algumas das suas decisões. Então porquê? Porque, genericamente, são organizações que têm cumprido com êxito e eficácia aquele que constitui o seu “core business”: o desenvolvimento e expansão do futebol na Europa e no mundo, globalizando-o e tornando-o num espectáculo cada vez mais atractivo, em si mesmo e em termos financeiros (as duas vertentes caminham a par). Claro que, como acontece com qualquer grande organização, principalmente transnacional, UEFA e FIFA são sensíveis a questões de ordem política no seu relacionamento com os países filiados e também internamente, no seio de ambas as organizações, mas não só isso acontece com qualquer grande instituição, como também seria difícil entender como poderia desenvolver com sucesso a sua actividade sem estar atenta ao meio-ambiente” em que actua e procurando assim movimentar-se maximizando as suas possibilidades de êxito. Senão vejamos...

A UEFA foi e é responsável pela reformulação dos quadros competitivos das provas de clubes que organiza e parece ser um facto indiscutível o sucesso da Liga dos Campeões, talvez, hoje em dia, a prova de maior prestígio e onde se pratica melhor futebol a nível mundial, ultrapassando mesmo os Campeonatos do Mundo e da Europa. Para além do seu sucesso desportivo, indiscutível, são os proventos financeiros gerados pelas receitas de televisão que permitem aos clubes apresentar cada vez melhores treinadores, jogadores, melhores equipas e espectáculos mais atractivos em estádios modernos e confortáveis. Mesmo a Liga Europa, depois da reformulação a que foi sujeita a Taça UEFA (a fórmula anterior constitui um certo “flop”), parece também caminhar no bom sentido. Em termos de selecções, a UEFA, com a passagem de oito para dezasseis equipas na sua fase final, transformou o Campeonato da Europa num mini-Mundial sem Brasil e Argentina, mesmo mais competitivo e “igualitário” do que o seu rival da FIFA. A futura passagem a 24 equipas é uma resposta à nova Europa pós-URSS e guerra dos Balcãs, e será certamente um importante incentivo para o incremento do nível das equipas de alguns países já com alguma capacidade competitiva mas ainda sem o “andamento” para participarem regularmente num Europeu a 18 (v.g. Finlândia, Bulgária, Escócia, etc).

Já a FIFA tem sido responsável, com os recursos gerados através de alguns dos seus patrocinadores, entre os quais se incluem grandes empresas e marcas interessadas no potencial dos mercados emergentes, pelo desenvolvimento e fomento do futebol a nível mundial, principalmente em países menos desenvolvidos logo com maior potencial de crescimento para o futebol e também para os respectivos patrocinadores, numa parceria que parece bem perfeita. Nesse sentido tem privilegiado mesmo a entrega da organização do Mundial a países como a parceria Coreia/Japão, agora a África do Sul e proximamente o Brasil, que se dotam de infraestruturas adequadas.

Favorecem as grandes federações e as grandes equipas? Francamente, não me parece isso aconteça de forma sistemática, e consigo indicar muitos casos em que decisões e erros de arbitragem vão em sentido contrário. Seria mesmo, digamos, algo “contra a corrente”, já que o principal objectivo da UEFA nas últimas decisões sobre o regulamento das suas provas, tanto ao nível de clubes como de selecções, vão todas elas no sentido de favorecer os menos poderosos; e o interesse estratégico da FIFA e respectivos patrocinadores, como vimos, centra-se preferencialmente no desenvolvimento do futebol nos países emergentes. Além disso, os recursos financeiros de ambas as organizações são hoje em dia principalmente originados pelas receitas de televisão e patrocinadores, e qualquer risco sério de descrédito do espectáculo não tardaria em diminuir o entusiasmo de ambos, prejudicando essas mesmas receitas. A reacção de Joseph Blatter às arbitragens do Alemanha-Inglaterra e do Argentina-México, quase em pânico e aceitando rever a breve prazo a questão da “linha de golo”, são sintoma disso mesmo. Isto significa também que alguns de casos de erros de arbitragem que podem parecer, de modo mais nítido, estarem viciados por premeditação - e estou e lembrar-me dos que favoreceram a Coreia do Sul no Mundial de 2002 e o Barça na CL de 2008/2009, no jogo com o Chelsea - me parecem ser mais ditados pelos interesses da FIFA e UEFA na sua estratégia de desenvolvimento do futebol (o Mundial Coreia-Japão era fundamental para a expansão do futebol na Ásia e o “tiqui taka” catalão trouxe uma nova excitação e interesse ao jogo) do que pela intenção deliberada de favorecer os “ricos e poderosos - no caso da Coreia, estes (Espanha e Itália) foram mesmo prejudicados.

Para concluir, que agora quero ir ver o jogo (Portugal-Espanha): nem tudo está bem no “reino” de FIFA e UEFA. Mas seja introduzida alguma razoabilidade (também racionalidade) e justiça nas apreciações.

Fado - Património Imaterial da Humanidade (1)


Alfredo Marceneiro e Mariana Silva - "Amor Campestre"

segunda-feira, junho 28, 2010

"Prós & Contras"

Confesso que, embora de pé atrás, ainda tentei ver um pouco do “Prós & Contras” sobre as Scut. Desisti em menos de cinco minutos. Talvez até em menos de três. Com gente da estirpe de Miguel Macedo, Jorge Lacão, António Filipe, Macário Correia, o secretário de estado Paulo Campos, autarcas, comissões de utentes e não sei bem quem nem o que mais, tudo isto apresentando em tom sensacionalista e dirigido ao velho estilo de mestre-escola por Fátima Campos Ferreira, não é com certeza possível discutir o que quer que seja de forma séria e inteligente. Aliás, há muito o “Prós & Contras” se tornou no momento tablóide da RTP. Serviço público?

Mariachi (4)

José Alfredo Jiménez - "Cuatro Caminos"

Futebol e novas tecnologias: vamos lá pôr alguma ordem no assunto...

Ora vamos lá tentar pôr alguma ordem na discussão das novas tecnologias no futebol, tentando, tanto quanto possível, deixar fora de campo a demagogia e populismo que teimam em envenenar a discussão séria de qualquer assunto em Portugal e colocando (tentando colocar) em primeiro plano algum rigor e análise mais estruturada e alicerçada. Para isso, vamos ver o que se passa em alguns desportos frequentemente citados como exemplo, bem como alguns testes já efectuados no próprio futebol. Claro, deixaremos de lado todas as soluções que adulterariam de uma forma radical a concepção, desenvolvimento e fluir do jogo tal como o conhecemos e não são aplicadas em nenhum outro desporto de expansão universal (saem assim de jogo o futebol americano e o baseball, desportos quase apenas nacionais e dos quais não tenho conhecimento aprofundado).
  1. Rugby – citado habitualmente como exemplo a seguir - e apesar de se tratar de um jogo de contacto físico e conquista de terreno em que, por isso mesmo, as interrupções são frequentes assim como os momentos de relativa “pausa” (chamemo-lhes assim) na dinâmica do jogo (“formações ordenadas”, “mauls”, “rucks”, “alinhamentos”) - no rugby apenas existe o recurso a um vídeo-árbitro e, mesmo assim, em condições muito restritivas: só é utilizado nos grandes torneios em que existe a garantia de todos os jogos terem idêntica cobertura televisiva (por exemplo, no torneio de apuramento para o mundial que Portugal habitualmente disputa, é inexistente) e apenas por decisão do árbitro principal (quem segue as transmissões, por certo já teve ocasião de ver o árbitro a fazer o respectivo sinal) em lances de dúvida de ensaio (ou toque de meta no caso da equipa que defende) ou de “pontapé aos postes” (penalidade, transformação de ensaio e “pontapé de ressalto”). Por analogia, no futebol só seria utilizado por decisão do árbitro e quando este achasse necessário confirmar a legalidade ou efectivação de um golo.
  2. Ténis – o sistema “hawk-eye” (utilizado também no “cricket”, desporto que mal conheço) permite, em caso de dúvida, verificar se a bola bateu dentro ou fora do “court”, algo essencial na contagem dos pontos. Por exemplo, foi introduzido em Wimbledon em 2007, mas, mesmo assim, dado tratar-se de um sistema muito caro (o último custo de utilização que eu tinha era de €15 000 por unidade e por semana), apenas nos “courts” central e nº1 (desconheço se, actualmente, já é utilizado noutros "courts", mas dado o seu custo e complexidade, bem como o número de "courts" utilizados num torneio do "Grand Slam", penso que não). Como se sabe, cada jogador tem direito a três verificações por “set” e mais uma no caso de “tie break”. Mesmo assim, no caso de uma bola de ténis está estimado um erro de 5% e o sistema não tem estado isento a críticas nem eliminou a controvérsia, tendo mesmo apresentado, aqui e ali, problemas de fiabilidade. No entanto, num desporto como o ténis, em que as “bolas duvidosas” podem chegar a atingir uma dezena por “set” e o valor dos prémios em jogo, nos principais torneios, é muito elevado, o investimento justifica-se. A pergunta que deixo é a seguinte: quantas vezes, em fases finais de Europeus e Mundiais, na Champions League ou, vá lá, na Liga Europa, surgiriam situações em que fosse necessário recorrer ao “hawk-eye”? Justificar-se-ia o investimento em tantos estádios? Para além disso, uma outra questão a que não posso responder: uma vez que no ténis se trata de determinar com exactidão onde a bola bateu (dentro ou fora do “court”), quão fiável seria o sistema no caso em que fosse necessário determinar se a bola ultrapassara ou não a linha de golo pelo ar? Fica a pergunta...
  3. “Chip” na bola, o caso mais simples – a Adidas desenvolveu um modelo de bola com “chip” que foi testado no Mundial de Sub 17 em 2005. Conheço mal os pormenores, mas parece que o grau de precisão apurado foi de 95%. A pergunta que deixo, por muito incómoda que possa parecer, é se vale a pena o investimento quando o grau de precisão encontrado não parece ser total nem significativamente maior do que o do sistema de arbitragem convencional e os casos de dúvida muito poucos. Muito sinceramente, se me é permitida uma opinião pessoal, como tal subjectiva, parece-me tratar-se apenas de um "gadget".

Conclusão: penso fica provado que o único sistema que pode trazer alguns benefícios e ser implementado facilmente e sem grandes custos ou problemas para o normal fluir do jogo tal como o conhecemos será o vídeo-árbitro, desde que apenas nas grandes competições em que todos os jogos sejam televisionados em condições idênticas (fora, pois, de consideração a sua adopção na Liga Portuguesa) e apenas a solicitação do árbitro principal em casos de dúvida sobre a validação de um golo. Nos casos do Inglaterra-Alemanha e Argentina-México tal coisa, tão simples, teria resolvido facilmente os dois lances polémicos.

domingo, junho 27, 2010

No fim? No fim, na bola como em quase tudo na vida, ganha a Alemanha!

Desde 1714, com George I, que a dinastia de Hanover governa o Reino-Unido. Já no século XIX, Vitória, a Rainha, casou-se com Alberto de Saxe-Coburgo, também ele um príncipe alemão. Durante a “Grande Guerra”, a família real britânica, na altura com George V como rei, achou por bem mudar o nome da Casa Real de Saxe-Coburgo para Windsor, para evitar conotações com o inimigo. Também por essa altura, o Princípe Louis de Battenberg, igualmente de origem germânica, casado com uma neta da Rainha Vitória e avô do Príncipe Filipe de Edimburgo, se viu obrigado a anglicizar o seu nome, trocando-o por Mountbatten numa tradução literal.

Passando a correr pelo facto de Eduardo VIII ter sido forçado à abdicação em virtude das suas simpatias germanófilas (a Simpson foi um pretexto), o Reino Unido lá conseguiu ganhar a WWII, mas, de facto, saiu perdedor já que ficou sem o império e a liderança do mundo.

Bom, lá ganhou o Mundial de 66, disputado intra-muros, mas mesmo assim ficou o golo fantasma de Geoff Hurst (por favor, lê-se “djef”) a manchar a conquista, corrigida pela Alemanha logo no Mundial seguinte (México 70).

Agora?... Bom, agora um golo que só a equipa de arbitragem não viu foi determinante na derrota de Inglaterra, ainda por cima por números bem expressivos.

Razão? Razão tinha Gary Lineker, e eu acrescento ainda mais: parece que para os britânicos, e não só no futebol mas em tudo na vida, no fim, one way or another, acaba sempre por ganhar a Alemanha. Ora bolas!!!

Milly Possoz e o "Estado Novo" (1 - reposição)


Ilustração de Milly Possoz para "A Minha Mãe" de "O Livro da Segunda Classe" (anos 50 do séc. XX)

Anglophilia (77)



Wimbledon Championships 2010

sábado, junho 26, 2010

Elvis Presley, 75 anos - original SUN recordings (11)

"I Love You Because" (Leon Payne)
Gravação de 5-6 de Junho de 1954

O original de Leon Payne (1949)

Frivolidades de sábado

  • Injusto, desigual e iníquo (querem mais adjectivos?) Portugal ter de defrontar a Espanha nos 1/8 de final do Mundial. Os adversários que fariam algum sentido seriam o País Basco, a Catalunha, a Galiza ou o Principado das Astúrias.
  • Equipa portuguesa contra a Espanha? Aqui vai: Moreira, Vaz Guedes, Fernando Adrião, Velasco e Bouçós. Também podem substituir Velasco por António Livramento, mas perde-se alguma “patine”.

A entrevista de Mª de Lurdes Rodrigues

Indispensável ler a entrevista ao “Expresso” de Mª de Lurdes Rodrigues, o(a) melhor ministro(a) da educação da democracia. Duas coisas ficam bem evidentes, mesmo que, aqui e ali, se possa discordar de algumas das suas medidas e respectivas justificações e, por vezes, tenha também demonstrado, no exercício do cargo, alguma inabilidade ou inexperiência políticas:
  1. Como, com a conivência e/ou participação activa da comunicação social, a demagogia e o populismo contaminam e impregnam tudo à sua volta, impedindo uma discussão séria e estruturada dos problemas.
  2. Que nunca existirá nenhuma reforma estruturada e consistente do ensino sem um prévio afrontamento político e respectiva derrota dos ultra-conservadores, e até reaccionários, sindicatos do sector, corporação que José Sócrates, por cobardia e/ou fraqueza política, nunca quis directamente afrontar e cuja onda de contestação os partidos da oposição à sua direita aproveitaram para cavalgar.

sexta-feira, junho 25, 2010

Regimental Ties (8)

King's Own Royal Border Tie

"The King's Own Royal Border Regiment was an infantry regiment of the British Army, part of the King's Division. It was formed in 1959 through the amalgamation of two other regiments: * The King's Own Royal Regiment (Lancaster) * The Border RegimentIn 2004, as part of the restructuring of the infantry, it was announced that the King's Own Royal Border Regiment would amalgamate with the King's Regiment and the Queen's Lancashire Regiment to form the new Duke of Lancaster's Regiment (King's Lancashire and Border). The new regiment was formed on 1st July 2006, with the KORBR forming the 3rd Battalion."

Portugal-Brasil: queriam ópera?

Uma táctica inteligente: era preciso adiar o mais possível um golo do Brasil, cuidar do lado esquerdo a defender, ir explorando a velocidade de Cristiano, dar minutos a Pepe e, face a um certo fracasso das prestações anteriores de Paulo Ferreira e Miguel, testar uma outra solução no lado direito da defesa. Depois era ver o que o jogo dava. Saiu perfeito e é sempre de saudar o sucesso da inteligência.

Foi “chato”? “Chatérrimo”!; mas entre “este” Portugal e “este” Brasil, para os quais o empate chegava, queriam o quê? Queriam ópera? Isso é no São Carlos ou era no Coliseu nos tempos das récitas populares. O que é facto é que, talvez no grupo mais difícil e que incluía o Brasil, a selecção portuguesa consegue o apuramento sem derrotas, 5 pontos e com um “score” de 7-0. E finalmente vejo a selecção portuguesa a estudar os adversários e actuar em conformidade.

Podemos gostar mais ou menos de Queiroz... e eu não simpatizo demais com o personagem. Mas, depois disto, que querem que mais diga?

Nacionalismo, ideologia e "naturalizações"

Interrogo-me sobre o racional que move aqueles que se manifestam contrários a que joguem na selecção portuguesa de futebol jogadores que não tenham tido sempre a nacionalidade portuguesa. Penso se trata, em época de crise e do modo ameaçador com o é tantas vezes vista a globalização (o medo do estrangeiro desconhecido), de um retorno aos conceitos de “patriotismo”, do “amor à pátria”, que deram sustentação ideológica ao nascimento do domínio burguês e do estado-nação, no século XIX, e substituíram a lealdade ao rei e ao “senhor” característica do “ancien régime”. E, claro, defende-se que esse “amor à pátria”, que levou milhões a correrem a alistar-se para uma morte quase certa em 1914, nas vésperas da Grande Guerra, só se adquire pelo legado do sangue dos antepassados (“Qu’un sang impur; abreuve nos sillons”, diz a Marselhesa, o arquétipo dos hinos nacionais desse período revolucionário) ou, quando muito, pela assimilação e partilha, via vivência prolongada, dos chamados “valores nacionais”. É isto que estará na base da contestação às chamadas “naturalizações por interesse”, perfeitamente legais e legítimas mas tantas vezes invocadas como espúrias.

Trata-se de uma contestação que deixou de fazer grande sentido nos dias de hoje, de abertura de culturas e fronteiras, onde jovens viajam desde cedo e estudam, trabalham e casam fora do seu país de origem ou transitam permanentemente assimilando e amalgamando valores civilizacionais diferenciados. Falando cada vez mais várias línguas ou expressando-se preferencialmente num idioma que já não é o dos seus pais, já nem a “pátria” se identifica, ao contrário do que afirmava Pessoa, com “a língua portuguesa”, como nos tem sido dado a ver pelos mais jovens emigrantes na África do Sul que nos entram em casa via televisão.

O que me espanta é como tantas vezes esses valores do nacionalismo novecentista, que se prolongaram pela primeira metade do século XX, foram tão facilmente assimilados por muitos que se reclamam do marxismo, a primeira ideologia a contestá-los e a opor-se-lhe através da introdução do conceito de classe em substituição do de “unidade nacional” (proletários de todos os países, uni-vos”). Até o conceito de “traição” nacional por ter combatido pelo inimigo, que levou Gomes Freire de Andrade à execução, acabou substituído pela traição de classe, aos seus valores que são também os do “partido”.

Estranhos tempos, estes...

quinta-feira, junho 24, 2010

Queiroz...

Será possível pensar um pouco sobre o perfil de Carlos Queiroz sem nos entrincheirarmos em barricadas opostas a lançar pedras sobre o “inimigo”? Sem “Benficas”, Sportingues” e “Portos” e sem opções partidárias a toldarem-nos o raciocínio? Sem ódios, sem Scolaris e sem o seu “peão de brega” (de Queiroz) Rui Santos a moverem-nos na nossa pretensão? Pelo menos, acho vale a pena tentar, pelo menos numa breve abordagem. Vejamos...

Queiroz não tem CV que se veja? Nunca ganhou nada de relevante como treinador sénior? Verdade: nas suas passagens como treinador principal por clubes, mesmo pelo Real Madrid e pelo SCP, e selecções de segunda linha nunca venceu uma prova importante. O contraste com José Mourinho chega a tornar-se cruel e o povo, nas suas análises, é tão cruel e impiedoso como as crianças quando marginalizam o “gordo” da turma.

Os seus títulos de sub-20 pouco ou nada valem? O seu valor é relativo se consultarmos a lista de selecções que venceram títulos na categoria - onde não constam Itália, Inglaterra, Holanda, França e a Alemanha já desde o longínquo ano de 1981, ainda como RFA - e o método utilizado para os conquistar: Queiroz, ao mau estilo terceiro-mundista, retirou os jogadores aos clubes durante longos períodos de estágio e, desse modo, fê-los ganhar consistência de equipa e evoluir prematuramente. De qualquer modo, veremos de seguida como esse trabalho e essas conquistas se enquadram bem no seu perfil.

Significa isto que Queiroz "não percebe nada de futebol" e é apenas um treinador para os “miúdos” ou um bom adjunto? Mais devagar. Carlos Queiroz é, com certeza, um profundo conhecedor do futebol. Possui uma licenciatura adequada com especialização na área, treinou em grandes equipas do primeiro mundo futebolístico, conviveu com excelentes treinadores, clubes com uma estrutura organizada, selecções nacionais, etc, etc. Então o que tem falhado?

Em minha opinião, Carlos Queiroz parece ter fundamentalmente o perfil de um académico, e como acontece frequentemente com os académicos, alguns deles brilhantes, é primordialmente um homem de “back office” tendo dificuldade em assumir o papel de “executivo”, de líder e decisor de um grupo. Falta-lhe carisma (algo que lhe tem sido frequentemente apontado), lida mal com as ”luzes da ribalta”, tem dificuldade em encontrar um discurso motivador e mobilizador (a “gaffe” da “porcaria” da FPF acompanhá-lo-á para toda a vida) e em passar para a opinião pública uma ideia-força (quando o tenta, soa “pífio”). Sobra-lhes – aos académicos - normalmente em conhecimentos e profundidade de análise o que lhes falta em capacidade para hierarquizarem os problemas e soluções, definindo o que é fundamental e o que se revela apenas acessório, o que dificulta a abordagem dos problemas e o subsequente encontrar de soluções. Como são preferencialmente estudiosos, raramente possuem o dom da comunicação e o “povo” prefere todos os José Hermano Saraiva deste mundo a alguém como José Mattoso, por exemplo. Por possuírem este perfil, esta personalidade e características, têm dificuldades trabalhar sujeitos a “deadlines”, em perceber que o tempo é um bem escasso no mundo dos não-académicos e sentem-se incompreendidos e inseguros, têm pouca paciência quando questionados pela “pessoas comuns”, por quem os pressiona e quer resultados em tempo considerado útil. Enfim, poderia continuar mas tornar-se-ia fastidioso.

Este parece-me ser o perfil que mais se enquadra na personalidade do actual seleccionador nacional, assim sendo, alguém mais talhado para um cargo de director técnico de uma federação do que para um lugar de executivo, como o é o de um treinador. Significa isto que nunca poderá ter sucesso como treinador de primeira linha? Num clube, onde tudo é mais frenético, onde teria de conviver com uma hierarquia desportiva e financeira impaciente e por vezes agressiva, com solicitações de vária ordem na área social para os jogadores, onde passaria grande parte do seu tempo a actuar como gestor de conflitos, tenho sérias dúvidas. Numa selecção como a portuguesa, onde a pressão é menor e se tiver tempo para um trabalho estruturado, de organização, pode conseguir deixar alguns frutos em termos de formação e até mesmo, eventualmente,alcançar um ou outro resultado um pouco mais relevante na selecção principal. Veremos se o consegue...

Como vimos, nem Deus nem Diabo.

"When I Woke Up This Morning" - original blues classics (28)

Kokomo Arnold - "Back Door Blues"

quarta-feira, junho 23, 2010

Uma questão de Boatengs...

No Alemanha-Gana (está no intervalo) estão a actuar dois jogadores de apelido Boateng. Pretos. Irmãos. Ambos nascidos na Alemanha filhos do mesmo pai ganês e da mesma mãe alemã. Acontece que um joga pela Alemanha e outro pelo Gana. Importam-se os adversários dos “jogadores naturalizados”, das “naturalizações por interesse” (como se qualquer um, dentro da lei, não pudesse tomar decisões em função do que lhe interessa), os partidários da selecção composta apenas por aqueles que eles definem ser jogadores portugueses (de nascimento?, de sangue?, de “raça”?, de cultura?), qual dos irmãos Boateng consideram cumpre os seus parâmetros de nacionalidade? Qual é o Boateng “correcto” e o Boateng “incorrecto”? Agradecido...

Les Belles Anglaises (XLII)








Triumph Dolomite Roadster (1937-1940)

Governo, oposição e SCUTs: ainda mais lamentável

Como o próprio nome indica, as SCUT foram assim concebidas - sem custos para o utilizador – porque, presumo, se concluiu que as condições locais e regionais, de desenvolvimento, tráfego, transporte público e vias de comunicação, assim o recomendavam. Por pura opção ideológica – o conceito utilizador/pagador não é neutro ideologicamente, está mais perto dos valores da direita liberal – a oposição sempre se manifestou contrária ao conceito.

Entretanto, tendo o “déficit” orçamental assumido o protagonismo e a sua correcção a prioridade, houve que procurar como o financiar, e as tais SCUT tornaram-se alvo preferencial dos governos do mesmo Partido Socialista que inicialmente as tinha lançado sob um outro conceito, agora esquecidos os pressupostos iniciais. Talvez para salvar a face ideológica e justificar a opção inicial, resolveu-se o problema optando por portajar (detesto o termo, mas aqui dá jeito) apenas algumas delas, talvez as que permitissem arrecadar mais receitas com regularidade e mais rapidamente. Mas, com a minha boa vontade, admito que outro tipo de questões mais próximas das que tinham estado na base da opção pelo conceito inicial também tivessem sido tomadas em consideração.

Sendo obrigada a conhecer o país regional (então não aprendeu nada com o senhor Litério da Anadia?), o conceito “not in my backyard”, o que move o CDS de Paulo Portas e os desígnios anti-regime da oposição à esquerda que tem no parlamento, o PS e o governo teriam obrigação de prever o que aí vinha, situação agravada pelo facto de – oh! azar dos Távoras – as estradas a portajar estarem quase todas, geograficamente, situadas ali à volta do Porto. Como agora lhe está a estalar a castanha na boca e até mesmo o PSD não se mostra decidido a estender a sua colaboração até ao ponto de ir contra os interesses do seu reconhecido poder autárquico, parece que o PS, à semelhança do que fez quando da contestação ao seu ministro Correia de Campos e às arruaças que tiveram como alvo Mª de Lurdes Rodrigues, transformada por um pusilâmine José Sócrates no “pushing ball” do regime, está disposto a esquecer quaisquer princípios, meios ou fins, e a crer nesta notícia do “Público” (acreditar nos “media” é, nos dias de hoje, ainda mais difícil do que fazê-lo em Deus), a optar por ceder a tudo o que são interesses instalados, a instalar ou em vias de instalação, decidindo instalar portagens em todas as ex-SCUTs excepto para residentes ou utilizadores regulares (acalme-se pois o povo).

Navegação à vista? Bem pior: política sem princípios (ou de tácita compra de votos), apenas destinada a manter as águas sem agitação mesmo que uma leve e continuada brisa acabe por nos levar a todos para o fundo.

terça-feira, junho 22, 2010

Governo, oposição e SCUTs: lamentável

Não sei qual o racional em que o governo se baseou para decidir quais as SCUT que passariam a ter portagem. Seria lógico que se tivesse baseado em elementos sobre quantidade e fluxos de tráfego, alternativas existentes, incluindo o transporte colectivo, importância económica e social para as regiões, necessidade de descongestionamento de certas vias e áreas urbanas, etc, etc. Os especialistas sabem do que se trata. Infelizmente, na conjuntura actual e conhecendo como normalmente se têm comportado governos deste país, não me surpreenderia que a pura e simples capacidade para gerar receitas tenha estado na base da decisão, mais do qualquer outra ideia estruturada.

Infelizmente, a resposta do principal partido da oposição, sob a capa de uma pretensa equidade, não foi melhor e impede também a aplicação de qualquer racionalidade no sentido que acima assinalei: para evitar rupturas políticas regionais e não desagradar a clientelas locais, cobram-se portagens em todas elas. Perde-se assim, por (ir)responsabilidade governamental e oportunismo da oposição, uma oportunidade para introduzir alguma racionalidade no transporte e vias de comunicação em algumas zonas do país. Lamentável, claro.

Aux larmes, citoyens!

Eu, os meus 25% de sangue francês (se é que o sangue tem nacionalidade, coisa da qual duvido) e a minha cultura originalmente francófona, confesso se sentiram amarrotados e amarfanhados... Nem sequer foram capazes de aproveitar a oportunidade de uma qualificação, no mínimo, duvidosa. Mil vezes pior do que Saltillo!
Em já muitos Mundiais e Europeus, não me lembro de ter assistido a semelhante coisa. Uma vergonha!

História(s) da Música Popular (162)

1910 Fruitgum Company - "Yummy, Yummy, Yummy"

Ohio Express - "Yummy, Yummy, Yummy"


Bubblegum (XIII)

Pronto, ok!, toda a gente conhece o original “Yummy, Yummy, Yummy” dos Ohio Express que, em 1968, no auge da “bubblegum craze”, atingiu o #4 nos USA “pop charts” e o #5 no UK. Foi um tema que acabou por definir os padrões do estilo (set the standards), digamos assim. O que menos gente sabe é que existe uma “cover version” gravada nesse mesmo ano pelos “alter ego” dos Ohio Express, a já aqui glosada 1910 Fruitgum Company. Confesso só a ter ouvido uma ou outra vez, preferindo, neste caso, alinhar pelo “mainstreem”, ou seja, pelo original dos Ohio Express. Com razão – acho – pois se nem sempre o original prima pela melhor qualidade, neste caso isso não acontece. Mas o melhor é mesmo compararem, não acham? Pois aqui ficam para ver se me dão razão: é só ouvir!

Anglophilia (76)

Miss Marple

segunda-feira, junho 21, 2010

O fundamentalismo da ACA-M

Manuel João Ramos, da fundamentalista “Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados, veio hoje protestar pelo facto – diz – de mais de 300 postos SOS de Itinerários Principais e Complementares estarem fora de serviço. Sem dúvida que tal rede SOS, na época pré-telemóvel, seria de enorme interesse e até indispensável. Mas sabendo que cerca de 10 milhões de portugueses utilizam diariamente o seu telemóvel, a ACA-M importa-se de explicar para que servem hoje em dia os postos SOS, certamente de instalação e manutenção cara? Porque, como alega, existem alguns pontos desses itinerários sem cobertura de rede? Por certo, muito poucos, tanto quanto já me tenha apercebido nos últimos anos. Achará a ACA-M que a existência desses pouco pontos justifica o investimento, certamente elevado, em tal rede de postos?

Infelizmente, é assim o fundamentalismo, qualquer que ela seja: irracional...

O modelo de disputa do Mundial e os problemas "à francesa"

O actual modelo de disputa do Mundial de futebol, retirando durante quase dois meses os jogadores do seu ambiente natural, digamos assim (dos lugares onde vivem e jogam, da família e amigos), frequentemente forçando-os a mudar de continente, obrigando-os a uma total concentração e clausura no final de uma época desgastante, juntando num grupo com uma equipa técnica e dirigente episódica jogadores oriundos de culturas e organizações clubísticas e empresariais muito diversas e até antagónicas, com as quais têm contrato, potencia necessariamente acontecimentos como os surgidos no seio da selecção francesa e que já levaram mesmo à intervenção do presidente Sarkozy.

A pergunta é: poderia o actual modelo ser substituído por um outro que evitasse ou pelo menos contribuísse para minimizar este tipo de acontecimentos? Em teoria, sim, apurando o campeão de cada confederação nos campeonatos respectivos – que já existem - e fazendo disputar uma pequena “poule” final num país de uma das confederações. Mas, claro, isso prejudicaria a repercussão mundial e mediática do acontecimento e os proveitos financeiros dela dependentes, responsáveis, juntamente com a gestão inteligente e criteriosa do futebol efectuada pela FIFA nos últimos vinte ou trinta anos, pela evolução qualitativa do jogo, mundialização e expansão do desporto e do negócio e sua transformação no maior espectáculo do mundo.

Por mim, não quero voltar atrás...

Uma longa vida ao "camarada" Bernardino Soares!

O "Querido Líder" é um tigre de papel

Pelos vistos, é só fanfarronice!

Eu bem disse...

Eu disse que já tinha visto muitos europeus e mundiais e, como tal, já tinha assistido a muita coisa. Por isso mesmo, disse que o jogo da selecção portuguesa contra a Costa do Marfim valia o que valia e esta goleada aos súbditos do "Querido Líder" (algum deles vai querer voltar à Coreia?) também vale o que vale. Para já, praticamente vale o apuramento para os 1/8 de final, os serviços minímos cumpridos e a continuidade de Queiroz para o Europeu.

Já agora: li que o jogo ia ser transmitido em directo para a Coreia do Norte. Aposto que deficiências técnicas insuperáveis interromperam a transmissão aos 0-2.

domingo, junho 20, 2010

Catch the Wave (3)

Dick Dale and His Del-Tones - "The Victor"

Cavaco e Saramago

Depois do triste episódio protagonizado por um dos seus governos, seria sinal de hipocrisia Cavaco Silva estar presente nas cerimónias fúnebres de José Saramago? Sim, se estivéssemos a falar apenas do cidadão e antigo primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva. Mas Aníbal Cavaco Silva é o Presidente da República de todos os portugueses e assim, ao preferir aproveitar a morte de Saramago para fazer campanha eleitoral piscando o olho à direita religiosa mais retrógrada, apenas demonstra uma total falta de sentido de Estado e de respeito para com os portugueses que representa.

Mesquinhez e provincianismo, portanto, ao contrário dos sinais dados por reis, governo e oposição de Espanha, e a demonstração prática das razões de José Saramago ao optar pelo país vizinho.

sexta-feira, junho 18, 2010

A propósito da morte de José Saramago

Sim, eu sei que os chamados “interesses” não são alheios a tais atitudes. Mas exactamente por isso, e independentemente da opinião de cada um sobre a personalidade e obra de José Saramago, e a minha é feita de mixed feelings, os espanhóis – os seus reis, o seu governo e entidades ligadas à cultura – estão a aproveitar o dia de hoje para darem uma autêntica lição política e diplomática a alguns portugueses que foram (e vão) teimando em se manter provincianos. Mesquinhos e de vistas curtas.

O "tiki taki" anda a partir a "corda" muitas vezes...

Confesso nunca exultei com o futebol do Barça. Os meus mais próximos dirão porque sou “do contra”; mas a minha explicação mais racional diz-me que prefiro um futebol mais “amplo”, mais físico, fazendo mais recurso ao jogo directo e à condição físico-atlética. Depois, porque me lembrava bem das maias-finais da Champions League 2008/09 e do modo como o Barça, levado literalmente “ao colo” por uma das mais vergonhosa arbitragens (a UEFA e talvez até o futebol precisavam da "novidade" Barça) a que me foi dado assistir em dezenas de anos de "bola", tinha aí mostrado, contra um dos melhores treinadores do mundo (Guus Hiddink), as limitações do seu futebol “tiki taki”: nasceram a jogar assim, não o sabem fazer de outro modo e quando lhes metem um “pauzinho na engrenagem” ficam sem soluções para resolver o problema. Acrescem as limitações que demonstram no aproveitamento de jogadas de “bola parada”, principalmente quando a bola anda pelas alturas, como nos “cantos” e livres “para a área”, ditadas não só pela baixa estatura da equipa como pela viciação em um modelo de jogo pouco físico e de pequena amplitude.

José Mourinho, nas meias-finais da Champions League deste ano, definiu, sistematizando-os, os princípios e modelo de jogo que melhor funcionam como antídoto daquilo que gosto de definir como a “cassete” (é o termo que melhor encontrei para definir algo demasiado repetitivo e que tende para a monotonia) do futebol do Barça, importado pela selecção espanhola de Del Bosque. Ontem, a Suiça colocou-o novamente em campo, com maior dificuldade pois não tem Sneijder nem Milito. Em compensação teve a sorte do jogo e um Diego Benaglio que não percebo como nenhum dos “grandes” portugueses conseguiu aliciar - que raio!, é bem melhor, e já o era no Nacional, que qualquer dos guarda-redes que o “meu” glorioso, o SCP e o FCP tem mostrado nos últimos anos.

Claro que a Espanha irá chegar – e ainda bem – aos 1/8 de final e talvez até chegue mais longe. Mas é bom tomarmos sempre algumas cautelas antes de, quais parolos, embasbacarmos olhando o palácio da última novidade.

Frivolidades: alpercatas, ou como ganhei um problema de consciência que quase me vai estragar o Verão!


Ele há objectos assim: feitos de materiais humildes, assim nascem – humildes – destinados aos mais pobres. Mas, por um qualquer golpe de magia, há um momento da sua vida em que, adoptados, vá lá saber-se porquê, por “trend setters” e apenas com um pequeno toque aqui ou ali, se transformam em ícones de moda e mudam a sua personalidade.

Bom, nada de mistérios, estou a falar das humilissimas alpercatas (“espadrilles”, em castelhano e já explico o porquê do termo “aqui do lado”), de sola de juta e “parte de cima” de lona, nascidas para calçar os mais pobres dos pobres, ou, de entre estes, aqueles que, pelo menos, podiam aspirar a andar calçados, mas que, vá lá saber-se porquê e apenas desdobrando as originárias cores sombrias em novas tonalidades berrantes, se transformaram em objecto de culto e estilo adoptado nas praias e “resorts” por quem se pode dar a luxos e bom gosto. Não, e não passaram, pelo menos muitas delas que doutras se não distinguem, a ter a “griffe” de costureiros famosos, Armani ou Versace; continuam, agora em paletas de todas as cores e tons que lhes mudam a personalidade, a ter o mesmo aspecto de antanho e preços convidativos.

Bom, mas a que vem isto a propósito? Muito simples: há anos que aderi ás ditas alpercatas e não há Verão que se preze que não tenha ali umas poucas, no armário dos sapatos, que uso com bermudas ou apenas com o fato de banho nas manhãs de praia ou de piscina ou, pura e simplesmente, durante todo o dia “veraniego” que dura até ao duche antes de jantar. Mal meu, pois parece que, ao contrário do que acontece no país aqui do lado onde existem centenas de lojas que as vendem, entre as quais a mais do que célebre Casa Hernanz da madrilena Calle Toledo (não levo nada pela informação e custam cerca de €5 cada par) que até chega a ter “bicha” à porta a dar a volta à esquina, em Portugal as tais alpercatas são objecto em vias de extinção, mais difíceis de encontrar do que um bom jogo da selecção portuguesa. E, quando as há, parece que foi decidido que são coisa de “gaja”, pois para encontrar o nº 41 é melhor darem-se alvíssaras, sendo caso para telefonema imediato a amigos que, tal como eu, aderiram ao conceito.

Mas... tan, tan, tan, tan, eis senão quando, num qualquer dia dos idos de Maio e por um mero acaso proporcionado pela minha velha mania de andar a pé por Lisboa, lá dei com uma daquelas lojas modernaças, que vende tudo a baixo preço (não, não é chinesa...), onde se vendiam, fabricadas no Bangladesh, a... €1 cada par!!! Atónito, esfreguei os olhos para acreditar e, depois de um sorriso de alegria triunfante pela conquista, lá comprei todas as cores que existiam com o nº41 tendo, de seguida, tratado logo de avisar da descoberta a “troupe” habitual dos meus amigos da "confraria das alpercatas".

Bom, mas isto foi a parte boa do acontecimento. A má? Esta foi começar a pensar quanto receberiam os pobres operários do Bangladesh para um loja de Lisboa poder vender tal coisa a €1 cada par, tendo em atenção o custo do material, o transporte (“chiça”!, o Bangladesh fica do outro lado do mundo!) e as margens de lucro de fabricante, importador e lojista. Confesso, fiquei com suficientes problemas de consciência que hoje, quase dois meses depois da compra e com o Verão a andar já por aí, ainda não decidiram largar-me e me moem a consciência nos momentos mais pacatos do dia. É assim ou pouco com o anjinho bom e o diabinho mau: o primeiro penaliza-me por ter colaborado com tal exploração infamante; o segundo alerta-me em como comprei o que queria sem ter de ir a Espanha e, pior ainda..., por dinheiro quase nada. Uma chatice que nem me deixa gozar em paz tão faustoso acontecimento.

Acho nunca irei resolver este dilema!

Grace Slick (5)

Grace Slick - "Ooooo... The Red Queen"

quinta-feira, junho 17, 2010

Pensamento político do dia

Dou por mim frequentemente a pensar que uma das piores "heranças do fascismo" é mesmo este partido comunista...

Gene Vincent & Eddie Cochran (5)

Gene Vincent - "Baby Blue"

Feriados

Comentando esta notícia do “Público” e como sugestão à comissão do PS encarregue da revisão (ou racionalização) dos feriados, para além da redução das pontes passando alguns feriados, com excepção de Carnaval, Natal e Páscoa, para a segunda-feira seguinte, algo que já se verifica em alguns países, proporia o seguinte:

  • Extinção, dos feriados do “Corpo de Deus” (móvel) e Nossa Senhora da Assunção (15 de Agosto).
  • Substituição do feriado de “Todos os Santos” (1 de Novembro) pelo dia de Finados ou “Fiéis Defuntos” (2 de Novembro). Em alternativa, a sua eliminação.
  • Substituição do feriado de 5 de Outubro pelo dia 24 de Julho (1834), dia de entrada das tropas liberais em Lisboa e que marca o fim efectivo do “ancien régime”.
  • Instituição do feriado de 26 de Dezembro (chamem-lhe o que quiserem).

"A Guerra" e António de Spínola

Excelente o episódio de ontem de “A Guerra”, de Joaquim Furtado e da RTP, focado quase exclusivamente sobre a figura de António de Spínola e demonstrando a inépcia política do general já antes do 25 de Abril e que tão exuberantemente iria demonstrar na sua breve passagem pela Presidência da República, com especial incidência nos episódios do chamado “golpe Palma Carlos ou da Manutenção Militar” e na “maioria silenciosa, abrindo caminho aos governos de Vasco Gonçalves e ao reforço do PCP e da chamada “esquerda militar” que lhe era afecta. Em segundo plano, também as ligações entre os oficiais “spínolistas” e a “ala liberal” da ditadura (que se manteriam no pós-revolução), mas também o impasse a que o projecto desta última tinha chegado num regime no qual a intransigência face questão colonial impedia qualquer evolução “por dentro”.

Ao pretender negociar com o PAIGC e com Amílcar Cabral por via da intermediação do presidente senegalês Leopold Senghor, Spínola esquecia algo de essencial e demonstrava desse modo a sua incapacidade de entender a política: que Cabral, enquanto presidente de um movimento de libertação representante de um futuro Estado independente e soberano, nunca aceitaria, e muito bem, negociações a não ser com o governo de Lisboa ou alguém por este oficialmente mandatado; e que Marcello Caetano e o governo de Lisboa, e também muito bem face ao que era a sua linha política, nunca poderiam aceitar uma “excepção Guiné” sem que isso constituísse um grave precedente para a sua política colonial global, tendo em conta principalmente Angola e Moçambique, preferindo uma derrota militar que lhe permitisse manter a coerência.

Por outro lado, nunca a “ala liberal” terá compreendido, ou se o entendeu não teria proposta alternativa, que a correlação de forças no regime nunca iria permitir uma candidatura à Presidência da República de alguém que, na Guiné, conduzia uma guerra quase por conta própria e já demonstrara ter claras ambições políticas numa linha, digamos que, pouco ortodoxa. Um outro Humberto Delgado, mesmo que mitigado pela impossibilidade de uma candidatura alternativa numa eleição que depois do “general sem medo” se tinha tornado indirecta, era algo a que a ditadura não se poderia permitir.

Já agora, não deixo, uma vez mais, de estranhar o silêncio a que os “media” têm remetido o excelente (todos os elogios são poucos) trabalho de Joaquim Furtado. Percebo: algo que prefere o rigor, a investigação histórica honesta e o trabalho sério ao ruído dos radicalismos e à discussão demasiado centrada em preconceitos e barricadas ideológicas acaba sempre por, à falta de argumentos para o combater, ser remetido ao silêncio.

Uma vez mais, parabéns, Joaquim Furtado!

Country Life (4)





Adlington Hall

quarta-feira, junho 16, 2010

A selecção, um grande ausente e o próximo jogo com a Coreia

O grande ausente da selecção portuguesa no jogo de ontem não terá sido Nani (apesar de ser uma ausência de vulto), nem sequer Moutinho, Carlos Martins ou, até, como já por aí ouvi dizer (o disparate não tem limites), pasme-se!, Ricardo Quaresma. O grande ausente foi um cidadão português nascido no Congo, filho de pai português e mãe congolesa, exprimindo-se com dificuldade na língua de Camões. Pois claro, estou a falar do meu concidadão José Bosingwa da Silva que, com as suas cavalgadas pelo flanco direito, a sua fiabilidade defensiva e a sua competência ofensiva, permite dar flexibilidade e transformar aquele afunilado 4X3X3 de Queiroz (Cristiano e Simão têm tendência a procurar o “meio”) num 4X4X2 com Cristiano a poder aparecer junto do ponta-de-lança sem que a equipa perca largura.

Óbvio que me dirão: Coentrão pode fazê-lo no lado esquerdo. Claro que sim, mas Queiroz, face a uma certa verdura que considerou ainda existir em Coentrão e perante adversários rápidos e poderosos como o são “Gervinho”, Kalou e Dindane, que lhe poderiam surgir nas costas, optou por não lhe dar ordem de “soltura”, condenando a equipa ao 0-0. Por outro lado, com Coentrão “amarrado” e um competente mas ofensivamente limitado Paulo Ferreira do outro “castrou” aquele que é tradicionalmente um dos princípios de jogo da equipa: a saída a jogar pelas alas, através dos laterais. Sobrou Cristiano para fazer de “elástico”, faltando lá na frente, já que Pedro Mendes é posicional, Deco é jogador de “finta” e passe e jogou toda a época entre o “devagar, devagarinho e parado” e Meireles, o melhor médio da selecção entre os 23, não chega para “ligar” os sectores e falta-lhe velocidade e poder físico-atlético para cavalgadas. Portugal ficou assim com um meio-campo estilo “múmia paralítica”.

E agora a Coreia do Norte? Bom, já vimos como vai ser: coreanos em bloco baixo, linhas juntas e contra-ataque a ver o que dá, algo que a equipa portuguesa detesta e parece os súbditos do Querido Líder adoram. Que fazer? Bom, Queiroz terá que dar ordem de “soltura” a Coentrão – o que significa que Simão terá de jogar para efectuar as compensações - e não me espantaria ver Amorim a defesa direito, de todos os que podem fazer o lugar, actualmente, o mais competente na dupla função defesa/ataque. E as costas de ambos? Não me espantaria ver finalmente surgir Pepe (se... claro), rápido a dobrar os colegas face ao adiantamento destes e à velocidade coreana e podendo, em condições físicas aceitáveis e em função da sua capacidade atlética, ser o elemento que falta para “ligar” os sectores em transporte de bola, algo que falta naquele meio-campo em "slow motion".

Para já, é o que se me oferece; veremos o que se vai passar. É que treinadores de bancada...

terça-feira, junho 15, 2010

Portugal-Costa do Marfim: um começo à italiana

Tenho apenas a acrescentar uma coisa ao que tenho ouvido e lido (e já foi muito) sobre o jogo Portugal-Costa do Marfim: já assisti a Mundiais e Europeus suficientes para, com base apenas nas exibições e resultados do primeiros jogos, efectuar desde já qualquer análise sobre o que se vai passar a seguir bem como sobre a prestação global das equipas ao longo da prova. Nesta primeira fase trata-se apenas de eliminar os mais fracos em três jogos em que o mais importante é não perder. O verdadeiro Mundial, esse, começa nos oitavos de final.

E Passos Coelho lá vai fazendo o seu caminho...

Inteligentemente, Passos Coelho vai jogando em dois tabuleiros. Se, por um lado, vai fazendo acordos com o governo nas questões – nucleares - de governação que têm que ver com a credibilidade financeira externa e com a defesa do euro e da UE, vistas como “patrióticas” e conferindo-lhe sentido de estado, por outro, vai marcando aquele que é tido como sendo o seu território liberal de origem, sabendo que a coincidência conjuntural de ideias entre o PS e esquerda radical, nessas matérias, nunca permitirá a sua aprovação e, logo, a emergência de eventuais consequências negativas da sua aplicação, que o PS e os cidadãos facilmente poderiam atribuir ao PSD. As sondagens vão-lhe dando razão, e um governo sem chama e a navegar à vista, não conseguindo evitar vezes de mais os recifes e outros obstáculos que ele próprio vai semeando, aplana-lhe o caminho.

"Out of Africa" (7)

Paul Simon & LadySmith Black Mambazo - "Diamonds On The Soles Of Her Shoes"

segunda-feira, junho 14, 2010

Ainda a propósito da selecção nacional...

Para que não subsistam dúvidas, pode ver aqui as condições necessárias à aquisição da nacionalidade portuguesa. Como se pode verificar, e isto dirige-se muito especialmente aos que fazem uma distinção entre os atletas das várias modalidades que consideram, subjectivamente, mais ou menos inseridos na realidade nacional, é sempre exigida, como uma das condições, a existência de uma "ligação efectiva à comunidade nacional".

Crise é sempre tempo de unidade?

É comum ouvirmos e lermos, e o Presidente Cavaco Silva é “useiro e vezeiro” em tal coisa nos lembrar, que tempo de crise é, simultaneamente, oportunidade para pôr de lado o que nos divide, as “querelas partidárias”, o debate ideológico. Essa “unidade” será, por si só, a melhor e talvez a única solução para os problemas.

Lamento, mas se isso é algo que, na aparência, é fácil de entender e pode parecer correcto, na prática existem inúmeros exemplos que tendem a provar o contrário. Por exemplo, na Rússia de 1917, com a profunda crise originada ou potenciada pela participação do país na Grande Guerra, foi na revolução bolchevique e na derrota dos seus adversários após uma guerra civil, e não a unidade entre bolcheviques e mencheviques, que foi encontrada uma solução política duradoura. No Reino Unido do final dos anos 30, quando o espectro da guerra era já evidente (existirá maior crise do que a iminência da guerra?), só a derrota, após grande debate ideológico e um radical extremar de posições, dos partidários do chamado “apaziguamento” com Hitler, sector que incluía uma boa parte da aristocracia, dos dirigentes políticos e se estendia a membros do governo e ao próprio Príncipe de Gales e futuro rei Eduardo VIII (ter-lhe-á custado o trono), foi possível a formação de um governo de unidade nacional, leia-se, com a exclusão dos partidários do tal apaziguamento. Mais perto de nós, em tempo e geografia, é a derrota do PCP e sectores da esquerda radical, no 25 de Novembro, que abre caminho a soluções governativas estáveis e a uma orientação política e estratégica consistente.

Pois é, nem sempre as evidências falam verdade...

Uma pergunta simples aos portugueses a propósito da selecção

Uma pergunta dirigida a todos os que dizem não se sentir identificados com a selecção portuguesa de futebol por nela alinharem futebolistas que não tiveram sempre a nacionalidade portuguesa (não sei bem porquê, referem-se sempre aos de origem brasileira...): com que país se sentem identificados? Com o Portugal actual, mais cosmopolita, uma sociedade mais aberta onde vivem, trabalham e são normalmente bem acolhidos milhares de imigrantes de diversas origens, alguns dos quais, ou respectivos filhos, poderão vir a ter um dia, ou já têm, a nacionalidade portuguesa, ou com o Portugal monocolor do passado, pré-europeu e provinciano, onde predominava uma mentalidade retrógrada ainda com restos de saudosismo do império? Com o Portugal da UE e dos partidos democráticos do pós-25 de Abril ou com o Portugal proposto pelo PNR?

SCUT, portagens e "comissões de utentes"

Tanto quanto sei, ou ainda me lembro, existem basicamente duas maneiras de financiar os bens públicos: através dos impostos pagos pelos cidadãos (famílias e empresas) e/ou por via de taxas aplicáveis pela respectiva utilização (o chamado conceito “utilizador/pagador”). "E/ou" porque um determinado bem específico pode ser financiado com recurso a ambas as metodologias.

Não vou entrar, aqui e agora, na discussão de qual, em termos gerais e abstractos, de princípio, será o mais adequado: haverá certamente argumentos bem estruturados a favor de cada um deles e, não tendo qualquer forte preconceito ideológico sobre o assunto, muito menos nenhum princípio dogmático, aceito que existirão boas razões para, em cada caso concreto, se optar por um ou outro julgado, na circunstância, mais conveniente. Por exemplo, se alguns países (Áustria, Alemanha, Suiça) optaram por financiar as suas auto-estradas (é disso que vou falar) com o recurso aos impostos, outros recorreram às portagens ou até a sistemas mistos em que algumas são pagas com recurso a impostos e outras por meio das taxas (portagens) cobradas aos respectivos utilizadores.

Tendo dito isto, e não pondo de modo nenhum em causa as razões que lhes possam eventualmente assistir e até admito sejam atendíveis, seria interessante que as ubíquas e auto-denominadas “comissões de utentes” das SCUTs fossem um pouco mais claras nas suas reivindicações e não deixassem passar em branco o seguinte:
  • Que reivindicando a não cobrança de portagens em algumas dessas auto-estradas – logo, rejeitando a aplicação, nesses casos concretos, do conceito “utilizador/pagador” - afirmassem, “alto e bom som”, que, em contrapartida, estariam dispostas a aceitar – e até promoveriam – um aumento da carga fiscal geral (a nível nacional ou regional) destinado a financiá-las.
  • Que podendo constituir as portagens um meio de desincentivar a utilização do transporte individual e promover, como alternativa, o transporte público - principalmente o ferroviário, neste incluído o chamado “metro ligeiro de superfície – reivindicavam, como compensação e face à introdução de portagens nas SCUT, uma melhoria significativa na rede pública de transportes locais.

Tanto quanto tenha dado por isso, nada disto tem estado a ser equacionado...

sexta-feira, junho 11, 2010

O relatório...

A famigerada comissão de inquérito PT/TVI concluiu que o primeiro-ministro mentiu ou não mentiu? O relatório é claro ou não é claro? Os “media” apresentam as respectivas conclusões do modo que mais agrada à linha política e interesses que defendem? Para os portugueses, e como provam as sondagens que colocam o PSD no limiar da maioria absoluta, tudo isso é mais ou menos indiferente: felizmente para o país (e infelizmente para o PSDm-l de FerreiraLeite/Pacheco Pereira) e com resultados bem positivos para o principal partido da oposição e para Passos Coelho, a discussão política retomou o lugar que por direito lhe pertence e de onde nunca deveria ter sido afastada. Algo que a maioria dos portugueses já entendeu e parece ter aprovado quando lhe perguntaram pelo seu sentido de voto.

"Out of Africa" (6)



"Zulu Dawn", de Douglas Hickox (1979)

2ª parte

Parece que a pedido, a velocidade lá aumentou um pouco na 2ª parte. Mas se a bola não foi maltratada e as equipas pareceram ter ideias, foi sempre um jogo algo “macio”, apelando pouco à disponibilidade físico-atlética, disputado sem grande intensidade nem marcações impiedosas. É por isso mesmo que sinto saudades da Champions League ou de um Europeu. Melhor virá.

Finalmente o Mundial!...

Sim, eu sei que almocei, algo que há longos anos deixou, pelo menos formalmente, de estar nos meus hábitos diários. E que tal coisa, acompanhada de dois copos de Pinot Grigio, pode mesmo ajudar um pouco à sonolência. Mas este África do Sul-México mais parece um jogo do Brasileirão. Na 2ª parte, importam-se, por favor, de acelerar?

Já agora, aproveito a oportunidade para informar o jornalista da RTP1 responsável pelos comentários que o México, apesar de ter tido um imperador austríaco, fica mesmo na América do Norte, e não na Central nem isso é “à vontade do freguês”... É que podiam preparar-se, não é?

quinta-feira, junho 10, 2010

Blindness (8)

Blind Blake - "Blake's Worried Blues"

Pôr os estrangeiros a aprender português?

Em vez da tradicional megalomania, que leva invariavelmente ao desperdício de dinheiro, desta vez traduzida na peregrina ideia, destinada ao insucesso, de pôr os estrangeiros a aprender português (alguém imagina uma boa razão para tal?), seria bem melhor e mais sensato que o estado português aplicasse os seus já escassos recursos na melhoria do ensino do inglês e na introdução do castelhano como língua obrigatória nas escolas portuguesas. Dominar, com fluência, português, castelhano e inglês constitui uma enorme vantagem competitiva no mundo actual da política, dos negócios e da cultura, e para os portugueses, integrados no mercado único ibérico e com o crescimento de mercados como o Brasil e Angola, também com o activo constituído por milhões de luso-descendentes em países anglófonos como os USA, Canadá e África do Sul, uma necessidade inadiável.

quarta-feira, junho 09, 2010

O ruído de fundo de umas eleições desnecessárias

Já todos sabemos é assim, mas quando acontece não deixamos de o sentir como se fora um murro no estômago: quando as crises apertam, e independentemente do lado de onde sopra a lógica ou a razão, emergem sempre os nacionalismos populistas e xenófobos. Foi assim no anos 30 do século passado, no rescaldo da Grande Depressão, e todos conhecemos resultados e consequências.

Tendo dito isto, se achasse a eleição do Presidente da República por sufrágio directo e universal tinha alguma justificação na arquitectura constitucional portuguesa (não tem, tal como não o tem o semi-parlamentarismo ou parlamentarismo mitigado por um PR que surge sempre como um elemento disfuncional do regime), sugeriria que o que faltava não era um candidato à direita de Cavaco Silva, mas sim, perante dois candidatos que parecem querer resvalar para o eurocepticismo mais bacoco, a emergência de um candidato euroentusiasta, o que parece ser, na actual conjuntura, algo tão estranho como “um preto de cabeleira loira ou um branco de carapinha”. Não o é: apenas algo que deveria advir de uma rápida observação da realidade combinada com o mais comezinho bom senso.

Entretanto, vai-nos valendo Teixeira dos Santos que, apesar de alguns tropeções pelo caminho (meu caro ministro, aquela de não querer saber da constitucionalidade dos impostos retroactivos nem parece sua!...) parece ser das poucas vozes sensatas a tentar fazer-se ouvir no meio do ruído de fundo das várias vuvuzelas.

"Licht und Schatten" - o expressionismo alemão no cinema (6)




"Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens" - de F. W. Murnau (1922)

O BE "cantando e rindo"...

Quando a esquerda radical e que se pretende pós-moderna, a tal auto - intitulada “de confiança”, nada mais parece ter para fazer do que abespinhar-se por os alunos de uma qualquer ignota escola de província se vestirem de filiados da Mocidade Portuguesa para uma qualquer inocente e “naïf” recreação do passado, fica bem demonstrada a sua estreiteza e puritanismo ideológicos.

Já agora, não sei que dirão dos que, na indústria cinematográfica, são contratados para papéis ou convidados como figurantes de soldados e oficiais SS, soldados japoneses em cargas “banzai”, prisioneiros judeus dos campos de extermínio (incluindo crianças), índios americanos, pioneiros soviéticos ou pretos submetidos à escravatura, hereges e carrascos nos tempos da Santa Inquisição...

E que tal, qual “talibans” da pedagogia, elaborarem uma lista do que pode ou não ser recreado? Talvez um novo código Hays, não?

terça-feira, junho 08, 2010

Catch the Wave (1)

The Gamblers - "Moon Dawg"

Três notas sobre a selecção

  1. Eu, que não passo de um entusiasta do futebol, embora admita que um pouco mais conhecedor e interessado do que o comum adepto, ando desde há meses a dizer e escrever que Simão tem feito uma época desgraçada. Bastava ver alguns jogos do Atlético e perceber como se "escondia" do jogo para tal concluir. Parece que tanto os jornalistas desportivos como o seleccionador nacional finalmente terão chegado a conclusão semelhante. Custou, hem?!...
  2. Por vezes é preciso defender Queiroz... Acontece... Os que o criticam por ter chamado um médio defensivo (Amorim) para o lugar de um avançado (Nani) devem ser os mesmos que acham um treinador deve jogar com 10 avançados se estiver a perder. Talvez lembrar que Duda só joga a defesa (e mal...) na selecção (no Málaga é ala-esquerdo) e que Coentrão pode jogar indiferentemente em qualquer posição do lado esquerdo da equipa. Ah!, e Paulo Ferreira também pode ser solução para o lado esquerdo da defesa, se for necessário adiantar um dos outros dois. Nenhuma destas soluções é melhor do que Nani? Pois claro que não, mas bem melhor do que qualquer das outras alternativas existentes na lista dos 30.
  3. Pepe lá jogou(?) uns dez minutitos... Ou andou lá pelo relvado(?) dos “wickets” e dos “overs”. Francamente, ou a selecção portuguesa chega ao jogo com o Brasil com o primeiro lugar no grupo assegurado - do que duvido - e Pepe alinha nesse jogo para ganhar ritmo ou não sei muito bem qual é a ideia... Eu, modesto adepto do futebol, até acho que Pedro Mendes faz bem melhor a posição...

A "dessintonia" entre governantes e governados e papel dos "media"

Afirma Paulo Ferreira, no JN, que "nunca como agora foi tão tensa a relação entre governantes e governados. Numa altura em que os problemas são gigantes, esta dessintonia é, no mínimo, perigosa".

Não sei que elementos terá Paulo Ferreira para chegar a essa conclusão tão absoluta, ou se o termo “nunca” é apenas aqui utilizado para tentar exprimir, de forma clara, quão grande é essa dissontonia. Mas o que é um facto é que se tal dissontonia é grande (afirmação inquestionável), e apesar de muitos políticos terem para tal situação contribuído de forma notória, tal situação deve-se também, em vasta escala, a uma comunicação social que todos os dias a fomenta e lhe serve de câmara de amplificação, dando demasiado ênfase a notícias que para tal contribuem, distorcendo, alterando e interpretando outras no mesmo sentido e recorrendo até à exaustão a comentadores e fóruns de opinião onde a demagogia campeia e cujo principal e único objectivo parece ser esse mesmo: criar uma situação política de ruptura. Assim, deste modo, se ajuda a criar o caldo de cultura do qual Paulo Ferreira, quero crer que honestamente e qual aprendiz de feiticeiro, parece depois vir queixar-se. Ou será que a afirmação de Paulo Ferreira não é uma queixa, um lamento, mas, isso sim, apenas mais algum ruído saído desse gigantesco amplificador populista em que se transformaram os “media”?

segunda-feira, junho 07, 2010

Lucy in the Sky with Diamonds (29)

Iron Butterfly e Taj Mahal

O Presidente da República e as férias "cá dentro"

Assinando por baixo e na íntegra o que diz Helena Garrido (obrigado, Helena), ouso ainda acrescentar algo, de um outro ponto de vista.

O que será melhor para Portugal e para os portugueses? Passarem férias aqui na “parvalheira” ou contactarem com outras culturas, países mais civilizados e desenvolvidos e, assim, tornarem-se cidadãos mais cultos, informados, cosmopolitas e exigentes para com os seus governantes, prestadores de serviços e empresas fabricantes dos chamados “bens transaccionáveis? De que modo mais e melhor contribuem para o desenvolvimento e modernização do país?

Bom, mas entendo que Cavaco Silva não perfilhe este tipo de raciocínio, pois apesar de ter passado uma larga temporada na universidade inglesa de York isso nada parece ter contribuído para mudar a mentalidade provinciana que sempre foi, ainda hoje é, a sua. Pois é, ele há gente assim!

Selecção, patrocínios e populismo

Como bem se pôde ver nas TVs durante o fim de semana prolongado, o populismo, tempo de antena e falta de noção das realidades à volta da selecção nacional de futebol pouco mudaram de Scolari para Queiroz. Única diferença? Queiroz parece manifestamente um erro de “casting”, de pouco à vontade no papel.

E porque pouco mudou? Bom, desde que os patrocínios entraram “a sério” no futebol, neste caso na selecção nacional, tornou-se absolutamente necessário, para que os patrocinadores rentabilizem o seu investimento, valorizar ao máximo, e até aos limites do absurdo, a actividade patrocinada, utilizando os “media” para a respectiva promoção e difusão. No fundo, quanto maior for o valor atribuído pelo “grupo-alvo”de consumidores à actividade patrocinada, neste caso a selecção nacional de futebol, maior será o valor reconhecido da marca patrocinadora e mais elevada a verba pedida pela FPF aos patrocinadores. Nada mais simples e evidente, portanto, e os relativamente bons resultados conseguidos nos últimos anos pela selecção portuguesa por certo ajudaram a aumentar o valor dos patrocínios e a rentabilidade das verbas investidas. O Euro 2004, disputado em “casa”, e a personalidade de Scolari ajudaram na implementação deste modelo.

Ponto frágil do negócio? Simples: uma má prestação da equipa portuguesa no Mundial* facilmente poderá degenerar em enorme desilusão e revolta para os portugueses (vejam o que aconteceu em 2002), com a subsequente desvalorização do valor reconhecido às marcas associadas. Para a FPF acarretará a necessidade de apagar rapidamente a imagem perdedora com recurso à demissão do seleccionador - mesmo que, porventura, este se tenha revelado competente - e a uma “fresh start” como resposta. Pois, não há almoços grátis...

*Em bom rigor, qual a prestação que se pode considerar “normal” para a selecção nacional no Mundial 2010? Muito simplesmente, apurar-se para os 1/8 de final, com o 2º lugar no grupo, e eliminar qualquer adversário do grupo concorrente que não seja a Espanha (a Suiça, por exemplo). Menos do que isso seria uma má prestação e a partir daí não vale a pena especular. Mas caso tenha de defrontar a Espanha nos 1/8 de final – o que parece ser o cenário mais provável - e perder, poderá considerar-se a sua prestação dentro do satisfatório.

"For sentimental reasons" - original doo wop classics (16)

The Sonics - "This Broken Heart"

sábado, junho 05, 2010

A selecção e o Papa

Quem hoje “deitou um olho” às televisões generalistas verificou ter sido o Papa substituído pela selecção nacional de futebol e a missa do Terreiro do Paço por um "mega-picnic" de Tony Carreira. Até os jogadores são "os eleitos", e nem mesmo o primeiro-ministro e o Presidente da República quiseram faltar para não existir o risco de se dar pela diferença.

Algo efectivamente mudou? Talvez... Não podendo com rigor afirmar estarmos perante um acontecimento mais laico - digamos que simplesmente mais pagão -, parece-me a vantagem esteve do lado do Papa: nesse caso, e felizmente, não houve direito a perguntas de jornalistas!

Mariachi (3)

José Alfredo Jimenez - "Camino de Guanajuato"

sexta-feira, junho 04, 2010

A guerra aqui (mesmo) ao lado (43)

Camperols, escolteu les emissions radiades de la Conselleria d'Agricultura cada dimarts i divendres a les 7 i 1/2 del vespre

[Farmers, listen to the radio programs broadcast by the ministry of Agriculture every Tuesday and Friday at 7:30 p.m.].
(Sindicat de Dibuxants Professionals, U.G.T. Poster 4 colors; 100 x 70 cm)

"This poster is an advertisement of the Republican Ministry of Agriculture's radio programs. In the image, a farmer gestures toward a radio encouraging two other farmers to listen.
During the war, radios served several important functions. First, it served as a main means of communication with the civilian population. A contemporary observer describes Spaniards listening intently to their radios waiting for news of the rebel approach on Madrid: "Thousands upon thousands of bodies sat tensely [by the radio] in eager anticipation. In the sky and on earth there was a cosmic silence." Second, the radio served as a means of communicating the propaganda of the Republican and Nationalist governments to promote solidarity and hope as well as animate the population for battle. In other cases, government operatives used radio to communicate with citizens on the opposing side and to transmit or intercept secret orders. Military leaders even broadcast false information to trick their opponents.
In this image, the radio is functioning as a source of information about agriculture. In the regions of Aragon and Cataluña, state-controlled collective agricultural operations were not uncommon especially in the early months of the war. Collectivization, in some cases, afforded the opportunity to upgrade agricultural technologies and techniques. The use of the radio may have been simultaneously a means to communicate this information and an icon of the introduction of technology into farm life.

Like poster 72, the Sindicat de Dibuxants Professionals
(Syndicate of Professional Draftsmen) produced this poster. The artist remains anonymous.

Bi-centenário do nascimento de Frédéric Chopin (1810-2010) - VI

Idil Biret - Valsa op. 34, nº1

quinta-feira, junho 03, 2010

"Bad Lieutenant": de Ferrara a Herzog

Falta-lhe, claro, o impacto de uma primeira vez, mas também bem mais do que isso: falta-lhe sordidez, rasquice; um ambiente por elas tornado obsessivo e quem tenha capacidade para nele nos fazer mergulhar, sejam a direcção de Abel Ferrara, a interpretação de Harvey Keitel ou, o que é mais provável, a prestação de ambos. E depois há uma Eva Mendes acompanhante de luxo em vez da “puta rasca” que deveria ser “o dado”, muito pouco convincente como “junkie”. E um “happy end” “soft” em vez da redenção pela morte. Há, pois!, a redenção pela morte do original de Ferrara! Claro, ela só faz sentido perante a iconografia católica e transgressão da moral religiosa que impregna todo o filme original e lhe dá conteúdo e sentido, tal como “Pledging My Love”, que marca o “mood & tone” do filme de Ferrara, só tem razão de ser perante a evidente ausência do amor e a prevalência do sexo.

Resumindo... Resumindo? Um murro no estômago e um filme de culto nos anos 90 transformados, dezassete anos depois, num objecto inócuo, um “thriller” apenas vagamente interessante. Vale os seis euros, mas nada mais do que isso.

quarta-feira, junho 02, 2010

"Roda, roda, cinco cantinhos"...

O FCP lá roda os seus treinadores pelos clubes-satélite. Daúto Faquirá, que já prestou serviços relevantes (lembram-se dos relatórios?) ao FCP quando no Estrela e no Vitória F.C., vai para o Olhanense; Jorge Costa para a Académica; Villas-Boas para a "sede" e Domingos, até ver, continua no S.C. Braga. Talvez de reserva a Villas-Boas, para o caso das coisas não correrem bem...