terça-feira, junho 15, 2010

Portugal-Costa do Marfim: um começo à italiana

Tenho apenas a acrescentar uma coisa ao que tenho ouvido e lido (e já foi muito) sobre o jogo Portugal-Costa do Marfim: já assisti a Mundiais e Europeus suficientes para, com base apenas nas exibições e resultados do primeiros jogos, efectuar desde já qualquer análise sobre o que se vai passar a seguir bem como sobre a prestação global das equipas ao longo da prova. Nesta primeira fase trata-se apenas de eliminar os mais fracos em três jogos em que o mais importante é não perder. O verdadeiro Mundial, esse, começa nos oitavos de final.

11 comentários:

Anónimo disse...

Caro JC

Um passo de gigante para ganharmos o titulo da pior exibição desportiva deste Mundial 2010 e um passo atrás para os oitavos de final.

Para fazer aquilo, bastaria a equipa do U. Leiria ou V. Setúbal , mesmo uma da Liga de Honra , com o devido respeito por estes .
O que se viu foi um futebol anémico e branco de imaginação na proporção directa da cor do actual equipamento, o branco que substituiu o tradicional vermelho de sangue.
Falta de intensidade defensiva e ofensiva, ausência de imaginação ou arrojo , sem soluções ou transições rápidas, posicionamentos e passes deficientes a condizer com os relatos da imprensa a darem conta de uma só hora de treino diário.

Tal não me espanta minimamente , aliás, também já tinha feito um “estágio” - não na Cova da Beira mas na cova do sofá - com os jogos caseiros vs Cabo Verde, Suécia, Dinamarca e Albânia.

Serão os jogadores os culpados? Não, porque somados os respectivos valores desportivos e publicitários, fica atestada a sua valia para além de qualquer subjectividade ( a tal relação custo –“performance” tão cara ao Caro JC) e, mesmo contando com quatro sul-americanos mais um descendente destes, ainda assim passaria o crivo de Darwin como “selecção natural”.

Será a organização, aka FPF, a culpada ? Não, porque desde 1996 Portugal tem estado presente em todos os grandes eventos europeus e mundiais – excepto a qualificação falhada de … Carlos Queiroz - tendo até organizado, com sucesso, um Europeu, preparando agora um Mundial ( a meias com Espanha), e para valorizar esta pretensão, nada melhor que creditar uma exibição como a de hoje.

Será da bola esquiva ou da vuvuzela ?

A culpa, até prova em contrário, deve pertencer ao mesmo que, contando com Figo, Rui Costa, João Pinto, Jorge Costa, Fernando Couto, Vítor Baía, entre outros, ainda assim não lograria uma qualificação, e que, agora repescado ao comando técnico, só conseguiria a qualificação num segundo lugar proporcionado por resultados de terceiros .

Entretanto, entre os dois eventos, a CQ não se lhe conhece qualquer título competitivo que seja, nem uma “tacinha” para amostra, ( uma de solteiros vs casados ? ) sendo última façanha reconhecida a de treinar o Manchester United ( enquanto Ferguson se alivia no WC ou num “momentary lapse of Queiroz” relaxa no “pub” sorvendo um puro malte).

Já treinar juniores pré-formatados nas suas posições pelos respectivos clubes é outra coisa. Mas nisto até o Caro JC seria campeão mundial - o difícil seria não ser campeão com um “vintage” daqueles, e de vinhos e futebol o Caro JC entende aquilo que o dito cujo não dá mostras de entender em relação só a futebol.

Porém, coerência não falta a Carlos Queiroz. Na Cova da Beira onde Portugal terá estagiado e onde Cabo Verde ia sendo o primeiro coveiro, enterrando logo ali as pretensões lusas, a desculpa foi que aquilo não era a sério.
Com os “elefantes” da costa do Marfim – em loja de porcelanas - aquilo que a selecção mostrou é “muito sério”!
Ficam, ao menos , as treinadas acrobacias tipo futebol-de-praia que renderam uma suposta clavícula fracturada, mas nada que uma semana não recupere, e pelo lado bom, a promoção de Ruben Amorim.

Se após o mundial Queiroz continuar ao comando da selecção e passados que estão os jogos com Cabo Verde e ilhas Faroe, façam-se apostas sobre qual o adversário do próximo jogo de “preparação”. Aposto na equipa de futebol do Vaticano. Ou será as ilhas Caimão? O Butão ? Vale uma tripla!.
Cumprimentos
JR

Anónimo disse...

Só mais uma nota de última hora.

Já existe uma primeira e razoável desculpa de Queiroz para o fraco resultado.

Trata-se da ligadura utilizada por Drogba, que mereceu de Queiroz um vigoroso ataque à FIFA, - vigor que não se viu no banco ou no campo -.

Ataques à FIFA é o tudo o que Portugal precisa para seguir em frente e garantir a escolha para organizar um próximo mundial, já que, esta organização irá, por certo, render-se ao currículo e prestígio deste brilhante treinador.

Claro está, se Drogba não usasse a ligadura ou não jogasse, nós ganhávamos.

Logo, se da outra vez foi a m... da Federação desta vez a culpa já está definida, trata-se da FIFA, arbitragem e uma ligadura.

Assim como a culpa da acrobática lesão do Nani será da clavícula.

JR

PS : Após o intervalo, foi visível o "briefing" entre Ronaldo e Deco aparentando definir,eles próprios, a orientação do jogo, substituindo-se assim ,supletivamente, a um não credível treinador. Acredito mais nesta orientação que na de Queiroz, que viria a ser criticado, ridicularizado até, por um inconformado Deco.

pois disse...

Caro JC,

Não vou tão longe, logo pelo desconhecimento, como JR, mas está lá tudo, tudo e mais alguma coisa. A mim bastou-me olhar para ele, nos tempos do banco do scp, num jogo em alvalade contra o meu PORTO. Não é toca de onde saia lobo.
Cumprimentos

ié-ié disse...

E porque razão o Deco não invectiva o treinador do seu País por não ter sido seleccionado?

Por mim, não jogava mais o Mundial. Era já chutado para São Paulo!

Pobre e aml agradecido!

LT

JC disse...

Não nego as v/ razões e, como sabem, estou mtº longe de ser 7um simpatizante de CQ. Mas os portugueses são demasiado 8 e 80 e eu já vi demasiados Mundiais e Europeus para embarcar nisso, algo que aliás não faz parte da minha personalidade. P. ex., em 86 Portugal ganhou o 1º jogo e por aí se ficou. Em 2002 entrou de peito aberto c/ os USA, com uma equipa defensivamente desequilibrada e... tramou-se. Concordo que a exibição, para mim sem surpresa, esteve mtº perto do miserável, mas tb já vi a Itália fazer o mesmo e ser campeã. Já vi os brasileiros quererem mandar embora o treinador a meio e o Brasil ser campeão. Já vi o Brasil de Zico, Sócrates e Falcão (eram 520 craques por m2)ser eliminado por um tal Paolo Rossi do Lanerossi Vicenza! E mtªs equipas ditas "maravilha" entrarem a golear e ficarem-se nos 1/8 de final. Foi mau? Claro!, mtº mau. Mas já é mtª bola, "rabo mtº pelado",meus caros!

Anónimo disse...

Caro JC

Compreendo e elogio o estoicismo do Caro JC em conceder o benefício da dúvida e nos dar um alento de esperança com exemplos bem fundamentados.(isto sim, é líder !).
.
Mas eu também tenho o rabo pelado com a diferença que o pêlo irrompeu a quando das selecções seniores portuguesas dos anos setenta, oitenta até à cereja no topo do bolo, CQ, que agora se viu repescado numa marcha à ré da FPF, supostamente iludida que, após o Manchester U. se ter sagrado campeão europeu e mundial, CQ, sempre muito crítico de Scolari (volta, estás perdoado!), teria aprendido algo para aplicar em terras lusas, isto para além da proximidade com Ronaldo e Nani.

Ideia meritória esta da FPF, mas que, inegavelmente, ainda não se viu repercutida nos relvados.
O que se vislumbra é o oposto do pretendido, embora escudado e mascarado por um putativo tacticismo e calculismo que ainda nos vai levar a Godot ou nos irá trazer um D. Sebastião das brumas.Caso não se realize ainda se poderá lançar mão de uma boa desculpa refazendo a história, como já acontece.

É que, cópias de Ferguson ou as agora muito em voga cópias de Mourinho, nunca podem superar ou sequer igualar o original. São “fakes” tal como as desculpas, supostas lesões e ligaduras que apenas podem servir para embalsamar a múmia que foi o futebol luso dos últimos dias.

JR

PS: Também não alinho nas teses contra a presença na selecção de jogadores de naturalidade estrangeira, uma vez que, ao abrigo das leis, tornando-se nacionais,têm a mesmo direito quanto os naturais de serem seleccionados.O ilegítimo seria que se diferenciasse a convocatória em função da naturalidade e não nos méritos desportivos, contrariando assim as leis, o mérito e a crescente tendência de quase todas as selecções, elas mesmo partes uma aldeia global.

ié-ié disse...

O problema é que estas naturalizações são "naturalizações por conveniência", tipo "barriga de aluguer".

LT

JC disse...

A lei é igual para todos, caro Ié-Ié, e compete apenas a quem analisa o processo avaliar do cumprimento das condições requeridas. Entre as quais, frise-se uma vez mais, a "ligação efectiva á comunidade nacional e os conhecimentos exigidos da língua portuguesa. Ao longo da vida de cada um, uma grande parte das decisões tomadas é-o por conveniência.

JC disse...

Olhe hoje o que aconteceu á espanha, caro JR...

Anónimo disse...

Caros JC e IÉ-IÉ

A Espanha é um enigma tão grande quanto Portugal.ou não fossem “nuestros hermanos”.

Contando com um invejável currículo de taças europeias de clubes, já como selecção, embora sempre apontada como “armada invencível” e eterna candidata ao título,lá ganha um por cada século e num qualquer ano em que,tomada de insónias, a vigília não ceda à “siesta”

Não me esquece que, quando organizou o mundial de 1982, sequer se qualificaria para a fase seguinte, tendo perdido, pasme-se, com a Irlanda do Norte e empatado com as Honduras ( deve ter sido um fartote para os bascos da ETA).

Quanto a barrigas de aluguer e bandeiras de conveniência, disso não se pode suspeitar de Portugal por duas ordens de razões.

Primeiro, porque os quatro sul-americanos tiveram a parte relevante da sua formação em Portugal, de onde foram lançados para a alta roda do futebol nacional e internacional.

Segundo, porque lá diz o ditado “Deus fez o mundo, o português fez o mulato”- leia-se brasileiro - e sempre com muito prazer.

Fernando Pessoa, cuja pátria era a língua, dizia que o Brasil era Portugal com açucar.
Um recente “best-seller” no Brasil até ostenta o curioso título de “O Portugês que nos pariu”

JR

PS: Agora que me apanho em amena cavaqueira com dois distintos bloggers do melhor que há na blogosfera, um momento histórico para mim, aproveito para render aqui a minha sincera homenagem e o meu profundo agradecimento por tudo quanto pude aprender nos dois blogs, ambos verdadeiros serviços públicos de cultura musical, iconografia, e não só.
No campeonato da blogosfera e neste departamento, certamente iriam, no mínimo, às meias-finais e, alguma vez, trariam o caneco para casa.

JC disse...

As grandes equipas de clube espanholas sempre tiveram grandes craques estrangeiros. Primeiro os húngaros refuguados (Kocsis, Czibor, Puskas) e os chamados "oriundos" (sul-americanos hispânicos), depois brasileiros e, por fim, de várias nacionalidades. Logo, esses não poderiam jogar por Espanha o que, ao longo de décadas, prejudicou a qualidade da selecção. E obrigado pelos elogios!
PS: já agora, durante alguns já longínquos anos, os melhores futebolistas de Espanha eram... bascos, o que tb não deixava - imagino - de ser complicado!