sábado, setembro 30, 2006

The Classic Era of American Pulp Magazines (3)

Ilustração de Lawrence Stevens para "The Island of Captain Sparrow" (Abril de 1946)

As Capas de Cândido Costa Pinto (3)

Capa de CCP para "O Mistério do Bellona Club" ("The Unpleasantwess at the Bellona Club") de Dorothy L. Sayers, nº 35 da "Colecção Vampiro"

História(s) da Música Popular (3)




Vários nomes que vieram a tornar-se famosos gravaram para a “Sun” no período áureo do rockabilly. Os mais conhecidos são, certamente, Jerry Lee Lewis (“Great Balls of Fire” é talvez o seu tema mais mais popular), Roy Orbison e Johnny Cash, que cedo abandonou o rock em favor do country e da música ligeira. Mas a grande vedeta da altura, na “Sun Records”, é seguramente Carl Perkins, que grava o célebre “Blue Suede Shoes” em Outubro de 1954. Em Dezembro de 1956, Jerry Lee Lewis, Carl Perkins, Johnny Cash e Elvis (que, já na "RCA", estava de visita aos seus antigos colegas) gravam uma jam session inesquecível, na “Sun”, que ficaria conhecida como “The Million Dollar Session” (edição em CD da “Charly Records, 1987). Vítima de um desastre de carro que o mantém inactivo por largo período, Carl perde a corrida para Elvis, mas é este que vem a transformar “Blue Suede Shoes” num sucesso mundial. Este “Matchbox” é outro dos temas de Carl Perkins que alcançará sucesso através de um cover. Neste caso, dos “Beatles”.

Do "Público" e da propaganda...

Não percebo muito bem o que leva um jornal de referência como o “Público” a manter colunistas como Vítor Dias ou Esther Mucznic. Ou melhor, pensando bem talvez perceba. Esther Mucznic é conhecimento de José Manuel Fernandes desde os tempos da UDP, e terá decidido trocar Stalin e Enver Hoxha por Theodor Herzl e David Ben Gurion (sem ofensa para estes últimos). Permite ao Director do “Público” escrever em outsourcing sobre um tema que lhe é caro. Quanto a Vítor Dias, garante(?) ao jornal uma imagem de “pluralidade” e “abrangência”, que poderia ser conseguida de forma bem mais inteligente. A não ser que a ideia seja mesmo essa: mostrar a total indigência do pensamento político do PCP. O que ambos escrevem tem um nome: propaganda, algo que o “Público” deveria cuidadosamente evitar.

sexta-feira, setembro 29, 2006

Anglophilia (3)

Ironing the newspaper

Portugueses...

Os portugueses têm alguns hábitos estranhos. Alguns portugueses (muitos) entenda-se. Remote mentality, dizia o meu amigo Simon, que embora me considerasse “assimilado”, como os indígenas do Império”, tinha sempre medo de ofender a minha percentagem portuguesa. Um deles é o do pequeno almoço “fora de casa”, normalmente frugal, do tipo “um galão e um queque”, vá lá, um croissant com fiambre em vez do queque, que vem de cake por via da Srª Dona Catarina de Bragança, a tal do chá, que estas coisas não são num só sentido, há que andar “de cá para lá e de lá para cá”. E pronto, lá se acotovelam ao balcão das, normalmente, desconfortáveis pastelarias, snacks e, como dizia no meu livro da 2ª ou 3ª classe, tudo o mais de que uma família precisa - seja “tasca”, leitaria ou cafetaria – resolvendo assim o assunto. Ou não, porque o caso tem repercussões ainda mais graves, later in the day. É que, “ele” fruto de tão insuficiente refeição (eu “cá por mim” dou crédito de pensar que é por isso), decidem sentar-se pachorrentamente ao almoço, nos restaurantes round the corner, normalmente barulhentos, comendo (e bebendo, que a “seco” a “coisa” não vai) o que pode existir de mais improvável em dias de trabalho que se presume árduo (o trabalho, por definição, é sempre “árduo”). E pronto, se fizermos por aí um qualquer tipo de research (mesmo quick and dirty, que é aquele em que a amostragem se limita à vizinhança), aí temos o “cozido à portuguesa”, a “feijoada”, os “chocos de caldeirada” (os portugueses adoram chocos e polvo), o “entrecosto” e tudo o mais, no mesmo género, que a nossa imaginação conseguir e puder alcançar. Ah, às vezes também comem grelhados, coisas como “costeletão de vaca” ou “febras”, que isso de peixe “não puxa carroça”. Sempre com vinho, tinto, claro!, mesmo com 40º à sombra, porque “vinho é tinto”, alentejano, de umas marcas que eu (que gosto muito de vinho!) não ousaria sequer pensar em provar. No fim... “um digestivo, homem!”, para “rebater”: um "Cutty Sark" ou um "JB" em balão, que são whiskies sem cor e sem “corpo”, com uma pedra de gelo. Ah!, pois, há essa coisa da Finlândia!!!

Função Pública, Professores e Sindicatos

A questão dos sindicatos da Função Pública e dos professores é uma questão de poder. Escondida sob a capa dos “direitos adquiridos”, das reivindicações salariais e da defesa do Serviço Público, ela não é mais do que uma questão de poder. Assim, tão “nu e cru”. Do poder do Estado e de quem nele manda. Qualquer mudança no sentido da modernidade – racionalizando organizações e estruturas, tornando mais eficazes os procedimentos, fazendo depender carreiras e salários de avaliações credíveis e do mérito, flexibilizando a mobilidade e as funções e, no caso dos professores, caminhando no sentido das escolas poderem ter mais autonomia na escolha de docentes e responsabilizando os concelhos directivos (nomeados) perante o Ministério, pais e autarquias – terá como consequência a mudança do centro desse poder, dos sindicatos, para as escolas, instituições e indivíduos. Responsabilizando-os.

Mozart e os Muçulmanos (3)

Ruth Ann Swenson no papel de Konstanze em "O Rapto de Serralho" (Die Entführung Aus Dem Serail) de WAM.




The Classic Era of American Pulp Magazines (2)

Ilustração de Earle Bergey para "Startling Stories" (Primavera de 1946)

When I Look at the Pictures - Lawrence Ferlinghetti (2)


Picasso’s acrobats epitomize the world

and there were eighty churches in Paris
which I
had never entered
and my hotel’s door smiled terribly
and words were trombones
incoherent parrots
chattering idols

but that night I dreamt of Picasso
opening doors and closing exits
opening doors and closing exits in the world

I dreamt
he painted a Picasso in my room
shouting all the time
Pas symbolique!
C’est pas
symbolique !

Poema de Lawrence Ferlinghetti para "Family of Saltimbanques" de Pablo Picasso, 1905 - National Gallery of Art, Chester Dale Collection

quinta-feira, setembro 28, 2006

Uma vez mais Mozart, os Muçulmanos e, agora, o "Kontratempos"

Meu caro Tiago Barbosa Ribeiro:
Transcrevendo as suas próprias palavras. Diz você: - “vamos ver se nos entendemos: ou concluímos de uma vez por todas que estamos em guerra - o que continua a ser negado neste continente - e que por isso devem vigorar medidas de excepção como a proibição de uma ópera de Mozart, ou então a mutilação intelectual das nossas liberdades é cada vez mais profunda e irreversível” – Quer isto dizer: se admitirmos que estamos em guerra (esta guerra em particular e não uma guerra qualquer, em abstracto, e isto é muito importante), e eu até posso admitir a premissa como verdadeira, já poderemos aceitar que vigorem medidas de excepção, como a proibição de uma ópera da Mozart, que provoquem a "mutilação intelectual das nossas liberdades". É claro que v. poderá sempre responder que as guerras obrigam frequentemente à aceitação de restrições temporárias a essas mesmas liberdades. Aconteceu assim, por exemplo, neste continente, durante a WWII. Mas é aqui que temos de entrar em consideração com o facto de não se tratar de uma guerra em abstracto, mas sim de uma guerra contra o “terrorismo fundamentalista islâmico”, de duração indeterminada e que obriga à adopção de uma estratégia específica para que se atinjam objectivos concretos. Devemos então perguntar-nos: essas restrições têm um papel fundamental nessa estratégia e são indispensáveis (ou pelo menos muito importantes) para ela ser bem sucedida? Não serão mesmo contraproducentes no longo prazo e, talvez, um sinal de capitulação? Uma vez que estamos numa guerra longa, de duração indeterminada, talvez mesmo muito mais longa do que qualquer guerra conhecida e que é travada em nome da modernidade e do progresso, devemos aceitar que essas restrições se tornem norma, contribuindo , aqui sim, para um regresso a uma qualquer “idade das trevas”?
Ficam as perguntas...

As Capas de Cândido Costa Pinto (2)

Capa de CCP para "Qual dos Cinco?" ("Five Red Herrings") de Dorothy L. Sayers, nº 22 da "Colecçõ Vampiro"

História(s) da Música Popular (2)


De entre os temas que Elvis Presley gravou para a "Sun Records", um dos mais significativos do estilo rockabilly - criado por essa fusão da música negra (Rhythm and Blues) e do hillbilly, música dos brancos do campo (Country music) - é este "I'm Left, You're Right, She's Gone", gravado em Dezembro de 54 e editado em Abril de 55 - e também covered por Charlie Feathers, o autor do conhecido "I Forgot to Remember to Forget" que Presley também gravou para a "Sun". É também neste ano que Elvis se passará para a RCA, onde ainda publica alguns temas interessantes, muitos deles já gravados para a "Sun" e comprados para edição. A partir daí dedica-se a Hollywood, Las Vegas e, cada vez mais, à "música ligeira" ("It's Now or Never"). A sua música perde autenticidade e a simplicidade e força iniciais desvanecem-se. Em 1958 parte para a tropa e é a decadência.

O Cardeal Patriarca e a IVG

D. José Policarpo afirmou que a Igreja Católica deixará aos leigos a intervenção fundamental na discussão da nova lei sobre a "Interrupção Voluntária da Gravidez". Dada a controvérsia e divisão que algumas das posições mais ortodoxas da Igreja começam a gerar entre os católicos, e mesmo entre alguns membros do clero, palavras sensatas, inteligentes e de bom senso, estas, as do Cardeal Patriarca de Lisboa . Esperemos que tenham como resultado to set the standards para a discussão, contribuindo para afastar o radicalismo de algumas associações e grupos “Pro-Vida”, bem como de alguns grupos do tipo “na minha barriga mando eu” da área “Pro-Choice”. Se assim for, votarei “sim” à nova lei bem mais tranquilamente.

Anglophilia (2)

" St.Andrew's Day Wall Game" at Eton College

Mozart e os Muçulmanos (2)

Pois voltemos a Mozart e aos muçulmanos, depois deste tristíssimo episódio do “Idomeneo”, fazendo um esforço para tirar dele algo de positivo (convenhamos que é obra).
Conheço mal “Idomeneo”; nunca vi a ópera representada e o CD que ali existe tê-lo-ei ouvido , no máximo, umas duas ou três vezes. Não é, confesso, umas das minhas óperas de cabeceira, mesmo sendo eu um “mozartiano” convicto e confesso. Sei, pelo menos, que esta história toda está, forçosamente, ligada à encenação, já que a ópera tem que ver, isso sim, com a mitologia grega e por lá se estende e entende. Acabei de (re)confirmar isso mesmo ao ouvir há pouco, na TSF, Rui Vieira Nery e ao ler, depois, a sinopse naqueles pequenos livros que acompanham os CD’s. Mas o que é facto é que existem algumas ligações e influências “de facto” entre a cultura muçulmana e Mozart (que era maçon), embora longe do "Indomeneo-Re di Creta" (K.366), que é considerada a primeira ópera de maturidade de WAM e teve a sua primeira representação (ironia) em Munique, 1781.
E quais são essas ligações? Sem me dar ao trabalho de qualquer pesquisa, que isto de manter um blog a “solo” já dá trabalho que chegue, e citando de cor, essencialmente duas: a ópera (ou singspiel) “O Rapto do Serralho” (Die Entführung aus dem Serail), composta em 1783, ano do centenário do cerco de Viena pelos turcos e cuja história se passa no palácio do Pasha Selim raptor da bela Constança, e o 3º andamento “Alla Turca” da sonata nº 11 para piano KV 331 (muitas vezes mencionada como “Marcha Turca”). Ambas são influenciadas pela presença turca e o Allegretto “Alla turca” claramente pela música de “janízeros”, infantaria turca. Sem qualquer outra preocupação para além da divulgação, e apenas para se ter uma ideia do que se trata, aqui vai um pequeno excerto.

quarta-feira, setembro 27, 2006

A Câmara de Barcelos e o "Gil Vicente" (com "aspas" ) - II

Finalmente, alguém se lembrou (João Adelino Faria, na SIC Notícias) de entrevistar o Presidente da Câmara de Barcelos sobre o Caso "Gil Vicente" (com aspas), questionando-o sobre a sua responsabilidade e influência numa decisão do clube quanto à continuidade do futebol profissional (ver post anterior). Sem opinião clara, mostrou não ter qualquer sentido de liderança e de responsabilidade e estar completamente refém da direcção do clube e dos votos em futuras eleições autárquicas.

Parece que Mozart também irrita os muçulmanos

Segundo o Público (não "linkável") a Directora da Deutsche Opera de Berlim, Kirstin Harms, decidiu suspender a exibição, esta temporada, da ópera de W. A. Mozart "Idomeneo" por receio de eventuais reacções negativas dos muçulmanos à sua exibição. A polícia da capital alemã terá inclusivamente alertado para a possibilidade de acções terroristas. Como expressão do meu protesto, pode ouvir Aqui, um pequeno excerto da marcha do II Acto numa adaptação para o filme de Stanley Kubrick "Barry Lyndon".

When I Look at the Pictures - Lawrence Ferlinghetti (1)




The Equestrienne, 1931, de Marc Chagall.

Stedelijk Museum, Amsterdam

Don't let that horse

eat that violin

cried Chagall's mother

But he

kept right on

painting

And became famous

And kept on painting

The Horse With Violin In Mouth

And when he finally finished it

he jumped up upon the horse and rode away

waving the violin

And then with a low bow gave it

to the first naked nude he run across

And there were no strings

atacched

Lawrence Ferlinghetti

Outras Músicas (1)


A célebre "ária do catálogo" da ópera "Don Giovanni" , de Mozart, aqui cantada por Otto Edelmann (Leporello). Uma homenagem ao post "1003" de Miss Pearls, até então (as palavras são dela) o seu post mais caro...

As capas de *Cândido Costa Pinto (1)

Capa de CCP para "O Barco da Morte" ("Death on the Nile"), de Agatha Christie, nº 4 da Colecção Vampiro.


A Câmara de Barcelos e o "Gil Vicente" (com "aspas")

Parece que Gil Vicente deixou definitivamente de ser aquele outro, o do teatro, memória de tempos de Liceu quando tentávamos encontrar uma versão não censurada, pelas almas zelosas dos bons costumes da ditadura, do "Quem Tem Farelos?" ou, um pouco mais tarde, memórias, que o são também, dos inícios de alguns grupos independentes de teatro, talvez a "Comuna", não me lembro bem. Agora, o "Gil Vicente" tem aspas e é o de um tal de Fiúza, que, dizem, "subiu na vida a pulso", "a gente" imagina que "vida" e a que "pulso". Bom, mas está quase tudo dito e não vale a pena falar do já falado. Mas digam-me:
  • A Câmara de Barcelos "ofereceu", há dois ou três anos, um estádio novinho em folha ao "Gil Vicente" (com aspas), para substituir o antigo manifestamente inadequado para o futebol profissional. O estádio até é aquilo que todos os estádios da 1ª Liga portuguesa deveriam ser, excepto os dos três grandes, o do Vitória de Guimarães (que tem razoáveis assistências) e o do União de Leiria, que pelas assistências que tem bem podia jogar no multiusos lá da terra com relva e terreno ampliado: 12.500 lugares, funcional e confortável. Eu sei que o estádio é Municipal, não é do clube, mas não existiria se este não disputasse as competições profissionais. Isto, fora outras "ofertas" municipais que se desconhecem mas são habituais um pouco por todo o país.
  • Agora o tal de Fiúza, secundado pelo associados do "Gil Vicente" (com aspas) pretende acabar (ou ameaça que pretende) com o futebol profissional, desperdiçando o investimento camarário feito (espera-se) na perspectiva de o clube continuar numa das Ligas principais, dignificando e propagandeando o nome da terra (dizem eles assim) e atraindo forasteiros aos seus jogos "em casa". O estádio, esse, passaria a ser utilizado "todos os de vez em quando" em jogos das selecções" sub qualquer coisa" ou, com sorte, num Portugal-Cazaquistão
  • A pergunta é: como um dos principais investidores (senão o principal) no clube, a Câmara Municipal de Barcelos e os munícipes (os "cidadãos" do Sr. Manuel Alegre) não têm uma palavra a dizer sobre o retorno, ameaçado, do seu investimento, fruto de decisões irresponsáveis? Fica a pergunta...

Anglophilia(1)


HRM Queen Elizabeth II, by Lucien Freud

The Classic Era of American Pulp Magazines (1)

Ilustração de Earle Bergey' para "Thrilling Wonder Stories" (Junho de 1943).

"Post" nº1

Portugal tornou-se feio. Onde quer que os nossos prezados concidadãos tiveram oportunidade de lhe tocar, Portugal (salvo raras excepções) tornou-se mais feio. E parece ter tomado como padrão a Estrada Nacional nº 1, de má memória, com todo o seu desordenamento, profusão de casas pouco mais do que barracas despejadas a esmo sem gosto e sem rigor e restaurantes barulhentos onde comida sem qualidade é tida como simples e caseira (e na maioria das casas portuguesas come-se mal). Talvez, aqui e ali, o padrão possa também ter sido a estrada (?) da Caparica para a Fonte da Telha, e os seus parques de campismo “tipo” bairro de lata, com as suas “barracas” (eles dizem “tendas”) encostadas umas às outras, botijas de GásCidla (já não é, mas, para mim, será sempre GásCidla), “adiantados” e sardinhas e febras no carvão acompanhados por uma “pomada” lá da terra. Se sairmos das auto-estradas e visitarmos as pequenas cidades e vilas do norte do país, Portugal, fora dos centros históricos onde por vezes se realizam feiras, se vende pseudo artesanato e farturas e churros em roulottes engalanas a neon, tal qual jukeboxes dos anos cinquenta, tornou-se num país de subúrbios. Uma terra onde, ao longo das estradas que não são “auto”, se dispersam, sem qualquer ordenamento aparente, “espaços” de venda de materiais de construção, stands (o “povo” diz standers) de carros usados, churrascarias e casas de “alterne” - talvez como aquela do filme de João Canijo em que saímos do cinema com ânsia de limparmos o corpo de uma sujidade húmida. Ah!, e nas pequenas e médias cidades de província há agora as “novas centralidades”, tão acarinhadas pelos autarcas, eufemismo que define novas oportunidades de construção e novos subúrbios com prédios iguais aos da “segunda ponte do Feijó”. E Portugal tornou-se feio também em Lisboa, cidade pouco limpa onde pontificam os dejectos caninos e apodrecem os restos de comida que as “velhas” dão aos gatos vadios, “coitadinhos”. Onde os já por si estética e visualmente poluentes “ecopontos” não são mais do convites ao acumular de lixo e os passeios da tão elogiada “calçada portuguesa” armadilha para transeuntes desprevenidos. Portugal tornou-se efectivamente mais feio, fruto da expansão explosiva de uma classe média recente (ainda “com muita terra debaixo das unhas” e em processo acelerado de “brasileirização” sociocultural), consequência de uma “terciarização” tardia, e de uma classe de novos-ricos que soube bem aproveitar as necessidades de ocupar e expandir os antigos lugares disponíveis e as oportunidades criadas pelo dinheiro fácil e pelo, propositado, laxismo reinante. Portugal tornou-se mais feio: Se possível, façamos alguma coisa por ele...

terça-feira, setembro 26, 2006

"História(s) da Música Popular (1)


Este foi o dia em que "tudo" começou. Estávamos em Memphis, 6 de Julho de 1954, e neste dia, depois de algumas tentativas frustradas de gravação de outros temas, Elvis Presley gravava, finalmente, no Memphis Recording Service" de Sam Phillips, o disco "Sun nº209", um "blues" de Arthur "Big Boy" Crudup ("That's All Right, Mama"), tendo como "B" side "Blue Moon of Kentucky" de Bill Monroe, um tema "branco" dos hillbililly, camponeses do sul. Philips procurava há algum tempo um "branco que conseguisse cantar como um negro" e encontrou Presley, oriundo do chamado white trash dos estados do sul vivendo paredes-meias com a sociedade e a cultura negras. Dois dias depois, o disk jockey Dewey Phillips, da estação de rádio WHBQ, tocou o disco e, a partir daí, nunca mais nada tornou a ser como dantes. Se antes disso havia música para negros e música para brancos, hit-parades, editoras de discos e estações de rádio diferentes para uns e para outros, Elvis iria vencer a segragação, apesar de ser considerado pelos mais conservadores como "obsceno" e a sua música "uma música de negros, animalesca e vulgar". Presley gravou (salvo erro) 18 temas para a "Sun" e mudou-se para a "RCA" (uma das majors) pelas mãos do "Coronel" Parker. Foi o início do fim, mas isso é outra história.
Em cima, à esqª a versão original de "That's All Right, Mama", de Arthur Crudup, e à dtª a da Elvis. Para as gravações de Elvis para a "Sun Records": "The Sun Sessions CD", da RCA.