segunda-feira, abril 27, 2015

The Shadows "aka" The Drifters (5)

"Feelin' Fine" (1959)

A questão-chave da coligação eleitoral

A questão-chave (haverá outras, como o que fará na sequência das eleições caso não consiga maioria absoluta, mas esta é a essencial) de PSD e CDS terem decidido ir a votos coligados (uma espécie de segredo de polichinelo) é em que medida isso poderá criar uma dinâmica eleitoral que faça a coligação valer mais do que a soma dos votos dos dois partidos, considerados isoladamente, ou se, pelo contrário, isso levará alguns eleitores potenciais de PSD e CDS com poucas simpatias pelo outro partido da coligação ou ciosas da identidade partidária a refugiarem-se na abstenção ou no voto em branco. As próximas sondagens darão já algumas indicações sobre o assunto.

Já agora, com alguma dose de ironia: como vai chamar-se a coligação? "Compromisso Portugal"?

domingo, abril 26, 2015

Matiné de Domingo (108)

"Gallipoli", de Peter Weir (1981)
Filme completo c/ legendas em português

SLB - FCP: prognósticos antes do jogo.

Que vamos ver hoje? Um FCP a jogar em posse, fazendo circular a bola em zonas subidas do relvado e tentando assim condicionar as saídas a jogar do SLB. Defendendo bem lá na frente e deste modo mantendo a bola longe da sua área, onde a eficácia da equipa a defender e a sair a jogar é, no mínimo, questionável. Em contraponto, um SLB que tentará ultrapassar a primeira e segunda zona de pressão do FCP, fazendo chegar a bola rapidamente à área contrária onde melhor desequilibra o adversário e zona onde causará certamente problemas ao nortenhos. Pressionando, claro, os centrais "tripeiros" e tentando tapar o jogo exterior do adversário logo na "fonte". Depois, da eficácia destas acções, das contingências do jogo e da inspiração individual dependerá o resultado.

quinta-feira, abril 23, 2015

The Kinks chronicles (8)

"Days" (1968)

6 notas 6 sobre a "Estratégia para a Década" do PS

  1. Primeira constatação: "Uma Década para Portugal", estudo apresentado por um grupo de economistas a pedido do Partido Socialista, é um documento sério, bem estruturado e coerente na sua relação entre as medidas propostas e os resultados que espera obter. Digamos que o que consta do documento, o seu conteúdo em termos genéricos, "faz sentido". Se aos estímulos propostos corresponderão, nas proporções anunciadas, os resultados mencionados, convenhamos que me parece estar aí o PS a assumir algum risco, mas, nas actuais circunstâncias, é impossível assumir qualquer estratégia alternativa, mesmo que "soft", sem a assumpção de alguns riscos inerentes.
  2. Segunda constatação: Estamos perante um documento cuidadoso, que pretende ir tão longe quanto possível enquanto alternativa mas dentro do actual quadro das políticas europeias. Estamos, portanto, muito longe de uma qualquer estratégia de afrontamento ou de ruptura, o que significa os erros do Syriza foram aprendidos e assimilados. É pois, uma estratégia "no fio da navalha", com os riscos inerentes à situação, que vai tão longe quanto possível para ser vista como alternativa mas fica suficientemente perto do "mainstream" europeu para conseguir ser implementada nas suas linhas gerais. Também para permitir compromissos abrangentes.
  3. Terceira constatação: Em termos globais, opõe uma estratégia de "front loading" de crescimento dos rendimentos e do investimento, em teoria potenciadores do crescimento, à estratégia adoptada "in illo tempore" pela coligação "Troika/Passos/Gaspar" de ajustamento via "front loading" das reduções dos rendimentos (directamente ou por via dos cortes profundos na despesa) e do investimento. Podemos dizer - e com alguma razão - que a estratégia agora adoptada pelo PS só é possível em função das opções iniciais da coligação e de alguns resultados entretanto obtidos, mas isso vale também para o actual governo que, apesar disso, insiste no DEO, e apesar de algumas "nuances", nas suas opções de sempre. 
  4. Quarta constatação: desde sempre tenho sérias dúvidas sobre os resultados e objectivos da redução do IVA da restauração para 13%. Em primeiro lugar por uma questão de fundo em relação ao IVA: discordo da existência de várias taxas, consoante os sectores, preferindo se financie quem mais precisa por via das transferências sociais. Em segundo lugar, e no caso concreto, tenho sérias dúvidas a redução do IVA da restauração para a taxa inicial de 13% tenha como resultado uma dinamização significativa do sector, a criação de emprego e/ou a redução do ritmo da perda de postos de trabalho. Mas enfim... estamos - acho - perante uma opção política, já que o sector vale muitos milhares de votos.
  5. Quinta constatação: mexer na TSU ou no financiamento da Segurança Social é politicamente demasiado sensível e afecta uma boa parte do eleitorado de um país envelhecido e dos potenciais votantes no PS. Mesmo no interior do partido, parece-me irá gerar controvérsia. Quer-me parecer que o PS vai ter que reequacionar a questão, tenha ou não razão nas suas actuais propostas. É a política, estúpido! 
  6. Sexta constatação: perante uma comunicação social maioritariamente adversa e demasiado viciada no "soundbite" (mas será que o PS não contou com isso? Parece-me falha imperdoável), falta ao documento, digamos, uma "ideia-choque" impactuante junto da opinião pública, que o sintetize e chegue com facilidade aos títulos dos jornais e abertura das televisões. Digamos que lhe falta o "obviamente, demito-o" que lançou a campanha de Humberto Delgado, a fagulha que então incendiou o país. Acho que a oposição (à esquerda e à direita) já percebeu isso e tem respondido, maioritariamente, com "slogans" e "soundbites", muitas vezes roçando a indigência intelectual mas que funcionam mediaticamente. E o PS e o impacto do documento estão já a sofrer disso as respectivas consequências.

quarta-feira, abril 22, 2015

4ªs feiras, 18.15h (119) - "Nouvelle Vague" (VI)

"Juste Avant la Nuit", de Claude Chabrol (1971)
Filme completo c/ legendas em inglês

A ilusão do FCP

Ora vamos lá ver... O problema do FCP não esteve no jogo de ontem, em Munique (já agora,recomendo uma visita a uma das cidades mais bonitas da Europa), onde, ao contrário do que tenho ouvido e lido, a equipa e o seu treinador não cometeram erros próprios de monta. Mesmo sobre a opção de Reyes a lateral-direito, devo dizer não ouvi comentadores conotados com o FCP criticarem a solução antes do jogo; pelo contrário, a vários ouvi falar da falta de experiência e de rotina a defender de Ricardo Pereira. Isto de entregar o Totobola à segunda-feira tem que se lhe diga. Mas continuemos...

O problema do FCP foi mesmo o jogo da primeira. mão, no Porto, quando dois erros infantis e irrepetíveis do Bayern (aliás, um deles precedido de falta de Jackson Martinez) condicionaram toda a exibição dos bávaros, entregaram de bandeja o jogo aos portistas e criaram durante uma semana a ilusão de que o FCP, mesmo sem os seus laterais titulares, poderia eliminar um Bayern privado de Robben, Ribéry, Alaba e Schweinsteiger.  Como se viu, tal resultado estava mesmo muito longe de ser possível. Mais ainda: não foi o jogo de ontem que constituiu um encontro atípico; tal aconteceu, isso sim, e pelo que acima digo, com o jogo da semana anterior e com as circunstâncias que tornaram possível a então vitória do FCP. 

Teria o jogo sido diferente com um FCP menos "defensivo"? Estupidez completa: foi a equipa do Bayern que obrigou o FCP a jogar com o seu bloco muito baixo. Não vejo, portanto, onde possam estar os erros de Lopetegui - digo eu, que estou a milhas de simpatizar com o lamuriento treinador basco. No fundo, e para terminar, estamos perante o desfecho normal de uma eliminatória cuja primeira-mão foi muito condicionada por circunstâncias pontuais e atípicas.

Nota final: Como sempre disse, torna-se praticamente impossível a uma equipa portuguesa ir além dos 1/4 de final da Champions League. E mesmo para aí chegar tem que tudo correr bem, mormente entrar num grupo que lhe permita alcançar o primeiro lugar e ser bafejado por alguma sorte no sorteio dos 1/8 de final. É a vida...

domingo, abril 19, 2015

Matiné de Domingo (107)



"Walkabout", de Nicolas Roeg (1971)
Filme completo c/ legendas em francês

O SLB e o jogo de ontem no Restelo

Jorge Jesus está há seis épocas no SLB, tempo suficiente para não existirem surpresas no modo como a equipa joga. E assim a partida de ontem não foi diferente, melhor ou pior, do que os jogos de Paços de Ferreira, Moreira de Cónegos, Arouca, Vila do Conde ou Braga: adversário com o bloco um pouco mais subido do que quando essas equipas jogam "fora", principalmente um meio-campo mais "ousado" e pressionando mais alto, deixando de jogar "colado" à defesa, e, desse modo, o SLB, com o habitual meio-campo de apenas duas unidade e com a agravante de não ter Salvio, sem capacidade para ter bola, fazê-la circular e controlar o jogo. Sejamos claros: até ao segundo golo, o SLB nunca teve o controle ou o domínio do jogo e deu sempre ideia de poder vir a sofrer o golo do empate. Só que, desta vez, e tal como em Arouca ou Moreira de Cónegos, as incidências do jogo foram-nos favoráveis: um "brinde" do CFB logo a abrir e, depois, não houve golos falhados escandalosamente como em Vila do Conde (Lima) ou "penalties" chutados contra a barra ou estupidamente cometidos como em Paços de Ferreira (Lima e Eliseu). Por último, no único lance duvidoso (e duvidoso significa isso mesmo, que deixa dúvidas e não certezas)  dentro da nossa grande-área o árbitro decidiu, e bem - in dubio pro reo também vale no futebol - a nosso favor.

Sejamos claros, mais uma vez: não é o SLB que tem duas caras, uma quando joga na Luz e outra quando joga fora. Pelo contrário: são os adversários, principalmente os da primeira metade da tabela, que as têm e com isso condicionam a eficácia de um modelo de jogo do SLB que se sente à vontade contra uma delas e "peixe fora de água" perante outra. Entendidos?

sexta-feira, abril 17, 2015

Friday midnight movie (130) - Ciclo "Nazi exploitation" (II)

(aka "L'ultima orgia del III Reich"/ "La ultima orgia del la Gestapo"), de Cesare Canevari (1977)
Filme competo. Audio em inglês s/ legendas

Governo: um plano "B" para a TAP?

Em termos abstractos, isto é, sem ter em consideração o negócio em concreto, não vejo razões para que a TAP não seja privatizada, apenas estranhando que o governo o queira fazer agora, um pouco à "trouxe-mouxe" e em final de mandato. Uma medida estratégica desta importância requereria prudência e, se possível, um compromisso político e social bem mais alargado, até porque reconheço a empresa tem para muitos portugueses um valor simbólico que, bem ou mal, muitas vezes se confunde com a noção de "pátria" e com a própria soberania nacional. Aliás, foi mesmo essa própria noção de soberania sobre o Império que esteve na base da sua fundação e presidiu à sua estratégia de gestão durante muitos anos. Mas os tempos são outros, o Império acabou há 40 anos, a emigração mudou de perfil e a soberania exerce-se hoje, quando existe, de outros modos, que podem - acho -  dispensar as chamadas "companhias de bandeira".

Tendo dito isto, e não querendo assumir aqui posição sobre a justeza da prevista greve dos pilotos, até porque não estou na posse de todos os elementos que o permitam e tal não é relevante para o que me proponho afirmar de seguida, quer-me parecer que estas afirmações de Pedro Passos Coelho, para além da natural e legítima tentativa de exercerem pressão sobre os pilotos e tentarem captar a simpatia da opinião pública, mais não pretendem do que abrir caminho a uma solução alternativa na hipotética falta de ofertas consistentes para a compra da transportadora aérea, o que não constitui cenário assim tão longínquo. Digamos que o primeiro-ministro aproveita a oportunidade para abrir a porta àquele que será o seu plano "B" e que está desde há muito nas cogitações do sector mais radical dos seus apoiantes. Veremos o que acontece, embora me pareça que esta última solução traria para o governo custos políticos e sociais bem gravosos em ano de disputa eleitoral.

quinta-feira, abril 16, 2015

The Kinks chronicles (7)

"Autumn Almanac" (1967)

O FCP - Bayern e o modelo de jogo do SLB

Sim, eu sei que golos como os que o Bayern ofereceu ontem acontecem de dez em dez anos (se tanto), e que isso condicionou todo o jogo; que o golo marcado fora e a ausência de laterais no jogo da próxima semana tornam o resultado da eliminatória imprevisível, estando o FCP longe de estar apurado, felizmente; mas o que o jogo de ontem veio demonstrar, mais uma vez, e se tal fosse ainda necessário, é que o modelo de jogo perfilhado pelo SLB de Jorge Jesus é completamente inadequado para se conseguirem resultados satisfatórios a nível do grande futebol, da Champions League, e que um modelo que permita se consigam resultados dignos a esse nível não é incompatível com uma equipa competitiva a nível interno, onde um campeonato muito desequilibrado exige outro tipo de soluções. Espero que a lição esteja a ser bem aprendida e que uma possível vitória no campeonato - este ano, e face à estratégia de curto prazo do FCP e à necessidade de desinvestimento do SLB no(s) próximo(s) ano(s), indispensável - não evite se encare de frente e de vez o problema.

quarta-feira, abril 15, 2015

4ªs feiras, 18.15h (118) - Western (XIV)

"Rio Conchos", de Gordon Douglas (1964)
Filme completo c/ legendas em português

Redução da TSU para as empresas e relação entre "capital" e "trabalho"

Este artigo de António Bagão Félix no "Expresso" é uma das peças mais interessantes de contestação à ideia do governo de redução da TSU das empresas que me foi dado ler nos últimos dias. Falta a Bagão Félix, um dos últimos herdeiros consequentes do pensamento democrata-cristão em Portugal e talvez na Europa, ir um pouco mais além no seu raciocínio e concluir dos porquês de tal afã governamental. Ora tentemos, com o respeito devido a Bagão Félix...

No fundo, a proposta de redução da TSU em alguns pontos percentuais para as empresas, que nunca relançará o investimento ou contribuirá para relançar criar um qualquer número significativo de empregos, mesmo que desqualificados e mal pagos,  mais não é do que um passo complementar no programa de alteração da relação entre o "capital" e o "trabalho" (evidente nas alterações à legislação laboral) e da transferência de valor entre ambos, a favor do "capital", que tem vindo a ser prosseguida por este governo desde a sua posse. Daí o tal afã governamental em efectivá-la o mais rapidamente possível, sabendo que dificilmente poderá esperar algo de semelhante possa vir a ser proposto por um governo PS ou algum outro, de coligação, em que este partido participe. "Chumbada" na rua a compensação directa entre empregadores e empregados, proposta inicialmente, se formos analisar as restantes formas possíveis de compensação elencadas por Bagão Félix (aumento do IVA, de outros impostos ou um agravamento do "déficit"), em todas elas está implícita uma transferência de encargos dos empregadores (do "capital") para o os cidadãos em geral, mesmo que não directa e integralmente para o "trabalho". Mesmo no caso da "não compensação" pelo aumento do "déficit", tal corresponderia sempre a um agravamento da dívida, que teria de ser pago no futuro com o contributo de todos e, como se tem visto, incidindo preferencialmente os respectivos encargos nos trabalhadores por conta de outrem e beneficiários dos vários tipos de pensões. No fundo, e na sua essência, tem sido este o programa aplicado.

sexta-feira, abril 10, 2015

Friday midnight movie (129) - Ciclo "Nazi exploitation" (I)

"Ilsa, The She Wolf of the SS", de Don Edmonds (1975)
Versão em inglês, sem legendas

Nota: durante as próximas semanas a rubrica "friday midnight movie" será preenchida com o ciclo "Nazi Exploitation". Os filmes serão apresentados com o audio original sem legendas, dado que, infelizmente, não foi possível obter versões legendadas. Digamos que também não será o mais importante...

Passos Coelho, os custos do trabalho e a não-resposta do PS

Estas afirmações e propostas de Pedro Passos Coelho sobre a redução dos custos do trabalho para as empresas constituem, por si sós, todo um programa político que a actual coligação, com o apoio do pensamento político e económico actualmente dominante na UE, deseja levar por diante caso vença as próximas eleições legislativas. Em face delas e do programa político que encerram, nos antípodas da ideologia e da herança social-democrata europeia, seria de esperar uma reacção crítica violenta (no bom sentido, claro), directa e bem vincada, por parte da direcção do PS, eventualmente tendo como porta-voz o próprio secretário-geral e com ampla difusão mediática. Estranhamente, e embora tenha estado atento aos "media", nada disso aconteceu e o PS perdeu assim mais uma excelente oportunidade de marcar a sua diferença em relação ao seu adversário político. É que não basta afirmar, em abstracto, que o seu projecto político é outro, baseado na qualificação e valorização do trabalho: é preciso estar atento às questões concretas, às oportunidades, e responder de imediato e em conformidade. Não sendo assim...

PS - eleições legislativas e candidato presidencial

Vamos lá ser claros... Se o Partido Socialista tivesse um forte candidato, ganhador, à Presidência da República (António Guterres, por exemplo), por certo o apresentaria bem antes das legislativas, pois tal "ticket" criaria sinergias que fariam o partido apresentar-se mais fortalecido nas eleições para a Assembleia da República e potenciaria um resultado mais próximo da maioria absoluta. É exactamente pela sua falta, por temer que o seu candidato presidencial seja uma "menos valia" que prejudique os resultados do partido nas legislativas, que o PS prefere deixar a sua apresentação para o intervalo entre-eleições. Estamos, pois, perante um sinal de fraqueza, disfarçado ao estilo "rabo escondido com o resto do gato de fora" com o argumento, no seu propósito correcto, de serem as legislativas o objectivo principal. O ponto fraco desta argumentação é, no entanto - e como disse -, que um forte candidato presidencial teria por certo uma influência positiva, para não dizer determinante, nos resultados do partido nas legislativas. É esta a situação.

quinta-feira, abril 09, 2015

The Kinks chronicles (6)

Dave Davies - "Death of a Clown" (1967)

SLB e FCP: mercado e algo mais nos últimos 10 anos

Notas:
  1. O FCP chega ao actual modelo de negócio, partilhado pelos dois clubes, mais cedo do que o SLB: 2004/2005 contra 2007/2008, sendo para tal essencial as conquistas da Taça UEFA e Champions League, com José Mourinho.
  2. Só em 2007/2008 o SLB começa de facto a investir na sua equipa de futebol, enquanto o FCP o faz consistentemente desde 2001/2002. Entre esta primeira época analisada e 2006/2007 as compras do SLB totalizam €39.8M contra €106.6M do FCP. Este investimento do FCP esteve na base dos seus sucessos europeus (UEFA e CL) e foram também estes que, posteriormente, permitiram um reforço desse mesmo investimento e do modelo de negócio adoptado.
  3. Já no período 2007/2008 até 2011/2012 a diferença entre o investimento dos dois clubes é apenas de €20.4M (€178.5M do FCP vs €158.1M do SLB). Conclusões: é fundamentalmente o investimento, e não apenas o factor Jorge Jesus, que explica a aproximação dos dois clubes em termos de resultados desportivos. De qualquer modo, perante uma diferença de apenas €20.4M no investimento, seria de exigir ao SLB um pouco mais em termos de resultados desportivos.
  4. Para o período total considerado (2001/12), o FCP conseguiu uma margem bruta de 38.8% (lucro bruto de €180.8M) enquanto o SLB de apenas 20% (lucro bruto de €49.4M). E isto, simultaneamente, obtendo melhores resultados desportivos. Estamos longe, portanto, de um sucesso retumbante da parte do SLB.
  5. Mesmo no período de 2007/8 a 2011/12, quando o SLB assume na plenitude o seu modelo de negócio, o FCP consegue uma margem bruta de 37% e um lucro bruto de €104.8M, enquanto o SLB se fica por 18% e €34M.
  • Conclusão: o SLB chegou tarde ao mercado, utilizando uma estratégia do tipo "me too", e, portanto, apesar da aproximação ao rival que tal estratégia proporcionou, não conseguiu ainda resultados financeiros e desportivos ao nível do seu rival. Por outro lado, é fundamentalmente  graças a essa estratégia de investimento, e não apenas ao treinador (o FCP já teve vários, embora eu reconheça a estabilidade da direcção técnica seja neste momento bem mais importante no SLB do que no FCP), que essa aproximação se fica a dever. Teria sido possível fazer melhor, em termos desportivos e financeiros? Impossível dizer, sendo que é evidente o clube pagou e ainda está a pagar, a nível resultados desportivos e financeiros, os erros e a ausência de gestão profissional da década perdida de 90.

segunda-feira, abril 06, 2015

O SLB de Jesus e "Dr. Jekyll & Mr. Hyde"

O jogo do passado sábado contra o CD Nacional constituiu um bom exemplo do perfil "Doctor Jekyll & Mister Hyde" do SLB de Jorge Jesus. Enquanto "abafou" a equipa contrária junto à sua área, retirando-lhe a bola e impedindo-a sequer de pensar em sair a jogar, quanto mais de o fazer, o SLB marcou três golos e podia ter marcado mais uns quantos. Quando, após a marcação do terceiro golo, decidiu descansar (o que se compreende e é legítimo), e como o SLB de Jesus não sabe ter bola e fazê-la circular (o tal "descansar com bola"), a equipa do CD Nacional pôde finalmente jogar perto da área do SLB, criar algum perigo (embora relativo) e até marcar um golo. Valeu que já havia 3-0.

The Kinks chronicles (5)

"Waterloo Sunset" (1967)

Sobre as candidaturas presidenciais

Com notáveis excepções como a de Pedro Adão e Silva, a discussão mediática sobre os candidatos presidenciais tem-se centrado, sobretudo, na sua capacidade de ganharem as eleições, na respectiva notoriedade (que nessas análises se interliga com a tal capacidade ganhadora), nos possíveis efeitos sobre as suas áreas políticas e/ou ideológicas de origem (divisão /unidade), no perfil mais ou menos mobilizador e noutras características onde a capacidade política do candidato ou proto-candidato não releva como factor essencial ou determinante. Ora o que devíamos começar por perguntar seria o que, na conjuntura que vai encontrar no país, qual o perfil de candidato que melhor se adequaria ao cargo de Presidente da República, de acordo com as funções que lhe estão constitucionalmente consagradas.

Parece não serem preciso dons de pitonisa (ou de bruxo) para concluirmos que dificilmente sairá das próximas eleições um bloco maioritária e governamentalmente coligável, principalmente de o PSD continuar a ser dirigido pelo actual grupo radical de Pedro Passos Coelho. Também parece ser ponto assente que o país continuará a enfrentar problemas económica e socialmente complicados, isto se não se lhe vierem a juntar questões de natureza política e partidária desestabilizadoras, como, por exemplo, o surgimento com capacidade eleitoral de partidos populistas e/ou radicais. Isto significa que serão necessários acordos e compromissos alargados, bem como a necessária experiência e tacto políticos, também perfil pessoal, para os negociar e gerar, o que é desde logo definidor do perfil ideal do futuro Presidente da República: alguém politicamente muito experiente, com capacidade negociadora comprovada, oriundo do espaço político que vai do centro-esquerda ao centro-direita e suficientemente descomprometido com o radical-austeritarismo dominante. Este perfil cabe inteirinho em António Guterres, claro, mas também em gente como Silva Peneda ou Ferreira Leite, não fossem os "anti-corpos" que uma sua candidatura iria gerar no PS e PSD. Tal como caberia em António Costa, não fora o caso de ter optado pelo partido. Infelizmente, já me parece pouco consentâneo com algumas das recentes declarações populistas de Rui Rio, com o estilo de "entertainer" comentador da "espumas dos dias" de Marcelo Rebelo de Sousa ou com a inexperiência (ia chamar-lhe "virgindade") política de uma incógnita chamada Sampaio da Nóvoa, cujo apoio expresso e imediato do actual Mário Soares (este que me desculpe) não me parece contribuir para o fazer  encaixar no perfil que traço. Por mim, preferia o parlamentarismo em vez desta discussão sobre candidaturas presidenciais, mas se é preciso tê-la, então tentemos que seja feita com algum critério.

quarta-feira, abril 01, 2015

4ªs feiras, 18.15h (116) - "Les Femmes de Godard" (IV)

Filme completo c/ legendas em castelhano

"Em Órbita" - 50 anos


The Kinks - "Revenge" (Ray Davies - Larry Page)
1º indicativo do "Em Òrbita"
Duas notas: 
  1. "Em Órbita" mudou a rádio em Portugal? A resposta é não; infelizmente, os seus valores não fizeram escola. Foi ilha isolada e nunca mais existiu na rádio portuguesa um programa tão influente (formou uma geração) e que de modo tão radical rompesse com as ideias feitas e as práticas existentes.
  2. Não se pode comparar "Em Órbita" com qualquer outro programa de rádio mais ou menos contemporâneo, mesmo que considerando-o "o melhor". Porquê? Exactamente porque naquilo a que se propôs, no seu rigor, na intransigência, nos tais "valores" que pretendeu transmitir, nada teve ou tem a ver com nenhum deles.
The Zombies - "A Kind Of Girl" (Rod Argent)
Foi o primeiro tema a ser passado na emissão do "Em Órbita" de 1 de Abril de 1965.