quarta-feira, março 31, 2010

"Waking the Dead"

Tara FitzGerald, como Dr. Eve Lockhart, em "Waking the Dead" (BBC)

Estreia amanhã no AXN, pelas 19.40h, a 6ª temporada de “Waking the Dead”, já com a minha favorita Tara FitzGerald no lugar que foi de Holly Aird e Esther Hall. Se não puder ver (joga o “glorioso”), repete no dia seguinte pelas 10.30 e pelas 14.30h. Também pode gravar, mas é proibido deixar de ver. Amanhã e sexta-feira (cada episódio é dividido em duas partes) poderá ver o 1º episódio desta nova temporada, “Wren Boys”.
A terceira temporada da série ganhou um Emmy em 2004.

Hymns (6)

"Lead Us Heavenly Father "

SLB-SC Braga e Bayern-Man. United: sorte? azar? lances fortuitos?

O Bayern-Man. United de ontem parece ser um bom exemplo daquilo dos que têm do futebol uma visão limitada pode designar por “sorte” ou “azar”, ou, como diria Domingos Paciência referindo-se ao recente SLB-SC Braga, dos jogos decididos através de lances fortuitos. Porquê? Bom, porque se o SLB-SC Braga foi decidido por um ressalto que colocou a bola á mercê de Luisão, para o golo (um lance fortuito, afirmou Domingos com demasiada ligeireza – já veremos porquê), ontem, foram uma escorregadela de Demichelis, um ressalto em Wayne Rooney e, vá lá, uma desconcentração de Patrice Evra nos últimos trinta segundos do jogo que deram origem aos golos e ditaram o resultado final. Azar? Sorte? Lances fortuitos? Bom, sorte e azar fazem parte do jogo e são por vezes decisivos, principalmente num desporto em que, na esmagadora maioria dos casos, vantagem e desvantagem se medem de forma muito escassa, em termos de golos, e onde a inversão de um resultado é quase sempre tarefa difícil. Mas terá sido esse o caso de sábado e de ontem? Não me parece...

Vejamos. No SLB-SC Braga o ressalto que favorece Luisão nasce de um segundo pontapé de canto consecutivo, resultado da enorme pressão exercida pelo SLB no sentido de conseguir alcançar vantagem antes do intervalo contra uma equipa que é sabido ser extremamente forte defensivamente. Ora este tipo de lances de bola parada, favorecendo enorme concentração de jogadores dentro da área, é sempre propiciadora de ressaltos de resultado imprevisível. O SLB, forte nas bolas paradas, forçou essas situações e Domingos, embora sabendo isso, ao jogar num bloco muito baixo, não se mostrou demasiado preocupado em as evitar, antes esse modelo de jogo da sua equipa proporcionando o seu aparecimento com maior frequência.

Já ontem, no Bayern- Man. United, embora Demichelis tenha escorregado no lance do primeiro golo, deixando Rooney á vontade frente a Butt, não se pode esquecer o lance ter tido origem numa falta do mesmo Demichelis sobre Nani, numa entrada “à tractor” muito comum aos defesas “mais em força do que em jeito” tentando intimidar os avançados contrários, principalmente os mais habilidosos, logo no início dos jogos. É pois numa falta estúpida, provocada por um jogador pouco inteligente, que o lance do golo acaba por ter origem, convém lembrar.

E se o primeiro golo do Bayern nasce de um livre que tabela em Wayne Rooney, enganando Van der Saar, também não deixa de ser verdade que foram o alto ritmo e a intensidade de jogo do Bayern, obrigando o United a recuar as suas linhas e impedindo que saísse a jogar e fizesse circular a bola, que deram origem a que se jogasse, na maior parte do segundo tempo, nos primeiros trinta e três metros do terreno de jogo. A falta e o correspondente livre directo foram pois, e apenas, uma das consequências do modo como a equipa de Ferguson se viu obrigada a jogar, por mérito do adversário.

Ah!, resta o 2-1 e a desconcentração de Patrice Evra, permitindo que Olic surgisse “do nada”. Pois... Mais uma consequência da pressão do Bayern e do volume de jogo que caiu sobre o United na segunda parte. Não se podem manter altíssimos níveis de concentração o tempo todo, e quando “não se tem bola” – a posse de bola permite “descansar” - e enorme volume de jogo obriga uma equipa a defender “baixo” a maior parte do tempo, na zona onde qualquer erro se paga caro, surgem fatalmente os momentos de menor concentração, e até de relaxe, exactamente quando e onde isso não pode acontecer. Foi o que se passou com Evra nos “descontos”, quando, exausto, já pedia a todos os anjos do céu que o “tirassem dali” e a sua cabeça estava mais no apito do árbitro e num favorável empate a uma bola do que no que ainda tinha que fazer em campo. Foi um momento que no início do jogo, ou num jogo com outras características, por certo nunca existiria.

Sorte? Azar? Lances fortuitos? Sim, claro, mas também muita inteligência, muita capacidade individual e colectiva e, claro, muito trabalho

terça-feira, março 30, 2010

"Les haricots sont pas salés" - old time cajun music (11)


Milton Molitor - "Ninety Nine Year Waltz"

A greve dos enfermeiros e o que ela nos diz sobre a função pública

Segundo julgo saber – e corrijam-me se estiver enganado – os enfermeiros fazem greve porque se acham no direito, enquanto licenciados, de ganharem, na categoria de entrada na profissão, 1 200 euros por mês, como qualquer outro licenciado da função pública. É óbvio que, colocada a questão nesta base, têm razão, e não se vê qual o racional para a existência de tal discriminação.

Digamos que a questão é bem outra, e a pergunta a colocar ao Estado e aos governantes deve ser a seguinte: por que raio todos os licenciados, de um modo geral e independentemente do seu curso, profissão, universidade de origem, condições do mercado, etc, etc, devem ganhar o mesmo na categoria de acesso às respectivas carreiras na FP? Faz isso algum sentido? Claro que a resposta só pode ser um rotundo “não” e constatar que a situação actual não passa de um perfeito e disparatado anacronismo.

segunda-feira, março 29, 2010

Os direitos televisivos e as ligas nacionais

A receita da venda de direitos televisivos da liga portuguesa de futebol profissional permite constatar, uma vez mais, o total absurdo que constitui o facto de os três principais clubes (SLB, FCP e SCP) – e, porventura, mesmo um quarto: V. de Guimarães - serem obrigados a jogar uma liga nacional. Em conjunto, SLB, FCP e SCP obtêm apenas cerca de 50% (24 milhões de euros) do total das receitas geradas, enquanto as audiências associadas se podem calcular, sem grande risco, num mínimo de 95% do total. No fundo, estamos perante um caso extremo de parasitagem das receitas dos grandes clubes pelos mais pequenos, pois só assim se consegue um mínimo de competitividade que permita conseguir assistências e audiências significativas. Caso os chamados três grandes jogassem uma liga ibérica, por exemplo, seria muito fácil ao SLB, para só falar do meu clube, aproximar-se dos 75 a 80 milhões de receita de direitos televisivos, já que Real Madrid e Barcelona, em conjunto, conseguem cerca de 1/4 de milhão.

Quer se queira quer não, a televisão veio pôr em causa a actual estrutura organizativa do futebol europeu, e a inexistência de uma Liga Europeia ou a integração ou fusão entre ligas nacionais permanece um perfeito disparate, um resquício de um passado amador. Esperemos que não por muito tempo.

No país dos sovietes (13)

Passos Coelho e a "unidade" do partido

Melhor do que ninguém, pela sua já longa experiência partidária e porque está agora no lugar mais indicado para o compreender, Pedro Passos Coelho sabe que a unidade do partido – essa entidade quase mítica – não se constrói distribuindo lugares ou concedendo benesses aos seus adversários políticos internos. Pode mesmo acontecer o inverso: essas atitudes serem vistas, pura e simplesmente, como sintoma de fraqueza.

Por isso mesmo, estas atitudes, gestos magnânimos de monarca em dias de investidura recente, devem ser mais vistas, para dentro, como uma tentativa de ganhar algum tempo de tréguas e, para fora, como um gesto que pretende marcar a diferença para tempos recentes do partido, fazendo-o subir nas sondagens.

Ora aqui é que bate o ponto! Não há um primeiro tempo para unir o partido e um outro, posterior, para ganhar o país. Para Passos Coelho construir a tal unidade do partido, tarefa a que se propõe, será necessário, muito mais do que quaisquer gestos magnânimos ou distribuição interna de benesses, demonstrar rapidamente a sua capacidade para se constituir como alternativa credível ao governo de José Sócrates e de sujeitar este a algumas, mesmo que pequenas, derrotas - por exemplo, convém lembrar que em 1975 foi a luta contra a unicidade sindical que uniu o PS, depois de um congresso que o tinha dividido. Pedro Adão e Silva fala mesmo da necessidade de Passos Coelho conquistar legitimidade eleitoral, o que o obrigaria a jogar na dissolução da Assembleia da República pelo P.R.. É, quanto a mim, uma visão demasiado radical, que obrigaria a uma conflitualidade não desejada por Belém e que poderia pôr em causa, já no curto prazo, a liderança de Passos Coelho. Falar para as “sondagens”, propor maior liberalismo económico onde isso não coloque em causa o estado-providência (sector empresarial onde o Estado tenha uma posição dominante, por exemplo), mostrar uma atitude menos conservadora nos costumes, um discurso menos crispado do que o da direcção cessante (aliás, sem correspondência prática) e uma atitude mais aberta e liberal para como eleitorado urbano e os valores contemporâneos, será, com certeza, um muito melhor princípio para ganhar a confiança do país e, consequentemente, do partido. A sua imagem, que aliás não se coaduna com outro posicionamento, e o desgaste do actual primeiro-ministro pode ser que façam o resto, e o seu primeiro desafio, não estando no parlamento (o problema não é tanto não estar lá, mas quem lá está), será fazer eleger um presidente do grupo parlamentar que seja compatível com este estado de espírito. Olhando para aquela bancada, convenhamos não será tarefa fácil...

domingo, março 28, 2010

SLB: ligeirinho e à la "Sky Sports"

Vá lá, hoje é dia de descanso e, por isso, deixem-me lá ceder à ligeireza depois das emoções do jogo de ontem. Para isso, e para descontrair, nada melhor do que ensaiar o “players rating”, ao modelo Sky Sports (de 1 a 10 e com apenas uma pequena frase de justificação), relativamente aos jogadores do meu “glorioso” no jogo de ontem tal como os vi da bancada MEO.

Ora vamos lá:


Quim (4) – uma fífia quase deitou tudo a perder.
Maxi (6) – desenvencilhou-se.
Luisão (9) – um golo que pode valer o título.
David Luiz (7) – ao nível habitual.
Coentrão (7) – bem a defender e a atacar.
Javi Garcia (8) – cabeceou para o golo de Luisão.
Ramires (7) – como será quando tiver férias?
Carlos Martins (6) – trabalhou muito.
Di Maria (6) – criou alguns desequilíbrios.
Saviola (4) – falhou quando não devia.
Cardozo (5) – atrapalhado na finalização.
Rúben Amorim (6) – ajudou Maxi.
Aimar (6) – algumas iniciativas perigosas.
Kardec (5) – pouco tempo.

E pronto... Foi sofrido e lá ficou a faltar um segundo golo para tornar tudo mais fácil.

Elvis Presley, 75 anos - original SUN recordings (7)

Arthur Gunter - Baby Lets Play House .mp3
Found at bee mp3 search engine

O original de Arthur Gunter (1954)


"Baby Let's Play House" - um original de Arthur Gunter

Gravação de 10 de Abril de 1955 editada como "A side" do seu 4º "single"

sábado, março 27, 2010

"On Connaît la Chanson" (1997) - a homenagem de Alain Resnais a Dennis Potter (6)

"Paroles, Paroles", um dueto original de Mina e Alberto Lupo aqui na interpretação de Dalida e Alain Delon
Playback de Sabine Azéma e Jean-Pierre Bacri

Rangel: o epílogo esperado

A incapacidade política da direcção de Ferreira Leite teve ontem o seu epílogo na derrota significativa de Paulo Rangel nas eleições para a presidência do PSD. De facto, o candidato escolhido pela direcção cessante não parecia ter quaisquer condições para assegurar a vitória no partido e, pior ainda, convencer o país. Em primeiro lugar, aparecia um pouco como alguém demasiado comprometido com a direcção de Ferreira Leite e Pacheco Pereira e, dada a ausência de um seu percurso político significativo, quase como se de “criatura” e “criador” se tratassem. O seu demasiado conservadorismo, do qual, aqui e ali, sem grande convicção tentou descolar, parecia vir também em contra-ciclo num partido que vinha perdendo o eleitorado urbano e jovem e que se mostrava disposto a tentar “algo de diferente”. Em segundo lugar, o seu discurso demasiado retórico, palavroso, quase como se as palavras se quisessem dele autonomizar e ganhar vida própria (ele que me desculpe, mas não raras vezes me lembrei de Cantinflas e do seu “ai mi gabardini...), também terá contribuído para lhe colar uma imagem demasiado démodé, muito século XIX, desfasada de uma geração SMS e Facebook que reinventou e criou uma linguagem. Por fim, e quer queiramos quer não isso também conta mesmo quando não está em causa a eleição de “mister” ou “miss” Portugal, a sua imagem, circunstancialmente agravada em função do seu principal opositor, não só não ajuda como, pior ainda, o penaliza. Será cruel, mas é assim mesmo.

Tendo em consideração todo este “handicap” já de si penalizador à partida de uma disputa eleitoral que, em função disso, sempre terá sido desigual, Rangel cometeu ainda gafes imperdoáveis, como o foram as histórias da aprendizagem de ofícios por crianças e adolescentes, o discurso patético no Parlamento Europeu e a questão das Comissões Coordenadoras Regionais (e não sei se estou a deixar escapar qualquer outra...). Demasiados obstáculos para bater um Passos Coelho “clean cut” a quem bastou ligar o piloto automático para conquistar um partido em busca de um “new look” e de uma “fresh start”.

A nova liderança do PSD

Primeira conclusão sobre a liderança de Pedro Passos Coelho: vai tornar a valer a pena ver a "Quadratura do Círculo".

sexta-feira, março 26, 2010

Ainda o acordão do Conselho de Justiça da FPF ou o rabo a abanar o cão

Reza o acordão do “douto” Conselho de Justiça da FPF: “não é muito líquido ou satisfatório o enquadramento” (dos stewards nessa categoria de “público”). Mas, acrescenta, tem pelo menos um mérito: “...conduz a uma punição sem excesso”

Quer dizer: não estando a categoria de steward consagrada na lei, em vez de se procurar, nessa mesma lei, o enquadramento que dela mais se aproxime aplicando, de seguida e em conformidade, a penalização prevista (aceitando eventualmente levar em linha de conta, como circunstância atenuante, essa condicionante), considera-se, à partida e arbitrariamente, o castigo aplicado pelo Conselho de Disciplina da Liga como excessivo (porquê? com que fundamento?) e é em função dessa conclusão apriorística que se vai procurar o enquadramento legal que a justifique. O caso é ainda mais escandaloso porque o próprio Conselho de Justiça cita como positivo o caso da lei francesa, que prevê para casos semelhantes, incluíndo agressões a elementos do público, uma moldura penal de oito jogos a dois anos de suspensão!

Brilhante! É o rabo a abanar o cão, a chuva a cair para cima.

Santander-Totta "alla turca"!

Vladimir Horowitz - Sonata para piano KV 331, nº11, de W.A. Mozart
3º andamento: "Allegretto" "alla turca"
A utilização de música erudita na publicidade está longe de ser novidade. Assim de repente, e sem puxar muito pelas "little grey cells”, lembro-me do anúncio “Relações Fortes”, do whisky JB, que utilizava como banda sonora – que aliás tinha uma função estruturante na campanha – o tema "Gassenhauer" (“Canção de Rua”), de um Carl Orff bem mais conhecido pelo tornado insuportável “Carmina Burana”. E porque estamos em maré de álcool e de cevada maltada, também do coro “Vedi le fosche notturne” (dito, "dos ferreiros") da ópera “Il Trovatore”, de Verdi, tema de um anúncio da cerveja Carlsberg (se a memória me não atraiçoa...).

E em marcas portuguesas? No passado, francamente, não me lembro – e talvez os leitores possam aqui dar uma ajuda – mas, muito recentemente, surgiu uma campanha do Santander-Totta que utiliza como tema aquilo que ficou para a História mais conhecido como a “Marcha Turca” de Mozart. Mais conhecido porque, com maior rigor, trata-se do ”Allegretto” (aka "rondó) “alla turca”, 3º andamento da sonata para piano KV 331, nº 11, composta por WAM em 1783. E porquê “alla turca”? Bom, exactamente cem anos antes (1683) as tropas do império otomano tinham estado às portas de Viena e de entre os seus vários legados culturais (o hábito de beber café, por exemplo) contava-se aquilo que era conhecido como “música de janízeros”, nome porque ficou conhecida a célebre e temida infantaria turca. Ora terá sido essa “música de janízeros” que influenciou Mozart em várias das suas composições, e não deixa de ser curioso que neste mesmo ano de 1783 WAM tenha também composto uma das suas óperas mais célebres, onde a temática oriental e otomana é bem evidente: “Die Entführung aus dem Serail” (O Rapto do Serralho).

Bom, pois esta nova campanha publicitária do Santander-Totta constitui uma boa oportunidade para relembrarmos estas coisas, e prestarmos assim a nossa homenagem a Mozart e à influência que sobre ele a “Sublime Porta” terá exercido. Sublime influência, neste caso.

quinta-feira, março 25, 2010

Imagens dedicadas ao Exmº Conselho de Justiça da FPF e que bem ilustram a justeza da sua douta decisão

Cordão humano de fanáticos elementos do público, identificados por coletes amarelos, tenta conter público indiferenciado durante um jogo de futebol

Um espectador, de colete amarelo, revela as suas intenções sexuais para com um outro em pleno relvado

Dois elementos do público invadem o relvado durante um jogo de futebol.
Um deles, mal equipado, parece ser mais rápido

Um elemento do público, de cor de laranja, apalpando um adepto do clube adversário, de azul, antes de um jogo de futebol.

"Arte Popular" e "Estado Novo" (15)

Paulo Ferreira - pintura mural (1948)
Museu de arte popular - Lisboa

quarta-feira, março 24, 2010

As decisões do Conselho de Justiça da FPF e os seus objectivos

A decisão do Conselho de Justiça da FPF sobre os castigos aplicados a Hulk e Sapunaru tem quatro objectivos essenciais:

  1. Descredibilizar o Liga Portuguesa de Futebol Profissional e, principalmente, o seu Conselho de Disciplina e respectivo presidente, Ricardo Costa, objectivos claramente assumidos pelo FCP nos últimos anos.
  2. Lançar a suspeição sobre o modo como possa vir a ser obtido um eventual título de campeão nacional 2009/2010 pelo SLB, desvalorizando-o
  3. Ocupar espaço e tempo mediáticos desviando a respectiva atenção dos problemas desportivos e de gestão que têm atingido o FCP nos últimos tempos e criando um "bode expiatório" para ambos.
  4. Tentar criar alguma destabilização junto da administração da SAD e da equipa de futebol do Sport Lisboa e Benfica nesta fase crucial da temporada, ao mesmo tempo que envia fortes sinais para todos os clubes sobre quem efectivamente detém o poder.


Entretanto, a indústria, ou o que resta dela, vai continuando a ser destruída.

Quanto ao meu “glorioso”, espero saiba responder da única maneira possível: em campo, com vitórias, e não jogando com armas que o seu rival tradicionalmente melhor domina. Mas também espero saiba tirar do caso as lições devidas e aprenda que o seu projecto de vir a hegemonizar a prazo, de forma transparente e justa, o futebol português será sempre uma tarefa bem mais complexa do que poderia parecer.

"The Pacific" ao fim de dois episódios

Talvez porque depois de “Band of Brothers” fiquemos com alguma sensação de déjà vu; talvez porque, ao contrário da Normandia, da Alemanha, da Holanda e das Ardenas, o Pacífico e o Japão fiquem demasiado longe; talvez porque a ausência de depoimentos directos retire à série algum carácter documental, “The Pacific” não causou em mim o mesmo impacto da sua antecessora, “Band of Brothers”. De qualquer modo, uma excelente série que vale bem ir acompanhando simultaneamente com leituras sobre os acontecimentos históricos a que se refere.

"Licht und Schatten" - o expressionismo alemão no cinema (5)


Die Letzte Mann", de F. W. Murnau (1924)

terça-feira, março 23, 2010

"Vai uma rapidinha?" - classic uptempo doo wop (3)

The Cleftones - "Heart and Soul"

Carta de condução a metro?

Não sei que treino é hoje em dia necessário para se obter carta de condução. A minha foi tirada pouco depois de fazer dezoito anos, isto é, há mais de quatro décadas, e, francamente, não tenho grande ideia de como foi com os meus filhos, há pouco mais de uma década. Sei que frequentei lições de condução e código na escola do Automóvel Clube de Portugal, que o meu pai achava ser a melhor, a aprendi a arrumar e “desarrumar”, fazer marcha atrás e “tomar o eixo da via” num velho VW Carocha do ACP. Sempre que carregava um pouco mais no acelerador, lá levava uma reprimenda do instrutor de condução, não fosse talvez gastar demasiada gasolina aos associados do clube. Nunca aprendi a guiar à noite, com chuva, nevoeiro e nunca saí do centro da cidade. Nem sequer, durante a instrução, dei a volta ao fatídico Marquês de Pombal, na altura (estamos a falar dos mid sixties) já com um trânsito de se lhe tirar o chapéu, pelo menos para principiantes.

Mal recebi a dita “carta” em casa, pelo correio, toca a pôr as mãos num carro desportivo que o meu pai tinha na altura, daqueles com carroçaria em fibra de vidro, rodas de raios, dois carburadores (que eu me entretinha a afinar) e volante de madeira, a convidar a umas valente acelerações e derrapagens. Eu, que já me achava um verdadeiro Fangio, descobri logo não sabia guiar, mas apenas ir andando com o carro, tentando não “bater”, e o resultado só não foi trágico porque um amigo da altura, colega de faculdade dado às coisas dos ralis, me levou uma tarde para as estradas de Sintra e me ensinou como fazer as curvas, acelerar, travar, guiar depressa e devagar mas com segurança e sair incólume. Lembro-me que um jogo de pneus em mau estado, após a “brincadeira”, originou uma monumental bronca com o meu pai, mas a lição de condução, essa, ficou para a vida. Não me tornei finalmente um Fangio, mas aprendi a guiar...

Como disse, não sei o que se passa hoje em dia, mas quando vejo uma proposta de se obter a carta de condução “a metro”, apenas em função do número de quilómetros percorridos ou do número de lições havidas, fico logo assustado com o que posso encontrar aí na estrada... Livra!

A violência das "claques"

Toda esta conversa que se gerou na última semana sobre a violência das “claques” no futebol é perfeitamente inútil e não leva a parte alguma. Ou melhor, leva a que tudo fique exactamente na mesma até que novos acontecimentos, idênticos ou piores, relancem a discussão. Se efectivamente existe vontade de acabar com tal coisa, o que duvido, basta pura e simplesmente ver como no Reino Unido, pátria do “hooliganismo”, terminaram com tais práticas em menos de um par de anos e transformaram o futebol num pacífico passatempo familiar. Depois, basta copiar com as necessárias, mas muito poucas, adaptações (mesmo muito poucas, para não estragar) à realidade local. É que a roda, meus senhores, já foi inventada há muito tempo.

segunda-feira, março 22, 2010

As capas de Cândido Costa Pinto (64)

Capa de CCP para "Intriga e Veneno", de Dorothy L. Sayers, nº 74 da "Colecção Vampiro"

Bi-centenário do nascimento de Frédéric Chopin (1810-2010) - IV

Idil Biret - Valsa Op. 69 em lá bemol nº1 ("do Adeus")

As estranhas concepções didáticas da Fenprof

Tanto quanto sei, a direcção da Fenprof é constituída por professores, embora à maioria deles da sala de aula e dos alunos nada mais deva restar do que uma vaga ideia. Mas pensava ser essa longínqua e vaga ideia o suficiente para não esquecerem a pedagogia e, assim, não tentarem resolver os problemas da indisciplina e da violência nas escola tratando os alunos, crianças e adolescentes, como criminosos. Ficamos, pois, assim a saber quais as concepções didáticas dominantes na Fenprof, estrutura sindical onde um partido e um militante que se dizem de esquerda têm influência determinante. Brilhante!

O problema da indisciplina e violência nas escolas, algo cujo tratamento deixo aos especialistas acentuando que não sou partidário da escola laxista assim como também não o sou do modelo escola/campo de concentração dominante em algumas delas no tempo da ditadura, é uma questão demasiado complexa para ser enfrentada com medidas avulsas e apenas de um ponto de vista coercivo. Direi ainda mais: ele não é isolável do modo como a gestão da escola pública está organizada. Insisto, uma vez mais: com o actual sistema de eleição das direcções das escolas, algo que apenas fomenta o corporativismo mais conservador, e sem que essas mesmas direcções sejam nomeadas por estruturas de proximidade e perante elas respondam e se responsabilizem pelo modo como exercem as suas funções, nada de essencial irá mudar. Mais: sem que as escolas tenham autonomia suficiente para poderem ter uma palavra a dizer na escolha dos docentes mais adequados e preparados para o meio e condições onde irão exercer as suas funções, podendo cada escola, dentro de limites pré-estabelecidos a nível nacional pelo ministério, oferecer condições salariais diferenciadas e adequadas à dificuldade e complexidade das tarefas de cada um, será muito difícil alterar algo que, de per si, já constitui um problema cuja solução está longe de ter êxito garantido. Por último, algo que a Fenprof e os professores devem ter em mente: ao contrário do que as estruturas sindicais têm sistematicamente afirmado na sua contestação, a tarefa de um professor não é apenas ensinar, “dar aulas”. Está mesmo muito longe disso. É contribuir para que a escola seja uma instituição que fomente a integração social dos seus membros, o que inclui um ensino bem sucedido, o desenvolvimento das potencialidades de cada aluno enquanto cidadão, mas também a sua preparação integral para enfrentarem a vida futura.

domingo, março 21, 2010

Mas ainda falta o mais importante...


Três notas:

  1. Como é que Bruno Alves se mantém em campo durante todo o jogo?
  2. O que falta a Rúben Amorim para ser convocado para a selecção nacional?
  3. Depois de tanta fanfarronice da parte das forças de segurança, nos dias anteriores ao jogo, como não foi possível evitar incidentes com alguma gravidade?

sábado, março 20, 2010

Os "lobos" queriam mesmo ir ao mundial?

É que não parecia... Defrontando uma equipa já de si teoricamente superior (Portugal só venceu a Roménia uma vez), “obrigar” o árbitro a conceder ao adversário um ensaio de penalidade por faltas sucessivas (bem sei que em situação de pressão extrema); falhar pontapés de penalidade quase uns atrás dos outros, um deles muito fácil de converter; desbaratar situações de superioridade numérica, uma delas contra 13; e oferecer um ensaio de fácil transformação que até num jogo de infantis seria ridículo, só mesmo de quem não quer ir ao mundial. Um pesadelo numa noite de tempestade.

Que fica? Uma equipa portuguesa completamente desconcentrada, uma boa exibição de uma equipa romena muito consistente a defender e uma excelente arbitragem sem recurso a meios tecnológicos - que não havia.

Como pode ainda o PS pensar em apoiar Alegre?

Sentindo-se cada vez mais longe de, sequer, poder importunar a reeleição de Cavaco Silva, Manuel Alegre parece ter desistido completamente de aceder à Presidência da República, passando a dedicar-se àquilo que tem sido o seu passatempo favorito nos últimos anos: criar embaraços ao partido de que é militante e tornar-se uma peça indispensável na estratégia do Bloco de Esquerda de dividir o PS e crescer à custa dele. Desde sempre visto sem qualquer simpatia nos sectores mais ligados a Mário Soares, Alegre, ao colocar-se frontalmente contra o PEC (não se trata apenas de criticar aspectos do PEC – o que seria legítimo -, mas o modo como o faz, o ponto de vista de onde parte e as alternativas - ? - que propõe), dedica-se agora, alto e bom som, a afrontar um projecto-chave do governo e da direcção socialista.

Só não compreendo como, independentemente das críticas que, internamente, muitos militantes possam fazer à gestão de José Sócrates no partido e no governo, e algumas delas com razão, ainda exista quem no PS defenda possa Alegre vir a ser o candidato a apoiar nas presidenciais sem que o país solte uma enorme e sonora gargalhada de escárnio e desprezo. Que raio, o partido, os seus militantes e a sua história não merecem, sequer, uma réstia de respeito?

OM-SLB - crónica final do enviado-especial do "Gato Maltês" ao Vélodrome

9:00h O enviado-especial do “Galto Maltês” aterra em Marselha. O choque não poderia ser maior! Vindo da cosmopolita Londres, aterro numa cidade que, apesar de todo o potencial da sua localização mediterrânica, parece abandonada. De costas voltadas para o mar, suja e degradada, a cidade é o oposto de tudo o que poderia ser. Ficamos desde logo mais orgulhosos da nossa querida Lisboa!

16:00h Junto-me à grande comunidade benfiquista na avenida do Prado. Somos uma ilha no meio da massa azul que se desloca em direcção ao Vélodrome. Junto a mim estão todos os habitués nestas deslocações do Glorioso. Desde o calado e sisudo Barbas até ao extrovertido Jorge Máximo, que ao fim de 10 minutos já é o meu melhor amigo!

17:00h Chegada ao Vélodrome. Passagem na loja dos ultras do Marselha para comprar um cachecol do jogo. Lado esquerdo Marselha, lado direito do Benfica. Este vai ficar na galeria! À volta do estádio o ambiente é fantástico, uma mistura de adeptos dos dois clubes, que em comum tinham apenas uma coisa: não eram Franceses. De um lado Argelinos e Magrebinos, do outro Portugueses. Franceses? Será que ainda os há em Marselha? Num dia inteiro vi poucos!

18:00h Tentamos entrar no estádio. Os acessos são ainda piores que os do antigo estádio da Luz. Demoramos 30 minutos a ir de uma porta à outra. No total 1,5 km de caminho (contados pelo GPS do telemóvel). Incrível! E isto foi um estádio do Mundial de 98!

18:30h Finalmente entramos na porta exterior do estádio. “Visiteurs”? É a pergunta dos “stewards”. "À la droite, si’il vous plait!" Somos levados pelos próprios “stewards” para um pavilhão colado ao estádio. Lá dentro, cerca de 50 polícias de intervenção, com cara amigável mas ar de que, se necessário, me arrumavam em menos de 5 minutos. Após agregarem todos os adeptos do Glorioso, os polícias abrem a portas do pavilhão e somos escoltados até à entrada das bancadas. O Estádio é uma desilusão ainda maior que a zona circundante! Somos colocados numa bancada lateral entre duas redes que nos retiram a visibilidade do campo (vi o jogo todo aos quadradinhos). Realmente, a memória é curta e já não estamos habituados a este tipo de condições!

19:00h Vai começar o jogo! O ambiente é incrível! Um pano gigante em cada topo do estádio, claques de 20 mil adeptos! Ambiente mais característico de um estádio grego ou argentino, do que de um francês!

19:45h A primeira parte passou e confirmou-se o que já estava à espera: Muito equilíbrio e o Benfica a tentar fazer as despesas do jogo! Isto vai ser até ao último minuto!
Começam a chover cadeiras e garrafas de água vindas da bancada dos adeptos do Marselha! Já a ver onde aquilo ia parar, tentei sair da bancada, mas fui impedido pela polícia de intervenção. Estamos presos na bancada e sujeitos a levar na cabeça com tudo o que os Franceses tiverem à mão! Tudo acalma com o inicio da segunda parte. Resultado ao intervalo: um adepto do Benfica ferido com uma garrafa na cabeça!

20:50h A segunda parte confirmou a grandeza da nossa equipa. Kardec marca e o estádio fica calado. Só se ouve: “Ninguém pára o Benfica …” E não é que este ano, ninguém pára mesmo o Benfica!

21:50h Só ao fim de uma hora nos deixam sair do Estádio! Já sem voz de tanto gritar, dirijo-me para o aeroporto onde me espera o avião com destino a Lisboa. Chegado ao aeroporto, digo ao Luís Filipe: “Presidente, você renove já com o homem, porque agora já somos todos católicos”. Engraçado que toda a direcção do Benfica estava a torcer pelo Sporting. Quando dei a notícia da eliminação dos lagartos à entrada para o avião, todos responderam: “Agora resta-lhes estragar-nos a vida”.

sexta-feira, março 19, 2010

História(s) da Música Popular (156)


The Royal Guardsmen - "The Return Of The Red Baron"
"Bubblegum" (VII)

Pois reincidiram... tal como acontece sempre com todas as grandes histórias de aventuras e seus protagonistas, sejam “o regresso...”, “...cavalgam de novo”, “a nova aventura de...” ou “a noiva de...”. Em 1967, isto é, um ano depois de “Snoopy Vs The Red Baron”, aí estão de novo os Royal Guardsmen e uma nova aventura de Snoopy e do seu Sopwith Camel contra o malvado Red Baron e o seu Fokker triplano encarnado.

Mas também como acontece frequentemente nestas histórias de aventuras, nunca mais o sucesso foi semelhante, embora pudéssemos continuar a contar com uma boa dose de diversão. Mas quebrou-se o encanto da novidade, e o que é concebido para ser efémero vive quase sempre dessa mesma novidade. De qualquer modo, apesar de ter passado a meia-noite e se ter quebrado o encanto, os Royal Guardsmen ainda nos conseguem dar algum gozo com mais esta novo aventura de Snoopy tornado ás da Grande guerra.

quinta-feira, março 18, 2010

OM-SLB - do enviado-especial do "Gato Maltês" no Vélodrome

Por SMS (está sem voz): "melhor exibição do SLB nos últimos anos. Cheios de confiança".

OM-SLB - do enviado-especial do "Gato Maltês" ao Vélodrome no final

O enviado-especial do "Gato Maltês" no Vélodrome mal consegue falar. Após e durante as comemorações, espero, no mínimo, consiga encontrar o caminho do aeroporto.

Nota via TV: Uma exibição categórica, apesar da falta de eficácia. Mas merecido!

Luís Piçarra - "Ser Benfiquista"

"Rock, Rock, Rock!" (5)


Um filme de Will Price (1956)

OM-SLB - do enviado-especial do "Gato Maltês" ao intervalo

  • Objectos vários, incluindo cadeiras, arremessados sobre os adeptos benfiquistas no Vélodrome

Comentário via TV: bom jogo do SLB e arbitragem "in dubio pro OM": "penalty" por marcar (mão clara) e uma outra decisão duvidosa em carga sobre Ramires. SLB não tem tido a sorte do jogo. Nem sorte com o trabalho do árbitro...

OM- SLB: o "Gato Maltês" tem um enviado-especial no "Vélodrome" de Marselha

Primeiras impressões do enviado-especial do "Gato Maltês" ao "Vélodrome":
  • Mau estádio (ao nível do antigo Estádio da Luz), lugares destinados aos benfiquistas rodeados de rede e com visibilidade questionável. Mas grande ambiente.

O PEC e o Rendimento Social de Inserção

Segundo se lê neste PEC anunciado um pouco aos solavancos, como quem tira devagar um adesivo com medo um puxão demasiado rápido arranque pelos e pele, magoando, irá ser introduzido um “plafond” (ou limite, para os puristas da língua...) para as despesas com o Rendimento Social de Inserção (RSI), que passarão de 507, 8 milhões de euros em 2009 para 370 milhões em 2013. Pelo caminho, o valor será de 495, 2 milhões em 2010, 400 milhões em 2011 e 370 milhões também em 2012. Quer isto dizer que a verba destinada ao RSI decrescerá 27% entre os anos em causa. Um valor considerável.

A primeira reacção, que espero não seja a última (já lá iremos), é que se trata de algo em contradição com a realidade social (o aumento do desemprego, especialmente o de longa duração, irá tornar para muitos obrigatório o recurso a este tipo de transferências do Estado) e a natureza ideológica, de centro-esquerda ou social-democrata (não confundir com o PSD), que me pareceu ver neste PEC e por aqui assinalei. Por outro lado, depois das cedências a professores (tudo se prepara para igual cedência a enfermeiros...), com o agravamento orçamental subsequente, parece ser também uma opção clara contra quem não tem capacidade ou força reivindicativa, em detrimento dos grupos sociais, de facto, mais fragilizados. Que raio!, 137 milhões de euros seriam assim tão difíceis de arranjar sem sacrificar os mais pobres dos pobres? Bom, mas dir-me-ão os mais populistas ou situados mais à direita do espectro político: “há muita gente que recebe o RSI sem efectivamente dele ter necessidade e, assim, sobrecarrega o orçamento de estado indevidamente”. Dir-me-ão os mais à esquerda: “Pode ser que isso aconteça, mas isso não se resolve com cortes cegos mas com uma fiscalização mais apertada”. Em que ficamos, então?

Penso que o governo está aqui a jogar no “fio da navalha”. Porquê? Bom, diz-me a experiência a nível das empresas que os cortes cegos (desde que se não perca o bom senso e a noção das realidades e da equidade) são frequentemente um modo extremamente eficaz de eliminar desperdícios e a falta de rigor sem perda de eficácia. Sem esse tipo de medidas existe quase sempre uma boa justificação para manter tudo como está, ou agir neste campo de forma insuficiente. A pergunta que deixo é: será possível actuar do mesmo modo no caso do RSI, isto é, será possível que cortes cegos sejam mais eficazes no controle de quem deve ter acesso efectivo à prestação social do que apenas a introdução de uma fiscalização mais apertada? Ou pagará assim o justo pelo pecador? É exactamente esta a questão que terá de ser colocada, e caberá às entidades gestoras do RSI ir monitorizando a sua atribuição e corrigindo os eventuais desvios verificados. Assim sendo, seria bem mais interessante e cauteloso, por exemplo, que as verbas não fossem pura e simplesmente eliminadas na sua totalidade, mas uma parte delas ficasse cativa (em “contingência”) só podendo vir a ser movimentada em casos excepcionais e mediante autorização governamental ao mais alto nível. Se, como se diz tantas vezes, deitar dinheiro para cima dos problemas nem sempre ajuda a resolvê-los, frequentemente servindo apenas para alimentar ineficiências, cortar verbas, mesmo contra aquela que é a evolução da realidade social, pode não significar, necessariamente, agravar um problema. Mas exige que se esteja atento e, principalmente, que se aja de acordo com princípios, valores e respeito pela ideologia. Compete aos eleitores do PS garantir que assim se faça.

quarta-feira, março 17, 2010

Várias coisas que gostaria de saber sobre a PSP

  1. Se, e até que ponto, os agentes da PSP (os “normais” – digamos assim – e não os das forças especiais) andarem armados funciona, de facto, como um real dissuasor da criminalidade.
  2. Qual a frequência com que os agentes da PSP têm de usar a sua arma em verdadeira legítima defesa.
  3. Quais as normas e instruções efectivamente dadas pela hierarquia ao agentes no que diz respeito ao uso da arma que lhes está distribuída. Em que medida as instruções dadas seguem essas mesmas normas?
  4. Se existe um registo público dos processos e eventuais punições sofridas pelos agentes envolvidos em casos de morte ou ferimentos graves infligidos a terceiros e de que modo isso afectou as suas carreiras na corporação.
  5. Se os frequentes casos de morte de terceiros provocada por agentes da PSP, sem que esta possa alegar legítima defesa, em consonância com as pulsões securitárias populistas existentes e fomentadas na sociedade não se destinam, de facto, a funcionar como forma de pressão da instituição junto das instâncias políticas e judiciais no sentido de reivindicarem mais poder para a corporação e para as suas acções à margem da lei de um estado democrático e civilizado.
  6. Já agora, gostaria também de saber a opinião do ministro Rui Pereira, tão pronto a felicitar a PSP quando uma sua unidade especial abateu dois assaltantes de Banco a “sangue frio”, sobre a actuação da PSP no caso da morte do “rapper” Nuno Rodrigues.

Anglophilia (72)








Drakes ties

terça-feira, março 16, 2010

"Alice In Wonderland" by Sir John Tenniel (10)

Alice cramped in Rabbit's house

Pergunta de perguntar...

Analisado o trabalho destes primeiros meses, faria muita diferença se este governo ficasse reduzido a um só ministro e um só ministério? O das Finanças, pois claro!

Ainda a propósito de "Shutter Island", ou onde nos levam as conversas...

Lori Martin - "The Home Of The Boy I Love"
Palavra puxa palavra, conversa puxa conversa. Não sei se é mesmo assim mas dá jeito para o caso. Ora tendo-se ontem gerado por aqui uma interessante conversa a propósito de “Shutter Island”, que acabou em “Cape Fear”, o original de J. Lee Thompson e o “remake” de Scorsese, e na adolescente perversa protagonizada por Juliette Lewis neste último, dei por mim, enquanto “fan” da menina Lewis, a rebuscar quem teria sido Danielle Bowden no “Cape Fear” original, que não vi. E como o IMDB está lá para isso mesmo, concluí ter sido uma tal de Lori Martin, de quem nunca as minhas duas vidas, de cinéfilo e melómano, tinham ouvido falar. Nada que me envergonhe, dada a sua curtíssima carreira.

E porquê melómano? Porque, tal como Juliette Lewis, também Lori Martin fez uma incursão, mais ou menos bem sucedida, no mundo musical, em 1963. Digamos que não bem uma carreira, mas lá gravou, com sucesso relativo, um "single" para a bem conhecida Del-Fi Records, a mesma que editou alguns grupos de “surf music” e também o mais do que célebre, embora efémero, Ritchie Valens. O curioso é que esse "single" foi produzido - tan, tan, tan, tan!... - nada mais nada menos do que por Barry Mann, um dos nomes mais emblemáticos do Brill Building (isto anda mesmo tudo ligado, olá se anda!). Uma mais do que boa razão, portanto, para ouvirmos por aqui a menina Martin, antecessora, por certo que muito mais ingénua, da “devassa” miss Lewis. Ora oiçam lá!...

segunda-feira, março 15, 2010

É fartar, vilanagem!...

Pedro Passos Coelho afirma que Teixeira dos Santos deveria ter sido demitido por ter proferido a expressão “money for the boys” a propósito da verba para pagamento a presidentes de juntas de freguesia aprovada pela oposição. Não admira: grande parte do apoio à sua candidatura a presidente do PSD vem dos autarcas do partido.

Por sua vez, Belmiro de Azevedo manifestou-se favorável a medidas governamentais que favoreçam o consumo. Pois claro: uma boa parte do seu negócio (centros comerciais e telecomunicações) realiza-se no mercado interno e com certeza prosperaria com a adopção de tais medidas.

O problema, o pequeno problema em ambos os casos, é que depois de tal interrupção, tenho sérias dúvidas o programa pudesse mesmo continuar dentro de momentos...

Grace Slick (4)

Grace Slick - Janis Wood Nymph

A propósito de "Shutter Island"

Na sua crítica no “Ípsilon” a propósito de “Shutter Island”, Mário J. Torres fala de “Laura”, de Preminger, “O Arrependido”, de Jacques Tourneur e “Shock Corridor” de Samuel Fuller. Diz também que “o catálogo completo seria impossível e fastidioso”. Certo. Cá por mim, que dos que ele cita só vi “Laura”, acrescentaria, sem pensar mais de 5 segundos, “Suspicion”, “Spellbound” e “Vertigo”, de Hitchcock, “Cape Fear”, de Scorsese, ele mesmo (não tem qualquer mal citar-se a si próprio), e, talvez por aquela estranha personagem interpretada por Ben Kingsley, mas também por Kingsley, ele próprio, e as ressonâncias “nazis” no filme, o bem interessante “Death and the Maiden”, de Polanski, construído a partir do quarteto homónimo de Schubert. Já agora, e aquele obsessivo farol não nos remete para “The Lightship” de Jerzy Skolimowski?

Poderíamos continuar por aqui fora numa enumeração a várias mãos e quem nada conseguisse acrescentar perderia, o que só prova que sendo “Shutter Island” um filme “entretido”, que vale bem os seis euros, nada acrescenta de muito relevante àquilo que Scorsese já nos deu. Mas há muito que colecciono desilusões do autor e desde esse tempo que o meu Scorsese favorito passou a ser o de “The Blues” e “Il mio viaggio in Italia”. Se calhar não tanto por Scorsese; mas pelos que cita...

Nota: já depois de escrito o "post", um comentário de um leitor (a quem agradeço) fez-me descobrir que "O Arrependido" e "Out of the Past" são uma e a mesma coisa. Nesse caso, corrijo: vi o filme, claro.

domingo, março 14, 2010

O PSD(m-l), JPP e a liberdade de expressão

Num partido em que o principal estratega da actual direcção não fez nos últimos anos outra coisa senão tentar condicionar a informação que lhe é adversa e à direcção que integra, definindo ele próprio os padrões do que era ou não admissível, alguém se espanta com a aprovação em congresso de limitações graves à liberdade de expressão interna?

"For sentimental reasons" - original doo wop classics (14)

The Tune Weavers - "Happy, Happy Birthday Baby"

Congresso do PSD: a decisão realmente importante

O que de mais importante saiu do congresso do PSD? Ao não se deixar embalar no canto da sereia da liderança do partido, o nome do futuro Presidente da República, em 2016: Marcelo Rebelo de Sousa, pois claro.

sábado, março 13, 2010

Comentadores-militantes

O que terá levado a RTP 1 a escolher a jornalista Maria João Avillez, militante do PSD, como comentadora do congresso do partido no Telejornal de hoje? Fará algum sentido? Ou será que em futuro congresso do PS o escolhido poderá ser, por exemplo, Emídio Rangel?

Perdeu-se a noção...

Grindhouse Effect (9)

sexta-feira, março 12, 2010

Elvis Presley, 75 anos - original SUN recordings (6)

"You're A Heartbreaker" (J. Sallee)
Uma gravação de 28 de Dezembro de 1954 editada como "B side" do seu "3º single"

A escola de Fitares (Rio de Mouro) ou como há sempre algo a aprender com as tragédias (caso se queira, evidentemente...)

Se em vez de serem colocados de modo burocrático e impessoal por um computador do Ministério da Educação as escolas tivessem alguma autonomia e uma palavra a dizer no processo de contratação dos seus docentes, incluindo uma entrevista individual, era muito provável que escola básica de Fitares (Rio de Mouro) tivesse chegado à conclusão prévia de que o candidato a professor de música não reunia o perfil indicado para o exercício da profissão a que se candidatava.

Se a direcção da escola de Fitares, em vez de eleita pelos seus pares, fosse responsavelmente nomeada por uma entidade local, de proximidade, à qual teria de prestar contas em vez de o ter de fazer a um distante e burocrático ministério pelo qual não tinha sido nomeada, talvez tivesse sido obrigada a agir a tempo de evitar que os alunos tivessem perdido o seu tempo com um professor a quem não respeitavam e em cujas aulas o aproveitamento se deve ter aproximado do nulo e só terão contribuído para a criação de um ambiente de indisciplina e laxismo na escola.

Se ambas as condições, que acima descrevo, se tivessem verificado, talvez um cidadão emocionalmente frágil mas qualificado, que bem poderia realizar-se e ser feliz numa outra profissão e assim contribuir com o seu trabalho para a sociedade, para o seu país e para si próprio, não tivesse chegado ao ponto extremo de preferir o suicídio à vida.
Fica o recado dado, tanto ao inefável sindicalista Nogueira como à profissional de relações públicas que actualmente exerce as funções de ministra da educação.

quinta-feira, março 11, 2010

SLB - OM - um mau mas justo resultado

Num jogo disputado com o ritmo e intensidade de uma "Champions League", Pablo Aimar demonstrou porque, nos últimos anos, andou perdido no grande futebol: o SLB só conseguiu equlibrar o meio-campo e remeter o OM - que colectivamente é melhor equipa - para tarefas defensivas após a sua substituição. Serviu também para mostrar que Cardozo, muito útil a nível doméstico, está longe de ser um “ponta de lança” para estas vidas. Excelente jogo, duas boas equipas e resultado justo. Por muito que me doa... e dói!

Les Belles Anglaises (XXXIX)








Allard K2 (1950-1952)

Real Madrid: uma questão de cérebro ou da ausência dele

Vi o Real Madrid este ano, com atenção, uma meia dúzia de vezes. Da maioria delas me ficou a sensação de que a equipa se desequilibrava com demasiada facilidade, o que criava problemas nas suas transições defensivas. Não por deficiente constituição da equipa, má escolha dos elementos que a integram – Lassa Diarra e Xavi Alonso asseguram bem o equilíbrio a meio-campo e Sérgio Ramos e Arbeloa são laterais defensivamente competentes -; mas por que me parecia que toda a equipa tinha demasiada tendência para acompanhar as cavalgadas e movimentos ofensivos desequilibradores de Cristiano e Káká, numa sofreguidão que tendia a desposicioná-la colectivamente.

Ontem, o problema pareceu ter sido um pouco diferente. Na primeira parte a equipa foi igualmente sôfrega, mais coração e músculo do que cérebro. Mas, pressionando alto e mantendo um ritmo de jogo muito elevado, conseguiu manter-se equilibrada a, assim, o OL viu-se incapaz de sair a jogar e, na contingência, ter de se limitar às bolas longas para um pobre Lisandro meio perdido. O problema é que isso valeu-lhe apenas um golo e o fôlego parece ter-se esgotado por aí. Assim sendo, quando, por via desse esgotamento, o Madrid se viu obrigado a baixar o ritmo e intensidade do seu jogo e o assunto passou do coração e do músculo para o cérebro, surgiu um OL, que nunca abdicou da inteligência durante todo o jogo, maduro, colectivo, a saber muito bem o que haveria de fazer em todas as situações do jogo. E, depois, não marcar golos fora é sempre complicado quando do jogo em casa. Para o ano há mais...

Estranho país, este...

Estranho país, este, em que o facto de um primeiro ministro ter mentido ao parlamento sobre a compra por uma empresa privada onde o Estado detém uma “golden share” de uma participação numa outra empresa privada detentora de um canal de TV ocupa os deputados em semanas e meses a fio de discussões inúteis, enquanto o facto de a casa civil da Presidência da República ter conspirado politicamente contra o governo democraticamente eleito e o partido que o apoia, numa manobra, essa sim, contra o Estado de Direito Democrático, cai rapidamente no esquecimento. Estranho país, este. Muito estranho...

Nota: para que não me acusem de “socrático”, seja lá o que isso for, informo que subscrevo na totalidade este excelente “post” de Bernardo Pires de Lima.

quarta-feira, março 10, 2010

Cavaco Silva: uma entrevista para as sondagens

A entrevista do Presidente da República à RTP teve apenas um único objectivo e foi em função dele que foi cuidadosamente preparada, aliás na sequência de outras peças jornalísticas recentemente difundidas: fazer crescer os seus valores de popularidade nas próximas sondagens e estudos de opinião de modo a colocá-lo em situação mais vantajosa na corrida eleitoral que se aproxima. Digamos que, legitimamente, quer partir com avanço e jogar pelo seguro, deste modo pressionando Alegre e o PS.

Tudo o resto (descodificação, análises, interpretações, recados) constitui pura perda de tempo.

E se a Srª Procuradora-Geral Adjunta se deixasse de invenções?

Sim, eu sei que me vão dizer que não é bem a mesma coisa... Mas tribunal especial já houve um, para julgar os “crimes políticos” do antigamente e achava teria servido de vacina. E que tal um outro para julgar os ”ricos e poderosos”?, outro para os políticos? E, tribunal por tribunal, um outro constituído exclusivamente para julgar o casal McCann?

Mas quando é que esta gente deixa de inventar desculpas e sugerir disparates e se dedica a investigar e julgar com eficácia de acordo com a lei e respeitando os direitos, liberdades e garantias?

Beat (9)

Driving a cardboard automobile without a license - a poem by Lawrence Ferlinghetti

Driving a cardboard automobile without a license
at the turn of the century
my father ran into my mother
on a fun-ride at Coney Island
having spied each other eating
in a French boardinghouse nearby
And having decided right there and then
that she was right for him entirely
he followed her into
the playland of that evening
where the headlong meeting
of their ephemeral flesh on wheels
hurtled them forever together

And I now in the back seat
of their eternity
reaching out to embrace them

Os "fiscalistas" comentadores

Um “fiscalista” é um especialista em direito fiscal (o senhor de La Palice não diria melhor). Trocando a coisa por miúdos e tentando simplificar, é alguém conhecedor de todos os meandros da legislação tributária e cujo objectivo será, dentro da legalidade, reduzir ao mínimo possível o valor pago por uma entidade ou indivíduo em contribuições e impostos. Como disse, de modo muito genérico e simplificado é isto mesmo.

Acontece que, dada a maior complexidade das organizações e da legislação que as enquadra nesta área, também o maior volume de taxas e impostos a pagar e, consequentemente, das poupanças que o trabalho de um fiscalista aí pode gerar, a grande maioria dos seus clientes são empresas e instituições. Nada a obstar, claro, quer quanto ao seu legítimo trabalho, quer quanto à legalidade da sua actuação e bondade dos objectivos, seus e de quem os contrata.

Mas, tendo dito isto, o que já me parece mais questionável é a sua actual disseminação televisiva - e não só - como “comentadores”, “analistas” e “ofícios correlativos” sempre que se trata de analisar documentos que tenham que ver com as contas nacionais, como sejam orçamento de estado, PEC, etc. Sejamos claros... Em primeiro lugar, OE e PEC são documentos políticos e não puramente técnicos ou, muito menos, contabilísticos. Isto significa que na sua génese, elaboração e estabelecimento de objectivos estão presentes (e ainda bem) pressupostos políticos e ideológicos e na execução respectiva é essencial ter em conta as condições políticas, sociais e económicas da conjuntura e, pelo menos, do médio prazo. Em segundo lugar que, dado o objecto do seu negócio, os fins prosseguidos e a natureza dos seus clientes, muito dificilmente pode um fiscalista, principalmente os que nos “impigem” como comentadores, na sua maioria pertencentes aos grandes escritórios do ramo e tendo como clientes as grandes empresas, estar de acordo com algo que se não consubstancie numa simplificação tributária e numa diminuição da carga fiscal para essas mesmas empresas e respectivos empresários ou gestores. Estarão, pois, utilizando o jargão empresarial, biassed.

Quem me leia ou oiça até vai já achar estar na presença de um empedernido “comunista” ou “bloquista”, inimigo feroz da livre iniciativa e das grandes corporações. Nada disso; nada me move contra especialistas em direito fiscal, seu negócio e respectivos clientes. Que prosperem e façam prosperar os seus clientes e o país, são os desejos deste que se assina. Só que, em função do que acima expliquei, tê-los como comentadores e analistas será mais ou menos o mesmo do que perguntar à “Siemens” (por exemplo) sobre a justeza do TGV ou à peixeira se o peixe é fresco: fresquíssimo, não se está mesmo a ver! “Pescadinho” ali na praia há menos de uma hora!

terça-feira, março 09, 2010

No comments...

"Out of Africa" (2)



"Zulu", de Cy Endfield (1964)

Um PEC ideológico mas também inteligente

Independentemente de críticas ou elogios, há uma coisa que, tal como afirmou António Perez Metelo à TSF, não podemos deixar de dizer do PEC: tendo em atenção as condicionantes e circunstâncias, tem uma clara marca ideológica e não renega as suas origens e paternidade, isto é, trata-se, claramente, de um documento elaborado por um governo de centro-esquerda, social-democrata, embora com a amplitude suficiente para conseguir os apoios desejáveis em outras áreas políticas defensoras da livre iniciativa e da economia de mercado. Nesse aspecto, e em vários outros como, por exemplo, no facto de aumentar a carga fiscal sem aumentar as taxas de imposto, apenas o fazendo para os mais altos rendimentos (não tem qualquer reflexo significativo na arrecadação fiscal mas “cai bem”), assim não desmentindo de modo demasiado evidente as promessas eleitorais, é um documento habilidoso, mas simultaneamente inteligente. Também cauteloso no modo como parece evitar entrar por caminhos que possam vir a aumentar a crispação social, como aconteceria no caso de eventuais cortes nos salários da função pública. Igualmente demonstrando bom senso ao manter uma almofada de segurança criada por crescimentos previsíveis do PIB relativamente prudentes. Por fim, com a coragem suficiente para enfrentar o “lobby” portuense ao adiar a construção da linha de alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo, no que bem poderia ser uma pausa estratégica para um adiamento sine die (wishful thinking?).

Mas esta sua marca ideológica constitui também uma das suas fraquezas: não tendo dúvidas de que será conseguido um acordo mais ou menos tácito e alargado quanto à sua execução (não faria sentido de outro modo quando ele foi obtido para um orçamento bem mais questionável - e a avaliação positiva por parte da CIP é desde já um excelente sinal), pode o governo preparar-se para que a principal contestação a este PEC seja deixada aos “media”, onde a hegemonia da direita ultra-liberal e do populismo anti-regime não perderão a oportunidade de se fazer evidenciar. Aguardemos...

segunda-feira, março 08, 2010

Carvalhal e o SCP - ou de como o rapaz tímido da escola conseguiu um breve namoro com a "cheerleader"

Sabendo que não era o “noivo” desejado mas a solução que estava ali à mão depois do “prometido” ter abandonado a “noiva no altar”, Carlos Carvalhal aceitou treinar o Sporting Clube de Portugal com um contrato por meia época, tendo um conhecimento perfeito, salvo se o mais do que improvável acumular de êxitos desportivos retumbantes ditasse de outro modo, do que tal coisa significava. Depois, por falta de rigor ou de força para negociar uma diferente solução, qual rapaz tímido da escola que aceita um namoro contra-natura com a "cheerleader" sabendo que esta apenas pretende fazer ciúmes ao capitão da equipa de futebol seduzido pela rapariga “fácil” do grupo, sujeitou-se a uma apresentação “envergonhada” e humilhante, colocando-se numa posição de ainda maior fragilidade.

Agora, o SCP, actuando atempadamente e precavendo – e muito bem - o futuro, parece que já garantiu, como treinador para a próxima época, o regresso da “paixão da sua vida”. Eis senão quando a imprensa desportiva, sempre pronta a verter uma lágrima por fiéis defuntos, pelos humilhados e oprimidos da terra principalmente se e quando estas novelas de Corín Tellado fazem vender mais jornais, vem falar em “Carvalhal maltratado”, “comportamento indecoroso do SCP” e outros dislates no género... Mas estavam à espera de quê? Lêem todos muitas histórias de amor e esperavam que o sapo se transformasse em príncipe e fossem todos muito felizes? Vá lá que, até agora, e revelando a dignidade dos que, desde o início, conhecem bem qual o seu papel no enredo, ainda não vi nem ouvi Carvalhal vir a terreiro queixar-se do que já esperaria e se revelava inevitável. Fico até à espera do contrário: que o SCP e Carvalhal, dando uma boa lição aos nossos jornalistas desportivos, se comportem com o desejado bom senso e anunciem o fim do breve romance com o “fair play” e naturalidade das coisas inevitáveis.

É que, convenhamos, não terá sido uma linda história de amor, mas, para Carvalhal, o rapaz tímido da escola que fez tudo para prolongar o seu “estado de graça”, terá sido, de qualquer modo, muito bom enquanto durou.

"Back to the basics": Marty Robbins & Charlie Feathers (10)

Charlie Feathers - "One Hand Loose"

No dia de Kathryn Bigelow... a minha homenagem e ao seu melhor filme


"Strange Days" (1995)

domingo, março 07, 2010

Regimental Ties (6)

16th/5th The Queen's Royal Lancers
"The 16th/5th The Queen's Royal Lancers were a cavalry regiment of the British Army from 1922 to 1993. The regiment spent the Cold War mostly deployed in Germany, with tours in Northern Ireland, Cyprus, Aden and Hong Kong. During this time it was mostly operating as a reconnaissance unit. It operated in the Gulf War as part of 1 (British) Armoured Division. In 1993, as part of the reduction in forces after the end of the Cold War, it amalgamated with the 17th/21st Lancers to form The Queen's Royal Lancers."

José Sócrates e a mentira em política

Pedro Adão e Silva, alguém que vale sempre a pena ler ou ouvir, tem-se interrogado sobre se, dada a estrutura accionista da PT, o Estado teria poder para, por si só, impor o negócio PT/TVI contra o interesse dos restantes accionistas. PAS tem dúvidas, que eu partilho. Mas acrescento: mesmo que teoricamente tivesse esse poder, tenho dúvidas que fosse do seu interesse entrar numa mais do que provável gestão de conflitos com a restante estrutura accionista da empresa, ou parte dela.

Mas a questão relevante, e que irá ser discutida na comissão de inquérito da AR, não será de todo essa, mas, isso sim, se seria possível a efectivação do negócio sem que o Estado estivesse na posse de toda a informação importante e tivesse dado o seu aval; e isso já por aqui tenho dito várias vezes me parece altamente improvável se não mesmo impossível.

Mentiu, então, o primeiro-ministro? Muito provavelmente... Mas como também já neste “blogue” tenho afirmado, gerir, omitir e, até, manipular informação sempre foi condição necessária da actividade política, mesmo se pensarmos em alguns dos grandes estadistas das maiores democracias do século XX. Apenas na sociedade actual, em que domina a devassa da intimidade e das vidas privadas, se pode imaginar que alguma vez possa ser de outro modo. Abre isto então caminho à mentira como prática habitual da actividade política? Digamos que há mentiras e mentiras: mentir, como no caso do Iraque, para arrastar um país para uma guerra sem sentido é certamente muito grave; mentir sobre uma cena de sexo com uma estagiária torna ridículo quem questiona e decide investigar tal facto. E, em última análise, compete aos eleitores decidir.

Tendo dito isto: é grave José Sócrates ter mentido sobre o negócio PT/TVI? Francamente, tal como os 54% dos portugueses que acham ele deve continuar a governar, não me parece o caso seja de tal modo grave que justifique a penalização por mentir venha a constituir jurisprudência na política portuguesa. Pelo contrário: parece-me, isso sim, grave se isso vier a acontecer. Será, pois, altura de voltarmos ao que é básico e começarmos a julgar o primeiro-ministro e o governo pela sua actividade e “performance” políticas. E, pelo que se não tem visto por aí, muito haveria a perguntar e muito também haveria para responder. Decididamente, a TVI e o "Jornal de Sexta" não valem uma missa.

Ligeirinho, porque hoje joga o Benfica - 2. O CDS e o queijo Limiano

Paulo Rangel não se recorda de ter sido militante do CDS. Manuel Godinho de ter financiado o partido. O CDS de ter tido Freitas do Amaral como presidente. Não passará tudo isto pela ingestão, in illo tempore, de demasiado queijo Limiano?

Ligeirinho, porque hoje joga o Benfica - 1. Maria Filomena Mónica e a "força bruta"

Mª Filomena Mónica veio a terreiro um destes dias afirmar que os homens ganham, em média, mais do que as mulheres porque “têm músculos mais fortes e a força bruta ainda domina”. Bom, não me parece que a força bruta ainda domine tanto como isso, pelo menos depois das produtoras de gás butano terem começado a utilizar aqueles botijas que, de tão leves, nos deveriam ser entregues por uma “estupendaça” igual à da publicidade. Mas, claro, sabemos que os publicitários são uns exagerados e, assim, eu nunca vi nenhuma. Pelo vistos, MFM também exagera, já que, embora eu não seja antropólogo, quer-me cá parecer que a musculatura masculina será menos causa e mais consequência de, ao longo dos milénios, a maternidade e amamentação femininas terem remetido o homem a tarefas actualmente tão menosprezadas pelo sexo feminino como a caça e a guerra. Mas pode MFM estar descansada que, com o fim da caça como actividade de subsistência e da guerra ligada à força bruta e não à tecnologia, as coisas tenderão a equilibrar-se. É questão de ser paciente... Fica apenas o problema da maternidade por resolver, mas as cesarianas e os biberões poderão aqui dar uma boa ajuda...

Já agora. Claro que não nego a existência de uma discriminação negativa da mulher, em termos salariais e não só, no mercado de trabalho. Existem estatísticas e, para além da verdade nua e crua dos números, os exemplos são múltiplos e todos, directa ou indirectamente, conhecemos um ou vários casos. Mas, tendo dito isto, porque será que, embora todos também possamos disso apontar exemplos, nunca encontro qualquer afirmação explícita sobre casos de mulheres que singram na sua vida profissional utilizando quase exclusivamente a arma da sedução e do sexo? E porque será que se alguém (homem) ousa apontar disso um exemplo é de imediato rotulado de machista empedernido? Não estaremos aí em presença de um caso de discriminação positiva, que coloca as mulheres numa situação de vantagem para com os homens?

Muito bem, concordo existe desigualdade. Mas que tal se não olhássemos as coisas apenas de uma forma enviesada, de um só ponto de vista?

sexta-feira, março 05, 2010

História(s) da Música Popular (155)


Baron Manfred von Richthofen - The Red Baron

The Royal Guardsmen - "Snoopy Vs The Red Baron"

Bubblegum (VI)

Se me perguntarem qual considero uma das músicas mais divertidas da história da "pop" e que pavimentaram o caminho para o período áureo da "bubblegum music", não deixaria de citar “top of mind” o tema de 1966 dos Royal Guardsmen (Florida) “Snoopy Vs The Red Baron”. É que para além de ser divertido, remete-me de imediato para imagens e mitos caros à minha adolescência, como a descoberta dos “Peanuts” ou os livros de banda desenhada com as aventuras de Dogfight Dixon, ás do Royal Flying Corps e dos Sopwith Camel da Grande Guerra que eu cuidadosamente montava e pintava até o dia em que a empregada doméstica, num assomo de eficácia acrescida, decidia limpar-lhes o pó e o que atrás dele viesse... Ainda hoje não perco (alô!, Canal História) tudo o que são séries documentais ou de ficção com as histórias das principais batalhas aéreas e dos seus grandes heróis da Grande Guerra à WWII.

Pois este “Snoopy” dos Royal Guardsmen chegou a #2 no Billboard e, muito melhor do que isso, divertiu-me ao longo dos anos e ainda hoje não consigo deixar de esboçar um sorriso quando dele me lembro ou decido ouvi-lo, transformando o tal sorriso no mais puro dos gozos. Oiçam também e, já agora, vejam se lá pelo meio não descobrem uns “acordes” muito à “Louie Louie”, o tema dos Kingsmen cuja música, tal como a de outras “garage bands”, que muito terá servido de inspiração para a “bubblegum pop”.

Hoje no "Público" - ou de como é bom sentirmo-nos bem acompanhados

"Bacelar de Vasconcelos considera que o papel do Presidente não só cria falsas expectativas, como tem um papel "perverso" para o sistema político, já que "desresponsabiliza" os partidos e o Parlamento. Argumenta que os partidos negociariam acordos de governação com mais facilidade "se não tivessem a expectativa de que o Presidente é um apoio do Governo". Bacelar repudia ainda a convenção de que, "se isto der para o torto, o Presidente os mete na ordem". E, por tudo isto, defende a adopção do parlamentarismo: "Seria uma prova de maturidade da nossa democracia dispensar anjos protectores"."

Se gostou de "Band of Brothers"...


..."The Pacific" estreia no próximo dia 16 de Março no AXN

quinta-feira, março 04, 2010

The Classic Era of American Pulp Magazines (59)

Capa de Howard Parkhurst para "Planet Stories" (Verão de 1944)

Ah!, grande Garcia Pereira! Chegámos à triste situação de ter de ser o MRPP a dar lições de democracia!

Em dia de greve da FP: os portugueses, o Estado e as licenciaturas

Em Portugal ainda se insiste em ver a licenciatura como garantia de um emprego relativamente prestigiado e bem remunerado, como sinónimo de reconhecimento social num país onde o grau académico faz parte do nome. É compreensível que assim seja, num país onde até há umas dezenas de anos a maioria da população era pobre e vivia do trabalho braçal, na agricultura ou na indústria, de escasso empreendorismo e mobilidade social e onde a obtenção de um grau académico ainda corresponde, frequentemente, a sacrifícios familiares. Onde o próprio Estado cauciona tais percepções ao estabelecer carreiras estanques entre licenciados, sem distinção de curso ou universidade por onde se obtém a licenciatura, e não-licenciados, mesmo que estes possam estar perfeitamente aptos a exercer outras funções de maior complexidade e responsabilidade e o licenciado não passe e um burocrata medíocre e desinteressado.

É bom que os portugueses se habituem que não é bem assim (e a triste realidade já lhes entrou pela porta dentro ou está bem visível nos “check-outs” dos supermercados e nos “call centers”), e a licenciatura (e existem cursos e “cursos”, universidades e “universidades”) nada mais é do que uma ferramenta que lhes permite, pelo menos teoricamente, estar mais bem preparados para exercer um cargo na sua vida profissional e melhor enfrentar os seus desafios pessoais. Mas seria igualmente bom que o Estado desse o exemplo, acabando com distinções artificiais entre “carreiras”, nos casos em que isso se não justifica, e passando a premiar o mérito, a capacidade, a dedicação e a inteligência. Tornaria mais fácil fazer compreender aos cidadãos que, mesmo com licenciatura, talvez não fosse má ideia começarem a “fazer pela vidinha”.

Os deméritos das audições da "Comissão de Ética"

Ao contrário do que é voz corrente, as audições da Comissão de Ética da Assembleia da República sobre a tão propalada “liberdade de expressão" tiveram pelo menos dois méritos (talvez fosse de maior rigor chamar-lhes deméritos):
  1. Demonstrar má preparação dos deputados para o papel que lhes competia nessas mesmas audições, embora parte da responsabilidade possa também ser atribuída ao autêntico disparate que constitui o próprio objecto de investigação (é difícil alguém, mesmo que bem preparado, conseguir escapar incólume a tal cretinice).
  2. Pelo triste espectáculo protagonizado por Mário Crespo, Felícia Cabrita e Manuela Moura Guedes - embora, pelo seu percurso enquanto jornalista, eu ainda insista em fazer alguma distinção entre Mário Crespo e as duas jornalistas citadas - confirmar o perfil daqueles a quem tem estado entregue o papel dinamizador da agit-prop (é disso mesmo que se trata) da acção política da oposição, principalmente do seu maior partido, nos tempos mais recentes.

Como se pode concluir, nada disto contribui para o prestígio das instituições e da democracia. Também, claro está, do jornalismo, se é que tal coisa ainda existe e resiste.