quarta-feira, março 31, 2010

SLB-SC Braga e Bayern-Man. United: sorte? azar? lances fortuitos?

O Bayern-Man. United de ontem parece ser um bom exemplo daquilo dos que têm do futebol uma visão limitada pode designar por “sorte” ou “azar”, ou, como diria Domingos Paciência referindo-se ao recente SLB-SC Braga, dos jogos decididos através de lances fortuitos. Porquê? Bom, porque se o SLB-SC Braga foi decidido por um ressalto que colocou a bola á mercê de Luisão, para o golo (um lance fortuito, afirmou Domingos com demasiada ligeireza – já veremos porquê), ontem, foram uma escorregadela de Demichelis, um ressalto em Wayne Rooney e, vá lá, uma desconcentração de Patrice Evra nos últimos trinta segundos do jogo que deram origem aos golos e ditaram o resultado final. Azar? Sorte? Lances fortuitos? Bom, sorte e azar fazem parte do jogo e são por vezes decisivos, principalmente num desporto em que, na esmagadora maioria dos casos, vantagem e desvantagem se medem de forma muito escassa, em termos de golos, e onde a inversão de um resultado é quase sempre tarefa difícil. Mas terá sido esse o caso de sábado e de ontem? Não me parece...

Vejamos. No SLB-SC Braga o ressalto que favorece Luisão nasce de um segundo pontapé de canto consecutivo, resultado da enorme pressão exercida pelo SLB no sentido de conseguir alcançar vantagem antes do intervalo contra uma equipa que é sabido ser extremamente forte defensivamente. Ora este tipo de lances de bola parada, favorecendo enorme concentração de jogadores dentro da área, é sempre propiciadora de ressaltos de resultado imprevisível. O SLB, forte nas bolas paradas, forçou essas situações e Domingos, embora sabendo isso, ao jogar num bloco muito baixo, não se mostrou demasiado preocupado em as evitar, antes esse modelo de jogo da sua equipa proporcionando o seu aparecimento com maior frequência.

Já ontem, no Bayern- Man. United, embora Demichelis tenha escorregado no lance do primeiro golo, deixando Rooney á vontade frente a Butt, não se pode esquecer o lance ter tido origem numa falta do mesmo Demichelis sobre Nani, numa entrada “à tractor” muito comum aos defesas “mais em força do que em jeito” tentando intimidar os avançados contrários, principalmente os mais habilidosos, logo no início dos jogos. É pois numa falta estúpida, provocada por um jogador pouco inteligente, que o lance do golo acaba por ter origem, convém lembrar.

E se o primeiro golo do Bayern nasce de um livre que tabela em Wayne Rooney, enganando Van der Saar, também não deixa de ser verdade que foram o alto ritmo e a intensidade de jogo do Bayern, obrigando o United a recuar as suas linhas e impedindo que saísse a jogar e fizesse circular a bola, que deram origem a que se jogasse, na maior parte do segundo tempo, nos primeiros trinta e três metros do terreno de jogo. A falta e o correspondente livre directo foram pois, e apenas, uma das consequências do modo como a equipa de Ferguson se viu obrigada a jogar, por mérito do adversário.

Ah!, resta o 2-1 e a desconcentração de Patrice Evra, permitindo que Olic surgisse “do nada”. Pois... Mais uma consequência da pressão do Bayern e do volume de jogo que caiu sobre o United na segunda parte. Não se podem manter altíssimos níveis de concentração o tempo todo, e quando “não se tem bola” – a posse de bola permite “descansar” - e enorme volume de jogo obriga uma equipa a defender “baixo” a maior parte do tempo, na zona onde qualquer erro se paga caro, surgem fatalmente os momentos de menor concentração, e até de relaxe, exactamente quando e onde isso não pode acontecer. Foi o que se passou com Evra nos “descontos”, quando, exausto, já pedia a todos os anjos do céu que o “tirassem dali” e a sua cabeça estava mais no apito do árbitro e num favorável empate a uma bola do que no que ainda tinha que fazer em campo. Foi um momento que no início do jogo, ou num jogo com outras características, por certo nunca existiria.

Sorte? Azar? Lances fortuitos? Sim, claro, mas também muita inteligência, muita capacidade individual e colectiva e, claro, muito trabalho

10 comentários:

pois disse...

Já dizia um muito querido slb que a sorte dá muito trabalho. No entanto acho que alguns são lances de sorte e outros nem por isso. Dizem que foi sorte o Marselha chegar a acordo com o Lucho bastante tarde pois se o fizesse antes o Ramirez estaria no Dragão (e lesionado do modo que vão as coisas). Mas outros lances não foram sorte. Apostar no JJ, não me parce ter sido por sorte; tirar o David Luis da ala e coloca-lo no centro, não me parce ter sido por sorte; motivar e proteger o F. Coentrão nas usbidas pela ala, não me parce ter sido por sorte, empolgar toda a equipa incluindo o circense Maria, não me parce ter sido por sorte, gerir a capacidade do Aimar para dispôr do seu jogo o mais prolongadamente possível, não me parce ter sido por sorte, fazer do Cardoso o lider da lista de melhores marcadores, isso já me parce ter sido uma sorte (dele) dos diabos - adequa-se

Anónimo disse...

E a sorte protege os audazes.
O mau perder do fêcêpê e apêndices têm desculpa para tudo.
Não há paciência. Nem aos domingos.

Anónimo disse...

e os túneis? ninguém fala?

A

JC disse...

Peço desculpa, mas depois de verem (espero tenham visto) um jogo como o Arsenal-Barça, ainda têm paciência para falar de túneis?

O Sexto Pê disse...

Exactamente! Pouco antes do golo do Luisão já eu tinha comentado que o Braga estava a deixar o Benfica subir demasiado. E foi o que se viu. Parece-me que o Domingos ainda anda a aprender mas, verdade seja dita, aprende bastante depressa. No Dragão (apesar das muitas teorias da conspiração) cometeu o erro de tentar surpreender o Porto em casa mexendo nas posições e jogando de peito aberto, mas foi ele o surpreendido com a troca de posição do Varela. Na Luz, contando já com o Madrid e dois defesas centrais equilibrados (no Dragão tiveram que jogar dois defesas centrais direitos), fechou mais o jogo na primeira parte e foi ao terminá-la que perdeu (aqui parece azar mas, como se viu, foi apenas a consequência natural da pressão do Benfica). O Benfica está a jogar muito e é, neste momento, a melhor equipa a jogar futebol em Portugal; mas o meu Braguinha não se está a sair nada mal.

JC disse...

Pois claro que não está, caro Sexto Pê. Está mesmo a sair-se muito bem.

Pereira disse...

POR SORTE, FOI PARA A ZONA DA LUISÂO, SE FOSSE PARA OS PES DO CARDOSO, AINDA HOJE ANDAVA A PROCURA DO PE

UM LAMPIAO

JC disse...

Já agora, essa do 6º pê tem mtª graça, se os outros 5 forem os habituais quando se fala de Braga!... Um atributo um pouco injusto para uma cidade onde há tantos benfiquistas e mais gente decente, mas que ficou para a posteridade...
Cumprimentos

O Sexto Pê disse...

Lampião: não é por acaso que o JJ instrui o Luisão para subir à área contrária. Aliás, o Braga faz o mesmo com os seus centrais e foi por centímetros que o Moisés falhou o empate. Terá sido azar?

O Sexto Pê disse...

JC: se deixarmos o sentido de humor de lado, o que nos sobra? Um mundo sensaborão?