sábado, março 20, 2010

OM-SLB - crónica final do enviado-especial do "Gato Maltês" ao Vélodrome

9:00h O enviado-especial do “Galto Maltês” aterra em Marselha. O choque não poderia ser maior! Vindo da cosmopolita Londres, aterro numa cidade que, apesar de todo o potencial da sua localização mediterrânica, parece abandonada. De costas voltadas para o mar, suja e degradada, a cidade é o oposto de tudo o que poderia ser. Ficamos desde logo mais orgulhosos da nossa querida Lisboa!

16:00h Junto-me à grande comunidade benfiquista na avenida do Prado. Somos uma ilha no meio da massa azul que se desloca em direcção ao Vélodrome. Junto a mim estão todos os habitués nestas deslocações do Glorioso. Desde o calado e sisudo Barbas até ao extrovertido Jorge Máximo, que ao fim de 10 minutos já é o meu melhor amigo!

17:00h Chegada ao Vélodrome. Passagem na loja dos ultras do Marselha para comprar um cachecol do jogo. Lado esquerdo Marselha, lado direito do Benfica. Este vai ficar na galeria! À volta do estádio o ambiente é fantástico, uma mistura de adeptos dos dois clubes, que em comum tinham apenas uma coisa: não eram Franceses. De um lado Argelinos e Magrebinos, do outro Portugueses. Franceses? Será que ainda os há em Marselha? Num dia inteiro vi poucos!

18:00h Tentamos entrar no estádio. Os acessos são ainda piores que os do antigo estádio da Luz. Demoramos 30 minutos a ir de uma porta à outra. No total 1,5 km de caminho (contados pelo GPS do telemóvel). Incrível! E isto foi um estádio do Mundial de 98!

18:30h Finalmente entramos na porta exterior do estádio. “Visiteurs”? É a pergunta dos “stewards”. "À la droite, si’il vous plait!" Somos levados pelos próprios “stewards” para um pavilhão colado ao estádio. Lá dentro, cerca de 50 polícias de intervenção, com cara amigável mas ar de que, se necessário, me arrumavam em menos de 5 minutos. Após agregarem todos os adeptos do Glorioso, os polícias abrem a portas do pavilhão e somos escoltados até à entrada das bancadas. O Estádio é uma desilusão ainda maior que a zona circundante! Somos colocados numa bancada lateral entre duas redes que nos retiram a visibilidade do campo (vi o jogo todo aos quadradinhos). Realmente, a memória é curta e já não estamos habituados a este tipo de condições!

19:00h Vai começar o jogo! O ambiente é incrível! Um pano gigante em cada topo do estádio, claques de 20 mil adeptos! Ambiente mais característico de um estádio grego ou argentino, do que de um francês!

19:45h A primeira parte passou e confirmou-se o que já estava à espera: Muito equilíbrio e o Benfica a tentar fazer as despesas do jogo! Isto vai ser até ao último minuto!
Começam a chover cadeiras e garrafas de água vindas da bancada dos adeptos do Marselha! Já a ver onde aquilo ia parar, tentei sair da bancada, mas fui impedido pela polícia de intervenção. Estamos presos na bancada e sujeitos a levar na cabeça com tudo o que os Franceses tiverem à mão! Tudo acalma com o inicio da segunda parte. Resultado ao intervalo: um adepto do Benfica ferido com uma garrafa na cabeça!

20:50h A segunda parte confirmou a grandeza da nossa equipa. Kardec marca e o estádio fica calado. Só se ouve: “Ninguém pára o Benfica …” E não é que este ano, ninguém pára mesmo o Benfica!

21:50h Só ao fim de uma hora nos deixam sair do Estádio! Já sem voz de tanto gritar, dirijo-me para o aeroporto onde me espera o avião com destino a Lisboa. Chegado ao aeroporto, digo ao Luís Filipe: “Presidente, você renove já com o homem, porque agora já somos todos católicos”. Engraçado que toda a direcção do Benfica estava a torcer pelo Sporting. Quando dei a notícia da eliminação dos lagartos à entrada para o avião, todos responderam: “Agora resta-lhes estragar-nos a vida”.

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