segunda-feira, março 08, 2010

Carvalhal e o SCP - ou de como o rapaz tímido da escola conseguiu um breve namoro com a "cheerleader"

Sabendo que não era o “noivo” desejado mas a solução que estava ali à mão depois do “prometido” ter abandonado a “noiva no altar”, Carlos Carvalhal aceitou treinar o Sporting Clube de Portugal com um contrato por meia época, tendo um conhecimento perfeito, salvo se o mais do que improvável acumular de êxitos desportivos retumbantes ditasse de outro modo, do que tal coisa significava. Depois, por falta de rigor ou de força para negociar uma diferente solução, qual rapaz tímido da escola que aceita um namoro contra-natura com a "cheerleader" sabendo que esta apenas pretende fazer ciúmes ao capitão da equipa de futebol seduzido pela rapariga “fácil” do grupo, sujeitou-se a uma apresentação “envergonhada” e humilhante, colocando-se numa posição de ainda maior fragilidade.

Agora, o SCP, actuando atempadamente e precavendo – e muito bem - o futuro, parece que já garantiu, como treinador para a próxima época, o regresso da “paixão da sua vida”. Eis senão quando a imprensa desportiva, sempre pronta a verter uma lágrima por fiéis defuntos, pelos humilhados e oprimidos da terra principalmente se e quando estas novelas de Corín Tellado fazem vender mais jornais, vem falar em “Carvalhal maltratado”, “comportamento indecoroso do SCP” e outros dislates no género... Mas estavam à espera de quê? Lêem todos muitas histórias de amor e esperavam que o sapo se transformasse em príncipe e fossem todos muito felizes? Vá lá que, até agora, e revelando a dignidade dos que, desde o início, conhecem bem qual o seu papel no enredo, ainda não vi nem ouvi Carvalhal vir a terreiro queixar-se do que já esperaria e se revelava inevitável. Fico até à espera do contrário: que o SCP e Carvalhal, dando uma boa lição aos nossos jornalistas desportivos, se comportem com o desejado bom senso e anunciem o fim do breve romance com o “fair play” e naturalidade das coisas inevitáveis.

É que, convenhamos, não terá sido uma linda história de amor, mas, para Carvalhal, o rapaz tímido da escola que fez tudo para prolongar o seu “estado de graça”, terá sido, de qualquer modo, muito bom enquanto durou.

2 comentários:

gin-tonic disse...

Em plena ditadura o jornalista Carlos Pinhão disse que "o jornalismo desportivo era o melhor jornalismo português".
De facto "A Bola" era um jornal bem feito, de referEncia e bem escrito.
Carlos Pinhão esquecia (?) que os jornais desportivos tinham um privilégio: não iam à censura.
Sempre considerei esta afirmação de uma grande infelicidade e uma enorme injustiça para com os camaradas de profissão, que por causa dessa mesma censura,eram obrigados a saber escrever nas entrelinhas.
Lembrei-me disto, a propósito deste teu comentário.
O que se passa com o jornalismo desportivo - e não só! mas é deste que agora se trata - é uma javardice que ultrapassa tudo aquilo que seria possível.
Um vale tudo para vender papel que roça a obscenidade.
O que se passa com o Sporting é um filme que já vi exibido no "Glorioso". Também fizemos destas tristes figuras.
Mas parece que aprendemos qualquer coisa. Custou bastante esta aprendizagem...
E não pára de chover!

JC disse...

Tenho dúvidas o jornalismo desportivo alguma vez tenha sido o melhor jornalismo português. "A Bola" era indiscutivelmente bem escrito, por gente culta (Pinhão, Farinha, Miranda, Aurélio), mas sempre teve posições mtº pouco críticas, demasiado contemporizadoras s/ o futebol e o desporto português em geral.Penso, mesmo, foi co-responsável na criação de um sem número de mitos e conceitos rsponsáveis pelo atraso desportivo do país. O conceito do futebol "malandro", dos "pequeninos que batem o pé aos grandes", do "futebol de pé para pé", dos Pedrotos e quejandos,enfim, da falta de ambição, do provincianismo, teve em "A Bola" raízes bem adubadas. Digamos que em termos desportivos sempre foi um jornal conservador. Hoje... Bom, hoje recuso-me a comprar tal coisa. Está ao serviço dos clubes, empresários e interesses vários.
Olha, e hoje não chove! Ontem, se tivesse apanhado "bicha" na bilheteira da "Catedral" tinha vindo num "pinto".
Abraço