terça-feira, março 31, 2009

Lima de Freitas e Vergílio Ferreira (2)

Desenho de Lima de Freitas para "A Face Sangrenta", de Vergílio Ferreira. Edição especial
"Contraponto" (1953) de 500 exemplares numerados e rubricados pelo autor e 5 desenhos "hors text" em papel L1. Esta gravura foi digitalizada do exemplar nº 376.

segunda-feira, março 30, 2009

Scolari, Queiroz e as rupturas que definem as lideranças

A capacidade de criar e gerir rupturas, de as assumir sem receio, é uma das características que define quem tem carisma e capacidade de liderança. Luís Filipe Scolari assumiu essa ruptura em relação ao FCP com o “caso” Vítor Baía, e começou aí a impor-se perante o grupo que comandava e a maioria do país. Carlos Queiroz, ao convocar Beto, um guarda-redes de 1,82m sem qualquer experiência de grandes competições e que ele próprio, Queiroz, sabe bem nunca será uma solução para o “grande futebol”, cedeu a alguma “rua” e a uma parte da opinião publicada, preferindo o consenso à ruptura.

Nestas pequenas coisas começam e acabam as vitórias. Assim, neste tipo de opções, se começam a gerar os sucessos ou insucessos.

Descubra as diferenças

Octávio Machado - ex-jogador e treinador de futebol

João Palma - Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público

História(s) da Música Popular (123)

Jackie DeShannon - "When You Walk In The Room"

Jackie DeShannon - "Needles And Pins"
"Under The Influence" - The original songs of the "British Invasion" (VI)
Pois claro que por aqui não poderia faltar uma das minhas favoritas, não só porque a ela devem os Searchers dois dos seu maiores êxitos, como porque, em 1964, quando da primeira digressão dos Beatles nos USA, foi um os intérpretes que a integrou. Estou a falar, claro, de Jackie DeShannon (Sharon Lee Myers, 1944, Kentucky), autora de “When You Walk In The Room” e intérprete original desse mesmo tema e de “Needles And Pins”, de Sony Bono (marido de Cher e seu parceiro no duo Sony & Cher; mais tarde político republicano) e Jack Nitzsche.

Jackie gravou ambos os temas em 1963, com sucesso mediano nos USA, e os Searchers (mais um grupo de Liverpool que partilhava o “manager” Brian Epstein com os Beatles e também andou pelo distrito portuário de St. Pauli, Hamburgo) em 1964, tendo “Needles And Pins” atingido o top do “hit parade” no UK e “When You Walk In The Room” o 3º lugar.

A colaboração de Jackie com a “British Invasion não se ficou por aqui, pois a sua parceria musical (e de “cama”, já agora) com o sortudo Jimmy Page daria ainda outros frutos – musicais, entenda-se. Também a influência americana sobre os Searchers (que até tomaram este nome como homenagem ao filme homónimo de John Ford) já vinha do seu primeiro “single” e primeiro #1, “Sweets For My Sweet”. Mas isso são assuntos a retomar em próxima oportunidade.
Nota: já agora, "Needles And Pins" não significa "Agulhas e Alfinetes", mas pode traduzir-se por "formigueiro", aquela estranha sensação de ansiedade quando se está perante o objecto da nossa paixão!

Les Belles Anglaises (XXIV)






Alvis Speed 25 Offord Roadster (1936-1940)

domingo, março 29, 2009

Blindness (2)

Reverend "Blind" Gary Davis - "My Heart Is Fixed"

"Fidei Defensor" e o "Público"

“Os reis britânicos são por definição e automaticamente os líderes da Igreja de Inglaterra - fruto da ruptura de Henrique VIII com Roma no século XVI. As leis de sucessão são determinadas pelo Act of Settlement, adoptado em 1701, numa época de enorme hostilidade aos católicos, e dão os reis como "defensores da fé".

Uma nota em relação a esta notícia do “Público” de ontem, 28 de Março: o título “defender of the faith” (Fidei Defensor ) é muito anterior ao "Act of Settlement". Ele foi concedido a Henrique VIII pelo Papa Leão X, em 1521, como recompensa de um escrito do monarca contra Martinho Lutero. Mais tarde, depois de Henrique VIII ter rompido com Roma, foi-lhe retirado pelo Papa Paulo III e restaurado por decisão do Parlamento em 1544.

sábado, março 28, 2009

Portugal-Suécia: futebol sem balizas e um tal Bruno Prata

A selecção portuguesa de futebol marcou zero golos em dois jogos com a Suécia, zero golos com a Albânia em casa e um golo, fruto de um "penalty" inexistente, em casa, num jogo particular com a Finlândia. Segundo as estatísticas, rematou sempre mais de vinte vezes por jogo. Falta de um “ponta de lança”? Apenas uma parte da verdade, mas que, por isso, está longe de explicar tudo.

Na realidade, 80 ou 90% dos remates da selecção portuguesa são efectuados em condições pouco propícias ao êxito. Porquê? Porque Portugal adopta um modelo de jogo que cria poucas rupturas na área de finalização, com demasiados passes curtos, de pé para pé, muito previsível, com falta de capacidade de desmarcação. Bonito, mas ineficaz. Nos restantes 10 ou 20% dos casos, para além da falta do “tal” “ponta de lança” sobressai aquele que sempre foi um problema importante do jogador português (salvo excepções): uma deficiente técnica de remate e pouca frieza e má escolha de opções frente à baliza. Um problema de formação e que tem origem na falta de competitividade dos escalões jovens e no desnível existente no principal campeonato português, onde, por isso mesmo, se pode falhar mais e se joga preferencialmente em contra-ataque. Sintomático que Pedro Pauleta nunca tenha jogado na 1ª Liga portuguesa.

Falta apenas marcar? Falta, mas não apenas; por isso, e para que isso aconteça, talvez seja melhor ir mais a montante e pensar em coisas básicas tais como os princípios e modelo de jogo da selecção. Caso contrário, estaremos, uma vez mais, perante mitos tais como a "geração de oiro" e o tal futebol de “fio de jogo”: “sem balizas”, dos "pardalitos do Choupal", que fez escola com José Maria Pedroto e foi responsável por um atraso de vinte anos no futebol português.

Nota: hilariante é ouvir e ler Bruno Prata, o jornalista que mais inteligente e consequentemente representa e exprime os interesses do FCP e do seu presidente, analisar o trabalho de Carlos Queiroz comparando essa análise com o que escrevia sobre Scolari. Mercenarismo puro e simples. Há quem se preste!

Para os meus amigos lagartos; provando que não estão sózinhos no mundo e já houve erros bem mais graves sem tanta histeria à mistura (5)

Euro 2008. Holanda, 3-Itália, 0. 1º golo da Holanda da autoria de Ruud van Nistelrooij. O golo foi bastante controverso, depois da UEFA declarar que o jogador italiano, fora das quatro linhas após choque com Buffon, estaria a colocar van Nistelrooij em jogo. Ficou a controvérsia, para além de uma excelente exibição da Holanda que, contudo, não a levou muito longe.

sexta-feira, março 27, 2009

Freeport? Propaganda e contra-propaganda...

Um artigo do bastonário da Ordem dos Advogados, editado na respectiva revista e, na prática, aparecendo aos olhos da opinião pública como favorável ao primeiro-ministro, veio relançar hoje o chamado “caso Freeport” para as aberturas de telejornais e noticiários da manhã. Ao fim da tarde, a TVI, de imediato citada pelo “Público” on-line, contra-atacou com uma notícia incriminando José Sócrates. Jornalismo? Investigação? Não: apenas manobras de informação e contra-informação. Ou, se acharem melhor, propaganda e contra-propaganda.

Blindness (1)

"Blind" Willie Johnson - "Trouble Soon Be Over"

Segurança, criminalidade e o "povo da SIC": um país de tristes!

Nada melhor do que os chamados “fóruns de opinião” para auscultar o que pensa o “povo da SIC”. Esta manhã lá resisti, enquanto pude (uma boa ½ hora de esforço), ao fórum da TSF, hoje sobre segurança e criminalidade o que é algo que, à partida, desencadeia os sentimentos mais primários e, desculpem-me a expressão, trogloditas do “bom povo”.

Três notas que retirei, para além da costumeiro megafone que tal oportunidade constitui para as associações das forças de segurança clamarem por mais meios (então e as novas pistolas para os “meninos” treinarem na cabeça de pretos, ciganos e brasileiros?) e o dito “povo da SIC” demonstrar a mais abjecta xenofobia, atentar contra o estado de direito democrático e os direitos, liberdades e garantias que estão na sua essência:

  1. As forças de segurança, em vez de andarem na “caça à multa” por os automobilistas excederem a velocidade limite ou pisarem o traço contínuo, deveriam, isso sim, perseguir a criminalidade (sic). Conclusão: não tem qualquer importância a infracção da lei desde que seja eu (eles) a fazê-lo. Mesmo que a infracção da lei (neste caso o “código da estrada”) ponha em risco a vida de inocentes. A minha, por exemplo. Fiquei esclarecido.
  2. Quando oiço a veemência contra os criminosos, os políticos (que para o “povo da SIC” são uma e a mesma coisa), os árbitros, os banqueiros, os imigrantes, etc, etc e depois verifico a condescendência com que são tratados os “heróis” que prevaricam, tais como os jogadores de futebol profissionais que esmurram árbitros e seleccionadores com a justificação de que “coitado, teve um mau momento mas já deu muito ao desporto português”, o batalhão de inúteis que preenche as páginas das revistas cor de rosa, muitos deles não pagando um cêntimo de impostos aos Estado para ajudar a colmatar a tal – hipotética – “falta de meios”, ou os autarcas suspeitos de actividades ilícitas que são orgulhosamente reconduzidos nos seus cargos por votação popular, também concluo que sim senhor: penas duras para os que prevaricam desde que não sejam “os nossos”. Aqueles de quem, por uma ou outra razão, gostamos e nos sentimos próximos.
  3. “O Estado – uma cambada de inúteis - só serve para cobrar impostos e não dá às polícias condições para zelarem pela nossa segurança”. Interpretação: “não gosto de pagar os meus impostos e sempre que posso não o faço. Deixa-me lá arranjar uma boa desculpa, para mim próprio, que o justifique”.

Ita missa est!

Dedicado aos meus amigos lagartos; provando que não estão sózinhos no mundo e já houve erros bem mais graves sem tanta histeria à mistura (4)

A "mão de Vata", pois claro, para não pensarem que sou faccioso.
Taça dos Campeões Europeus, época de 1989/90. 18 de Abril de 1990. S. L. Benfica-Olympique Marseille, 2ª mão das meias-finais. Na 1ª mão o OM tinha ganho 2-1. Aos 83' de jogo, um golo de Vata,com a mão, qualifica o Benfica para a final, no Prater, que viria a perder por 1-0 com o A. C. Milan. Confesso, como nota pessoal, que sendo o meu lugar no 2º anel entre a linha de meio-campo e a linha de grande área, e assistindo ao jogo com familiares e amigos, nenhum de nós, no estádio, se apercebeu da irregularidade.

quinta-feira, março 26, 2009

As "testemunhas abonatórias" do jogador Pedro Silva

Até agora, o jogador Pedro Silva arrolou como "testemunhas abonatórias" do seu “peitaço” em Lucílio Baptista nada mais nada menos do que dois indivíduos de carácter e passado inquestionáveis e impolutos: os ex-jogadores Ricardo Sá Pinto, o tal do murro em Artur Jorge, então seleccionador nacional, e João Vieira Pinto, que também não se fez rogado, em plena fase final do Mundial da Coreia/Japão, perante o árbitro Angel Sanchez. Por este caminho, Lucílio Baptista não tardará a apresentar como testemunha abonatória da sua isenção um tal José Guímaro e Filipe Soares Franco já terá pensado mesmo, em caso de necessidade, na contratação de um tal Lourenço Pinto, mui ilustre causídico de nobres causas “futeboleiras”.

Decididamente, perdeu-se a noção. De quê? Do ridículo, do bom senso, da vergonha, da decência!

Lima de Freitas e Vergílio Ferreira (1)

Desenho de Lima de Freitas para "A Face Sangrenta", de Vergílio Ferreira. Edição especial "Contraponto" (1953) de 500 exemplares numerados e rubricados pelo autor e 5 desenhos "hors text" em papel L1. Esta gravura foi digitalizada do exemplar nº 376.

PS, PSD e Provedor de Justiça: apenas um episódio de luta política que como tal deve ser visto e (bem) aceite

Peço desculpa por ir contra a corrente ou contra o moralismo hipócrita dominante, mas não me parece seja algo de despropositado ou condenável a guerra travada entre os dois maiores partidos políticos sobre a nomeação do Provedor de Justiça ou, sequer, que se esteja perante algo de secundário, uma “guerra de alecrim e manjerona” mais ou menos incompreensível ou desrespeitadora dos cidadãos e do chamado “interesse nacional”. O que está efectivamente em causa, já se percebeu, nem sequer é uma disputa pelo domínio de um cargo não tanto assim relevante ou influente no domínio do aparelho de estado, mas um guerrilha de desgaste permanente, uma luta já não assim tão surda como isso e que já integrou inclusivamente alguns “mind games” muito à José Mourinho visando o enfraquecimento mútuo de ambos os partidos (PS e PSD) perante a opinião pública, tendo como principal objectivo as eleições legislativas e a luta pelos votos dos portugueses.

Estamos, portanto, perante um episódio de luta política, e esta tanto se expressa ao nível das ideias e dos conceitos (a "ideologia" vista frequentemente como o lado “nobre” da política), concretizadas nas propostas para o país, como também da “imagem” e credibilidade de cada um dos partidos junto da opinião pública e que, em última análise, podem condicionar e determinar o sentido de voto de muitos cidadãos e o resultado das eleições. E todos bem sabemos como uma mão cheia de votos pode vir a determinar a renovação, ou não, da actual maioria absoluta do PS. E quanto essa renovação seria penalizadora para o PSD de Ferreira Leite. Ou o falhanço desse objectivo causaria problemas quase insolúveis para os socialistas.

Problemas? São, com certeza, conhecidos, estando medidos e calculados: enquanto lutam na porta da frente contra o inimigo principal um outro pode tentar entrar pelas traseiras. Aliás, isso tem acontecido com a subida de CDS, PCP e “Bloco” nas sondagens. Veremos a abstenção. Veremos também a consistência do actual ordenamento constitucional e quanto este resiste às pulsões presidencialistas, mais ou menos autoritárias, que se vão manifestando. Mas não me parece sejam essas questões estruturais que preocupam PSD e PS a 3 meses das europeias e 6 ou 7 das legislativas. De momento, reina a conjuntura. E, vejam bem!, até admito tenham razão.

Dedicado aos meus amigos lagartos; provando que não estão sózinhos no mundo e já houve erros bem mais graves sem tanta histeria à mistura (3)

A "Mão de Deus", pois claro.
Fase final do Mundial de 1986, no México. 1/4 de final. Inglaterra-Argentina uns anos depois do conflito das Falkland. Deste modo foi a Inglaterra de Bobby Robson afastada e a Argentina embalou para o título. O "site" da FIFA chama-lhe "the most infamous [goal] in FIFA World Cup history".

quarta-feira, março 25, 2009

Espanhol ou castelhano?

Um reparo ao “Público” e à “Lusa”. Não existe língua espanhola, pela simples razão de que em Espanha existem várias nacionalidades cada uma expressando-se numa língua diferente: castelhano, basco, galego, catalão, etc. Aquilo a que a notícia da “Lusa” se refere será certamente a língua castelhana, oficial em toda a Espanha. De qualquer modo, uma língua cuja aprendizagem deveria ser obrigatória nas escolas portuguesas, logo a seguir ao inglês.

Dedicado aos meus amigos "lagartos"; provando que não estão sózinhos no mundo e já houve erros bem mais graves sem tanta histeria à mistura (2)

Estádio da Luz. Portugal-URSS. Jogo decisivo de qualificação para a fase final do Europeu de 1984. Falso "penalty" (a falta é fora da área) cometido sobre Chalana e convertido por Jordão qualifica Portugal, que viria a ser semi-finalista perdendo no prolongamento com a França de Platini por 3-2.

terça-feira, março 24, 2009

História(s) da Música Popular (122)

Gerry & The Pacemakers - "You're The Reason"

Bobby Edwards - "You're The Reason"
"Under The Influence" - The original songs of the "British Invasion" (V)
Ora encerremos o capítulo Alexander (Arthur) e a sua influência no "Liverpool Sound". Neste caso falamos de Gerry & The Pacemakers, um dos grupos (eu acho) mais característicos do som Merseyside e que partilhava com os Beatles o “manager” Brian Espstein. Curiosamente, um grupo, com uma ou outra excepção das quais a maior é o célebre “You’ll Never Walk Alone”, um original de Rodgers & Hammerstein, da opereta Carousel, cantado ubiquamente nos estádios britânicos, cujos maiores sucessos (”Ferry Cross The Mersey”. “I Like It”, “How Do You Do It”) são originais do próprio Gerry (Marsden) ou de Mitch Murray.

Pois Gerry Marsden lá gravou, em 1963, este tema “You’re The Reason”, que Alexander incluiu no seu álbum “You Better Move On” de 1962. Mas atenção: neste caso não estamos a falar de um original de Alexander, pois trata-se, isso sim, de um tema “country” de Bobby Edwards, de 1961, composto por ele próprio e Mildred Imes, Fred Henley e Terry Fell, o que acentua e contrasta ainda mais com a transformação sofrida para o som puro, metálico e claro de Gerry & the Pacemakers e a voz anasalada e tão característica de Marsden Ora oiçam!

António Barreto, o presidencialismo e o "pessimismo militante"

António Barreto, personalidade que merece a minha admiração e respeito como intelectual, investigador e político (ou ex-político), tem razão no diagnóstico mas não no que prescreve para curar a doença (“Público” do passado domingo). De facto, “as nomeações parlamentares, especialmente as que exigem 2/3 dos votos, deveriam ser reexaminadas”. Acontece, por exemplo, com as nomeações de alguns juizes para o Tribunal Constitucional, para além da actualmente em causa referente ao Provedor de Justiça. Mas já “associar o Presidente da República a essas nomeações” parecer-me-ia um tremendo erro, colocando-o no centro do conflito político e retirando-lhe muita da sua autoridade com árbitro e moderador.

Mas há que descodificar António Barreto, personalidade que nos últimos tempos se tem aproximado das posições de alguns pessimistas militantes (Medina Carreira, por exemplo) que reclamam um “deslizar” do regime no sentido de um semi-presidencialismo “à francesa”, ou até mesmo de um regime presidencial “tout court”. Fora de época e de perspectiva de exequibilidade os apelos a um golpe militar que instituísse, mesmo que transitoriamente, um regime autoritário ou pelo menos “musculado”, à semelhança do acontecido com alguns republicanos conservadores perante o "canto da sereia" do 28 de Maio de 1926 (a maioria, como Cunha Leal, rapidamente se arrependeu), a solução presidencialista (inexistente na Europa da UE) tem feito infelizmente algum caminho, como “mal menor”, para os que advogam que uma solução que “condicione” a democracia poderia ser a resposta para a exequibilidade das reformas de que o país carece. É de algum modo neste contexto, por exemplo, que se insere a “gaffe” da democracia “entre parênteses” de Manuela Ferreira Leite, não tão ingénua como possa à primeira vista ter parecido.

Claro que o mau funcionamento dos partidos e das instituições, a sua imagem degradada perante o “povo da SIC”, ajuda a que estas posições tendam a fazer o seu caminho, e essa é de facto a doença. Que a democracia morra da cura já me parece algo a afastar liminarmente. Até porque, independentemente de questões ideológicas de princípio da defesa do estado de direito democrático na sua essência, e das quais não abdico, o Presidente da República, numa solução desse tipo, rapidamente perderia a sua imagem de instância arbitral e suprapartidária, que faz o seu prestígio e justifica o lugar que ocupa nas sondagens e estudos de opinião.

Dedicado aos meus amigos "lagartos"; provando que não estão sózinhos no mundo e já houve erros bem mais graves sem tanta histeria à mistura (1)

1966. Final do Campeonato do Mundo. Inglaterra-RFA. 3º golo da Inglaterra, da autoria de Geoff (por favor, ler "djeff") Hurst. Com este golo(?), obtido no prolongamento, a Inglaterra desempatou passando a liderar o marcador (3-2). Resultado final: Inglaterra, 4 - RFA, 2. ´Conclusão: único título de campeã do mundo para a selecção inglesa.

segunda-feira, março 23, 2009

Rui Santos e o recurso às novas tecnologias

Ontem, o impagável Rui Santos, na SIC N – que, diga-se, continua a prestar um péssimo serviço ao futebol tal como agora a TVI 24 ao recorrer ao pior que existe em Portugal no comentário futebolístico - conseguiu estar mais de uma hora a discorrer(?) sobre o “penalty” mal assinalado na final da Taça da Liga, afirmando e tentando provar, a dado momento, que a introdução das novas tecnologias na arbitragem não iria provocar um aumento das pausas e tempos mortos no jogo. Para tal, cronometrou o tempo de paragem que mediou entre o árbitro ter assinalado a grande penalidade e esta ser efectivamente marcada, concluindo que este não seria maior se houvesse possibilidade de recurso ao vídeo-árbitro.

Vício de raciocínio, claro está, pois no caso de ser possível um recurso às novas tecnologias em casos semelhantes, de forma indiscriminada, os árbitros tenderiam, em sua própria defesa, a optar por autênticos concertos de apito, interrompendo o jogo e assinalando falta, a confirmar ou não com o posterior visionamento das imagens, à mais pequena dúvida (ou menos do que isso).

Quando se defende uma inovação, há que estar ciente de todas as suas implicações, não é assim?

Anglophilia (58)

"I Vow To Thee, My Country" (Cecil Spring-Rice - Gustav Holst)

domingo, março 22, 2009

"Lucy in the Sky with Diamonds" (22)

Joint Show: a moment¹s grace for all those who live on the razor¹s edge & a new spectre for those alive on the shores of the Pacific:
See Wes Wilson, Victor Moscoso, & Baby Blue, Stanley Mouse, Alton Kelly, and Rick Griffin, in the flesh: Also Country Joe and the Fish

Moore Gallery, San Francisco, California, 1967

"Habite agora; pague depois". Ou mais um exemplo de uma medida positiva que o excesso ou a má propaganda podem anular

Nas empresas e nas famílias, quando se tem dificuldade em cumprir com os compromissos de curto prazo renegoceia-se a dívida, prazos e modos de pagamento, tentando que esta ou uma sua parte se possam diferir e esperando e agindo no sentido de que a situação entretanto melhore. Afastado ou filtrado o ruído, é exactamente esta uma das alternativas que o governo concede a quem está desempregado e tem uma casa para pagar: diferir pagamentos durante dois anos, esperando que entretanto a situação da pessoa ou família em causa melhore, permitindo-lhe, nesse futuro próximo, cumprir o compromisso assumido na sua totalidade (dívida em atraso + dívida remanescente). Com esta acção concede-se também à Banca, na difícil situação actual do sector, a possibilidade de esperar algum tempo por uma execução da hipoteca no caso de incumprimento.

Poderá dar origem a uma sobrecarga de pagamentos futuros e a eventual situação de incumprimento, daí resultante, por parte de quem aderir a este modelo? É bem possível que isso possa acontecer em alguns casos, quando a situação das famílias em causa não melhorar. Mas partindo do elementar princípio que só irá aderir a este programa quem não tenha qualquer hipótese de pagar actualmente a prestação da sua casa (utilizando a expressão comum: “quem esteja com a corda na garganta”), não só isso aconteceria já, no momento presente, para a sua totalidade (caso não existisse a possibilidade agora aberta), como algumas famílias poderão entretanto ver a sua situação de desemprego resolvida e, finalmente, conseguir cumprir com os compromissos assumidos. Poucas? Uma ou duas? Será sempre positivo!

Porquê então tanto ruído? Muita responsabilidade do governo no modo como anunciou a medida, explicando-a mal e amplificando demasiado algo que é, indiscutivelmente, apenas mais uma hipótese de ajuda para alguns e não a salvação nacional. É que, embora a propaganda não seja, em si mesma, algo de negativo ou condenável, quando a “promessa” excede as capacidades e potencialidades do “produto” tende a voltar-se contra este, prejudicando seriamente o seu êxito e de outros produtos futuros com a mesma origem. E, além de tudo o mais, abre portas a uma muito maior eficácia da chamada contra-propaganda, neste momento, apesar das queixas de José Pacheco Pereira contra RTP e DN (entre outros), talvez já com expressão maioritária na comunicação social. Pode ser que o governo, sem dar por isso, esteja mesmo a brincar de aprendiz de feiticeiro... Que se cuide!...

"Imperdoável" será não ver "Grand Torino"

Com “Grand Torino”, Clint Eastwood remete-nos para o seu “Unforgiven” e para o tempo em que ainda valia a pena ver cinema. Tempo que é também o de hoje quando estamos perante um objecto como este e outros dos filmes de Eastwood. Também uma homenagem ao multiculturalismo. Quem diria, “Dirty” Harry?

Imperdoável será mesmo ficar em casa!

sábado, março 21, 2009

Desculpem lá, amigos "lagartos"


Sim, eu sei que jogámos pouco, mas o Sporting não jogou muito mais e alguns dos seus jogadores andaram todo o jogo a ver se conseguiam fazer-se expulsar. Também sei - reconheço - que não foi "penalty". Mas as minhas desculpas aos meus amigos "lagartos": precisávamos desta vitória para que o mundo nos não caísse em cima. Muito mais do que vocês. Fica para a próxima, se não se importam. Está bem?

As Capas de Cândido Costa Pinto (55)

Capa de CCP para "Atrás da Cortina", de Earl Derr Biggers, nº 69 da "Colecção Vampiro"

sexta-feira, março 20, 2009

"Make us laugh", Donald!

Donald O'Connor in "Singing In The Rain", de Stanley Donen e Gene Kelly (1952)
Não sou nem nunca fui grande entusiasta de musicais, mas entre as poucas, ou muito poucas, excepções está “Singing In The Rain”, de Gene Kelly e Stanley Donen. A propósito de Kubrick (imaginem!), e de “Clockwork Orange”, já por aqui tive a oportunidade de incluir a sequência da chuva, com Gene Kelly, mas ficaria bem mal comigo próprio de não “inventasse” um pretexto para mostrar aquela que é, de facto, a minha sequência favorita do filme. O pretexto? Nenhum, a bem dizer, excepto o facto de gostar de mostrar por aqui sequências de alguns dos meus filmes de cabeceira em que o som (música, ruído ou só o silêncio) assumem um papel fundamental.

Pois agora ela aqui está, a sequência em que Donald O’Connor interpreta “Make Them Laugh”. Nunca, ou eu pelo menos não me lembro de isso alguma vez ter acontecido, a música, o canto, a dança, o burlesco e a ginástica se misturaram de forma tão perfeita de molde a dar-nos tanto prazer, a tanto nos divertir. Extraordinário!

Antena 1: pura e simples incompetência

O spot de TV promovendo a Antena 1 e baseado numa crítica explicita ao direito de manifestação - algo fundamental num estado democrático concordemos ou não com as reivindicações e os objectivos, a cada momento, em causa – é, pura e simplesmente e numa primeira abordagem, má publicidade. Em primeiro lugar porque coloca contra si uma percentagem significativa da população portuguesa – habitual participante em manifestações - que poderá constituir inclusivamente o “core-target” da estação. Em segundo lugar porque, ao criticar o direito de manifestação recorrendo a um argumento populista e demagógico, de natureza “fascizante” (é preciso não ter medo das palavras), atingindo o estado de direito democrático na sua essência, alarga significativamente o universo de potenciais ouvintes que nele se não reconhece a largas centenas de milhares que não participam habitualmente em manifestações, afastando-os da audição da Antena 1. Em terceiro lugar, e de um ponto de vista meramente técnico, a “marca” a promover (Antena 1) não integra a pequena parte do “spot” que é memorizável (“contra quem quer chegar a horas”), prejudicando notoriamente os níveis de recordação da marca, logo, a eficácia da campanha. Em quarto lugar porque, em virtude das duas primeiras razões apresentadas, se vira contra os interesses do próprio accionista da estação (o Estado, actualmente representado pelo governo de José Sócrates e do PS), prejudicando gravemente os objectivos que este persegue e, em última análise, todos seus "stakeholders": aqueles que se reconhecem nos valores da democracia. Por último, porque é demonstrativo de falta de profissionalismo e da adopção de uma metodologia errada por parte de quem o desenvolveu e aprovou, já que, se tivesse sido desenvolvido de forma correcta, com recurso a metodologias de pré-teste e/ou por profissionais qualificados, facilmente os problemas agora emergentes teriam sido detectados em tempo útil e a sua exibição impedida.

Por todas estas razões, embora não comungando da ideia dos que acham seja caso para forçar a direcção da Antena 1 a demitir-se, seria salutar, a bem do rigor e do profissionalismo que deveria nortear a actuação de qualquer serviço público, da defesa do seu accionista e ouvintes e, em última análise, do estado de direito democrático, que os responsáveis pelo desenvolvimento e aprovação de tal disparate fossem publicamente responsabilizados e afastados dos cargos que, pelos vistos incompetentemente, ocupam. Com pouca ou nenhuma esperança, no entanto, o afirmo.

S. C. de Braga: os pontos nos ii

O Sporting de Braga terá um dos maiores orçamentos da 1ª Liga logo a seguir aos três grandes: cerca de 7 milhões de euros (o FCP terá 40 milhões, o SLB 30 M e o SCP 25M), o que não deverá andar muito longe dos valores orçamentados pelos dois clubes da Madeira, Marítimo e Nacional, largamente subvencionados pelo governo regional. Infelizmente, o site da LPFP não disponibiliza os orçamentos dos clubes que a integram (o que é de espantar!), mas, pelo que consegui apurar, os valores não andarão muito longe dos que aqui apresento. Para além disso, o S. C. Braga tem contado com o total apoio, a nível de infraestruturas e contribuições várias, daquela que será, hoje em dia, a terceira mais importante câmara municipal do país, de uma cidade que tem crescido em importância, podendo afirmar-se que esta entidade é, de facto, a verdadeira proprietária do clube.

Em função disso, penso que a carreira da equipa na 1ª Liga e na Taça UEFA, ao contrário do que afirmam as parangonas de alguma imprensa sempre pronta a encontrar novos heróis e a esquecer quem tem pés de barro (quando o Boavista foi campeão e chegou a 10’ da final da Taça UEFA lembram-se de alguém ter chamado a atenção para o que podia vir a suceder ao clube?) nada tem de excepcional e transcendente, limitando-se a reflectir com normalidade esta situação: o S. C. Braga dificilmente chegará a um dos três primeiros lugares da Liga e limitou-se a ficar nos melhores dezasseis da Taça UEFA. Como aqui disse em resposta a um comentário de um leitor, em post anterior, a equipa pratica um futebol agradável de ver, de posse e circulação de bola, mas “macio” e sul-americanizado, pouco amplo e com dificuldades em criar rupturas. Pouco eficaz na grande-área, portanto, e insuficiente para se tornar ganhador, principalmente a nível europeu. É aquilo a que gosto de chamar o futebol de “fio de jogo”, que assume a sua inferioridade tal qual a Académica dos anos 60 ou o V. de Setúbal de Pedroto, que, apesar das provas europeias terem na altura menos eliminatórias e incluírem uma pouco exigente Taça das Taças – e não contando com o facto de Setúbal ser ao tempo a cidade mais progressiva do país - nunca passou dos ¼ de final europeus.

Fará - o S. C. Braga - aqui e ali um “brilharete”, tal como a selecção nacional dos velhos tempos do “futebol sem balizas”. Fácil, quando nada mais lhe é exigido...

quinta-feira, março 19, 2009

The Roulette Years (8)

Rock-A-Teens - "Lotta Boppin'"

A falta de credibilidade de Alegre poderá arrastar consigo o PS?

Manuel Alegre foi resistente contra a ditadura, exilado político, poeta militante de qualidade inequívoca e importância inquestionável no apoio aos que lutaram pela liberdade, militante do PS desde 1974, lutador pela liberdade durante o PREC, figura de relevo da cultura portuguesa; uma referência, portanto, da minha geração.

Tudo isso deveria ser mais do que suficiente para ter ganho algum respeito por si próprio, tanto como o que nós, pelos motivos acima invocados, por ele granjeámos. Para que nem ele nem nós de vez o percamos, deveria Alegre pensar duas vezes antes de proferir alguns disparates, tal como afirmações sobre as convicções democráticas do primeiro rei de Portugal a propósito de um regime angolano de liberdades, no mínimo, controladas ou, agora, a intenção de resolver a crise através do aumento generalizado de salários ao mesmo tempo que afirma dever ser o desemprego a grande prioridade. Aliás, diga-se, nunca pelas boas razões (as que acima refiro) teve Manuel Alegre tanto espaço e tempo na comunicação social como o que tem agora conseguido desde que abriu caminho a afirmações como estas últimas, donde se conclui que parece importar muito mais a notoriedade do “meio” do que a consistência e seriedade da mensagem.

A pergunta que fica, no entanto - e antes do seu anunciado encontro com José Sócrates -, é que credibilidade restará a um PS que venha a integrar nas suas listas de candidatura alguém cuja agenda e propostas políticas são cada vez mais as do PCP e do “Bloco”, ou que credibilidade restará a ambos, PS e Alegre, se este o vier a aceitar.

É que, desculpem-me a expressão, já não há muita paciência para tal folhetim, sugerindo que em situação iminente de ruptura talvez fosse chegado o momento de ambos recorrerem a aconselhamento matrimonial!

quarta-feira, março 18, 2009

Walter Trier's "Lilliput" (2)

Razão porque o aumento do salário mínimo, dos subsídios de sobrevivência ou das pensões não são prioridade para a resolução da crise

Ora vamos lá mais uma vez tentar ser claros.

Questões sociais à parte (repito, para não ser mal interpretado, questões sociais à parte e tentemos delas abstrair por um momento), por muito legítimas que o sejam (e são-no), na actual conjuntura o apoio social às famílias não deverá centrar-se no aumento de pensões, de ordenado mínimo ou subsídios de sobrevivência, por muito baixos que estes sejam e não posso negar essa evidência, mas sim no apoio aos desempregados e trabalhadores em situação temporária de "lay-off" ou em risco de desemprego, quer através das transferências do Estado para as famílias, quer pelo apoio do Estado às empresas viáveis mas em situação conjunturalmente frágil. Expliquemo-nos.

Pensionistas e trabalhadores pouco qualificados viram o seu rendimento real crescer com a crise, dado o aumento do diferencial entre a taxa de inflação (em queda acentuada) e o aumento das retribuições este ano superior à média dos anos anteriores. Claro que esses rendimentos continuam a ser muito baixos – não é isso que está em causa – mas, conjunturalmente, sofreram um ajustamento positivo não negligenciável. Ora a quase totalidade dos seus rendimentos é consumida em bens de primeira necessidade, cujas empresas produtoras não sofrerão por esta via grandes variações negativas na procura. Mais ainda, o efeito conjugado do aumento do desemprego e das expectativas pessimistas do resto da população tenderá a que largos sectores desta iniciem e consolidem um movimento de “trade down”, substituindo bens mais sofisticados por outros mais básicos e mais baratos, o que contribuirá para o aumento da procura desse tipo de bens possibilitando às empresas que os produzem (as bem geridas, entenda-se) o oxigénio necessário à sua viabilidade.

O problema situa-se pois a outro nível, o da diminuição global da procura de bens e serviços “intermédios” (chamemo-lhes assim), principalmente bens de consumo duradouro e serviços da área do lazer, por efeito conjugado do desemprego e do “lay off” em sectores onde os trabalhadores auferiam razoáveis vencimentos (casos do sector automóvel e de empresas como a Qimonda, por exemplo), bem como da substituição do consumo por poupança e do citado efeito de "trade down" na população que tem emprego, em razão das expectativas negativas e das dificuldades de acesso ao crédito. Por muito que possa doer e revelar alguma insensibilidade social, este é, no momento, um dos nós do problema que é necessário o governo afrouxar e ajudar a desatar. Utilizando a frase do costume, desta vez "é mesmo a classe média, estúpido"!

Claro que uma percentagem elevada deste bens e serviços “intermédios” incluirá uma forte componente importada, o que agravará o déficit externo e a ajudará, pelo menos na aparência, mais a resolver a crise em Espanha, na Alemanha ou no UK do que no nosso próprio país. “Trompe d’oeil”, pois no actual quadro de globalização contribuir para resolver a crise em qualquer dos nossos principais parceiros significa também (ou esperemos que signifique) aumentar as nossas exportações e, assim, resolvê-la também um pouco internamente. Esta uma das razões porque não pode existir uma solução nacional, mas que também bem espelha os perigos de uma deriva nacionalista, razão suficiente para os que sempre defenderam a necessidade do aprofundamento político da UE.

Beat (3)

"In Back of the Real " - a poem by Alan Ginsberg

railroad yard in San Jose
I wandered desolate
in front of a tank factory
and sat on a bench
near the switchman's shack.
A flower lay on the hay on
the asphalt highway
--the dread hay flower
I thought--It had a
brittle black stem and
corolla of yellowish dirty
spikes like Jesus' inchlong
crown, and a soiled
dry center cotton tuft
like a used shaving brush
that's been lying under
the garage for a year.
Yellow, yellow flower, and
flower of industry,
tough spiky ugly flower,
flower nonetheless,
with the form of the great yellow
Rose in your brain!
This is the flower of the World

terça-feira, março 17, 2009

Escola da Lagoa Negra: o pior da luta partidária e do péssimo jornalismo de mãos dadas

O caso da escola da Lagoa Negra (que raio de nome para uma escola!) junta duas das piores realidades existentes em Portugal: o pior jornalismo e o pior da luta partidária - alimentados pelo atraso de uma população maioritariamente inculta, acrescente-se. Ao lado de tudo isto passam realidades que deviam seriamente, elas sim, ser o foco das atenções, tais como a correcta integração escolar de crianças de diferentes etnias e/ou com problemas de aprendizagem, os problemas de racismo e xenofobia eventualmente existentes no país e de integração das minorias, a melhoria das instalações escolares, o modo como são geridas as pequenas autarquias e a sua participação no desenvolvimento local e na gestão das escolas, a preparação dos próprios autarcas e, last but not least, a formação e independência dos jornalistas. Ah! - e já agora - o baixíssimo nível de alguma “blogosfera”, perfeitamente ao nível das caixas de comentários dos jornais desportivos “on-line”. Mas que interesse tem tudo isto perante aquilo que aparenta ser uma excelente arma de arremesso?

Querem um exemplo? Esta notícia do “Público” cita o secretário da Junta de Freguesia e titula: “Junta desmente...”. Confirmou o jornalista se o referido secretário está mandatado pela Junta? A que partido pertence? (o que é crucial saber). Existem outros interesses ou rivalidades locais em jogo? De que modo a Junta (e, já agora, o município a que pertence) acompanhou o processo desde o seu início? Contactou a DREN, o Alto-Comissariado para a Imigração ou outro organismo competente para apresentar as razões da sua discordância? Que resposta teve? Colocou e discutiu a questão em Assembleia de Freguesia? Falou com as estruturas locais do seu partido, qualquer que ele seja? Antes de chamarem a ministra Maria de Lurdes Rodrigues a S. Bento - o que vai resolver coisa nenhuma no caso presente e é apenas mais um episódio da luta política no sector da educação - tentaram PSD, PCP e "Bloco" informar-se e tirar conclusões através das estruturas responsáveis pelos problemas da educação certamente existentes em cada um desses partidos?

Nada disto nos é dito e penso não valer a pena continuar... pois a lista de questões seria certamente infindável.

Sim, eu sei que estou a ser irrealista, mas deixem-me por favor concluir na minha santa ingenuidade: um nojo!

História(s) da Música Popular (121)

Arthur Alexander - "A Shot of Rhythm and Blues"

Johnny Kid & The Pirates - "A Shot of Rhythm and Blues"

"Under The Influence" - The original songs of the "British Invasion" (IV)

Voltemos a Arthur Alexander e também aos Beatles, pois afirmei no primeiro post desta série que o grupo tinha gravado mais um tema de Alexander, “Soldier of Love”, incluído na colectânea “Live at the BBC” editada já em 1994. É apenas parcialmente verdade, pois gravou um outro que, embora não sendo da autoria de Alexander (“Soldier of Love" também não o é), foi por este lançado nos USA em 1961 como “B” side de “You Better Move On”: “A Shot of Rhythm and Blues”.

O lapso tem uma explicação bem simples: a versão dos Beatles de “A Shot of Rhythm and Blues”, para além de só ter sido editada “postumamente” e por isso mesmo a sua influência no fenómeno da “British Invasion” ter sido quase inexistente, está longe de ser o cover britânico mais conhecido do tema gravado originalmente por Alexander. Essa responsabilidade cabe inteirinha a Johnny Kid & The Pirates, que a gravou e editou em “single” em 1962 (o original de Alexander é do ano anterior), embora um grupo do "Liverpool sound" que partilhava o “manager” Brian Epstein com os Beatles (Gerry and the Pacemakers) também o tenha gravado um ano mais tarde, em 1963. E não só, pois gravaria também nesse mesmo ano um outro tema original de Alexander que iremos deixar para a próxima.

5 capas de Vespeira (5)

Capa de Marcelino Vespeira para "Os Flagelados do Vento Leste" de Manuel Lopes. Editora Ulisseia

segunda-feira, março 16, 2009

A música em Kubrick (12)

Franz Schubert (1797-1828) - German Dance nº 1 em Dó maior (1811). Da banda sonora do filme "Barry Lyndon" (1975)

SLB: em defesa de Quique e Rui Costa e contra a inconstância dos últimos anos.

Querem ver como mudar de projecto todos os anos só conduz ao desperdício de recursos e à inconsistência que leva ao insucesso? Um exemplo.

Fernando Santos, um treinador provinciano mas competente, o único português para além de José Mourinho que treina com regularidade e relativo sucesso no 1º mundo futebolístico, embora numa 2ª divisão europeia, adoptava um modelo de posse e circulação de bola, apoiado num 4X4X2 em losango. Como tinha Nelson e Leo, laterais atacantes indispensáveis para jogar desse modo - isto é, sem extremos –, bem como um ponta de lança e um médio que entravam bem nas alas (Miccoli e Karagounis) e Simão, anteriormente um extremo, é um jogador tacticamente culto, que entende bem as diversas situações do jogo e sabe aparecer no meio, na área, o “todo” fazia sentido. Com esta base sugeriu a contratação de um “poste de área”, que lhe possibilitasse a adopção de um modelo alternativo quando necessário. Veio Cardozo.

De repente, Miccoli e Karagounis, jogadores base deste modelo, saíram. A importância de Simão aumentava exponencialmente (até por causa das bolas paradas) e Fernando Santos lá preparou a época fazendo de Simão o seu jogador-base. Ficou sem ele depois da pré-época. Como conhece mal o mercado mundial, não havia ainda Rui Costa nas suas actuais funções e já era tarde, vieram os disparates na maioria das contratações.

Depois de uma época com um treinador medíocre (Camacho), em que se não descortinava a existência de um qualquer modelo ou ideia de jogo, veio Quique, um treinador espanhol do 1º mundo futebolístico que, tal como Rafa Benitez, adopta um modelo de transições rápidas e passes longos num 4X4X2 clássico. Houve que contratar extremos, mandar embora os laterais demasiado atacantes e que por isso “não cabiam”, felizmente que Rui Costa abandonou pois um nº10 como ele, apesar da sua enorme categoria, dificilmente entraria nestas contas e lá se foi ao mercado contratar um ponta de lança rápido e móvel como Suazo. Resultado? Agora Cardozo, por quem o SLB pagou cerca de 10 milhões, parece demasiadas vezes um corpo estranho num modelo que dificilmente o comporta, excepto como solução de último recurso.

Tem sido esta a inconstância e o disparate do Benfica dos últimos anos. Não se pode repetir.

Nota: A responsabilidade da crise do Benfica passa também muito pelos benfiquistas que não integram os orgãos dirigentes. Não falando de alguns idiotas úteis que de futebol nada entendem, ver associados que são glórias do clube, como José Augusto, propor hoje em “O Jogo” o despedimento de Quique Flores e a contratação de treinadores como Manuel Cajuda ou Jorge Jesus, sabendo que um projecto consequente para o clube tem obrigatoriamente de comportar um treinador da 1ª divisão europeia, só pode fazer arrepiar os cabelos. Que raio, caro Zé, a idade não explica tudo e você sempre me pareceu jovem de espírito!

José Sócrates e a manifestação da CGTP: acusação de carácter ou crítica política?

Existem formas mais ou menos inteligentes de dizer a mesma coisa, mesmo sem se cair no politicamente correcto ou nas habituais não-respostas. Ao afirmar que os trabalhadores presentes na manifestação da passada sexta-feira estão a ser manipulados pelo PCP e pelo “Bloco de Esquerda”, o primeiro-ministro estará talvez a dizer uma verdade, mas fá-lo de molde a suscitar o imediato repúdio dos manifestantes por considerarem que lhes estão a chamar estúpidos, a reacção emocional dos simpatizantes desses partidos e da comunicação social sobre a emergência de uma nova “campanha negra, as habituais acusações de autoritarismo vindas de vários sectores e a inevitável analogia com idênticas afirmações dirigidas à oposição democrática vindas dos governantes da ditadura. Digamos que é muito mais uma acusação de carácter do que uma crítica política.

Teria sido igualmente mais verdadeiro e bem mais sensato se José Sócrates tivesse afirmado, singelamente, que a agenda sindical da CGTP se confunde com a agenda política de PCP e “Bloco”, não apresentando, simultaneamente e enquanto central sindical aos seus filiados, quaisquer perspectivas ou soluções que contribuam, de uma forma eficaz, para a defesa dos trabalhadores numa crise como a actual. Talvez aproveitando também para a afirmar que a maior ameaça que paira sobre os trabalhadores neste ano em que os aumentos contratuais excederam significativamente a inflação é o desemprego e que os principais sindicatos mobilizados pela CGTP são os da Função Pública, onde esse problema, pura e simplesmente, não existe. Neste caso, diferentemente, estaríamos perante uma argumentação e uma crítica políticas. A adequada a quem exerce funções governativas.

domingo, março 15, 2009

A Guerra (Aqui) Mesmo Ao Lado (39)

C.N.T., A.I.T., F.A.I.: Contra el matonismo militar, la fuerza invencible del Proletariado
[Against the military bullying, the invincible force of the Proletariat].
Signed: Muro.. Confederación Regional de Levante. Lit. García Cantos. Valencia Controlado, C.N.T. U.G.T. Lithograph, 6 colors; 100 x 70 cm.

"In the first days of the war, when less than thirty percent of the regular army remained loyal to the government, popular militias were formed by the left-wing political parties and unions in cities throughout Spain to defend the Republic. This poster depicts an anarchist militiaman wresting a bloodstained dagger-a symbol of treachery-from his diminutive Nationalist opponent. The caricatured enemy wears an antiquated uniform, a reflection of the old-fashioned system he represents. In contrast, the anarchist militiaman wears no uniform save for a red cap and bandanna, symbols of his solidarity with the revolutionary cause.
Although the militias fared well in streetfighting forays against the military rebels at the beginning of the war, their lack of experience and discipline placed them at a distinct disadvantage when they met Franco's troops under normal combat conditions. For this reason, in September 1936, the socialist prime minister Francisco Largo Caballero promulgated measures providing for the militarization of the militias and the creation of a Popular Army. While moderate anarchist leaders saw the necessity of these measures, more radical libertarians regarded any concessions to authoritarianism as a serious breech of the movement's central tenets. Nevertheless, threatened with having their arms, supplies and pay withheld by the central government, even the most militant anarchist militias eventually capitulated. By June 1937, all the Republican militias had been militarized or incorporated into the Popular Army.
The three groups mentioned in the caption, the CNT, AIT, and FAI, were all prominent organizations within the anarchist movement. The CNT was the anarchist trade union; the FAI was its political wing. AIT was the Anarchists' international umbrella group. The red and black letters evoke the red and black bands of the anarchist flag.
The poster was produced in the first months of the war by a committee of two trade unions, the anarchist CNT and the socialist UGT. These unions controlled the production process in Valencia until the Republican government transferred to the city in November 1936; thereafter the government's agencies began gradually to take charge of the situation. The artist who designed this poster, Muro, is not documented other than in this instance."

sábado, março 14, 2009

The best of SUN rockabilly (6)

Barbara Pittman - "Sentimental Fool (1956)

Sport Lisboa e Benfica: escrito e publicado a 9 de Janeiro, reiterado agora após a derrota com o Vitória de Guimarães

"Uma vez mais e para que não existam dúvidas. O objectivo do Sport Lisboa e Benfica não pode nem deve ser o de conseguir ser campeão, de forma não sustentada, a curto prazo; consegui-o com Trapattoni mas sem proveito de maior. Ou mesmo segundo classificado. O objectivo para um clube como o SLB só pode ser o de vir a dominar o futebol português, de forma duradoura, num horizonte temporal de 3 a 5 anos, sendo campeão, digamos, 3 em cada 5 ou 6 em cada dez anos e estando sempre presente em todas as edições da Champions League, salvo acidente de maior.
Para que esse objectivo seja conseguido ele nunca deve ser sacrificado ao curto prazo, e a estratégia e os planos de acção que o servem ser preteridos ou subalternizados por questões conjunturais, laterais e inconsequentes. Antes pelo contrário: definido o objectivo, ajustada a estratégia e os planos de acção adequados, estes devem ir sofrendo pequenas modificações e aperfeiçoados, entre Rui Costa e Quique Flores, à medida das necessidades: total flexibilidade táctica desde que em consonância com a estratégia e os objectivos; inflexibilidade estratégica, o que significa, entre outras coisas, “nenhuma concessão à “rua” ou a quem internamente a representa (à bon entendeur...). Ser governado pela “rua” ou por quem a tem representado, ao mais alto nível, nos orgãos dirigentes do SLB tem sido sempre parte do problema e do seu agravamento, nunca da solução.
Para ser ainda mais claro: mudar de treinador e de plantel à primeira decepção ou em resultado da opinião da inconsequente imprensa desportiva ou dos interesses que esta conjunturalmente representa tem sido a receita que conduziu o SLB ao descalabro, depois de um dos piores presidentes da história do SLB ter dado o pontapé de saída para a decadência ao decidir trocar uma equipa de futebol por mais uns degraus de cimento no estádio; prometer “os amanhãs que cantam”, já ali ao virar da esquina, é apenas mais uma miragem. O despedimento de um treinador, talvez demasiado humilde e com ausência de carisma, mas competente como Fernando Santos, depois de uma época aceitável e só porque no último minuto o Leixões conseguiu empatar, por troca com mais um “Messias”, foi uma cedência à “rua” benfiquista que apenas prova o que aqui digo.
Neste sentido, seria talvez a altura de Rui Costa garantir que a receita não é mais do mesmo. De explicar claramente a todos os benfiquistas, de forma solene e institucional, o que está em causa. De lhes dar a escolher, e de garantir publicamente a Quique Flores o seu apoio para além dos resultados conjunturais. Rui Costa tem de entender que a sua credibilidade enquanto dirigente passa por este projecto e, assim, agir em conformidade, provando que “é vermelho e competente”. E do seu benfiquismo nunca ninguém pôde ter dúvidas."
Nota escrita a 15 de Março de 2009: parece que LFV subscreve o que digo. Espero não seja só uma declaração de circunstância e saiba ser mais consistente do que até aqui.

Diferenças...

Sim, eu sei que juntos já ganharam muita coisa, tudo o que havia para ganhar e repetidamente. Mas alguém irá lembrar-se hoje, na Greater Manchester, de contestar Alex Ferguson, “pinchar” paredes em Old Trafford ou achar que Nemanja Vidic, qual David Luiz, serve para tudo menos para jogar futebol?

sexta-feira, março 13, 2009

Segurança, criminalidade e a ausência de quaisquer ilusões

Gostava de acreditar que o problema do aumento da criminalidade vai ser seriamente discutido. Gostava, mas certamente assim não acontecerá. Senão, vejamos:
  • A oposição à esquerda (PCP e “Bloco”) vai afirmar a culpa cabe inteirinha à crise e ao desemprego, ás políticas “neo-liberais”, ao novo código de trabalho, à falta de integração dos imigrantes, esquecendo que embora tudo isso possa ter a sua influência está muito longe de constituir explicação cabal ou até principal.
  • O PSD dirá que a culpa é do governo e do ministro Rui Pereira e ponto final, para não se baralhar demasiado com propostas que, de facto, não tem ou nada acrescentam.
  • O PS e o governo vão tentar assobiar para o lado, dizer que contrataram mais polícias (como se isso resolvesse algo de fundamental), que grande parte da responsabilidade é da crise internacional, que Portugal ainda é um país seguro (o que é verdade) e tratarão de passar adiante, tal cão em vinha vindimada pois o assunto em causa lhes não convém. Um dia destes lá virão anunciar algumas medidas para sossegar os espíritos, pois me parece bem ser este um campo onde se podem perder uns milhares votos.
  • O PP estará nas suas populistas “sete quintas”, clamando contra a imigração, a favor da musculação das polícias e apelando a penas agravadas, esquecendo Paulo Portas (que é jurista) aquilo que eu (que não sou jurista) bem sei: que não existe correlação entre a gravidade das penas e a criminalidade violenta.
  • As associações sindicais das polícias tentarão colher frutos e benefícios, chamem-se eles mais “meios” (dinheiro, carros, armas novas), limitações aos direitos liberdades e garantias (leia-se, por exemplo, adoptar a prisão preventiva como pena sem julgamento) ou, mais prosaicamente, o direito a disparar a matar sobre quem lhes apareça pela frente, de preferência crianças, pretos, ciganos ou brasileiros.
  • Ah!, e há o OSCOT do senhor general Garcia Leandro, que encontrará aqui algum motivo para uns minutos de tempo de antena e para justificar a sua preguiçosa existência.

Sejamos claros: o aumento da criminalidade (do actual tipo de criminalidade, moderna e organizada) é consequência da terciarização da sociedade portuguesa, da sua rápida passagem de uma sociedade rural e tradicional a urbana e suburbana, da sua transformação numa sociedade mais aberta e cosmopolita, da imigração gerada pelo desenvolvimento e pelo crescimento, da integração europeia, o que significa ser o preço a pagar pelo maior bem-estar geral e pela modernidade. É, digamos assim, uma “doença” de civilização. Alguém quer voltar atrás?

Mas também, note-se, tudo isto é agravado por um modelo de desenvolvimento que gerou bem estar mas simultaneamente enormes desigualdades, bolsas suburbanas de exclusão mal resolvidas pelo Estado com a criação de guetos, por forças policiais ainda (apesar dos progressos registados) pouco profissionais e uma GNR militarizada e, principalmente, por governos e políticos demasiado sensíveis aos apelos dos vários populismos, tentando resolver não os problemas “de facto”, de forma consequente, mas actuando ao ritmo da opinião pública e publicada dos tablóides e do “povo da SIC. Assim será mais uma vez, todos o sabemos sem alimentar quaisquer ilusões.

quinta-feira, março 12, 2009

The Classic Era of American Pulp Magazines (55)

Capa de autor desconhecido (Janeiro de 1939)

Benfica e Manchester United: modelos, sistemas, semelhanças e diferenças

Claro que a um nível muitíssimo superior, a anos-luz de distância e com outro nível de intérpretes (é melhor afirmá-lo já para evitar falsas interpretações), mas devo dizer aos demasiado críticos e pouco atentos que vi ontem o Manchester United utilizar um modelo e sistema de jogo muito idênticos ao de Quique Flores no SLB. Vejamos - e começando pelo sistema:

  • Um 4X4X2 clássico servido por jogadores com as seguintes características: uma defesa com um lateral mais ofensivo (Evra – como Maxi no SLB) e um outro “central adaptado”, como por aqui gostam de chamar a laterais mais altos, menos rápidos e que sobem menos no terreno (O’Shea – como David Luiz); dois centrais pouco rápidos mas excelentes no jogo aéreo, inclusivamente nas bolas paradas na área adversária (Ferdinand e Vidic – Luisão e Sidnei); dois médios, sendo um mais pressionante e menos rápido (Carrick - Yebda) e um outro um pouco mais rápido e “box to box” (Paul Scholes – Katsouranis); dois alas abertos (Giggs e Cristiano – Reyes e Di Maria); um ponta de lança muito móvel (Rooney – Suazo) e um outro mais recuado (Berbatov – Aimar).


A nível de modelo e princípios de jogo:

  • Privilégio das transições muito rápidas pelos alas e das bolas longas para as costas da defesa, aproveitando a velocidade e jogo de risco de Rooney, Giggs e Cristiano, o que dá origem a algumas perdas de bola em zona perigosa e com a equipa desequilibrada; recuo das linhas logo que na posição de vencedor, concedendo a iniciativa de jogo ao adversário, uma vez que centrais e “pivot” defensivo não primam pela rapidez; algumas dificuldades nas transições mais lentas e em fazer circular a bola no meio campo contrário, uma vez que não tem jogadores para tal nem privilegia o modelo; boa capacidade de aproveitamento das bolas paradas.

Diferenças:

  • O frequente recuo de Rooney e a sua capacidade pressionante e de recuperação de bola permitem que Ferguson jogue com dois alas com pouca vocação defensiva, o que não acontece no SLB sendo, por isso e frequentemente, Quique obrigado a jogar com Amorim numa das alas; a capacidade de Cristiano e Berbatov para aparecerem na área e o bom jogo de cabeça do primeiro permitem ao United “meter” muita gente frente à baliza com capacidade finalizadora, o que não acontece no SLB; Berbatov é muito mais jogador de grandes espaços do que Pablo Aimar, o que permite ao United não ficar em desvantagem no meio-campo; “Katso” não tem a capacidade e potência de remate de Scholes, mas é bem mais eficaz no jogo aéreo; muito maior capacidade do United para interpretar as transições defensivas, reequilibrando-se rapidamente, sendo – talvez - na Europa a equipa que melhor o faz; melhor definição dos papéis, funções e espaços dos dois jogadores de meio-campo (Carrick e Scholes), fruto das características de ambos mas também de... muito treino e experiência de Scholes.

O resto? O resto é feito pela estabilidade de 25 anos, pelos orçamentos, pela história recente de conquistas e pela diferença de classe dos jogadores!

Temas "fracturantes" e democracia

Alguém acredita, alguém dotado de uma centelha de inteligência honesta e verdadeiramente acredita, de entre aqueles que acham que o governo não deveria discutir e legislar sobre as questões impropriamente denominadas de “fracturantes” (eutanásia, casamento “gay”, etc) pelo facto de estas não serem prioritárias, que caso o governo e a Assembleia da República o não fizessem isso traria consigo benefícios significativos para a resolução das questões consideradas prioritárias como, por exemplo, crise?

O que este tipo de argumentação verdadeiramente contém em si mesmo é uma profunda ignorância e/ou desprezo quase total pela própria essência do regime democrático, no seu importante papel de promotor da igualdade de direitos e de representação das minorias. Na sua função política, e não apenas de um quase conselho de administração de um qualquer país-empresa. Na sua base, uma vez mais, estão o subdesenvolvimento e a falta de cultura política de uma grande parte dos portugueses, confundindo instituições e os seus papéis e tarefas, o que os leva a acharem que a democracia está em perigo quando se põe em causa que se transformem escolas, empresas e organismos públicos em terreno de luta político/partidária “pura e dura” enquanto, simultaneamente, pretendem reduzir os orgãos legislativo e executivo da República a meros “curadores” da vontade das maiorias e de gestão económica . Depois, com o maior dos desplantes, vociferam contra a “falta de democracia”. Ignorância. Pura e simples ignorância de quem não entende que é assim – com essa acção - que estão a castrar a democracia.

5 capas de Vespeira (4)

Capa de Marcelino Vespeira para "A Fronteira de Deus" de Martín Descalzo. Editora Ulisseia.

quarta-feira, março 11, 2009

Absolut Ads - Seven Deadly Sins (7)


História(s) da Música Popular (120)

Lenny Welch - "A Taste Of Honey"
"Under The Influence" - The original songs of the "British Invasion" (III)
“A Taste Of Honey” não é um dos temas-referência dos Beatles, nem sequer o "cover" de um dos nomes mais sonantes ou pioneiros do "rock n’ roll" ou do Brill Building: uma mais ou menos obscura canção da autoria dos americanos Bobby Scott e Rick Marlow que os Beatles e Herb Albert tornaram famosa. Mas então porquê dar-lhe aqui honras de tanto realce?

Bom, porque o nome da canção parece ter sido inspirado pelo título de uma das mais famosas peças de teatro do chamado “Kitchen sink realism”, certamente (a peça de Shelagh Delaney e o filme posterior de Tony Richardson) uma referência cultural dos "sixties". E o que era isso do “Kitchen Sink realismo”? Pois o nome abarca todo um movimento cultural socialmente engagé, radical, nascido na Inglaterra dos anos 50 (principalmente no teatro e cinema) e que tem por tema as precárias condições de vida da "working class” nos seus apartamentos dos bairros sociais, bem como a sua exploração económica. Digamos que será um parente, nem assim tão afastado como isso do neo-realismo. Foi, não só no UK como em toda a Europa culta de então, principalmente na esquerda política e nos meios mais liberais, um movimento de vanguarda, sobretudo no teatro com John Osborn e a sua peça “Look Back In Anger” as definirem os padrões do género. No cinema, o conhecido Ken Loach, autor de alguns dos melhores filmes do chamado “realismo social britânico” contemporâneo (“Looks and Smiles”, p. ex.) terá por aí começado, nos anos 60, realizando filmes em 16mm.

Tendo dito isto, “A Taste Of Honey”, peça escrita por Shelagh Delaney quando esta tinha apenas dezoito anos, levada pela primeira vez à cena em 1958 e tratando temas na altura considerados tão escandalosos tais como a gravidez adolescente, o racismo e a homossexualidade, tornou-se uma referência do “Kitchen sink realism” e a protagonista do filme posterior (1960) de Tony Richardson, Rita Tushingham, ela própria um ícone da “década prodigiosa”. Conhecendo a origem social do movimento “mod” e de muitas figuras proeminentes do mundo do “pop-rock” britânico, inclusivamente dos próprios Beatles, não é de estranhar a influência recebida e interligações estabelecidas entre estas duas realidades, no fundo "uma e só uma" como se diz na matemática.

A peça foi levada à cena na Broadway, em 1960, e daí a já referida influência que possa ter exercido sobre os americanos Bobby Scott e Rick Marlow, expressa no título da canção. A versão que aqui apresento é a de Lenny Welch (1938, NY), gravada em 1962, enquanto a dos Beatles está incluída no seu primeiro álbum, Please Please Me, de 1963.

terça-feira, março 10, 2009

Um benfiquista ousa falar sobre o Sporting. Ou de como um ferrenho "lampião" se sente tentado a dar conselhos aos seus amigos "lagartos"

Nos últimos anos, o FCP tem dominado o futebol português, muito por via do que, lícita e ilicitamente, semeou na segunda metade da década de setenta e nos anos oitenta. Também fora de portas essa sementeira colheu frutos, possibilitando intramuros o fortalecimento do clube para os embates europeus.

Também estes últimos anos tem o Benfica tentado opor-se à hegemonia portista, infelizmente munindo-se da estratégia errada: quer tentando o título a todo o custo de forma não sustentada (já!), quer utilizando métodos idênticos aos do FCP, ao estilo “copycat”. Esqueceu o meu clube que em ambiente, região e épocas diferentes a mesma metodologia não alcança necessariamente os mesmos resultados e que quem quer dominar não pode nem deve seguir uma estratégia “me too”. Os resultados estão aí para o provar e espero bem este ano tenha sido o da viragem. Adiante, pois do meu clube muito tenho falado.

E o Sporting? Bom, o SCP, segundo clube mais popular numa capital onde o Benfica domina em popularidade e a terceira equipa (CFB) está à beira de desaparecer, optou, e quanto a mim inteligentemente, pela restruturação do seu passivo e consolidação financeira, condições sem as quais poderia arriscar-se, mau grado as diferentes dimensões em património histórico e número de adeptos, a seguir a prazo um caminho idêntico ao do simpático C. F. Belenenses, vencido o Sporting pela globalização tal qual o CFB o foi pelo advento do profissionalismo. A adequação desta estratégia à actual dimensão e problemas que o clube enfrenta (e o seu êxito) está expressa em dois títulos de campeão, uma presença na final da Taça UEFA e algumas vitórias na Taça de Portugal e na Supertaça, para além de ter conseguido, por várias vezes, disputar a "Champions League". O SCP assumiu os seus problemas, a forma da sua resolução, as condicionantes que isso impunha aos seus resultados desportivos e, em função disso, definiu uma coerente estratégia de recursos humanos: treinadores baratos e com qualidades formativas; aposta na formação para preencher os seus quadros e realizar receitas extraordinárias que pudessem ir disfarçando as limitações financeiras; reforço do do plantel no exterior através da contratação de jogadores quase desconhecidos, to fill the gap. Claro que para o êxito desta estratégia muito contribuiram os erros cometidos pela gestão do SLB, e esse – uma correcção na estratégia seguida pelo SLB - será certamente um dos desafios importantes que os “leões” terão de enfrentar no futuro e um real teste à sua capacidade de crescimento.

E é aqui que entra a “questão” Paulo Bento... Deve ou não o SCP optar pela continuidade de Bento? Bom, se assumir que a situação actual do clube não permite uma inflexão significativa nos objectivos e estratégia, não vejo porque Paulo Bento deva sair: tem o perfil indicado (fits into strategy), um conhecimento aprofundado do clube e conseguiu as conquistas possíveis na actual conjuntura. Caso o clube pense se pode permitir a outro tipo de conquistas, redefinindo a sua estratégia em conformidade, talvez Paulo Bento não seja então o treinador adequado, como claramente provam os seus erros contra equipas do 1º mundo futebolístico fruto de uma mentalidade talvez demasiado provinciana e do seu pouco conhecimento do futebol de alto nível. É esta, claramente, a “grelha” de decisão e é a partir dela que os meus amigos “lagartos” terão que optar.

Republic Pictures (5)


"Lawless Range" (1935)

segunda-feira, março 09, 2009

O "Bloco" e José Eduardo dos Santos

Decidindo não estar presente amanhã na cerimónia parlamentar de recepção a José Eduardo dos Santos, o Bloco de Esquerda “mata dois coelhos de uma só cajadada”. Por um lado, lança mais um piscar de olhos aos eleitores da esquerda do PS, para quem os valores democráticos, a honestidade política e a rejeição da corrupção assumem um carácter referencial. Por outro, e com esse mesmo objectivo mas também não deixando de ter em conta alguns eleitores de esquerda (ou nem tanto assim) que, como manifestação de desagrado, possam vir a ser tentados pelo voto no PCP, marca uma diferença clara nas convicções democráticas para com este partido, tão mais necessárias quanto a diferenciação entre ambos se tem vindo, por vezes, na prática, a esbater. Claro que a decisão não irá deixar de evidenciar , uma vez mais, a tão falada falta de vocação institucional do “Bloco”, vincando a sua imagem de contra-poder. Mas quem, entre o seu potencial eleitorado, estará muito preocupado com isso?

Um livro...

Hoje, o “Gato Maltês” faz de professor Marcelo e recomenda o livro de Maria de Fátima Bonifácio sobre a rainha D. Maria II de Portugal (“Temas & Debates"). Porquê? Essencialmente por duas razões: primeiro, porque se trata de um período conturbado do, também ele muito conturbado, século XIX português e a biografia da rainha Dona Maria da Glória quase se confunde com ele, permitindo, através da escrita directa de Bonifácio, que muita gente para quem os acontecimentos que vão de 1820 a 1853 ainda se afiguram confusos aceda a uma maior compreensão dos mesmos; segundo, porque é extremamente curioso verificar o modo como o domínio crescente da burguesia e das suas ideias (o "romantismo") influencia mesmo a alta aristocracia e a realeza. Neste último aspecto, é muito curioso e esclarecedor ler os excertos apresentados por Bonifácio da correspondência trocada entre Dona Maria da Glória e sua prima rainha Vitória, falando dos seus felizes casamentos, da educação dos filhos (ambas tiveram muitos e dois dos filhos de D. Maria II foram reis de Portugal), comparando a evolução destes nos estudos, no crescimento, pedindo medidas para troca de roupa, etc, etc. Interessantes, nessas cartas, os reparos de ordem política vindos da rainha de Inglaterra, bem como a sua preocupação face à evolução do estado de saúde de D. Maria II devido aos partos sucessivos e à sua crescente obesidade. Premonitório, como sabemos, já que D. Maria da Glória morreu com apenas 34 anos, em 1853, e Vitoria sobreviveu-lhe ainda 48 .

Les Belles Anglaises (XXIII)








MG Midget (1961-1979)

domingo, março 08, 2009

"Sword & Sandals" (4)



"Goliath and the Barbarians" (1959)

Dois golos oferecidos, contratações várias,um juiz falador, um secretário de estado mudo, uma candidata à presidência da câmara e memórias de antanho

Há muitos, longos anos, o Sporting foi uma vez campeão tendo para isso muito contribuído um decisivo auto-golo de Manaca, ex-jogador do clube nessa época a actuar no Vitória de Guimarães. O burburinho gerado foi imenso, tendo os “leões” sido acusados pelo FCP, com Jorge Nuno Pinto da Costa em lugar de destaque, como aliás é seu timbre, de terem “comprado” o seu ex-jogador. Mas dos actos protagonizados pelo FCP e pelo seu presidente têm os “leões” fraca e curta memória, eles lá saberão dos porquês.

No último ano em que o “meu” Benfica foi campeão – 2005 - realizou o seu jogo “fora” com o Estoril no Estádio Algarve, o que levantou – e desta vez com razão – burburinho a condizer. Mais ainda, o defesa do Estoril-Praia Rui Duarte, que tinha sido ou viria a ser contratado pelo SLB onde nunca chegou a jogar, foi expulso por faltas infantis que lhe valeram dois cartões amarelos. O burburinho, vindo do lado do vento, aumentou exponencialmente, não só por se tratar do Benfica como pela evolução da “media scene”. Mas em tudo o que se relaciona com o FCP tem o meu clube memória mais longa, pelo menos desde um célebre jogo nas Antas com golos de César Brito. Havia um tal guarda Abel (lembram-se?), que parece ter deixado descendência pela porta dos tribunais...

Este ano, o FCP tem-se entretido a contratar jogadores a clubes contra os quais vai jogar, desde um tal Andrés Madrid, lesionado há mais de um ano, até Silvestre Varela, de um tal Estrela da Amadora que não tinha pago um único salário e que, posterior e miraculosamente, lá consegui pagar um pouco menos do que um. Ontem, no jogo que faz mais perto de casa, ali mesmo à mão de semear e colher, duas ofertas generosas de jogadores do Leixões abriram caminho a que o FCP lá conquistasse três pontos e tivesse um jogo descansado antes de receber o madrileno Atlético. Por tudo isto que descrevi não houve qualquer burburinho. Nem um ai! Será que manda quem pode e obedece quem deve???!!!

Nota: li por aí nos jornais que o secretário de estado Laurentino Dias terá assobiado para o lado perante as declarações do meretíssimo Juiz António Mortágua, ex-presidente do Conselho de Justiça da FPF. Talvez seja conveniente perguntar o porquê à concelhia do Porto do Partido Socialista e à sua candidata, Elisa Ferreira, à presidência da Câmara Municipal da cidade. Pois... Será que manda mesmo quem pode e obedece quem deve???!!!

sábado, março 07, 2009

"Les haricots sont pas salés" - old time cajun music (8)

LeBlanc, Adams and the Vermilion Playboys

"Magalhães" - ou como um bom projecto quase pode ser arruinado por uma gestão deficiente

O projecto Magalhães (leia-se: qualquer projecto que possibilitasse o acesso gratuito ou a preços reduzidos a computadores pessoais por parte de uma grande maioria de crianças do ensino básico) teria tudo para se tornar um projecto emblemático e popular para qualquer governo. Tem a ver com novas tecnologias (ou seja: para além da sua evidente utilidade e funcionalidade, está na moda), destina-se às crianças, cuja protecção e importância que lhes é concedida são hoje símbolos do desenvolvimento e superioridade civilizacional das sociedades ocidentais, e insere-se num aprofundamento da importância atribuída à educação, uma questão-chave nas sociedades do conhecimento. Penso que apenas nos professores, como se tem visto avessos a qualquer mudança que de algum modo os possa incomodar no seu conservadorismo corporativo que se traduz no “entra na aula, “despeja" a matéria, sai da aula e “já está” - e onde também se entrincheiram muitos infoexcluídos -, o projecto poderia gerar algumas resistências. Para além, claro, daqueles para quem “se há governo, eu sou contra” ou alguns outros para quem o partido é como o seu clube do coração: tudo o que vem do adversário é negativo e há que ganhar nem que seja com um golo irregular marcado já fora do tempo e com o árbitro comprado.

Bom, tendo dito isto, parece-me podermos concluir que o actual projecto Magalhães, sem prejuízo dos resultados finais que me parecem continuarão a ser positivos (apetece-me incluir aqui um racional à Helena Matos - isto é, partindo do particular para o geral e exemplificando com a vizinha do lado - e dizer que a filha de oito anos da minha empregada doméstica irá ter um computador gratuito ao abrigo do projecto, algo que nunca poderia comprar), acabou por ver muitos desses seus resultados, digamos que, ofuscados pela má gestão do projecto por parte do Estado e do governo. Parece-me, mesmo, que este se poderá considerar um daqueles case-studies destinados a exemplificar como uma deficiente e incorrecta gestão e execução de um projecto podem prejudicar, ou até destruir, algo inicialmente bem concebido.

Apenas três questões:
  • Não previa o governo, perante uma comunicação social cada vez mais tablóidizada e interactiva, com destaque para o “povo da SIC” nos "fóruns de opinião", e com a irrupção da blogosfera, que o overacting do primeiro ministro no papel de Sr. Oliveira da Figueira, num governo que é apontado a dedo como “useiro e vezeiro” na utilização da propaganda, teria repercussões negativas e se voltaria contra o projecto?
  • Não previu o governo que, tratando-se de um projecto emblemático e que a ser bem sucedido constituiria um crédito relevante para a sua acção, qualquer pequeno pormenor que pudesse vir a correr mal seria objecto de uma enorme exploração por parte de quem se opõe ao governo? Que fez para evitar que algo pudesse correr mal?
  • Como foi possível que, depois de toda a controvérsia e maledicência que o projecto já tinha gerado nos “media”, fossem entregues computadores com erros grosseiros de português no software utilizado? Ninguém verificou? Ninguém controlou? Podemos confiar num Estado onde a falta de rigor e o laxismo atingem estes níveis? - já agora, e um pouco lateralmente, irá o fornecedor de software ser penalizado?

    Estas – e eventualmente outras do mesmo tipo – parecem-me ser, para além do ensurdecedor ruído de fundo infelizmente inevitável, as questões importantes a colocar e que o assunto me sugere. Alguém que lhes dê resposta, por favor.