segunda-feira, março 23, 2009

Rui Santos e o recurso às novas tecnologias

Ontem, o impagável Rui Santos, na SIC N – que, diga-se, continua a prestar um péssimo serviço ao futebol tal como agora a TVI 24 ao recorrer ao pior que existe em Portugal no comentário futebolístico - conseguiu estar mais de uma hora a discorrer(?) sobre o “penalty” mal assinalado na final da Taça da Liga, afirmando e tentando provar, a dado momento, que a introdução das novas tecnologias na arbitragem não iria provocar um aumento das pausas e tempos mortos no jogo. Para tal, cronometrou o tempo de paragem que mediou entre o árbitro ter assinalado a grande penalidade e esta ser efectivamente marcada, concluindo que este não seria maior se houvesse possibilidade de recurso ao vídeo-árbitro.

Vício de raciocínio, claro está, pois no caso de ser possível um recurso às novas tecnologias em casos semelhantes, de forma indiscriminada, os árbitros tenderiam, em sua própria defesa, a optar por autênticos concertos de apito, interrompendo o jogo e assinalando falta, a confirmar ou não com o posterior visionamento das imagens, à mais pequena dúvida (ou menos do que isso).

Quando se defende uma inovação, há que estar ciente de todas as suas implicações, não é assim?

5 comentários:

Anónimo disse...

Boas!.
Não tem que ser necessariamente assim.
Na verdade, os árbitros não têm que transformar um espetáculo desportivo num espetáculo musical, em dó maior, em virtude da aplicação de novas tecnologias.
Provas !??
É ver os espetáculos desportivos do futebol americano - esse mesmo , o dos matulões com capacetes a fazerem placagens de cortar a respiração, e, por vezes , de cortar outras coisas -.
Neste desporto foi adoptado o sistema de “Challenge” , isto é, uma equipa que se sinta lesada por uma decisão relevante e tipificada do árbitro tem um tempo e número limitado para “Challenge” obrigando o árbitro a rever o vídeo do lance. Se a equipa desafiadora tiver razão o árbitro anula a decisão errónea. Se não tiver razão é penalizada com um livre que pode trazer muito perigo para o seu score.
Este sistema de limitação tipificada em número e em tipo , e que ainda se pode reconverter contra o autor, previne não só o (des)concerto de apito, mas também paragens abusivas de tempo.
O sistema vigora com sucesso desde uma década atrás . O futebol americano está a espalhar--se pelo mundo - em Portugal há já duas equipas que disputam a primeira liga ibérica -, e a afirmar-se como um fenómeno mediático só ultrapassado pelos jogos olímpicos e pelo mundial de futebol (soccer).
Os árbitros, ou as respectivas direcções, usam as tecnolologias para comunicarem entre si, mas tendem a rejeitá-las liminarmente quando toca a apurar a verdade de um lance, o que parece contraditório, é como se usássemos um automóvel apenas como sala de chat e não como meio de transporte.
Quanto ao Rui Santos não sou fã e chego até pensar que a causa das novas tecnologias perde com este protagonista., que aparenta servir-se dela para obter alguma afirmação que os regulares comentários não demonstram.
Um abraço deste admirador do seu Bog.

P.S. : Pelo sua variada e qualitativa temática, artística, musical, literária, política, futebol este blog Gato Maltês tem um grande pedigree e oxlaá tenha mais que sete vidas.

JC disse...

Bom. Obrigado pelo "pedigree"! Farei por o merecer.
Quanto ao cerne da questão. Conheço mtº mal o futebol americano, mas pelo que já vi é jogo de inúmeras paragens, pelo que o recurso ao vídeo-árbitro se adaptará melhor ao "conceito" do jogo. Se verificar, nos últimos anos as modificações às leis do futebol vão quase todas no sentido de o tornar mais dinâmico, com menos tempos mortos, o que me parece contrariar o que poderá acontecer c/ a introdução de algumas novas tecnologias.
Tb se cita frequentemente o caso do rugby (joguei, assim como um irmão e um filho,conheço bem), mas até aí, num jogo em que as paragens são mais numerosas, o recurso ao vídeo apenas acontece, e limitadamente, para verificar a validade de um ensaio duvidoso, isto é, quando o jogo está parado.O ensaio dos "Lobos" aos All-Black, no mundial, foi assim validado. Mesmo no ténis, recorre-se à verificação num nº limitado de casos e quando o jogo já está interrompido.
Resumindo, não sou, por princípio, contra as novas tecnologias no futebol (p. ex., o caso do "hawk eye", para verificação dos golos, parecer-me-ia de fácil aplicação nas grandes competições) mas acho se deve avançar apenas na direcção certa e com mtº cuidado para não mudar o conceito básico do jogo. O resto é demagogia...
Cumprimentos

Vic disse...

Pois é, não me queria meter nesta discussão, até porque me parece estéril (não a dos meios tecnológicos, mas a do Sporting- Benfica do fim de semana), e de irritação por verificar que continua a ter razão Lampedusa quando escrevia que "é preciso mudar algo para tudo ficar na mesma". A "conferência de imprensa" levada a efeito pelo SLB e seu porta voz, um sujeito de postura insultuosa e desrespeitadora, e com aquela encenação bacoca e provinciana de taça ao lado, é bem reveladora de como tal escrito se mantém actual.
Concordo na íntegra com a intervenção do "Anónimo" acima, até na opinião que tem sobre o inefável Rui Santos e a "oportunidade perdida" que constitui a petição online, porque encabeçada por semelhante criatura.
Adianto que não a subscrevo precisamente por ser iniciada por alguém que me parece estar deste modo a querer ganhar o protagonismo necessário á sua incomensurável vaidade pessoal.
Assim, estou de acordo com o chip na bola, com o hawk-eye, e mesmo com o visionamento à posteriori das jogadas duvidosas (e a mais badalada do fim de semana nem sequer foi duvidosa), e até penso que a cronometragem do tempo perdido pelo árbitro em conversas (que afinal resultaram em asneira) foi das poucas experiências válidas que a insigne criatura levou a efeito. E a cumprir os desígnios com que foi levada a efeito.
Recusar ver os benefícios que poderiam trazer algumas inovações ao jogo, é objectivamente fazer o jogo daqueles que não querem o futebol às claras, ainda que não conscientemente.
Adianto ainda, que vistas as explicações dadas por aquele indivíduo que assobiou um apito no jogo em questão, não acredito que qualquer nova tecnologia fosse suficiente para lhe fazer a ideia fixa que já tinha: veja-se que não levou em conta a opinião expressa pelo fiscal de linha que afirmou nada ter visto que apontasse à marcação de uma grande penalidade, mas suportou-se nas do outro, que a 50 metros e com os jogadores de costas, afirmou ter visto o que não poderia ter visto (duplo erro: não houve mão na bola, e foi fora da grande área). Um cúmplice, portanto, num acto acintoso e premeditado.

Abraço

P.S. - Já agora, e uma vez que está legislado que será penalizado o jogador que deliberadamente engane o árbitro com intenção, seja por gestos, seja por acções (por ex: se fosse hoje, o jogador Rony que marcou uum golo com a mão em Alvalade, ou Maradona que fez o mesmo contra a Inglaterra, seriam castigados), seria interessante saber porque não penaliza a Comissão Disciplinar da Liga o jogador Di Maria pelos gestos subsequentes à jogada, táctica em que o referido é já reincidente, e cujas acções são mais uma vez branqueadas.

JC disse...

Mas, meu caro VdeAlmeida, não há discussão possível: não foi penalty e o árbitro foi incompetente. Ponto final. Aliás, é e sempre foi um mau árbitro.Em tudo o resto estou de acordo c/ o que diz hoje Rui Costa: têm todo o direito a estarem chateados e a protestarem, mas já chega de histeria!Casos destes existem todas as semanas, contra e favor do seu SCP, do meu SLB e etc. Em todos os campeonatos. E em situações bem mais graves, como estou a tentar demonstrar nos vídeos que ontem comecei a exibir. Olhe, o V. de Guimarães perdeu este ano uns milhões graças a um erro grosseiro de arbitragem que o impediu de participar na Champions League! Mtº mais grave, não acha? E incompetente foi tb o Nuno Giomes que falhou um golo na cara do Tiago e os jogadores do SCP que falharam os penalties. E olhe, bem mais grave e revelador do que era o futebol português há 20 anos era o que se passava fora de campo c/ o FCP!!!
Mas este "post" não era s/ árbitros mas s/ a aplicação das novas tecnologias, e neste caso continuo a pensar que é necessário avançar c/ mtº cuidado para que o conceito e a dinâmica do jogo não sejam prejudicados. Toda a gente fala das novas tecnologias, mas, que eu saiba, e para além do futebol americano que é outra coisa, apenas são aplicadas no rugby e em situações limitadas e mtº concretas no ténis, o hawkeye mas isso é algo mtº específico). E no caso do rugby apenas em grandes competições. No actual apuramento para o Mundial, que Portugal está a disputar, não existem e o Tomás Morais já se queixou de um ensaio não validado por elas não existirem.
Conclusão: calma, avançar em passos seguros e sem desvirtuar o conceito e a dinâmica do jogo. Por exemplo, pq não se começa por cronometrar apenas o tempo útil de jogo? 30' de tempo útil cada parte, o que iria tornar menos útil (haveria sempre a tentativa de quebrar o ritmo de jogo) o tempo perdido em interrupções?
Um abraço deste seu amigo "lampião" que tb não ficou lá mtº feliz por ter ganho deste modo.

Anónimo disse...

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