Não engrosso o coro de carpideiras pelo fim da discussão política nos congressos partidários. Aliás, como já deixei expresso em pequena nota do “Twitter”, parece-me que os congressos partidários e as assembleias gerais dos clubes de futebol serão tudo menos os locais mais indicados para discutir aquilo que move as organizações que lhes estão na base e dão razão à sua existência: política e gestão desportiva e financeira. Escassa é a minha participação em congressos partidários, mas alguma experiência colhida nas assembleias gerais do meu clube (SLB) nos anos 80 e 90 será suficiente para fazer o paralelismo e recusar o engodo. Peço imensa desculpa, mas o populismo e demagogia normalmente “à solta” em tais conclaves (se quiserem, chamem-lhes “paixão”), muito mais emoção (e comoção) que razão, não me parecem ser os ingredientes mais adequados e necessários para discutir complexas decisões que envolvem a gestão de milhões de euros (nos clubes) ou o futuro da pátria. Bem melhor será deixar tal desiderato para reuniões mais restritas, no caso dos partidos, para as secções e freguesias, as pequenas e certamente mais calmas e mais restritas reuniões locais. Penso tudo, ou muito, se terá a ganhar (excepto para maledicência mediática, claro, travestida de comentário político) e entendo mal que quem enaltece o modo como funcionam as primárias americanas (discussões locais e congressos de consagração) se abespinhe agora com a falta de debate partidário nos congressos pátrios. Mas parece que o que se pretende não é, de facto, discussão política, mas, na realidade, material que alimente a sempre rentável maledicência indígena.
2 comentários:
Inteiramente de acordo. Infelizmente, a mentalidade de tablóide já ultrapassou a estrita esfera da comunicação social (onde o rigor não é definitivamente uma preocupação)e, certamente também por influência da mesma comunicação social, tornou-se um fenómeno transversal na sociedade portuguesa.
Assino por baixo o seu comentário, caro Queirosiano.
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