Decidindo não estar presente amanhã na cerimónia parlamentar de recepção a José Eduardo dos Santos, o Bloco de Esquerda “mata dois coelhos de uma só cajadada”. Por um lado, lança mais um piscar de olhos aos eleitores da esquerda do PS, para quem os valores democráticos, a honestidade política e a rejeição da corrupção assumem um carácter referencial. Por outro, e com esse mesmo objectivo mas também não deixando de ter em conta alguns eleitores de esquerda (ou nem tanto assim) que, como manifestação de desagrado, possam vir a ser tentados pelo voto no PCP, marca uma diferença clara nas convicções democráticas para com este partido, tão mais necessárias quanto a diferenciação entre ambos se tem vindo, por vezes, na prática, a esbater. Claro que a decisão não irá deixar de evidenciar , uma vez mais, a tão falada falta de vocação institucional do “Bloco”, vincando a sua imagem de contra-poder. Mas quem, entre o seu potencial eleitorado, estará muito preocupado com isso?
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