Por uma vez, ouso (o termo é mesmo esse, dada a estatura que lhe reconheço enquanto cidadão e como economista) estar em desacordo com o Professor Silva Lopes, alguém a quem muito respeito e a quem escuto sempre com redobrada atenção. Não me parece que possa constituir uma boa medida congelar os salários de quem tem emprego para financiar os desempregados, por muito socialmente justa que a medida seja – e é-o. Claro que o rendimento das famílias não diminuiria, tratando-se apenas de uma transferência entre as mesmas, mas temo que a consequência, mesmo sendo a propensão marginal para consumir mais elevada nas famílias de menores recursos, logo, nos beneficiários da medida, fosse um aumento exponencial, não compensador, da poupança e uma enorme retracção do consumo nas famílias não atingidas pelo desemprego, face ás expectativas negativas que tal medida acarretaria. E isso será mesmo o que se não deseja. No mínimo, seria necessário fazer algumas contas e ter muito cuidado.
Já a redução dos salários mais elevados me parece uma medida moral e socialmente justa, um sinal para à sociedade, embora as suas repercussões globais me pareçam quase negligenciáveis.
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