quinta-feira, fevereiro 26, 2015

Costa, Alfredo Barroso e a social-democracia no seu labirinto

Estas afirmações de António Costa talvez não sejam mais do que um "fait divers" criador de um "soundbite" tão do agrado mediático, e a tal "gota de água" que fez transbordar o copo de Alfredo Barroso, levando-o à demissão. Mas sendo-o, não se podem reduzir a tal: são acontecimentos que revelam uma dificuldade e um mal estar bem mais profundos e estruturais, que se vêm arrastando há longos anos e que resultam da incapacidade da social-democracia europeia em se afirmar como alternativa à ideologia e práticas políticas e económicas dominantes. Este é de facto o verdadeiro problema, a parte submersa do "iceberg" que impede a social-democracia de se constituir num projecto político mobilizador, perdendo-se no labirinto que a queda do "Muro de Berlim", o fim da "Guerra Fria", a unificação alemã e o Reaganismo e Thatcherismo souberam construir. 

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

4ªs feiras, 18.15h (111) - Griffith (I)


"The Birth of a Nation", de David W. Griffith (1915)
Filme completo c/ intertítulos em inglês

Joana Marques Vidal diz ao que vem

O que me chama a atenção, como elemento constitutivo essencial, na entrevista a Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal? Uma evidente desvalorização das fugas sistemáticas ao segredo de justiça (apesar da indignação, que é apenas reacção emocional de quem pretende nada fazer), o que significa algum desprezo pelos direitos liberdades e garantias, e uma sobrevalorização da percepção social sobre a corrupção, o que tem sempre prefigurado o enfoque no autoritarismo em detrimento do respeito pelas liberdades e direitos de cidadania. Joana Marques Vidal mostra assim à evidência ao que vem, qual o lado pelo qual optou e o que se pode esperar da sua actuação. A mim, que prefiro um criminoso solto por respeito às regras processuais e ao Estado de Direito a um condenado por desprezo por essas mesmas regras, esta é uma opção que me assusta. Mas pelo menos já estou avisado.

segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Mozart e Jos Van Immerseel (6)

Wolfgang Amadeus Mozart - Concerto para piano nº 23 em Lá Maior, KV 488
Anima Eterna Orchestra, Jos van Immerseel, fortepiano
1. Allegro
2. Adagio
3. Allegro assai

O que nos ensinou a Grécia nos últimos dias

Duas coisas (pelo menos) vieram as negociações entre o Eurogrupo e o novo governo grego provar:
  1. Não existem alterações súbitas ou profundas na política de cada Estado decididas de forma unilateral, num só país,  nem a politica actualmente dominante na UE é susceptível de ser alterada numa base puramente nacional, ganhe quem ganhar as eleições em cada Estado, o que coloca problemas graves às democracias locais. Como o provam os planos Draghi e Juncker, em conjunto com as recentes declarações deste último, e o sucesso limitado do governo grego, qualquer evolução tende a ser lenta, numa política de "pequenos passos" e tenderá a ser gerada no interior das forças que constituem aquilo a que poderíamos chamar o próprio "sistema" da UE. Significa isto que o resultado das eleições nacionais é totalmente indiferente à evolução europeia? Claro que não, é mesmo fundamental para influenciar a política europeia e aceitar passivamente o "austeritarismo" seria a pior das soluções. Mas o que não poderemos esperar é que a eleição nacional de forças anti-austeritárias, radicais ou moderadas, se traduza em mudanças bruscas e imediatas na política dominante.
  2. Para além da contradição entre países do "norte e do sul", "devedores e credores", "excedentários e deficitários", "periféricos e centrais" ou o que se lhes queira chamar, existe na UE e no Eurogrupo um sistema de contradições e interesses, mesmo que puramente conjunturais e que se podem ir modificando mais ou menos rapidamente, muito mais complexo e que coloca limites e gera dificuldades à criação de qualquer possível "frente de entendimento e de combate" entre os países em dificuldade, independentemente dos partidos que constituem os respectivos governos. Isto também não significa que esteja correcta (muito longe disso) a atitude do governo de Passos Coelho de "colagem" aos interesses alemães e repúdio da posição grega, mas sim que há que afastar o simplismo e estar atento à complexa teia de interesses e contradições que se vão gerando no seio da UE tirando dela, a cada momento, o melhor partido.   

domingo, fevereiro 22, 2015

Matiné de Domingo (99)

"The Flight of the Phoenix", de Robert Aldrich (1965)
Filme completo c/ legendas em português

O jogo de ontem, o SLB e a "circulação de bola"

Quando o adversário, principalmente quando joga em casa, se dispõe num bloco muito baixo, retirando espaço para as transições rápidas e votando o "um para um" ou os "overlapings" nas alas  ao fracasso, o SLB vê-se obrigado a jogar num modelo contra-natura, tentando criar desequilíbrios através da circulação de bola ou do chamado "ataque posicional". Como se trata de um modelo que vai contra as suas rotinas e características da maioria dos seus intérpretes, mesmo com Pizzi, talvez o jogador do SLB que se sente mais confortável neste modelo, mas sem Gaitán para criar desequilíbrios em pequenos espaços, essa circulação processa-se com demasiada lentidão, sem espontaneidade. Se o SLB consegue marcar primeiro, a equipa fica com mais de meio caminho andado para a vitória, pois o adversário vê-se obrigado a avançar as suas linhas, criando espaços. Mas quando tal não acontece ou o adversário consegue marcar primeiro, aí as coisas complicam-se - e muito. Foi isso que aconteceu na derrota em Paços de Ferreira e ontem em Moreira de Cónegos, apesar da vitória. O regresso da Nico Gaitán será meio caminho andado para resolver este problema e fazer o meu coração voltar à normalidade.

Nota: mais uma vez lá tive que ouvir ontem os comentadores a falarem das dificuldades das equipas grandes para jogarem nos "campos pequenos". Informo que o relvado do Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas (Moreirense FC) mede 104x68, a mesma largura do relvado do Estádio da Luz sendo apenas mais curto um metro. A ignorância, essa, é incomensurável.

sexta-feira, fevereiro 20, 2015

Friday midnight movie (122) - Jean Rollin (III)

Filme completo c/ legendas em português

O jornalismo de sarjeta do jornal "Record"

Não, não é uma fotomontagem. Estas são a capa e o título de primeira páginas do jornal "Record" de hoje, um jornal que se pretende sério e escrito e dirigido e escrito por "soit disant" jornalistas. Por muitas razões que o SCP possa ter da arbitragem (já lá iremos), o objectivo deste título e desta capa só podem ser apoiar o radicalismo que, no últimos tempos e com contribuição principal do presidente do Sporting Clube de Portugal (mas também com infeliz participação, embora menor, menor do presidente do meu clube, tenho de dizê-lo) tem vindo a transformar a instituição fundada pelo Visconde de Alvalade numa espécie de "grupelho provocatório" e, por arrasto, a promover a violência e o fanatismo no futebol português. Depois, lá virão a completa hipocrisia e a enorme desfaçatez destes mesmos "jornalistas"  apelando à "paz", à concórdia e à dignificação do desporto. Apetece-me é mandá-los para um certo sítio.
  1. Começo a ver por demasiadas vezes os clubes portugueses recuarem no tempo trinta ou quarenta anos, quando desculpavam as derrotas internacionais, por serem menos competentes enquanto equipa, com uma espécie de perseguição dos árbitros e da UEFA aos "fracos e oprimidos". Sejamos claros, esta época vi apenas uma equipa portuguesa ser vítima de um erro grosseiro de arbitragem nas provas da UEFA: o SCP no seu jogo com o Schalke 04. De resto, se mais não fizeram foi porque não foram capazes, o que apenas reflecte o decréscimo de competitividade do futebol português.
  2. As equipas portuguesas têm de se habituar que, em termos gerais, nas provas da UEFA, ao contrário do que por cá acontece, não se marcam "penalties" por "dá cá aquela palha" e existem lances duvidosos em que prevalece (e deve prevalecer) o critério da equipa de arbitragem. Mas enquanto por cá dominares nas televisões programas ao estilo "Prolongamento" e quejandos, está tudo dito.

quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Billboard #1s by British Artists - 1962/70 (40)

The Beatles - "Let It Be" (11 de Abril de 1970)

Luís Figo em modo de "caça ao voto"

Na sua candidatura a presidente da FIFA, Luís Figo começou a sua despudorada caça ao voto, tentando captar o apoio das federações do terceiro-mundo. Se nos Mundiais, ao contrário do que acontece nos Europeus, alguns jogos são já um bocejo de desinteressantes, com ainda mais equipas e jogos do tipo Burkina Faso-Arábia Saudita ou Irão-Guatemala, imagino bem o que seria. Para além disso, quanto tempo estariam os principais jogadores - os que representam clubes europeus - afastados dos seus clubes, os que os contrataram e lhes pagam, arriscando-se a só poderem competir quando os respectivos campeonatos nacionais e pré-eliminatórias da Champions League e da Liga Europa estão já a decorrer ou já decorreram? Um disparate sem qualquer sentido, enfim...

Já agora, gostava de saber o que têm a dizer sobre o assunto os jornalistas e comentadores da "bola indígena", sempre tão rápidos e exprimir o seu patriotismo de pacotilha? Se a proposta viesse de Michel Platini ou Sepp Blatter, o que já se não teria ouvido e lido!

quarta-feira, fevereiro 18, 2015

4ªs feiras, 18.15h (110) - Western (XII)

"Yellow Sky", de William A. Wellman (1948)
Filme completo c/ legendas em português

Grécia: governo, acordo e democracia

Caso o governo grego não consiga alcançar um acordo com a UE que salvaguarde  minimamente algumas das propostas consideradas mais importantes do programa com que o Syriza, seu principal partido constitutivo, se apresentou a eleições, deverá apresentar uma moção de confiança ao parlamento ou até mesmo demitir-se e convocar eleições, das quais até poderia vir a sair reforçado. De qualquer modo, qualquer que seja o acordo que eventualmente venha a ser alcançado (e espero que isso aconteça), este deverá sempre ser sujeito a ratificação parlamentar. É assim que as coisas devem funcionar em democracia. 

domingo, fevereiro 15, 2015

Matiné de Domingo (98)

"Meet John Doe", de Frank Capra (1941)
Filme completo c/ legendas em francês

Ainda o SCP - SLB e a resposta do meu clube

  1. O meu clube respondeu tarde e mal aos disparates radicais e populistas de Bruno Carvalho. Devia ter repudiado, logo na segunda-feira seguinte, através de comunicado oficial e não de quaisquer declarações de quem quer que fosse, a exibição da tal faixa no jogo de futsal e a partir daí ter ficado calado. Assim, entrou num jogo que nada o favorece e apenas vai tirar gente dos estádios. Acabou por ser o Clube de Futebol Os Belenenses, ontem no Restelo, a dar a resposta mais eficaz a Bruno Carvalho, retirando dois pontos ao SCP.
  2. Gostava quem de direito me dissesse (PSP?) quantos cidadãos estão impedidos de assistir a jogos de futebol e quantos já foram condenados - e com que penas - por desacatos nos estádios. Talvez fosse didáctico tal lista ser fornecida à FPF e LPFP e tornada pública em permanência, como medida de prevenção.
  3. Não seria também indispensável que a LPFP regulamentasse o conteúdo da informação que é transmitida nos estádios durante as competições por si organizadas, i.e., o modo, conteúdo e "timing" com que são anunciadas as constituições das equipas, substituições, cartões, descontos de tempo, etc? Não se evitariam assim cenas tristes como a do locutor de serviço no estádio José Alvalade nunca mencionar o nome do SLB mas sim "equipa visitante"? Nas competições da UEFA até a entrada das equipas em campo está regulamentada ao minuto.

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

4ªs feiras, 18.15h (109) - "Noir" (XIV)



"D.O.A.", de Rudolph Maté (1950)
Filme completo c/ legendas em português

Um Presidente sem dimensão e a actualidade do parlamentarismo

Primeiro foi a direita com o sonho de "uma maioria, um governo e um presidente". Depois a esquerda com a ilusão de que em Portugal havia uma "maioria sociológica de esquerda" que faria sempre seu o Presidente da República. Mas "volto à casa de partida" e pergunto por isso mesmo: são apenas os eleitores de Cavaco Silva os responsáveis por Portugal ter hoje como Presidente da República alguém sem dimensão pessoal, política e institucional para o cargo que ocupa? Peço desculpa, mas não me parece. Responsáveis são todos aqueles que insistem na eleição por sufrágio universal de um orgão unipessoal, sem qualquer controle democrático e com todos os perigos que tal representa, e na manutenção do actual regime semi-presidencialista, fonte de instabilidade política (como se verificou quando dos governos de José Sócrates) ou que se limita, na sua acção, a uma colagem tautológica sem quaisquer virtualidades ao governo em funções quando este é da sua simpatia política.  Alguém terá portanto de me explicar, muito bem explicadinho, o que o país, 40 anos depois do 25 de Abril e tendo atingido a sua maioridade democrática,  perderia com a adopção de um regime parlamentar semelhante ao das democracias europeias mais maduras. Ou será que os portugueses, passando um atestado de menoridade a si próprios, se sentem sempre orfãos sem um qualquer "pai da pátria", mesmo quando este é padrasto?

terça-feira, fevereiro 10, 2015

O radicalismo populista de Bruno Carvalho

O Sporting Clube de Portugal pôs fim a um tal "blackout" antes do jogo com o SLB com o intuito da sua direcção e equipa técnica não ficarem na conjuntura prejudicadas em termos de "share of voice" face ao seu rival. Caso tivessem ganho o jogo, e assim reentrassem na luta pelo título, tal quebra do "blackout" até daria muito jeito para mobilizarem as hostes leoninas para o que resta da época, o que é perfeitamente legítimo. Como não conseguiram a vitória, e, assim, dificilmente poderão aspirar ao título de campeão, aproveitaram alguns incidentes menores, recorrentes, infelizmente, em todos os jogos entre SCP e SLB (exceptuo dos incidentes menores o já distante caso do "very light" e o incêndio da bancada da Luz), para "cortarem relações institucionais" com o Sport Lisboa e Benfica, desviando assim as atenções do seu falhanço e tentando unir a massa adepta com o estafado recurso à "velha e relha" estratégia do inimigo externo Tudo isto é ridículo, e apenas vem demonstrar o estilo radical-populista que tem vindo a tornar-se dominante no clube de Alvalade desde que Bruno Carvalho assumiu a presidência.

Elvis Presley & Leiber-Stoller songs (4)

"Treat Me Nice" (Setembro de 1957)

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Deloitte Football Money League

O chamado "derby" visto da bancada B Central, sector 31, fila 17, lugar 30.

Foi a estratégia de Jorge Jesus - muito defensiva, com um "duplo pivot" lado a lado e focando sobretudo defender o zero-zero -  a mais correcta para defrontar o SCP no jogo de ontem? Sem Júlio César e Gaitán, sem a equipa ter conseguido ainda absorver a ausência de Enzo Perez, com seis pontos de avanço sobre o FCP e sete sobre o seu adversário de ontem e com este no seu melhor momento de forma desta época e sempre com dificuldade quando defronta em sua casa equipas muito defensivas, parece-me que sim. E não fora aquele "excelente" passe de Samaris a "desmarcar" João Mário tudo teria corrido pelo melhor dos mundos.

Claro que deste modo, ao optar por jogar com dois "pontas de lança" em vez de mais um médio, para assim pressionar aquele quer era teoricamente o ponto mais vulnerável do SCP (os centrais), faltou a segunda parte do plano, pois com Salvio e Ola John "desaparecidos sem combate" (Jesus tem de rever todo o seu flanco esquerdo) não existiu quem "levasse o jogo para a frente", o que permitiu ao SCP adiantar as suas linhas na segunda-parte e levar o jogo mais vezes e com maior perigo para junto da área do SLB. Mas também faltou sempre ao nosso rival e adversário de ontem melhor definição no último passe, sua pecha habitual e que lhe tem valido alguns empates caseiros.

Duas notas finais, à margem:
  1. Continuo a achar que existe um erro de concepção nos acessos (entradas e saídas) do Estádio José Alvalade (é José Alvalade e não José de Alvalade), o que facilita o respectivo engarrafamento pelos espectadores. Já me tinha apercebido disto nos jogos da selecção e ontem, apesar de ter chegado cerca de uma hora antes do jogo, confirmei. Uma melhor e mais claramente visível sinalética talvez facilitasse a resolução do problema.
  2. É no mínimo deselegante que o locutor de serviço nunca refira o nome do Sport Lisboa e Benfica, limitando-se a dizer "equipa visitante". Que raio, acham-se assim "muito machos"?

sexta-feira, fevereiro 06, 2015

Friday midnight movie (120) - Hammer House of Horror (XIII)

(Emitido no Reino Unido a 6 de Dezembro de 1980)
Legendas em português

Elvis Presley & Leiber-Stoller songs (3)

"(You're So Square) Baby I Don't Care" (1957)

Hepatite C: o governo marca pontos

Nos casos da morte da doente com hepatite C e do medicamento necessário para o respectivo tratamento, o governo conseguiu transformar um acontecimento negativo, e que poderia causar graves danos à sua imagem, numa acção de propaganda extremamente bem conseguida. De caminho, evitou cair na demagogia e no populismo da "vida não tem preço" e "é preciso salvar uma vida custe o que custar" (em parte alguma do mundo é assim, em nenhuma actividade), embora, e como o português sempre o atrapalha, o primeiro-ministro tenha revelado alguma dificuldade com as palavras. Há que tirar o chapéu a Paulo Macedo, que viu os seus créditos em alta e a oposição perder a oportunidade de marcar alguns pontos numa área onde o governo tem estado em perda. 

Foi preciso a opinião pública mobilizar-se? Pois foi, e ainda bem que essa mesma opinião pública conseguiu provar não estar completamente adormecida. Mas o governo aproveitou bem a embalagem e o "cone de ar" assim criado para uma ultrapassagem bem sucedida, mostrando, neste caso, uma competência que demasiadas vezes lhe tem faltado.  

Nota: Já agora, tenho ouvido na rádio referências à doença designando-a por "hépátite". Será como as "bácinas"? 

quarta-feira, fevereiro 04, 2015

4ªs feiras, 18.15h (108) - Pasolini (IV)

Filme completo c/ legendas em inglês

Carlos Cruz: uma decisão "custom made"?

Expliquem-me como se eu fosse muito estúpido: Carlos Cruz foi condenado a seis anos de prisão por abuso sexual de menores (não contesto a sua culpabilidade nem a sentença), tendo sempre alegado a sua inocência (não tenho elementos para comentar); agora, cumprida metade da pena a que foi condenado, poderia ser-lhe concedida a liberdade condicional, que lhe foi negada por "nunca ter mostrado arrependimento" "nem ter interiorizado a sua culpabilidade". Pergunta: se sempre alegou inocência, como poderia "ter mostrado arrependimento ou "interiorizado a sua culpabilidade"? São estas circunstâncias suficientes para a negação da liberdade condicional a um recluso ou estamos mais uma vez perante uma decisão "custom made", como infelizmente se tem tornado habitual na Justiça portuguesa?

José Sócrates e o seu "estilo de vida" segundo o "Expresso"

Já aqui tive oportunidade de explicar o que penso sobre o caso José Sócrates e que pode resumir-se nisto, utilizando apenas os dados incontroversos que são as declarações do próprio e fazendo orelhas moucas a tudo o resto que não me merece qualquer credibilidade: um primeiro-ministro (actual ou passado) não pode pedir dinheiro emprestado (grandes quantias, claro) a um amigo cuja empresa foi grande fornecedora do Estado (ou aceitar qualquer espécie de "favores" relevantes, acrescente-se) sem ferir gravemente a chamada ética republicana, o que, em minha opinião, é suficiente para pôr termo à sua carreira política. Sobre o resto, ou seja, as eventuais responsabilidades criminais de José Sócrates, não tenho convicções, embora tenha formado a minha opinião em termos muito gerais e sempre em função também das afirmações do ex-primeiro-ministro. Mandam a presunção de inocência e, tanto ou mais do que isso, o decoro e a sensatez que a reserve para conversas entre os amigos e familiares mais próximos.

Tendo dito isto, e perante este título do "Expresso", pergunto: mas por que raio José Sócrates ou qualquer outro cidadão devem dar explicações públicas sobre o seu "estilo de vida", desde que este não infrinja a lei (e, neste caso, não existem provas o tenha feito)? Pior, muito pior, do que a "coscuvilhice" invocada por José Sócrates,  estamos perante uma invasão intolerável da vida privada de alguém e, claro está, perante um atentado violador da liberdade individual de um cidadão; uma espécie de totalitarismo ou fascismo repugnantes "zeladores" dos comportamentos sociais. E se o ex-primeiro-ministro, um pouco à imagem de gerações de antanho, tinha "uma senhora que o pôs por conta" e cuja identidade não pode revelar? Alguém, fora dos directamente atingidos na sua esfera privada, tem alguma coisa com isso?

Repito: podemos pensar o que quisermos e nos apetecer sobre a actuação de José Sócrates como político, cidadão e primeiro-ministro. Podemos mesmo ter opinião formada e convicções sobre a sua responsabilidade criminal. Mas ao sugerirmos que alguém, mesmo um ex-primeiro-ministro, deva ter por obrigação dar explicações públicas sobre os seus gastos pessoais e a natureza da sua vida privada é, pura e simplesmente, intolerável.

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Elvis Presley & Leiber-Stoller songs (1)

"Hound Dog" (Julho de 1956) 

As "equipas grandes" e os "campos pequenos"

Estou farto de ouvir a comentadores e jornalistas das "coisas da bola" que um dos problemas das "equipas grandes" quando se deslocam aos estádios das "equipas pequenas" tem a ver com a dimensão dos campos (presumo que dos relvados, pois não me parece a capacidade dos estádios possa ter qualquer relevância). Para tentar acabar de vez com esse mito, deixo aqui as dimensões dos relvados dos estádios da actual primeira divisão, usando como termo de comparação com o Estádio da Luz e não incluindo os estádios do Euro 2004 e os Estádios do Restelo e Bonfim por tal me parecer desnecessário:
  • Estádio da Luz. 105x68 m
  • Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas (Moreirense FC): 105x67
  • Estádio Cidade de Barcelos: 106x68
  • Estádio Municipal de Arouca: 105x68
  • Estádio 25 de Abril (FC Penafiel): 106x66
  • Estádio da Madeira: 105x69
  • Estádio dos Barreiros: 105x68
  • Estádio António Coimbra da Mota: 105x70
  • Estádio da Mata Real: 105x68
  • Estádio dos Arcos: 105x68
Chega?