Nos casos da morte da doente com hepatite C e do medicamento necessário para o respectivo tratamento, o governo conseguiu transformar um acontecimento negativo, e que poderia causar graves danos à sua imagem, numa acção de propaganda extremamente bem conseguida. De caminho, evitou cair na demagogia e no populismo da "vida não tem preço" e "é preciso salvar uma vida custe o que custar" (em parte alguma do mundo é assim, em nenhuma actividade), embora, e como o português sempre o atrapalha, o primeiro-ministro tenha revelado alguma dificuldade com as palavras. Há que tirar o chapéu a Paulo Macedo, que viu os seus créditos em alta e a oposição perder a oportunidade de marcar alguns pontos numa área onde o governo tem estado em perda.
Foi preciso a opinião pública mobilizar-se? Pois foi, e ainda bem que essa mesma opinião pública conseguiu provar não estar completamente adormecida. Mas o governo aproveitou bem a embalagem e o "cone de ar" assim criado para uma ultrapassagem bem sucedida, mostrando, neste caso, uma competência que demasiadas vezes lhe tem faltado.
Nota: Já agora, tenho ouvido na rádio referências à doença designando-a por "hépátite". Será como as "bácinas"?
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