terça-feira, agosto 31, 2010

Milly Possoz e o "Estado Novo" (reposição - 9)

Ilustração de Milly Possoz para "O Mundo",
in "Doutrina Cristã", 2ª parte de "O Livro de Leitura da 2ª Classe (anos 50 do séc. XX)

"Dicas" de Verão (4) - ou em louvor do "ceviche"

Confesso o meu completo horror quando, nestes dias de trinta e muitos graus (principalmente nestes, mas também um pouco nos outros), passo à porta dos restaurantes populares (daqueles com a ementa escrita numa toalha de papel) e vejo o que se anuncia: desde choquinhos “en su tinta” a feijoada, entrecosto a “plumas” de porco preto (juro não sei o que seja), passando pelo cozido em dia certo da semana, o meu pensamento vai, de imediato, para o que aquelas almas trabalhadoras(?), as que vão ingerir tal coisa, serão capazes de fazer durante a tarde. Eu, confesso, seria incapaz de fazer o que quer que fosse, excepto sentar-me num sofá e esperar que o efeito passasse. Mas enfim, “cada um é como cada qual”, o que é frase reveladora de como o português tem o tamanho do coração na proporção inversa do rigor.

Mas como gosto de zelar pelo meu país e pela produtividade dos compatriotas que me calharam em sorte (é uma maneira de dizer...), e, uma vez mais, partindo da excelente qualidade do peixe aqui da costa, aqui vai uma dica, vinda dos trópicos sul-americanos, destinada aos almoços nestes dias de calor: “ceviche”, será que já ouviram falar? Peixe crú, marinado e comido frio, pois claro. E como sou pessoa condescendente, mesmo para os que têm necessidade de trabalhar tarde fora, recomendo acompanhem com um copo de um branco fresco, seco e aromático, talvez um “sauvignon blanc” dos Lavradores da Feitoria (encontra no Pão de Açúcar das Amoreiras) ou de um desses produtores neo-zelandeses que apareceram por aí agora com “sauvignons” de boa qualidade a preços convenientes.



Passando das palavras aos actos, aqui vai pois a receita. Muito fácil, como podem concluir...

One-Hit Wonders (16)

Simon Dupree & The Big Sound - "Kites" (1967)

Ainda duas perguntas a propósito de Queiroz...

  1. Ofender gravemente em público, numa entrevista ao “Expresso”, um superior hierárquico (Amândio de Carvalho) e, com ele, a sua entidade patronal (FPF) não será motivo mais do que suficiente para despedimento com justa causa? Ou para uma entidade patronal invocar tal motivo, será mesmo preciso um assassinato com transmissão televisiva, em directo e “ao vivo”?
  2. Pergunta aos comentadores que afirmam deveria a FPF, se quer despedir Queiroz, pagar a indemnização prevista contratualmente: que fariam se o dinheiro fosse vosso ou estivessem a gerir a empresa pela qual eram responsáveis perante os accionistas?

domingo, agosto 29, 2010

CDS: uma "promotional-discount brand"

Na última dúzia de anos, o CDS já foi quase tudo o que a direita pode ser: democrata-cristão (ou social-cristão), liberal na economia (que não nos costumes) e agora parece ensaiar uma versão do “Le Penismo” à portuguesa, enxertado num “neo-poujadisme” serôdio. O apelo plebiscitário actual é apenas a consequência lógica deste seu último “posicionamento”.

Tudo isto se passa, claro, mantendo o mesmo líder e mais ou menos inalterado o pessoal dirigente, o que nada abona em favor da sua coerência e consistência ideológicas.

Claro que quase ninguém mantém com uma “marca” assim uma relação de longo termo, de fidelização, não sabendo muito bem o que vai receber em troca. O CDS tornou-se deste modo uma “promotional-discount brand”, um produto cuja compra depende quase sempre das condições de ocasião...

Roberto? E que tal falar antes de Nicolás Gaitán?

Bom, deixem lá o pobre do Roberto em paz por uns minutos (defender um “penalty”, naquele momento, foi crucial, mas defender ou não um “penalties” não tem qualquer significado sobre o valor efectivo de um guarda-redes) e centrem-se no que foi essencial na vitória de ontem do SLB: largura e profundidade. Dois dos golos resultaram de centros de Gaitán, de jogadas pelas alas até à linha de fundo, e, claro, em um deles lá apareceu Cardozo, assim tendo oportunidade de potenciar as suas qualidades. Gaitán, ao contrário de Di Maria, não “explode”, mas parece ser mais preciso no modo como finaliza cada intervenção, ter mais “cabeça” e melhor sentido colectivo. Vamos ver no que dá...

One-Hit Wonders (15)

Four Jacks and a Jill - "Master Jack" (1968)

sexta-feira, agosto 27, 2010

O candidato do PCP

O PCP é o único dos grandes partidos portugueses que se assume como um “partido de classe”: é um partido marxista-leninista, que se arroga na representação exclusiva da classe operária e se assume como a sua vanguarda organizada na luta por uma sociedade por si, e logo por essa classe, dirigida. Não existindo na sociedade portuguesa uma situação política que justifique, e possibilite, a formação de uma frente ampla, à semelhança dos MUD e dos MDP-CDE de antanho, dirigida pelo PCP (aliás, a CDU, em teoria, já é uma frente...), não vejo onde possam estar a surpresa e a razão para indignação, à esquerda, perante a nomeação do seu candidato presidencial: um candidato “de classe”, do núcleo duro do partido, que represente os valores e aspirações do “proletariado”. Só se for na ignorância de quem escreve sobre o assunto. Ou na necessidade de encher papel. São ambos maus motivos....

One-Hit Wonders (14)

Strawberry Alarm Clock - "Incense And Peppermints" (1967)

quinta-feira, agosto 26, 2010

Summer nights music - II série (7)

W. A. Mozart - Trio para piano, clarinete e viola K 498 (Kegelstatt trio)
3º andamento (Rondeuax) Allegretto

quarta-feira, agosto 25, 2010

A 25

Em Portugal, o cidadão nunca é responsável por coisa alguma. A responsabilidade é sempre do Estado (preferencialmente) ou de qualquer outra entidade colectiva. No caso do choque em cadeia da A25, já alguém se lembrou de indagar a que velocidade circulavam alguns automobilistas numa estrada molhada com as primeiras chuvas, após semanas de calor, e envolta em denso nevoeiro? É que a mim, que já tirei a carta de condução há mais de quarenta anos, logo me ensinaram, na família e na escola de condução do ACP, quais as precauções a ter em tais circunstâncias.

Porque não apoiei o SC Braga nem fiquei feliz com a sua vitória

  1. Porque não sou patriota: identifico-me com os que partilham os meus valores e comportamentos e isso não acontece com a maioria dos portugueses.
  2. Porque sou benfiquista e por isso não desejo o fortalecimento dos meus adversários.
  3. Porque pouco me interessa a Liga portuguesa e a valorização do futebol português no seu todo: o meu interesse é que o meu clube se aproxime cada vez mais dos grandes clubes europeus (os seus “pares”) e venha a disputar com eles um futuro campeonato deste continente ou, no mínimo, um campeonato ibérico.
  4. Porque pouco ou nada me interessa que mais clubes portugueses disputem as provas da UEFA. Interessa-me que o meu clube seja campeão, digamos, três em cada cinco vezes e nunca se classifique abaixo do 2º lugar, o que lhe assegurará sempre um lugar nas provas da UEFA.
  5. Porque o SC Braga tem uma forte ligação ao FCP, principal adversário do meu clube. Apoiá-lo seria, pois, apoiar Pinto da Costa, os seus comportamentos - desportivos e extra-desportivos - e o FCP.
  6. Porque apoiar o SC Braga significa apoiar Mesquita Machado e a C. M. de Braga, os verdadeiros proprietários do clube, pessoa e instituição que, na sua gestão actual, estão nos antípodas dos valores que perfilho.

Apesar de todas estas razões me levarem a não apoiar o SC Braga e ter preferido que se verificasse a vitória do Sevilha FC, reconheço na equipa de Domingos Paciência uma identidade forte e processos de jogo bem definidos e assimilados (é, neste momento, a melhor equipa portuguesa), mérito completo na vitória e ao seu treinador capacidade profissional indiscutível. Por vezes, faz-me lembrar as equipas de Héctor Cúper, com um modelo de “bloco médio/baixo” muito forte defensivamente, jogadores rápidos, habilidosos e muito móveis a saírem a jogar no contra-ataque ou a aproveitarem os lançamentos longos para as costas da defesa contrária e grande aproveitamento das bolas paradas. No SC Braga funciona na perfeição, mas não dá para adaptar aos três grandes.

One-Hit Wonders (13)

The Honeybus - "I Can't Let Maggie Go" (1968)

terça-feira, agosto 24, 2010

10 clássicos de cine-esplanada - II série (6)


"Showboat", de George Sidney (1951)

O início de época do SLB: causas últimas e resumo

Ora vamos lá tentar fazer um resumo, um género de “wrap up” do que por aqui tenho dito sobre o princípio de época do meu “glorioso”, focando agora, depois das causas próximas, as suas origens mais profundas.

Perante um equipa campeã nacional indiscutível, com princípios, processos, modelo e sistema de jogo bem definidos e bem sucedidos, considerada a que melhor futebol tinha praticado aqui no “rectângulo”, que deveria Jorge Jesus, enquanto treinador e, mais do que isso, gestor da equipa, ter feito? Indiscutivelmente, mandariam as mais elementares regras da boa gestão mexer o menos possível na estrutura e processos da equipa, para isso, e conhecendo antecipadamente as saídas mais do que prováveis de Di Maria e Ramires, colmatando as ausências tendo na sua base essa mesma filosofia e objectivos de mexer o menos possível, e sempre pelo seguro, no que “estava bem”. Conseguido esse objectivo, ir criando outras alternativas de futuro nesses lugares e em outros (Aimar, por exemplo, já que Jara parece ser boa alternativa a Saviola) onde achasse isso pudesse vir a ser necessário. Ora nesse sentido, adiantar Coentrão (disse-o aqui) para o seu lugar de origem (já conhecia a equipa e os seus processos de jogo, apenas necessitando de pequenos ajustamentos pois ele e Di Maria, apesar de ambos desequilibradores, não são jogadores absolutamente idênticos), contratando um defesa esquerdo (sempre mais fácil e barato de encontrar do que um desequilibrador) e procurando uma alternativa a integrar gradualmente, seria sempre uma solução mais segura (Di Maria demorou três épocas a integra-se, convém lembrar) do que, não sendo o SLB o Madrid ou o Chelsea, ir buscar alguém de novo. Do mesmo modo que Amorim será sempre, no curto-prazo, a melhor e mais segura solução para preencher a vaga deixada em aberto por Ramires, o que não impede se procure uma outra solução mais adequada de futuro.

No caso do guarda-redes, sendo Quim um guarda-redes mediano e em fim de carreira, não constituindo Moreira e J. César opção consistente e tendo o Estádio da Luz, desde há anos, sido transformado num cemitério de jogadores para essa posição, mandaria a mesma filosofia que se encontrasse alguém indiscutível (também o disse aqui), experiente e com provas dadas (quando se falou em Marco Amelia, por exemplo, exultei...). Caso contrário seria melhor manter Quim e ir formando alguém...

Ok, pergunta-se, mas porque não agiu assim Jorge Jesus? A resposta é simples: porque Jorge Jesus, sendo um conhecedor do futebol e, no máximo, um bom treinador, está muito longe de ser um grande treinador, um treinador de excelência. Conhecendo o futebol português e tendo entendido como deve jogar o SLB, falta-lhe, contudo, dominar com segurança uma série de vertentes e princípios de gestão, psicologia, organização empresarial, recursos humanos, comunicação, etc, etc, absolutamente indispensáveis a um treinador de topo do futebol moderno. Assim sendo, depois de ter transformado Coentrão num excelente defesa-esquerdo, de ter potenciado o valor de Di Maria e ter transformado o SLB numa equipa ganhadora... deslumbrou-se e, ignorando a lei de Murphy e os seus próprios limites, julgou-se detentor da “pedra filosofal” do mundo do futebol, com capacidade para transformar em oiro tudo aquilo em que tocava fosse Gaitán num extremo ou Roberto Jimenez num guarda-redes de excelência. Teria competido a LFV uma palavra de bom senso (Rui Costa parece-me ter sido posto um pouco à margem de todo este processo), mas acontece que LFV, que nunca se fez notar pela sua capacidade para bem gerir desportivamente o clube, ter-se-á igualmente deslumbrado e dado carta branca ao treinador que, no fundo, literalmente o salvou quando estava à beira do abismo. Foi uma solução de risco, com demasiadas possibilidades de vir a correr mal em parte ou no seu todo. Podia correr mal e correu mesmo muito mal.

Agora, toca a apanhar os cacos e minimizar os prejuízos, tentando não corrigir erros com outros erros. Perdeu-se uma batalha importante, mas a guerra é ainda muito longa e vale a pena ser travada.

segunda-feira, agosto 23, 2010

One-Hit Wonders (12)

Phil Phillips and the Twilights - "Sea Of Love" (1959)

Mais uma lição de José Mourinho

"La idiosincrasia es fundamental. Puedes tener principios del juego, puedes no abdicar de ellos, pero la idiosincrasia del club y de la propia Liga son fundamentales. Si intentas jugar contra esos principios, estás jugando contra ti mismo. Existen cosas en el Real Madrid que quiero mantener."


José Mourinho explica assim, “preto no branco” e em muito poucas palavras, porque o “bloco” médio/baixo de Quique Flores e o apenas ensaiado 4x3x3 de Jorge Jesus no SLB, o 3x5x2 de Co Adriaanse no FCP dificilmente poderiam vingar e ter sucesso: vão contra a cultura dos respectivos clubes, as sua personalidades, a imagem que os seus sócios, adeptos e restantes interessados no clube ("shareholders" e "stakeholders") têm deste. Também o modo como estas duas equipas têm de jogar no campeonato português face ao modelo de jogo dominante que vão encontrar nos adversários. Explica também muitas das razões do sucesso do SLB da época passada: um futebol atacante e empolgante, de transições rápidas, baseado num 4x4x2 com largura, profundidade e uma referência de área. Algo que desde há décadas tem sido o "ex-libris" do clube e que é perfeitamente adequado para resolver 95% dos problemas que a equipa encontra ao longo da época.


Uma excelente lição de José Mourinho, pois claro! E válida para todas as organizações!

domingo, agosto 22, 2010

Summer nights music (II série - 6)

Johann Nepomuk Hummel - Concerto para trompete
(3º andamento)
Tine Thing Helseth e a Orquestra de Câmara Norueguesa

José Mourinho

"Soy un portugués muy atípico, porque el portugués en general echa de menos a Portugal y yo no. No tengo saudade, quizá porque tengo una familia espectacular, porque estoy enamorado de lo que hago... No tengo saudade, pero tengo mucha pasión. Soy un portugués que no quiere volver, no quiero trabajar en ningún club portugués, no quiero vivir en Portugal, pero soy un portugués al que le gustaría hacer algo importante con mis capacidades."

A ler aqui na íntegra a entrevista de José Mourinho ao "El País semanal". Indispensável.

Fecho de escolas à "vol d'oiseau"

Na vida dos negócios e das empresas, normalmente a primeira abordagem a um novo projecto ou ideia que nos são apresentados é feita no sentido de verificar se o que nos é proposto “faz sentido”; se no seu racional, na sua correspondência com o ambiente externo e interno, no modo com aborda os problemas, nas soluções propostas e na adequação da estratégia e acções apresentadas aos objectivos em vista (e nos próprios objectivos em si mesmos), etc, etc, tudo parece consistente e não contraditório, nada fere a lógica. Se isso acontece, numa primeira e rápida análise muitas vezes efectuada “à vol d’oiseau”, confiamos que o projecto ou ideia merecem que se gaste algum tempo com ele, partindo-se então para uma sua análise mais profunda e detalhada. De modo mais ou menos formal, é assim que as coisas se passam.



Embora sendo parcos os meus conhecimentos de organização e gestão escolar, de pedagogia e acção educativa, o que essa tal lógica me leva a concluir do projecto que prevê o fecho de escolas com menos de vinte alunos é que, analisadas as questões que acima referi, no seu todo ele “faz bastante sentido”, merecendo por isso que se passe ao patamar seguinte do seu desenvolvimento. Algumas acções serão mais complicadas de resolver, outras desencadearão alguns problemas, outras, ainda, necessitarão de um estudo mais aprofundado? Não duvido; mas fazendo o projecto globalmente “sentido”, serão sempre questões subsidiárias a necessitar de resolução e, eventualmente, de alteração nos seus detalhes e processos de implementação. Nunca algo que sirva de pretexto para que se mude o essencial.

sábado, agosto 21, 2010

Três derrotas

  1. Não me escondo nos maus momentos. Por isso, este “post” tem como objectivo principal abrir a caixa de comentários à discussão.
  2. Àquilo que disse anteriormente, e que reafirmo, apenas acrescento e admito agora que Roberto não pode jogar nos próximos jogos.
  3. Já tinha dito aqui que Jorge Jesus vinha a falar demais. Deveria calar-se durante os – longos - próximos tempos.

FCP: uma OPA hostil sobre o SCP?

Será que uma instituição com o historial do SCP não tem alguém competente e com passado e prestígio no clube, à semelhança de um Rui Costa no SLB ou de um Vítor Baía no FCP (para só citar dois exemplos dos que não gerem os assuntos a murro), para assumir o lugar de director desportivo? Ou será que a entrega desse lugar a alguém como Costinha - cujo valor como profissional e jogador não estão em causa mas que construiu o seu prestígio fundamentalmente ligado às vitórias desportivas do FCP – bem como a venda do passe de Moutinho, enquadram aquilo que, num conceito muito amplo e livre, se pode designar como uma OPA hostil do Futebol Clube do Porto sobre o Sporting Clube de Portugal? Eu, se fosse “lagarto” estaria preocupado. Muito preocupado!...

Dicas de Verão (3)


O que nos fará ir propositadamente ao Chiado e esperar uns longos dez minutos na “bicha” para comer um gelado no Santini? A qualidade, sim, mas haverá uma outra meia dúzia de sítios em Lisboa e arredores onde esta não ficará muito atrás. Então? Aquilo que se pode designar por “heritage”: o património de uma marca que nos remete para o “glamour” e para o elitismo de uma Cascais dos anos 50 do século passado, do “Clube Naval” e da “Parada”, de D. Juanito de Borbón e de Humberto de Sabóia. É deste espírito, desta capacidade para despertar em nós emoções que se fazem as grandes marcas...

One-Hit Wonders (11)

The Casuals - "Jesamine" (1968)

sexta-feira, agosto 20, 2010

Milly Possoz e o "Estado Novo" (8 - reposição)

Ilustração de Milly Possoz para "Doutrina Cristã"
2ª parte de "O Livro de Leitura da 2ª Classe" (anos 50 do séc. XX)

Será que o PSD vai mesmo descer nas sondagens?

Anda quase toda a gente, principalmente a da área do PS, a considerar como válida a única sondagem cujo trabalho de campo foi comprovadamente realizado após o anúncio da proposta de revisão constitucional do PSD, e que apresenta uma queda de 10 pontos percentuais nas intenções de voto deste partido (Marktest). Convém deitar alguma água na fervura socialista e lembrar que tal decréscimo tem como base uma percentagem de 47.7% nas intenções de voto no PSD e de 24.1% no PS na sondagem anterior, números que se afastam demasiado de todos os outros dados conhecidos e fenómeno que em estatística se designa por “outlier”.

Não descartando que alguma queda nas intenções de voto do PSD possa ocorrer em função das últimas propostas do partido, mas também sabendo que a memória dos portugueses é demasiado selectiva em desfavor da política “pura e dura” e funciona demasiado no curto-prazo (ver o que tem acontecido com a avaliação do actual PR), recomendo pois ao governo, Partido Socialista e respectivos apoiantes encartados alguma cautela e caldos de galinha enquanto aguardam as próxima sondagens.

Queiroz

Quando uma empresa se quer ver livre de um trabalhador, principalmente quando se trata de um “quadro”, e não encontra justa causa para despedimento existe um método frequentemente aplicado: tornar-lhe a “vida num inferno”, impossível, até que este decida sair pelo seu pé à beira ou já em pleno ataque de nervos. A FPF, pelo vistos, conhece o método. Veremos se o sabe e consegue aplicar. Pelos seu histórico e andar da carruagem, permito-me duvidar.

quinta-feira, agosto 19, 2010

Obsessão...

O presidente do FCP parece ter desenvolvido ao longo dos tempos uma enorme obsessão pelo Sport Lisboa e Benfica, obsessão essa que se tem vindo a acentuar nestes últimos anos. Não admira: o SLB foi dominante nos anos em que se desenvolveu e implementou o futebol moderno (décadas de 60 e 70 do século XX), foi o primeiro clube português a obter sucesso internacional, os jogadores do SLB eram maioritários e foram determinantes no resultado alcançado pela selecção nacional no Mundial de 66, resultado este que constitui a sua melhor prestação até ao momento, e foi e é do SLB a maior referência de sempre do futebol português (Eusébio da Silva Ferreira). Sabe também Pinto da Costa que não existindo, nas condições actuais, mercado para três grandes clubes em Portugal, é o Benfica, pela sua dimensão, potencial e valores históricos, o único clube que pode impedir o FCP de prolongar para o futuro a hegemonia que conquistou nas três últimas décadas, sabendo também que, em termos políticos, sociais e económicos, o futuro, com a zona do Grande Porto em alguma perda, não se apresenta muito favorável aos seus desígnios. Por último, a noção de que alguma coisa pode estar a mudar na gestão do SLB e que a consistência de resultados, até aqui esparsos, pode efectivamente vir a ser viável, não deixará certamente de preocupar um presidente do FCP que também já não poderá deixar de acusar as consequências da lei da vida.

No entanto, se for dar-se ao trabalho de verificar a rentabilidade desta sua actuação, por certo Pinto da Costa verificará que para além de uma demonstração de poder num futebol português cuja batalha pelo domínio desportivo ele tentou transformar numa luta entre “famílias” - onde não faltam as manifestações de lealdade das famílias dependentes, sempre prontas para se alimentarem de algumas migalhas (a última parece ser o SCP) – em termos de rentabilidade e exceptuando um ou outro caso mais relevante como o de Radamel Falcao, a estratégia está longe de se ter revelado brilhante e bem sucedida, faltando perguntar, por exemplo, se um tal de Nica Panduru terá mesmo comprado um quarteirão inteiro da cidade de Bucareste com os ordenados auferidos quando da sua passagem pelo FCP.

Mas enfim, sabemos que isto das obsessões, sejam elas as paixões serôdias por jovens em busca de protecção e património, pela declamação inflamada ao estilo de um Villaret ou Ary dos Santos ou a inveja pelo activo do próximo, contém em si sempre muito de irracional, tanto como irracional é tantas vezes o desejo. Tanto mais irracional, claro, quanto as condições reais e concretas do obcecado e do seu mundo tornam cada vez mais difícil a sua concretização.

One-Hit Wonders (10)

The Knickerbockers - "Lies" (1965)

quarta-feira, agosto 18, 2010

10 clássicos de cine-esplanada - II série (5)


"To Hell and Back", de Jesse Hibbs (1955)

Country Life (7)







Hinton Ampner (Hampshire)

Desemprego e economia

Se o facto de 55.3% das pessoas sem emprego, em Portugal, serem desempregados de longa duração e 74 % de estes não possuírem mais do que o ensino básico é uma notícia socialmente preocupante, a exigir reforço de medidas adequadas de protecção social por parte do governo (a esmagadora maioria destes portugueses não reentrará no mercado de trabalho), por outro lado, e sabendo também que o desemprego de curta duração sofreu um recuo de 4%, isto significa que a reconversão e modernização do tecido empresarial português se vai pouco a pouco realizando e estes serão os inevitáveis custos a pagar por uma geração sacrificada.

Significará também que a actual lei dos despedimentos, que flexibiliza os despedimentos colectivos para reconversão das empresas, se mostra adequada à realidade empresarial e que a liberalização do despedimento individual, por muitos apresentada como panaceia para o aumento de competitividade das empresas e economia portuguesas, em pouco ou nada contribuirá para tal desiderato.

Demonstra também à saciedade a importância do estado-providência, permitindo ao tecido empresarial a necessária e imprescindível reconversão sem que os inerentes custos sociais ponham demasiado em causa ao ordem social, o funcionamento da economia e das instituições democráticas.

Tudo o mais que se possa dizer em função da análise destes indicadores agregados entrará no campo da pura demagogia partidária.

terça-feira, agosto 17, 2010

"A Morte da Amante do Milionário"


Peço desculpa, mas homicídio, milionário, testamento, amante, herdeira espoliada?... Não é mesmo um caso à medida de um destes senhores? Então porque esperam?

Mercado de transferências

No “Jogo Jogado” de ontem, dos raros programas sobre futebol a que vale a pena estar atento, Luís Freitas Lobo levantava a questão, com a qual concordo, de não fazer qualquer sentido o mercado de transferências estar aberto até 31 de Agosto, data em que todos os campeonatos europeus estão já a disputar-se. Acrescento algo mais: à semelhança do que já acontece com os jogos das suas competições, incluindo as fases de apuramento para Europeus e Mundiais (selecções), a UEFA deveria determinar, uniformizando, as datas de início e fim das ligas profissionais dos países que a integram, apenas com os desfasamentos, que já acontecem, relacionadas com condições climatéricas extremas de alguns desses países. Em função do calendário assim definido, estabeleceria então o período autorizado para transferências, em princípio cingido ao tempo de pausa das ligas europeias. Tudo ficaria bem mais claro.

One-Hit Wonders (9)

The Rooftop Singers - "Walk Right In" (1963)

segunda-feira, agosto 16, 2010

Summer nights music (II série - 5)

Joseph Haydn - Concerto para trompete (3º andamento - allegro)
Tine Thing Helseth e a Orquestra de Câmara Norueguesa

domingo, agosto 15, 2010

SLB depois de duas derrotas

A minha opinião sobre o SLB, mesmo depois destas duas derrotas nos primeiros jogos oficiais, é a mesma que foi expressa aqui, aqui e aqui. Apenas acrescento o seguinte: aqueles, de vistas curtas, que resumiam os problemas da equipa ao guarda-redes Roberto, ou achavam ser essa a questão fundamental, talvez agoram compreendam melhor a minha opinião.

O difícil equilíbrio de Passos Coelho

Por demérito do PS e do governo de José Sócrates, mas também muito por mérito seu (apesar de alguns passos em falso – “tributo solídário”, “Conselho Superior da República” e, em parte, proposta de revisão constitucional – recentrou o debate nas questões políticas, afastou o excesso de conservadorismo e tenta dotar o seu partido de um corpo ideológico coerente e alternativo), Pedro Passos Coelho, desde há semanas, lidera as sondagens. Ora isto, que poderia parecer uma excelente notícia para o PSD, parece constituir agora o problema central de Pedro Passos Coelho, ao estilo, “que farei eu com esta espada”?! Expliquemo-nos...

Reconhecendo, pela sua experiência política, aqui e ali, alguma volatilidade ao eleitorado e calculando poder estar a atingir, em condições normais, o máximo a que pode ambicionar em intenções de voto, Passos Coelho sabe que tem agora pela frente a difícil tarefa de aguentar, sabe-se lá por quanto tempo, a liderança das sondagens contra um adversário resiliente como o é José Sócrates. Não querendo forçar a crise política - via moção de censura ou afim - por temer os seus custos eleitorais, restam a Pedro Passos Coelho duas alternativas que se não excluem: colocar a responsabilidade no Presidente da República, empurrando-o para a dissolução da AR (penso que perderá o seu tempo), e fazer “bluff” com o Governo ameaçando-o com uma falsa chantagem de quebra de apoio na discussão e aprovação do orçamento e/ou outras questões políticas essenciais e decisivas.

Foi em torno deste difícil equilíbrio que se moveu o discurso de ontem de Pedro Passos Coelho, no Pontal. Resta agora saber se o PS, ao aperceber-se do “bluff”, decide optar por uma posição de força obrigando o PSD a recuar ou, finalmente, a mostrar o seu jogo em eleições. Venha pois daí o orçamento...

One-Hit Wonders (8)

Hedgehoppers Anonymous - "It's Good News Week" (1965)

sexta-feira, agosto 13, 2010

Incêndios: "media" e demagogia

Um bom exemplo do aproveitamento demagógico de alguns acontecimentos com características catastróficas feito pela comunicação social, através da extrema simplificação de uma realidade bem mais complexa, é a pergunta que o “Público” “on line” faz hoje aos seus leitores: “Acha que as Forças Armadas deveriam integrar a estrutura de prevenção e combate aos incêndios florestais?”

Claro que perante a tragédia, e num reflexo quase “pavloviano”, as respostas são esmagadoramente em favor do “sim”. Mas pergunta-se, mais a mais sabendo que, hoje em dia, as FA são constituídas por profissionais especializados e não mais por um enorme contingente de mancebos obrigatoriamente arregimentados: para fazer o quê? Integradas em que estrutura e obedecendo a que cadeia hierárquica? As FA têm algum corpo especializado que possa verdadeiramente ser útil nestas situações (prevenção e combate)? É possível e rentável treinar algum com esse fim? Por fim: é às FA que deve competir essa função ou, como parece já ter acontecido, só estariam lá para ver ou atrapalhar?

Haverá, com certeza, outras perguntas e questões associadas (estou longe de ser especialista no assunto), mas penso estas serão mais do que suficientes para provar a tese apresentada.

10 clássicos de cine-esplanada - II série (4)


"Merry Andrew", de Michael Kidd (1958)
Danny Kaye in "Salud"

Idem
Danny Kaye in"Everything Is Tickety-Boo"

Um estranho "Bebé"...

Em poucas palavras... Há cerca de ½ dúzia de semanas, o V. de Guimarães comprou ao Estrela da Amadora, por 50 000 euros (ao que parece), o passe de um desconhecido jogador de futebol, de 20 anos, que ninguém conhecia e não tinha qualquer percurso nas selecções jovens. Neste seu novo contrato com o clube minhoto, ficou estabelecida uma cláusula de rescisão de 9 milhões de euros, valor que escassas semanas mais tarde o Manchester United, ao que parece por indicação positiva de Carlos Queiroz sobre a qualidade do jogador, pagaria pelo seu passe num negócio liderado pelo empresário Jorge Mendes. Acresce que Tiago Correia (“Bebé” – é dele que estou a falar) terá feito sete jogos pelo o V. de Guimarães durante a presente pré-época, e a tal coisa se resume a sua experiência no futebol profissional.

Bom, abomino teorias da conspiração, fujo mesmo delas a “sete pés” e nem mesmo sei, no caso presente, em que moldes elas poderiam ser equacionadas. Mas perante tão evidente conto de fadas e conhecendo um pouco o futebol, em vez de chorar e fazer chorar todas as pedrinhas da calçada permitam-me, pelo menos, me interrogue sobre se, nesta história, tudo bate mesmo muito certo... Baterá?

One-Hit Wonders (7)

Jewel Akens - "The Birds And the Bees" (1965)

quinta-feira, agosto 12, 2010

Narciso...

O que me preocupa no actual “caso” Narciso Miranda (ai, a “silly season”!) não é a sua expulsão do PS, perfeitamente aceitável por ter concorrido contra a lista oficial do partido a que pertence - ou pertencia. (nota: não existe qualquer similitude com as eleições presidenciais, onde as candidaturas são de iniciativa individual podendo, ou não, ser apoiadas por um ou mais partidos). O que me preocupa, o que verdadeiramente me preocupa é Narciso Miranda alguma vez ter sido militante destacado do PS e presidente de uma câmara municipal numa lista deste partido. Digamos que nunca é demasiado tarde para repor alguma decência!...

"A Alemanha do Pós-Guerra"

A série “A Alemanha do Pós-Guerra”, a ser emitida pelo Canal História, é talvez o que de mais interessante passa na televisão neste mês de Agosto. Um retrato político, social, económico e da vida quotidiana daquilo que viriam a ser as duas Alemanhas, no período imediatamente posterior ao fim da WWII, que inclui depoimentos de quem, de ambos os lados, ocidental e soviético, viveu os acontecimentos. Difícil é conseguir saber os horários de emissão... Mas tente aqui...

Summer nights music (II série - 4)

Luigi Boccherini - Menuet

quarta-feira, agosto 11, 2010

ACIP: e se fabricassem brioches?

Depois de, com a conivência dos “media”, terem andado demagogicamente a agitar o aumento do preço das farinhas com o objectivo de extorquir ao Estado mais uns euros em subsídios, ou uma qualquer decisão proteccionista, os industriais e comerciantes integrantes da ACIP (Associação do Comércio e da Indústria de Panificação) tiveram do grupo Jerónimo Martins (Pingo Doce, Feira Nova e Recheio) a resposta adequada numa economia de livre conciorrência: nas lojas do grupo, o pão manterá o seu preço até ao final do ano.

Claro que como este género de gente (ACIP e corporações similares) odeia essa mesma livre concorrência, e viram na decisão do grupo JM o risco de perderem mais alguma da sua quota de mercado, trataram, de imediato, de apresentar queixa na... Autoridade para a Concorrência, alegando não importa o quê - mas, de certeza, qualquer imaginada concorrência desleal por parte das grandes superfícies. Conselho aos empresários reunidos na ACIP, parafraseando o que Maria Antonieta nunca terá dito: e se fabricassem brioches?

Milly Possoz e o "Estado Novo" (7 - reposição)

Ilustração de Milly Possoz para "Um segredo"
in "O Livro De Leitura da 2ª Classe" (anos 50 do séc. XX)

One-Hit Wonders (6)

The Merseys - "Sorrow" (1966)

terça-feira, agosto 10, 2010

Pergunta...

Uma pergunta: depois de ter arrolado como testemunhas abonatórias Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira (a ausência de José Eduardo Bettencourt é sintomática...) que autonomia restará a Carlos Queiroz, no seu trabalho para a FPF, face aos clubes e pessoas em questão? E como será, a partir de agora, o relacionamento entre a FPF e esses clubes e dirigentes?

"Dica" de Verão (2)

Desde que começaram a aparecer no mercado português, para aí há uns vinte e tal anos (um dos primeiros – que me lembre – terá sido o “Terra Franca”, da Sogrape), que me tornei adepto dos rosés secos (não estou a falar daqueles um pouco adocicados, ao estilo “Mateus”) como vinhos de Verão. São frescos e frutados, como a estação requer (mas atenção: desde que comedidos no teor alcoólico), têm uma bela cor, acompanham bem as conversas junto à piscina, com ou sem aqueles aperitivos habituais, e a gastronomia mais ou menos fútil adequada aos calores estivais e a uns bons mergulhos refrescantes. Exemplo? Sushi” (pois claro!) ou uma daqueles saladas frias à base de “pasta” como, por exemplo, “fusilli” tricolor com pedaços e salmão e mexilhões (para peixe grelhado ou para aquelas bem agradáveis saladas gregas com queijo “Feta”, escolha um “branco”, sff).

Ainda por cima são vinhos baratos (também não se espera sejam grandes vinhos!), e aqui agora é que bate o ponto e começa a história deste “post”. Aqui há uns anos (três ou quatro, não me lembro) decidi experimentar um rosé da Cooperativa de Pegões que se vendia no P. de Açucar das Amoreiras a um preço ridículo (cerca de €1.50). Ao contrário do que acontece com tantas outras cooperativas, Pegões insiste em fazer bons vinhos e, pelo preço, este era quase oferecido. Resultado? Desilusão!... O vinho era, como esperava, bem feito mas algum açucar residual tornava-o um pouco enjoativo. Foi para o “index” e ficou de castigo!

Mas, coração generoso, passado esses anos de “nojo” resolvi dar-lhe uma segunda oportunidade e a surpresa foi total: vinho agora seco, frutado tanto quanto se possa esperar, fresco, a merecer os maiores encómios face ao preço proposto (os mesmos €1.50, mais coisa menos coisa). Um achado, este “Fonte do Nico” rosé (12.5º) feito por Jaime Quendera com base na casta Castelão, a dominante na região de Setúbal/Palmela. A provar, pois claro, que é possível fazer vinho “honesto”, para o dia a dia, a preços convenientes, e também que a crise não é desculpa (de mau pagador) para se abandonarem os bons hábitos. Vá lá, aproveite a "dica".

Summer nights music (II série - 3)

João Domingos Bomtempo - Concerto para piano nº 1
3º andamento (allegro brillante)
Nella Maissa (piano)

segunda-feira, agosto 09, 2010

"Dica" de Verão

Com excelentes sardinhas e atum de conserva, com óptimo azeite, os portugueses conhecem pouco ou nada uma das melhores e mais baratas opções para estes dias de insuportável canícula: a salada niçoise. Experimentem-na acompanhada de um também bom e barato vinho branco, como o Adega de Pegões colheita seleccionada (menos de €3 no Pingo Doce – sem publicidade).

Nota: pode misturar na salada atum e sardinhas de conserva que só ganha com a opção.

Felgueiras vs José Manuel Fernandes

Nada melhor para concluir do estado deplorável a que chegou o jornalismo em Portugal do que ler a publi-entrevista (publicidade disfarçada de entrevista), na “Pública” de ontem, a Fátima Felgueiras (sorry, no link) e, depois, perder uns minutos com a troca de comentários, no “Blasfémias", entre a jornalista, assessora de comunicação e filha da autarca, Sandra Felgueiras, e o ex-director e actual colunista do “Público” e “blogger” José Manuel Fernandes. Por decência, nada mais acrescento...

Les Belles Anglaises (XLV)








Morgan Plus Four (1965)

One-Hit Wonders (5)

The Poni-Tails - "Born Too Late" (1958)

domingo, agosto 08, 2010

10 clássicos de cine-esplanada - II série (3)


"The Prisoner of Zenda", de Richard Thorpe (1952)

SLB: e agora?

Depois do que disse nos “posts” anteriores, e para não me ficar só pela crítica, que devem o SLB e Jorge Jesus fazer? Bom, em vez de andarem a inventar ou à pressa a tentar encontrar substitutos para Di Maria e Ramires, com elevadas hipóteses de insucesso e sem tempo de integração para quem vier (tiveram seis meses, ou mais, para encontrar um substituto de Di Maria e falharam...), será melhor optarem por um modelo que consiga, em alguma medida, combinar a posse e circulação de bola com as transições rápidas pelos flancos. Como? Através da adopção de um 4x4x2 em losango (pese o que dizia a crítica, não era este o sistema da época passada), com Gaitán e Amorim mais sobre as alas abrindo espaço, com movimentos interiores, para as entradas mais “verticais” de Maxi e Coentrão, e Aimar/Carlos Martins no vértice mais avançado. É o que menos mexe com os princípios estabelecidos e permite a manutenção de algum equilíbrio na equipa.

Depois, com calma, durmam sobre o assunto e tomem decisões a médio prazo, procurando não repetir asneiras.

SLB: uma equipa "lost in translation"

Contrariamente ao que parece pensar Jorge Jesus com as suas hesitações na pré-época, não é fundamentalmente o sistema de jogo (4x4x2; 4x3x3, etc) que as ausências de Ramires e Di Maria põem em causa, mas sim algo mais profundo: alguns dos princípios essenciais (transições rápidas, jogo profundo e esticado pelo flancos) que fizeram o sucesso da equipa na época passada. Sem aqueles dois jogadores, mas com Gaitán e as duplas actualmente possíveis no flanco direito (Maxi e Amorim ou Martins), a equipa não só perde essa profundidade pelos flancos como tem tendência para privilegiar a posse e circulação de bola em detrimento das transições rápidas, o jogo em tabelas e desmarcações em curtos espaços de terreno mais centrais em prejuízo de um futebol mais explosivo, acutilante e aberto que era o de Ramires e Di Maria.

Estes são os problemas, com alguma autonomia face ao sistema de jogo (seja ele o 4x4x2, o 4x3x3, o 4x1x3x2 ou qualquer outro) e que o precedem, e daí o ter-se visto ontem a equipa como que “apática e abúlica” (como diria Alves dos Santos). Por sobrecarga de pré-época? Quase de certeza; mas também como que perdida e confusa nos princípios orientadores do seu jogo (um pouco "lost in translation") e na sua compatibilidade com os jogadores que a compõem.

Em devido tempo, já o tinha previsto aqui!

sábado, agosto 07, 2010

SLB: preocupante...

Demasiadas hesitações na pré-época (sistema de jogo e posição de Coentrão) fruto de uma contratação incorrecta para o lugar de Di Maria (Gaitán), o nervosismo e a instabilidade já notadas em alguns jogos decisivos na época passada e falta de velocidade e de explosão, talvez com origem numa pré-época deficientemente planeada e com jogadores a chegarem tipo “pinga pinga”, são demasiados erros para poderem ser disfarçados contra uma equipa como o FCP. Resultado: a equipa andou perdida, ao sabor de iniciativas individuais condenadas ao insucesso quando faltam as tais velocidade e poder de explosão e sem nunca perceber muito bem o que devia fazer em campo. Ah, e é fácil culpar Roberto quando a defesa deixa alguém cabecear sem oposição a cinco metros da baliza!

A mesma luta: CUV (corporações unidas vencerão)

António Martins - Presidente da Associação Sindical dos Juizes Portugueses

Mário Mogueira - esse mesmo

João Palma - Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público

Justiça de Cluny...

António Cluny, antigo presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (o quê?) e alguém que os “media” gostam sempre de ouvir vá lá saber-se porquê (talvez porque nunca lhe tenha passado pela cabeça contribuir com o que quer que fosse para a resolução dos problemas da Justiça em Portugal), declarou à TSF que os problemas da Justiça não se combatem com frases bombásticas. Inteiramente de acordo. Mas gostaria de saber qual seria a atitude e reacção de António Cluny quando, e se, um dia alguém tiver finalmente a coragem de passar das palavras aos actos...

One-Hit Wonders (4)

The Murmaids - "Popsicles and Icicles" (1964)

quinta-feira, agosto 05, 2010

O pão e a demagogia...

Pelo seu simbolismo, nada mais favorável à irrupção do populismo e demagogia mais desbragados do que qualquer problema relacionado com o pão. E se se tratar de um aumento de preços, tanto melhor. Claro que o “Público” e outros “media” estão sempre prontos a dar uma ajuda. Felizmente, há muito que o pão deixou de ter qualquer peso significativo no consumo das famílias portuguesas...

Já agora, com o pão a fabricar-se e vender-se em supermercados e etc, qual a efectiva quota dos associados da ACIP (Associação do Comércio e da Indústria da Panificação, Pastelaria e Similares) no mercado do pão? E de que estão à espera? Que o Estado controle ou subsidie o preço da farinha?

PGR, Ministério Público, Conselho Superior da Magistratura e etc: mais do que óbvio


Daniel Proença de Carvalho ontem à
RTP N

"This Is England" - hoje no TVC2

"This Is England", de Shane Meadows (2006)

Para quem estiver em casa esta noite, vale a pena ver, no TVC2, pelas 21.30h, “This Is England”, um filme de Shane Meadows. Não abala os alicerces da arte cinematográfica, mas consegue ser bem melhor que a maior parte do que por aí se vê.

SLB: o "puzzle" de Jorge Jesus

Um dos factores que esteve na base do sucesso do SLB na época passada foi o facto de Jorge Jesus ter “acertado” com modelo e sistema de jogo da equipa, o adequado a quem tem de jogar em balanceamento ofensivo, contra equipas “fechadas”, em 95% dos jogos e aquele que conduziu ao sucesso muitas equipas do SLB do passado: transições rápidas, equipa em largura com rapidez e desdobramentos (Coentrão/Di Maria e Maxi/Ramires) pelas faixas, “pivot” defensivo posicional a equilibrar a equipa (lembram-se de Thern e Stromberg?) e ponta de lança de referência, mesmo que pouco móvel, na área. Aliás, quando a equipa abandonou este modelo (Anfield) ficou dele orfão e... “tramou-se”.

Será talvez altura de lembrar a Jorge Jesus que o 4x3x3 não tem qualquer tradição no clube, que com Saviola e Jara no jogo externo a equipa perde a largura tão necessária contra os adversários em “bloco baixo” (e também à criação de espaços para Cardozo, que não é um ponta de lança que os crie), que César Peixoto não é rápido nos desdobramentos pelas alas e, sem Ramires, não existe ninguém que “estique” e “encolha” o jogo na direita (talvez Maxi/Amorim?), mantendo os equilíbrios ofensivo e defensivo. Um “puzzle” para Jorge Jesus resolver, mas que deveria estar já solucionado antes de começarem os jogos a sério até porque sabia há muito Di Maria e Ramires seriam as peças que mais facilmente lhe faltariam

Entretanto, alguém terá de me explicar uma coisa muito simples: porque foi contratado Gaitán?, que me parece claramente “off strategy” por dificilmente encaixar no 4x1x3x2 do ano passado?

One-Hit Wonders (3)

Mason Williams - "Classical Gas" (1968)

quarta-feira, agosto 04, 2010

As capas de Cândido Costa Pinto (66)

Capa de CCP para "O Enigma da Virgem de Ferro", de John Dickson Carr, nº 79 da "Colecção Vampiro"

O que vale mesmo a pena dizer sobre o tal "caso" Freeport (que querem?, não resisti!)

Todos já percebemos desde há alguns anos que a Justiça, em total promiscuidade com os “media”, se transformou em campo de luta política e coutada de interesses corporativos. Não me parece valha muito a pena escarafunchar mais no assunto, pois nada disto constitui novidade e a situação é desde há muito por demais clara.

O que valeria a pena – isso sim – e se tornaria urgente e indispensável saber seria o que o governo e o principal partido da oposição têm a propor para acabar, mesmo que a prazo, com tal estado de coisas. E sobre isso o silêncio é ensurdecedor. Não admira: em primeiro lugar porque a criatura acabou por ganhar alguma autonomia e passou, pelo menos em parte, a dominar o criador; em segundo lugar porque se PSD tem vindo a lucrar algo com a situação, o PS espera vir a fazê-lo no futuro. E, nesta situação de equilíbrio pelo terror, tal qual como nos tempos da “guerra-fria” quem ceder em primeiro lugar arrisca-se a perder.

10 clássicos de cine-esplanada - II série (2)


"Escape From Fort Bravo", de John Sturges (1953)

terça-feira, agosto 03, 2010

Milly Possoz e o "Estado Novo" (6 - reposição)

Ilustração de Milly Possoz para "O meu pai"
in "O Livro de Leitura da 2ª classe" (anos 50 do séc. XX)

Mais uma lição de José Mourinho

Se alguém sente ainda necessidade de entender algumas das razões do sucesso de José Mourinho fora de Portugal, a leitura das suas afirmações sobre André Villas-Boas, nesta entrevista ao “Record”, por certo não deixará de lhe dar respostas. Em vez do elogio fácil – tão ao gosto dos portugueses -, do amiguismo e do compadrio em relação a alguém que sempre foi um dos seus próximos, Mourinho opta por algum distanciamento, enorme rigor na apreciação de um assunto e de alguém que terá, com os resultados, de provar a justeza da sua contratação; que terá de fazer, solitariamente, o seu próprio caminho. Parece irrelevante, mas encerra em si toda uma concepção de vida e lição de gestão.

Aliás, toda a entrevista é um exemplo de despojamento e de rigor – como quando fala sobre a selecção e perfis de seleccionadores - indo directo aos assuntos com pragmatismo, sem rodeios ou quaisquer tendências para afirmações bombásticas tão ao gosto de alguns treinadores medíocres aqui do rectângulo.

Uma grande chapelada, pois claro!

One-Hit Wonders (2)

Pinkerton's Assorted Colours - "Mirror Mirror" (1965)

segunda-feira, agosto 02, 2010

Tradição...

Sim, eu sei que vão chamar-me conservador (limito-me a ser tradicionalista, confesso-o sem quaisquer problemas), mas seria exigir muito que repórteres e jornalistas de televisão presentes em velórios e enterros, em missão profissional, usassem uma uma simples gravata preta?

Summer nights music (II série - 1)

W. A. Mozart - German Dance nº 3 K 605

Freeport

Recuso-me sequer a ler uma linha ou ouvir um único “sound byte” que seja sobre o alegado “caso” Freeport. A tal ponto chegaram nojo e repugnância.

Vice-Almirante ao fundo!

Toda a polémica que envolveu a compra dos submarinos para a Armada Portuguesa e que está longe de estar terminada, o seu preço (mais de mil milhões de euros) e o “déficit” de percepção existente na sociedade portuguesa sobre a sua efectiva utilidade, isto num país que se debate com profunda crise económica, uma dívida externa elevada e um “déficit” público cujo controle vai exigir largos sacrifícios aos portugueses, deveriam ser suficientes para levar o vice-almirante Vieira Matias, ex-CEM da Armada, a usar de algum bom senso e discrição quando se refere a tal assunto, em vez de, no dia em que o primeiro dos dois submarinos chega a Lisboa, comportar-se qual criança que finalmente recebe o brinquedo tão longamente desejado. Não lhe fica bem, não confere dignidade à Marinha Portuguesa, nem tão pouco responde de modo eficaz (antes pelo contrário) às dúvidas levantadas por muitos e diferenciados sectores da sociedade sobre a utilidade de tal compra.

Mas, infelizmente, bom senso e discrição, para já não falar de inteligência política, atributo, talvez injustamente, raramente concedido aos militares, são características que parecem não se coadunar muito bem com a personalidade do vice-almirante, como o demonstram as declarações, no mínimo infelizes e ideologicamente muito próximas da extrema-direita ultramontana e saudosa do Império, tecidas a propósito do passado militar do candidato presidencial Manuel Alegre e que deveriam ter merecido reprovação imediata de todos os que se reconhecem no 25 de Abril, na luta contra a ditadura e na democracia política plural.

Claro que não estando no activo, poderá o vice-almirante, tal como qualquer outro cidadão, exprimir as suas opiniões livremente – e ainda bem que assim é. Mas tendo em atenção o cargo de responsabilidade que ocupou na hierarquia militar, por nomeação política de governo e Presidente da República, talvez fosse avisado lembrar desde já a estes últimos a necessidade de um maior cuidado nas nomeações de sua responsabilidade. É que não é por nada, mas de almirantes sem o dom da oratória...

Beat (10)


Number 8 - a poem by Lawrence Ferlinghetti

It was a face which darkness could kill
in an instant
a face as easily hurtby laughter or light

'We think differently at night'
she told me once
lying back languidly

And she would quote Cocteau'

I feel there is an angel in me' she'd say'
whom I am constantly shocking'

Then she would smile and look away
light a cigarette for mesigh and rise

and stretch
her sweet anatomy

let fall a stocking

domingo, agosto 01, 2010

One-Hit Wonders (1)

Laurie London - "He's Got The Whole World In His Hands" (1958)

Paulo Poujade ou Le Pen Portas

Prendê-los logo? E porque não castrá-los? Cortar-lhes a língua, as mãos, arrancar-lhes as unhas? Submetê-los a tratos de polé e à fogueira? Aplicar-lhes a “sharia” o “código de Hamurabi”? Matá-los logo ali todos “matadinhos”?

E defender os caçadores? (quais? os que destroem tudo o que lhes aparece à frente incluindo os campos de cultivo dos outros?). As PME? (talvez as mais ineficientes, que poluem rios e ribeiras e sobrexploram quem lá trabalha? ). O “capelista” do bairro contra os malandros dos centros comerciais? (falta acrescentar “monopolistas” aos "centros comerciais"?)

Porque não, caríssimo Le Pen Portas? Ou será que prefere Paulo Poujade?

Santo Deus!, o que a subida do PSD nas sondagens lhe anda a fazer!... Trate-se, homem, trate-se!

10 clássicos de cine-esplanada - II série (1)

"On The Town", de Gene Kelly & Stanley Donen (1949)