quarta-feira, agosto 25, 2010

A 25

Em Portugal, o cidadão nunca é responsável por coisa alguma. A responsabilidade é sempre do Estado (preferencialmente) ou de qualquer outra entidade colectiva. No caso do choque em cadeia da A25, já alguém se lembrou de indagar a que velocidade circulavam alguns automobilistas numa estrada molhada com as primeiras chuvas, após semanas de calor, e envolta em denso nevoeiro? É que a mim, que já tirei a carta de condução há mais de quarenta anos, logo me ensinaram, na família e na escola de condução do ACP, quais as precauções a ter em tais circunstâncias.

6 comentários:

joão boaventura disse...

O meu lema sempre foi:

Devagar porque tenho pressa, o que traduzido na prática equivalia a conduzir "devagar" porque "devagar" dá tempo a tudo: a prever e a travar.

"Devagar", no meu léxico é

"com a velocidade adequada aos modais do fluxo viário que me permitam dominar a máquina sem problemas"

JC disse...

Eu sempre fui conhecido, entre familiares e amigos, por andar depressa. Até tenho alguma colecção de multas por excesso de velocidade. Mas todas elas insignificantes (do tipo "caça à multa"), pois em nada punham em perigo o que quer que fosse. Nunca fiz "barbaridades": nunca ultrapassei em curvas, pisei traços contínuos, etc, etc. O que é curioso é que no único sério desastre que já tive (as "batidelas" não contam), na antiga e mtº perigosa EN 1, fiz tudo "by the book" para o evitar e vinha mtº devagar (tinha um medo terrível da EN1 e evitava-a sempre que podia) só por isso ele tendo acontecido.

ié-ié disse...

Conheço bem a A25, JC, como conhecia a anterior IP5. É ela que me traz a Pinheiro de Lafões.

Também eu não tenho dúvida alguma que os acidentes se devem a excesso de velocidade.

A A25 é uma auto-estrada de montanha com um traçado que não é fácil (tal como a anterior IP5).

A auto-estrada não é perigosa, perigosos, ou melhor, criminosos, são os condutores que carregam no acelerador de maneira inconsciente.

Já andei depressa (na A1 nunca andava a menos de 200), mas já me deixei disso. Na A1 ando a 140, na A25 há troços que não consigo andar a 100.

Quanto ao nevoeiro, bom, por estas bandas é aterrador. Não se vê um palmo à frente do nariz.

Agora imagem a mistura explosiva que é nevoeiro cerrado, excesso de velocidade e pavimento escorregadio (cacimba, óleo e cinzas dos incêndios).

Já que as autoridades não costumam punir estes tipos de incidentes, espero bem que as seguradoras façam manguito aos sinistrados (ou a alguns deles).

Só uma curiosidade: quando ainda não havia IP5 e/ou A25 e as deslocações se faziam pela EN16 (que ainda existe, com as mesmíssimas imensas e perigosas curvas e contracurvas), em dias de nevoeiro, eu saia do carro para sinalizar a condução do meu tio Vasco!

LT

Karocha disse...

Assino por baixo este post JC!

JC disse...

Tb conheci mtº razoavelmente o antigo IP5 (menos bem a actual A25) e os seus nevoeiros e descidas mtº perigosas, em curva, pelo que tinha (e tenho) sempre imenso cuidado indo sempre c/ todos os sentidos bem alerta. Não me parece tendo cuidado a probabilidade de acidentes seja alta. mas os choques em cadeia são característicos das auto-estradas. Na Alemanha são frequentes...

Anónimo disse...

De lamentar a tragédia, mas infelizmente é o reflexo do que é este "pessoal". Francamente fico surpreso pelo número baixo de acidentes que temos, face às barbaridades de condução que vemos diáriamente, alguns exemplos:
- Conduzir a 80km/h, ou menos, na faixa do meio das auto-estradas.
- Ignorar os traços continuos.
- Conduzir de igual forma (quer esteja bom tempo, quer esteja chuva ou nevoeiro) não respeitando regras de segurança e velocidade.
- Conduzir com luzes desligadas em situações de má visibilidade.
- Mudar de direcção sem sinalisar.
- Conduzir sempre à mesma velocidade independentemente da estrada.
- Colar ao veículo da frente em plena auto-estrada em velocidades elevadas.
- Falar ao telemovel.
Enfim o rol é quase infindavél.
Há uma coisa que cumprimos escrupulosamente...que é vestir o colete sempre que há um acidente, nem que seja apenas um ligeiro toque. É um orgulho envergar o malfadado coletinho flurescente, seja ele verde ou laranja.
Basta atravessar a fronteira e nota-se logo a diferença na condução. Se as autoridades em vez de andarem com o unico objectivo de facturar (multas em locais onde o limite de velocidade é absurdo) tivessem uma acção pedagógica e dura para os/as "criminosos" que detêm o "parmis de conduire".
Mas o código penal também não ajuda (tome-se como exemplo decisões tomadas relativas a autênticos "assassinos da estrada"). E os acidentes, recentes, com tugas em espanha ?
Enfim...culpa não existe. Só azar.
E um azar nunca vem só.

Cumprimentos