domingo, agosto 31, 2008

Summer Songs (16)

Brian Hyland - "Sealed With A Kiss"
Já não se escrevem cartas e os selos são agora umas tiras de papel autocolante. Mas também as férias de Verão – acho – já não terão para os adolescentes o mesmo encanto, o seu fim não corresponderá a uma separação e os respectivos amores estarão longe da inocência de antanho. Por isso mesmo este tema (“Sealed With A Kiss”) de Brian Hyland – o do biquini às bolinhas amarelas - mesmo a propósito do fim desta série de “Summer Songs”, não poderia ter sido escrito nos dias hoje. Mas foi-o em 1960, por Peter Udell e Gary Geld, tendo sido gravado nesse ano por uns ignorados Four Voices e tornado sucesso dois anos depois por Brian Hyland (#3 no UK e USA). Existe uma enorme lista de covers para o tema, desde os Bobbys, Vinton e Vee, até Agnetha Fältskog, dos inenarráveis ABBA, passando pelos bem mais tragáveis Spanky And Our Gang, de Elaine “Spanky” McFarlane, a que um dia haveremos de voltar a propósito da West Coast e do “Summer of Love”. Mas aquela que maior sucesso produziu aqui pelo burgo foi a dos "yé-yé" franceses “Les Chats Sauvages”, de Outubro de 1962, tocada até à exaustão nas festas do Charles Lepierre e que algumas famílias terá contribuído para constituir. Outro facto curioso é que “Sealed With A Kiss” chegou finalmente a #1 no UK em 1989, numa interpretação de um tal Jason Donovan, mas isso já são factos da idade contemporânea que me escuso a conhecer. Pois lá nos encontraremos então em Setembro, depois deste quase interregno de Agosto, com a continuação das “História(s) da Música Popular” e os célebres Hal David e Burt Bacharach.

Roger Corman classics (13)

"Rock All Night" (1957)

Benfica-FCP (2)

Fez bem Quique Flores ao optar por um meio-campo capaz de jogar em transições rápidas, evitando enfrentar o FCP onde ele era mais forte (exactamente nesse meio-campo) e levando o jogo para as alas, sector onde o adversário era previsivelmente mais fraco e o Benfica apresentava, teoricamente, vantagem. Pode dizer-se que treinou um modelo de maior contenção e circulação de bola (com Ruben Amorim) e jogou com outro (com Reyes e Di Maria) mas nem isso é inteiramente verdade: se o modelo com Ruben Amorim parece ter sido o preferencial na pré-época, várias vezes ensaiou este modelo alternativo, fazendo jogar Urreta e/ou Balboa. Para além disso, não tinha Reyes e Di Maria, e quem se arriscaria a deixá-los de fora ontem? O resultado de contratações a conta-gotas...

O problema chamou-se, isso sim, Katsouranis: a partir do momento em que se apanhou em vantagem por via de uma decisão estúpida do grego, o FCP optou por colocar o jogo onde queria, fechando os espaços e dificultando a rapidez dessas mesmas transições, enquanto o Benfica, para quem o empate seria um razoável resultado nesta fase de construção da equipa, se via obrigado a avançar no terreno libertando metros quadrados para o jogo de Lucho, Rodriguez e Lisandro... Este foi, de facto, o problema, o que penaliza ainda mais o desastre que foi a actuação do grego, quando quer, um excelente jogador, a central ou no meio-campo.

Já agora e uma vez mais: há quanto tempo anda o meu clube a tentar contratar um central de categoria num infindável desperdício de recursos? Já lá vão Alcides, Zoro, Stretnovic, Edcarlos, agora Sidnei. Acho que já esqueci alguns...

A "vaga de crimes" e o "malade imaginaire"

Uma questão fundamental na “actual vaga de crimes violentos” é que, a existir (por exemplo, o número de assaltos a bancos diminuiu em relação a 2006, menos 31 casos, e apenas se registaram mais 10 casos do que no já longínquo ano de 1994), trata-se de uma situação conjuntural para a qual dificilmente existe uma resposta do mesmo tipo, mas apenas estrutural. Expliquemo-nos. No caso de uma vaga de incêndios é sempre possível actuar conjuntural e pontualmente com alguma eficácia, colocando rapidamente mais meios no combate e prevenção dos fogos, nem que seja recorrendo a militares e aluguer de material. Mais ainda, é possível actuar à posteriori, isto é, enviando esses meios adicionais para o local do sinistro tornando mais eficaz o seu combate. Isso contribui para, de imediato, apaziguar o sentimento de insegurança e alarme dos cidadãos, reforçando a confiança destes no seu governo. Já no caso do crime violento essa actuação conjuntural revela-se mais complicada na sua eficácia imediata, já que não se formam mais polícias de um dia para o outro (e o seu número parece ser já suficiente), só se melhora a eficácia da investigação a médio/longo prazo, não se pode colocar vigilância imediata em todos os locais onde o crime possa ser possível, vai sendo – felizmente - impossível alterar as leis ou as decisões dos tribunais “custom made” e, por fim, quando a polícia possa chegar ao local já, na esmagadora maioria dos casos, nada é possível fazer para evitar o crime ou minorar as suas consequências. Acresce que este tipo de criminalidade é um fenómeno urbano, e não rural como os incêndios, um meio sentido como mais “agressivo” para quem nasceu ou ainda tem fortes ligações à “terra”. Como, deste modo, o alarmismo dos cidadãos tende a manter-se e a confiança nos orgãos de governo a desvanecer-se, por não se verem acções imediatas como o “povo da SIC” pretende, o estado tende a virar-se para acções de “grande instrumental”, de grande mediatismo mas eficácia perto de nula. É o que se passa com estas mega-operações policiais a que estamos a assistir, em que são utilizados “grandes meios” que o output final das operações está longe de justificar. Quando muito, apanham-se alguns pilha-galinhas: condutores com excesso de álcool, um ou outro pequeno traficante de droga, meia dúzia de carros roubados, uma faca e, com sorte, uma pistola ou outra. "Much ado about nothing"! Talvez o “povo da SIC”, sempre tão célere a protestar contra os salários dos gestores e dos jogadores de futebol sem colocar a questão da respectiva produtividade; talvez os sectores mais conservadores e securitários da sociedade, sempre a protestar contra a ineficácia do estado (às vezes, mas nem sempre, com alguma razão – não toda), não ficassem muito agradados com o deve e haver deste tipo de actuações em que o dinheiro dos contribuintes é investido com poucos ou inexistentes resultados. Mas injecções de água destilada sempre acabam por originar algumas melhoras em doentes imaginários, não é assim? Enquanto os doentes forem pagando e achando que melhoram...

sábado, agosto 30, 2008

Benfica-FCP

Um comentário ao Benfica - FCP? Apenas este: se fosse jogador do FCP, Katsouranis dificilmente faria melhor. Marcou e condicionou todo o jogo, o que significa que qualquer análise que não tenha essa circunstância como factor decisivo é necessariamente falsa. Não sei se a sua atitude foi resultado da seu reiterado desejo de sair, mas, na ausência de condições para a instauração de um processo disciplinar, a sua cedência, por empréstimo, a um qualquer Trofense ou umas semanas na bancada decerto lhe fariam bem e dariam o tempo suficiente para pensar sobre o que quer fazer da sua vida.

Summer Songs (15)

Carole King - "It Might As Well Rain Until September"

Helen Shapiro - "It Might As Well Rain Until September"
Dose dupla no penúltimo post “Summer Songs”. E logo com aquela que foi a primeira gravação de Carole King como intérprete, escrita no já longínquo ano de 1962 de parceria com o seu então marido Gerry Gofin, uma dupla emblemática do Brill Building que já por aqui fiz passar. Carole só voltaria a gravar já nos anos 70, depois do divórcio de Goffin, e alcançaria o sucesso que se conhece com o álbum “Tapestry”. Como brinde a interpretação da britânica (londrina, para ser mais preciso) Helen Shapiro, uma espécie de Brenda Lee do lado de cá do Atlântico nascida em 1946, cujos temas de maior sucesso foram “Walking Back To Hapiness”, que me lembro de ser um mega-êxito em Portugal, e “You Don’t Know”, ambos #1 no UK em 1961.

No país dos sovietes (7)

Under Lenin's banner for the second Five Year Plan!
Publisher: Ogiz-Izogiz, Moscow/Leningrad(Lithography, 142.5x100 cm., inv.nr. BG M3/130)
"An ode to industrialization and electricity in the name of Lenin. Senkin, the designer, often cooperates with Klutsis and is clearly influenced by him."

RTP - Serviço Público?

"Portugal é hoje um paraíso criminal onde alguns inocentes imbecis se levantam para ir trabalhar, recebendo por isso dinheiro que depois lhes é roubado pelos criminosos e ajuda a pagar ordenados aos iluminados que bolsam certas leis".

Não, este vómito em forma de “escrita” não é um dos muitos comentários extraídos dos milhares, semelhantes, que têm inundado as caixas respectivas de blogs e jornais on-line nas últimas semanas, e que bem atestam o grau de educação e instrução do “bom povo” português (melhor: a falta dele), e o atraso de um país. Foi publicado no JN de hoje e é da autoria de Barra da Costa, comentador convidado da RTP, Serviço Público de Televisão, para o caso McCann e que chegou a afirmar como factor relevante para este mesmo caso a condição de swingers de Kate e Gerry McCann. Dois pedidos à dita RTP: para a próxima, vejam lá como escolhem os comentadores e, entretanto, tratem de pintar a cara de preto. Bem escuro!
Resta acrescentar que este mesmo Barra da Costa "foi inspector-chefe da Polícia Judiciária durante 30 anos, intervalando com passagens pelo MAI/SEF e Instituto Superior de Polícia Judiciária e Ciências Criminais". É gente desta que vem pedir mais poderes, clamar por um endurecimento da legislação criminal, reclamar contra o excesso de garantias e exigir um alargamento da prisão preventiva. Tenham medo! Tenham mesmo muito medo!

sexta-feira, agosto 29, 2008

Summer Songs (14)


Jerry Keller - "Here Comes Summer"

Dave Clark Five - "Here Comes Summer"
Um original de Jerry Keller (Arkansas, 1937), de 1959, que não foi além de umas “míseras” 13 semanas nos charts e de #14 no seu apogeu, mas que, mais tarde, já na década seguinte, teve honras de cover por parte dos Dave Clark Five e de Cliff Richard. A explicação é muito simples: o original de Keller foi #1 no UK, no ano do seu lançamento (curiosamente no Outono). Opto por passar aqui o original e a versão dos DC5, uma vez que são bem contrastantes, como seria de esperar. Já a de Cliff Richard, pelo contrário, a que é mais conhecida em Portugal e a primeira com a qual me deparei já lá vão longas décadas, é bem mais na linha do original de Keller e podem encontrá-la no You Tube, se quiserem dar-se ao trabalho!

Abraham Polonsky na RTP Memória

Hoje, ás dez da noite, a RTP Memória exibe o filme que inaugurou a desaparecida sala de cinema do Apolo 70, “Tell Them Willie Boy Is Here”, de Abraham Polonsky, um proscrito pelo tristemente célebre senador Joseph McCarthy. O filme é um marco definidor daquilo que ficou conhecido como o “anti-western”, por inverter aquela que era a normalmente reconhecida relação herói/vilão do “género” e apresentar a vida no oeste americano com uma crueza nos antípodas da heroicidade. Vejamos como resiste á passagem dos anos.

A ViniPortugal e os vinhos portugueses - resposta a Miguel Nora (2)

Continuando, também afirma Miguel Nora que existem “relatórios que concluem ser uma elevada percentagem do público “provador”, nas “Amoreiras”, constituído por estrangeiros, provavelmente dos hóteis circundantes”. Ora bem, como dizem na “Inbicta”, embora gostasse de saber exactamente a percentagem (esta minha mania dos números...), e fazendo um pouco de humor (espero Miguel Nora não se ofenda), digamos que isso me enche de medo, pois sendo a maioria dos hóteis situados ali por perto unidades de 5 estrelas, frequentados por gente, em princípio, mais sofisticada e com maior poder de compra e sabendo, tão bem ou melhor do que Miguel Nora, a imagem que, maioritariamente, os vinhos portugueses ainda têm no estrangeiro, apesar dos esforços de alguns produtores, ao olhar para os vinhos que vejo lá pelo balcão da ViniPortugal receio bem que apenas sirvam para confirmar essa má imagem... E isto, caro Miguel, nada tem a ver com o seu preço, pois, tal como disse no post, existem vinhos de qualidade, para o “dia a dia”, a preços que rondam os 5 euros ou até menos e que em nada, mesmo nada, envergonham se comparados com vinhos do mesmo nível de preço das mais diversas origens, incluído do Novo Mundo e da Austrália, regiões conhecidas por serem capazes de produzir bons vinhos a preços muito razoáveis. E quanto ao facto dos vinhos provados serem VQOPRD, DOC ou outra coisa qualquer, você sabe, tão bem como eu, o que isso significa: zero ou próximo disso!!! Essa classificação tem mais a ver com a legislação do IVV quanto a castas autorizadas, etc, do que com a sua efectiva qualidade. Quando muito significa que é um vinho, digamos, "honesto", em termos de qualidade! Nada mais! Como muito bem sabe, aquele que foi durante muitos anos o vinho português mais conceituado, o “Barca Velha”, feito na Região Demarcada do Douro, nunca foi DOC mas sim vinho de mesa! Também sabe os problemas que alguns excelentes produtores tiveram, e estou a lembrar-me, por exemplo, do Luís Pato e do Carlos Campolargo, ambos da Bairrada e “autores” do que de melhor por lá se faz, e que os levaram a decidir por deixar de ostentar a designação DOC nos seus vinhos. Por isso...

Quanto ao momento e modo de prova, incluindo os copos de plástico, é v. o primeiro a reconhecer que não é o adequado. Muito bem: reconhecendo essa questão essencial, a pergunta que se deve fazer é porque se opta por continuar uma acção manifestamente inadequada em, pelo menos, duas das suas vertentes fundamentais e não se tenta mudar? Por exemplo – e se não quer deixar as Amoreiras – porque não, em vez do balcão, uma pequena zona delimitada com painéis, mais aconchegada, onde o consumidor possa “entrar”, provar com calma e dar dois dedos de conversa com quem lhe possa dar uma explicação adicional, comer umas bolachas com um pouco de queijo (não será difícil obter a colaboração de um produtor de ambos os produtos), tudo isto com copos adequados? “Megalomania financeira”? Não me parece, pois não será necessário recorrer aos Riedel; algo bem mais barato serve bem para o efeito com a enorme vantagem de serem laváveis e reutilizáveis, não é assim? Seria assim tão difícil convencer a Mundicenter focando o valor acrescentado que uma acção “com pés e cabeça” teria também para ela? Mas aqui temos uma incompatibilidade evidente: v. diz que “é melhor ser produtivo com aquilo que tem”; eu acho que está por provar que o modo como o faz seja produtivo, ou melhor, que obtenha resultados (daí o meu post original), e que mais do que “fazer” é preciso fazê-lo bem feito para obter esses mesmos resultados. E talvez, desse modo, fosse finalmente possível a presença de vinhos de alguns dos produtores portugueses mais emblemáticos e que apresentam uma melhor relação preço/qualidade, mesmo a preços próximos dos 5€, também mais adequados aos neófitos e a uma prova fora das refeições, algo que, infelizmente, não tenho conseguido ver por lá.

E quanto á escassez de apoios (desculpe, mas não viesse o “choradinho” do costume), deixe-me dizer-lhe duas coisas: só o apoio dos fundos comunitários aos produtores permitiu fazer do sector do vinho, em Portugal, um caso de evidente sucesso, não tendo a qualidade dos vinhos portugueses, hoje em dia, nada que ver com o passado, mesmo com o mais recente; se calhar, ainda bem que os apoios são poucos, na área da promoção: pelo que me foi dado constatar, e espero não ser ofensivo nem é essa a minha intenção, correria o sério risco de continuarem a ser mal aplicados.

E muito obrigado pelos seus convites para visitar as salas ogivais. Não deixarei de o fazer numa próxima oportunidade.
No hard feelings!

A ViniPortugal e os vinhos portugueses - resposta a Miguel Nora (1)

No já longínquo dia 30 de Dezembro do ano passado, publiquei aqui um texto crítico sobre o modo como a ViniPortugal procedia à promoção dos vinhos portugueses no Centro Comercial das Amoreiras. Esta semana reparei que Miguel Nora, "Area Manager" da instituição, tinha deixado na caixa de comentários uma resposta a esse mesmo post, que quem estiver interessado pode também aqui ler. Pelo interesse o assunto me merece, deixo uma réplica.

Pois afirma Miguel Nora, no seu primeiro ponto, o interesse em promover os vinhos portugueses no próprio país, onde a respectiva quota de mercado se deve aproximar dos 99%, já que o mercado do vinho tem vindo a encolher significativamente nos últimos 50 anos em favor da cerveja e soft drinks. Quero, em primeiro lugar, colocar em dúvida que o investimento efectuado neste mesmo mercado, maduro, não fosse susceptível de maior rentabilidade se aplicado em outros mercados, onde o vinho português ocupa ainda uma posição marginal. Isto na perspectiva de que se devem concentrar os investimentos onde o seu retorno for mais elevado em vez de os dispersar por demasiados mercados e demasiadas acções. Mas tudo bem, partamos de princípio que esse investimento é muito baixo e que pouco ou nada ajudaria se aplicado elsewhere. Vem então a segunda questão. Sabe Miguel Nora, tão bem como eu, que o mercado do vinho encolheu porque Portugal mudou: já não é um país rural e de indústria empregadora de mão de obra pouco educada, saída há pouco da ruralidade, mas, tendencialmente, um país urbano e serviços em que a ligação a essa ruralidade é cada vez mais ténue. Por isso, o consumo de vinho mudou na sua forma, quantitativa e qualitativa: já não estamos perante o litro de vinho a granel ou em garrafão, o “copo de três” bebido na tasca ou pelos trabalhadores rurais ou da indústria de construção (para “dar força”), por vezes fazendo parte, em espécie, do próprio salário, do “almoço do trolha” (para citar o quadro do Pomar), mas perante novas formas de consumo mais “sociais”, sofisticadas e de maior valor acrescentado. Mais ainda, a imigração, que se ocupa do remanescente desses trabalhos, vem de países onde o vinho não tem tradição. E não há, felizmente, caminho de retorno! Quando muito pode, com acções adequadas, diminuir o ritmo de decrescimento do mercado em quantidade e conseguir obter alguma inversão dessa tendência em valor. Hoje em dia, a maioria das pessoas come um almoço frugal, o trabalho intelectual, mesmo no meio operário, tem um peso maior e isso começou a mudar, embora mais lentamente do que seria desejável, a dieta dos portugueses, que também se foram tornando mais cosmopolitas e sofisticados, mais europeus – e você sabe que a tendência para a cerveja e soft drinks é europeia. Last but not least, as campanhas anti-alcoólicas são a cereja no cimo do bolo... Para que serve todo este arrazoado? Bom, para lhe dizer que se v. quer converter consumidores preferenciais de cerveja em consumidores de vinho só tem um caminho: valorizar o vinho naquilo que ele tem de elemento diferenciador face a produtos reconhecidos como industriais, como o são as cervejas correntes e refrigerantes. O seu momento de consumo, a sua sofisticação, o reconhecimento social que resulta de saber escolher um vinho, a sua ligação à comida, um certo cosmopolitismo que existe na tendência para se beber um copo de vinho com os amigos ou solitariamente como aperitivo ou entre dois dedos de conversa, etc, etc. Ora tudo isto não só requer vinhos adequados a quem é neófito (“frescos” e frutados, “redondos”, macios – o que nada ou pouco tem a ver com o seu preço), o que é incompatível com uma escolha feita “pelos produtores que enviam os seus vinhos de maior consumo” (estou a citá-lo), como também é incompatível com um momento e forma de consumo que acaba por copiar o dos produtos que visa combater e aos quais visa conquistar quota de mercado. Inclusivamente – e eu fiz a experiência – quando quem está a “dar o vinho a provar” pouco ou nada sabe sobre o que está a servir, o que de imediato invalida um dos factores mais importantes de diferenciação face aos refrigerantes e cerveja: a sua individualização, isto é, o facto de cada vinho, cada casta, um dado “terroir” e cada ano terem características únicas e diferenciadoras. Já vou ao resto.
(continua).

quinta-feira, agosto 28, 2008

Summer Songs (13)

Mungo Jerry - "In The Summertime"
Claro que este “In The Summertime”, dos britânicos Mungo Jerry de Ray Dorset, não poderia por cá faltar, já que é considerado um dos singles mais vendidos de sempre (23 milhões de cópias?), #1 no UK e #3 nos USA. O tema é de 1970 e foi um dos primeiros "maxi-singles" a ser lançado no mercado, com 3 faixas em vez das tradicionais duas. O grupo, esse, quase pode ser considerado um “one hit wonder”, já que nunca mais conseguiu sucesso que se parecesse ou assemelhasse e a década prodigiosa estava já perto do fim. O ideal para animar as “festinhas” de garagem ou todos saltarem para a pista nas pequenas “boîtes” das praias da nossa costa oeste, que a força do Algarve já por aí estava a despontar.

Roger Corman classics (12)

"The Undead" (1957)

Em defesa do direito ao disparate

Ontem, na SIC Notícias, Inês Serra Lopes apontava o dedo às máfias de leste no caso da “actual onda de crimes violentos”. Se Inês se pusesse em sossego, tratando de pensar um pouco, facilmente concluiria que as ditas máfias de leste actuam fundamentalmente em três áreas bem definidas: prostituição, tráfico de droga e de armas - aconselhando-a, por exemplo, a ver um dos melhores filmes portugueses dos últimos anos, “Noite Escura”, de João Canijo, bem como “Eastern Promises” de David Cronenberg – não me parecendo que roubos a caixas multibanco e postos de combustíveis, ourivesarias de província ou pequenas agências bancárias se enquadrem bem dentro do género. Quando muito a maior disponibilidade de armas a baixo preço pode dar para esses crimes alguma pequena contribuição, longe de decisiva, e ser elemento propicionador de consequências mais gravosas nas desordens armadas dos bairros suburbanos. Quanto ao direito ao disparate, felizmente, não me parece seja liberdade em perigo na sociedade portuguesa. Valha-nos isso!

Cavaco Silva e as liberdades

O Presidente da República, pela especificidade do seu cargo, é o titular de orgão de soberania que em melhor posição estaria para ter uma intervenção didáctica, equilibrada e que pusesse alguma água na fervura alarmista sobre “a actual onda de assaltos” (as aspas são propositadas): não tem de se imiscuir na política do “dia a dia” e está menos dependente da eleição; basta-lhe não fazer enormes e repetidas asneiras para ter a reeleição assegurada e no final no segundo mandato não poderá recandidatar-se. Em vez disso - de simultaneamente dar garantias de alguma segurança aos portugueses, contribuir para uma certa descompressão do ambiente, dar o apoio necessário ás acções das forças policiais desde que dentro da letra e espírito da lei e garantir o respeito pelo estado de direito democrático, enquanto garante último da constituição da República - Cavaco Silva preferiu proferir uma banalidade (“estratégia adequada para combater a criminalidade” é algo que todos os cidadãos poderão subscrever, embora cada um deles pensando em coisas bem diferentes) e deixar no ar a ideia de um certo apoio implícito a soluções que possam limitar as liberdades e garantias dos cidadãos. O caso do “chip” dos carros é, por si só, paradigmático, bem como o modo como, sem pestanejar, promulgou a lei de segurança interna ou se opôs à nova lei do divórcio. Todas estas acções contêm em si um elemento comum: o seu carácter potencialmente castrador da liberdade. Depois de, mais do que primeiro ministro, ter sido como que um CEO do seu governo, o seu conservadorismo atávico e as suas limitações políticas ficam agora claramente evidentes, num cargo em que é a capacidade política que tem de, necessariamente, assumir uma posição de relevo, o “posto de comando”.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Georgia on my mind...

Algo que devemos ter sempre presente quando pensamos no conflito na Geórgia. Os USA ganharam a guerra fria, resolvendo finalmente a questão de se saber qual o efectivo vencedor da WWII 45 anos depois, e, como vencedores, tratam de impor as suas condições aos vencidos, neste caso trazendo para a sua esfera de influência regiões onde o inimigo derrotado dominava: o leste europeu. Foi assim com o Japão e a Alemanha, depois da WWII, e não penso isso tenha sido para nós, ocidentais, negativo. Ah!, já me esquecia, foi também o que aconteceu com o Tratado de Versailles, após a Grande Guerra, o que leva a que alguma prudência, um pouco de cautela e um ou outro caldo de galinha possam ser, aqui e ali, recomendáveis.

terça-feira, agosto 26, 2008

O governo, o "sentimento geral de insegurança" e os "media" - nota adicional

Leonel de Carvalho, responsável do Gabinete Coordenador de Segurança e Criminalidade, vem chamar a atenção, no "Público" on-line, para algo que aqui foquei há uns dias. Espero, embora com pouca esperança, que o governo e as autoridades policiais reconheçam as suas responsabilidades no modo como têm gerido todo o processo e e não se limitem a acusar os media pela cobertura noticiosa da actividade criminal.

Roger Corman classics (11)

Attack Of The Crab Monsters (1957)

Summer Songs (12)

Cliff Richard - "On The Beach"
O tema pertence, cronologicamente, ao 5º filme com Cliff Richard (“Wonderful Life” de Sidney J. Furie), depois dos dois primeiros da era rock n’ roll (“Serious Charge” e “Expresso Bongo”) e dos seguintes já mais artista pop/“vedeta do espectáculo” (“The Young Ones”, também de Sidney Furie, e “Summer Holiday”). Talvez por isso mesmo eu tivesse já desistido de os ver, pois em 1964 outros valores bem mais interessantes atraiam o meu interesse nestas áreas da música popular. O tema chama-se “On The Beach” e é da autoria do próprio Cliff, Bruce Welch e Hank Marvin, ambos dos Shadows. Terá sido gravado em Novembro de 1963 e editado pela primeira vez em Junho do ano seguinte. Que mais posso dizer? Que o clip é razoavelmente divertido para esta época de praia e o tema contém uma referência explícita a “Twist and Shout”, o tema original dos Isley Brothers que os Beatles tinham tornado êxito universal em Março de 1963 ao incluí-lo no seu 1º álbum, “Please, Please Me”. Curioso... pelo menos. Mas uma boa razão para este "On The Beach" estar aqui.

Portugal e os Jogos Olímpicos (11) - avaliação de resultados

Temos vindo a assistir nos últimos dias a uma tentativa de lançar cortinas de fumo que impeçam ou pelo menos dificultem uma análise objectiva e rigorosa dos resultados da participação portuguesa nos Jogos Olímpicos de Pequim, mormente querendo fazer crer que terá sido a melhor performance de sempre por via da conquista de uma medalha de ouro e outra de prata ou por se considerar que o problema foram objectivos demasiado ambiciosos. Ora vamos lá tentar afastar o fumo e a palha e tentar ir ao âmago da questão, isto é, analisar o que realmente importa e fazer as comparações da maneira correcta.

Em primeiro lugar, o quê e como se deve comparar? Em qualquer empresa, organização ou instituição é ponto assente que essa análise se deve efectuar comparando os resultados efectivos, reais, com os objectivos traçados e superiormente aprovados, bem como com o verificado em anos ou realizações anteriores. Assim sendo o que temos?

  1. Comparação com anos anteriores:

    Partindo do princípio que uma medalha de ouro e outra de prata (conquista inédita) valem mais do que uma de ouro e duas de bronze (o que é contestável mas se aceita), e comparando os resultados obtidos com os conseguidos em anos anteriores, conclui-se que, de facto e a nível medalhístico, Pequim terá sido a melhor Olimpíada de sempre para as cores portuguesas. Já quanto a pontuação, análise extremamente importante, mesmo decisiva, para se avaliar o trabalho em profundidade, eles são os piores desde Barcelona 92, principalmente se também considerarmos o ratio “número de pontos obtidos por cada atleta participante” (nº pontos/nº atletas). Algo sobre o qual o COP se deve debruçar pois este ratio reflecte de modo bem claro a rentabilidade do investimento realizado.
  2. Comparação com os objectivos traçados:

    Tendo como ponto assente que 2 medalhas não são 4 e 28 pontos não são 60, o que significa que se ficou bem longe dos objectivos, em primeiro lugar há que desmistificar a questão, ultimamente tão propalada e, salvo erro, veiculada com origem na Comissão de Atletas, de os objectivos traçados terem sido demasiado ambiciosos. Esses objectivos foram traçados a aprovados pelo COP em conjunto com as federações, ou seja, quem melhor conhece os atletas, os Jogos, as condições de disputa das diversas provas, etc. Quem estaria em melhor situação para os definir? A comissão de Atletas manifestou-se em devido tempo pedindo a sua revisão? Se foram mal definidos, por demasiado ambiciosos, está aí o primeiro erro de quem os traçou: o COP, as federações respectivas e a Comissão de Atletas que não fez ouvir a sua opinião, devendo o trabalho de todas elas começar por ser avaliado em função disso mesmo, do erro de cálculo respectivo. Até porque foi em função dos objectivos traçados pelo COP (“administração”) que se estabeleceu o valor do financiamento disponibilizado pelo Estado, isto é, por todos nós cidadãos (“accionistas”) que devemos pedir satisfações perante um investimento que se revelou menos rentável do que o esperado.

    Segunda questão: os atletas, tendo em atenção as suas características físicas (performances) e psicológicas, foram seleccionados em função dos objectivos definidos? Isto é, os planos de acção foram seleccionados e traçados em função desses objectivos? Parece-me claro que, em alguns casos, isso não terá acontecido, tendo em conta as declarações de alguns atletas sobre a sua inadaptação a algumas das condições de disputa das suas provas. É que ao seleccionar os atletas apenas em função dos “mínimos”, mais a mais independentemente da frequência e condições da sua obtenção, o COP e as federações estão, pura e simplesmente, a desresponzabilizar-se daquela que deveria ser uma das suas funções essenciais: a escolha da equipa olímpica.

    E pronto, já chega de Jogos Olímpicos...

domingo, agosto 24, 2008

Les Belles Anglaises (IX)










MGA (1955-1962)

Summer Songs (11)

Lovin' Spoonful - "Summer In The City"
Este clássico das canções de Verão, embora mais sério do que o habitual, não será bem um dos meus temas favoritos do grupo de John Sebastian. Prefiro, por exemplo, baladas como “Darling Be Home Soon” ou “Rain On The Roof”. Mas isso são outras questões que não são para aqui chamadas, já que o tema destes posts não é o grupo mas sim as canções, e o que é importante é que este “Summer In The City”, cujo poema original é da autoria do irmão mais novo (Mark) de John Sebastian, tornou-se o tema mais popular dos Lovin’ Spoonful e # 1 no Billboard em Agosto de 1966. Também #8 no UK.

Curiosidades? Para mim, o facto de existir um cover de B. B. King, contrariando o modelo habitual de ser o "rock/pop" a adaptar composições oriundas da área dos "blues". Mas também, vá lá saber-se porquê já que o tema nem sequer faz parte da banda sonora do filme, o facto dele me fazer sempre lembrar “Summer of Sam”, o meu filme favorito de Spike Lee. Enfim... cada um faz as associações a que a sua mente o obriga.

O PR e o casamento

Não sei se o Presidente da República e os sectores mais conservadores da sociedade portuguesa terão pensado que, ao colocarem dificuldades e tornarem mais doloroso o divórcio, não estarão a defender o casamento, mas sim, possivelmente, a abrir caminho à substituição futura desse mesmo casamento por um maior número de “uniões de facto”, o que me parece não estar bem de acordo com o ideal de sociedade pelo qual se regem. Ou então pensaram, mas apenas reconhecem o casamento católico como válido - sendo este por natureza indissolúvel - e/ou apenas estão preocupados com a assunção e difusão mediática de uma posição de princípio e não com a resolução dos reais problemas da vida em sociedade.

sábado, agosto 23, 2008

O governo, o "sentimento geral de insegurança" e os "media"

Parece ser hoje em dia bem claro que a PSP terá sempre jogado forte num desfecho “duro” no caso do assalto ao BES de Campolide, de modo a que, sabendo que teria o apoio maioritário do país para esse tipo de soluções, isso pudesse aumentar o poder negocial das instituições policiais no seio do aparelho de estado. Que as polícias possam agir desse modo defendendo os seus interesses mais imediatos sem cuidarem de avaliar outro tipo de repercussões, particulares ou gerais, posso achar compreensível, embora não aceitável: de qualquer modo, sabiam bem que qualquer onda de violência como resposta á solução encontrada ou qualquer sentimento generalizado e ampliado de insegurança manifestado pelos cidadãos só poderia resultar em seu benefício e no reforço dos seus interesses enquanto corporação, bem como de todos aqueles que defendem soluções “musculadas” mesmo que em prejuízo da plena fruição das liberdades individuais e do estado de direito democrático. Que o governo tenha caucionado a 100% o desenlace do caso, cavalgado a onda populista e securitária por via da popularidade que isso lhe poderia trazer a curto prazo num clima de quase recessão económica e dificuldade generalizadas, já o disse, parece-me um erro que já estará a pagar caro perante o tratamento mediático subsequente que, funcionando como um sistema de amplificação e distorção da realidade, tem contribuído para o fortalecimento no país desse tal sentimento de insegurança que pode, a prazo, funcionar contra o próprio governo de José Sócrates, exigindo os cidadãos soluções mais radicais que o PS não poderá protagonizar. Que o PSD tenha quebrado o seu sepulcral silêncio para falar (?) sobre o tema e exigir a demissão do ministro, só pode ser prova do que aqui digo e mau sinal para aquilo que pode esperar o PS.

Significa isto que estarei também a co-responsabilizar os” media” pelo ambiente criado? De todo: não tenho, em termos gerais, dos orgãos de comunicação social uma visão “educativa” ou “formativa” e, por isso, considero-os um negócio como qualquer outro (com as suas especificidades, claro), apenas sujeito às leis gerais do país e não de uma qualquer tutela tendo como objectivo um qualquer "desígnio nacional". Teria competido, isso sim, ao governo, quando optou pela demagogia em prejuízo do bom senso e do equilíbrio, pelo curtíssimo em vez do médio prazo, prever que, tratando-se de um tema com claras conotações populistas e tendo em atenção tablóidização dos “media” a que assistimos nos últimos anos, a criação de um tal estado de insegurança pudesse ser, por via de tratamento mediático, uma das consequências da sua desastrada actuação. Mais pela defesa da democracia liberal e do estado de direito democrático do que por qualquer interesse ou ligação partidária, que não tenho, espero bem a criatura não destrua o criador, apesar da inabilidade demonstrada por este na concepção do monstro.

sexta-feira, agosto 22, 2008

Roger Corman classics (10)

"Not Of This Earth" (1957)

Os polícias e o estado de direito

Segundo o Rádio Clube, “os polícias estão frustrados com as novas leis penais e lamentam que haja cada vez mais suspeitos de crimes que são detidos, vão a tribunal, mas voltam para a rua”.

Dois comentários:

  1. Para os polícias, o estado de direito democrático – a separação de poderes, o primado e a proporcionalidade das leis, a independência dos tribunais, a presunção de inocência, etc - são um incómodo. Por eles, investigavam, julgavam, prendiam e ninguém pensava mais no assunto. Nada de que já não suspeitássemos pelo que "vemos, ouvimos e lemos" dos últimos processos mediáticos e do livro do Inspector Amaral, mas assim, preto no branco, tudo fica bem mais claro. Estamos conversados... É que até mesmo a PIDE não abdicava de um arremedo de tribunal.
  2. Se isso acontece, isto é, se os suspeitos são libertados, será que os nossos polícias já alguma vez pensaram se terão investigado correctamente e produzido as provas adequadas a serem aceites como válidas em tribunal? Vá lá, pensem lá nisso um pouco no intervalo dos tais "safanões dados a tempo"... Depois de se habituarem a pensar... vão ver que não custa nada e até pode ser que se habituem!

Summer Songs (10)

Brian Hyland - "Itsy Bitsy Teenie Weenie Yellow Polka Dot Bikini"
Ora aqui está. Este é o tema que se tornou num arquétipo da canção de Verão e praia: construção simples, fácil de ficar no ouvido, inocentemente brejeira ou pelo menos bem humorada (os americanos chamam-lhes “novelty songs”), tema a condizer com a silly season e dirigido a adolescentes. Para além disso, um nome pelo menos curioso e com alguma musicalidade: "Itsy Bitsy Teenie Weenie Yellow Polka Dot Bikini" (1960), interpretado por Brian Hyland e da autoria de Paul Vance (a sua autoria foi contestada sem sucesso) e Lee Pokriss. O tema tornou-se conhecido em Portugal pelo cover da brasileira Celly Campelo – tal como aconteceu com o “Stupid Cupid de Sedaka e Connie Francis – e o que é interessante, no caso de Hyland, é que igualmente o outro seu mega-êxito (“Sealed With a Kiss”), também uma canção de Verão, alcançou por aqui maior sucesso na versão francesa de Les Chats Sauvages intitulada “Derniers Baisers”. Pois é, a América era longe e o inglês tão desconhecido...

Não me lembro se alguma vez a ouvi – é bem provável que sim – mas existe uma versão portuguesa, não sei se com a mesma letra da de Celly Campelo, interpretada por Pedro Osório, para além de outras mais recentes das Docemania e Onda Choque. É melhor ignorá-las... Mas também, que me lembre, ignoro se alguma vez conheci alguém capaz de usar um “biquini pequenino ás bolinhas amarelas”... Imaginem o que ela não teria de ouvir...

Portugal e os Jogos Olímpicos (10)

Parece que Vicente Moura terá repensado a sua intenção de se demitir depois das duas medalhas conquistadas. Não faz sentido. Independentemente de considerar que a sua demissão nada resolve se não se redefinirem estratégias, planos de actuação e opções de investimento, e esta redefinição não parecer incompatível com a sua continuidade; independentemente de, sem qualquer ofensa para Vicente Moura e ele que não me leve a mal, se encontrar na sempre riquíssima linguagem tauromáquica e no comportamento de alguns toiros de pouca nobreza imagem adequada à sua atitude “sai, não sai”, os resultados dos atletas de excepção, como o são Vanessa, Nelson e Naide (esta mais vítima da sua estratégia incorrecta e menos da sorte ou do azar) são os que menos dependem das estratégias e opções do COP, muito mais espelhadas, isso sim, nos bons ou maus resultados dos atletas “middle of the road”. É fundamentalmente por esses resultados que a justeza das opções e acções do COP deverá ser julgada.

Portugal e os Jogos Olímpicos (9)

A propósito de toda esta salutar polémica sobre a participação dos atletas portugueses nos Jogos Olímpicos, lá se começou novamente a ouvir e ler o tradicional fatalismo português do “somos um país pequeno e estamos a competir contra os melhores do mundo”, frase directa herdeira do “pobrezinhos mas honrados” de tão triste memória. Com idêntica mentalidade, muito sinceramente, não sei que fariam a Jamaica, para não falar do Quénia, da Tanzânia, de Marrocos e da Etiópia. Para não falar da Bielorrússia, que muito bem soube aproveitar a herança soviética, onde o desporto ocupava um lugar destacado na propaganda política.

Pois é exactamente o mesmo que Portugal deve fazer, em vez de se queixar: aproveitar os desportos e disciplinas onde possa obter vantagens competitivas - o que não é muito diferente do que acontece, por exemplo, na economia. Nada disto é novo e foi exactamente isto que o atletismo fez, primeiro nas provas de fundo, depois em provas intermédias (1.500 metros) e em disciplinas mais técnicas aproveitando as melhores condições proporcionadas pelo progresso do país aos seus cidadãos autóctones e pelo valor acrescentado trazido pelos recursos humanos da imigração. Como se sabe, dos melhores atletas portugueses dos últimos anos, três (Naide, Francis e Nelson) não nasceram em Portugal, e já começamos a ver imigrantes de leste a representar este seu país de acolhimento em provas internacionais. Veremos, com certeza, alguns dos seus filhos, um dia, serem campeões por Portugal.

quarta-feira, agosto 20, 2008

Summer Songs (10)

Kinks - "Sunny Afternoon"
“Crónicas” chamava, e bem, o “Em Órbita” às composições de Ray Davies interpretadas pelos Kinks. Pelo menos àquelas que sucederam às canções iniciais mais perto do "rock" puro e duro e de riffs memoráveis, tais como “You Really Got Me”, “All Day And All Of The Night” e “Till The End Of The Day”. Pois este “Sunny Afternoon” pode mesmo ser incluído nessas crónicas ao estilo “Ray Davies” (que, “mal acomparado”, terão influenciado a portuguesa Filarmónica Fraude – lembram-se?), quase como cantigas de escárnio e maldizer do movimento MOD e da "swinging London" dos sixties. Datado de Junho de1966, foi precedido, nesse mesmo ano, por “Dedicated Follower Of Fashions” e “A Well Respected Man”, mas foi a única “crónica” a alcançar o #1 no UK e o 3º single dos Kinks a consegui-lo. Pois aqui está de pleno direito, já que se me perguntarem qual das fases do grupo prefiro terei dificuldade em não responder “as duas”.

Roger Corman classics (9)

"Carnival Rock" (1957)

Portugal e os Jogos Olímpicos (8)

Lê-se, ouvem-se alguns dos comentaristas do costume e pasma-se, acha-se não pode ser verdade. O problema – dizem alguns desses comentaristas - não é a falta de brio profissional de alguns atletas, o facto de, em função disso, nunca deverem ter sido seleccionados para os jogos, mas sim não estarem habituados a lidar com o comunicação social e isso os ter levado, através dos disparates já conhecidos, a revelarem essa sua ausência de capacidade e estrutura mental, o desrespeito por quem neles investiu. O problema – dizem esses e alguns outros – não é a maior parte dos atletas se arrastarem pelos últimos lugares das qualificações, mas sim as expectativas terem sido colocadas demasiado altas. Pobres portugueses, que parece nada querem aprender! Pobres portugueses, que continuam sujeitos a fazedores de opinião em que a falta de liberdade crítica continua a fazer escola!

Exemplo do que digo o programa de ontem sobre os JO emitido na RTPN a partir das 23h. Conduzido por um pouco à vontade e medíocre (algo que sempre foi) Paulo Catarro, foi um exemplo do que acima se diz, sem ninguém que se mostrasse capaz de agitar as águas, que não fosse apenas expressão dos interesses da sua corporação. Um péssimo serviço prestado pelo Serviço Público de Televisão, seja lá o que isso for, num canal que nos habitou aos dois mais interessantes programas sobre futebol produzidos pelas televisões: um ás 5ªas feiras, que nos revelou a capacidade de comentaristas e os conhecimentos de futebol de Luís Freitas Lobo e Paulo Sousa, outro às 3ªs, o divertido “Trio d’Ataque”, em que Rui Moreira, Rui Oliveira Costa e António Pedro Vasconcelos nos revelam que um grupo de amigos pode discutir futebol com educação e sem se levar demasiado a sério.

terça-feira, agosto 19, 2008

Ligeirinho, como a estação... (II)

Estou para aqui com uma terrível dúvida existencial: não sei se o “call center” de Santo Tirso se escreve assim, em inglês da América, ou “call centre”, em inglês de Inglaterra. De qualquer forma, com a minha proverbial incompetência para entender estranhas pronúncias, espero nunca ter de para lá falar e obter como resposta: “é da Pêêê Têêêa, está a falar cum a Bánessa!”

Summer Songs (9)

Neil Sedaka e Connie Francis

Connie Francis - "Vacation"

Pois a italo-americana Connie Francis (Concetta Rosa Maria Franconero – ena!!!) talvez seja mais conhecida em Portugal por terceiras pessoas do que por ela própria. Expliquemo-nos: o seu mega-êxito “Stupid Cupid” ficou mais conhecido aqui no rectângulo pela versão brasileira de Celly Campelo do que por o original e Neil Sedaka (seu co-autor de parceria com Howie Greenfield) mais famoso como intérprete de “Oh, Carol” (também de Sedaka-Greenfield) do que como escritor de canções. Entendido? Mesmo para silly season, penso que é fácil de perceber...

Bom, mas o que vem ao caso agora é este V-A-C-A-T-I-O-N (por favor, soletrar em inglês), uma daquelas canções ingénuas e sparkling tão bem a calhar para este tempo como um "rosé" a acompanhar uma salada de “pasta” fria com o que cada um se lembrar de lhe juntar, desde queijo “feta” a vegetais, pinhões e salmão fumado. Neste caso o tema não é de Sedaka, mas da própria Francis em parceria com uns tais Gary Weston e Hank Hunter, o que me leva a perguntar o porquê de tanta gente para escrever tão simples e despretensiosa coisa. Vidas... Ah, e o tema é de 1962 e chegou a #9 na tabela do Billboard!

Portugal e os Jogos Olímpicos (7): que fazer?

Do mesmo modo como Vicente Moura apenas veio a terreiro fazer afirmações contundentes sobre a participação olímpica de alguns atletas quando sentiu que o seu lugar de presidente do COP poderia estar em causa, acabando, perante os resultados de hoje, por decidir não se recandidatar, também afirmações, mais ou menos bem intencionadas, apelando ao brio dos atletas portugueses pouco ou nada conseguirão resolver, tal como, por si só, acontecerá com a demissão de Vicente Moura. É preciso responzabilizar premiando quem obtém resultados ou mostra capacidade para os vir a conseguir no futuro e penalizando quem se mostra incapaz de progredir, concentrando os investimentos onde essa a evolução possa ser possível.

Como pode isso vir a ser feito? Bom, já em posts anteriores lançei algumas pistas, mas tentemos aqui condensar algumas das propostas dispersas em outros posts, sempre baseando o nosso raciocínio no facto de a participação nos Jogos Olímpicos não dever funcionar como um prémio mas como uma ferramenta para o “crescimento” desportivo e o progresso dos resultados.
  • Como disse, não me parece fazer qualquer sentido seleccionar para os JO quem apenas conseguiu obter o mínimo com demasiada dificuldade e em provas realizadas em condições muito específicas, “desenhadas” especificamente para o efeito. Claro que depois de ultrapassado esse “pico” de forma, que deveria ser programado para acontecer durante os Jogos e não para alcançar o “mínimo”, e em condições longe das ideais, mesmo em termos de “pressão” competitiva, o atleta, sabendo que se irá arrastar pelos últimos lugares e sem qualquer possibilidade de lhes fugir, não terá qualquer incentivo a continuar a sua preparação e concentração, preferindo o “turismo” e o “convívio”.
  • A selecção deveria, para além dos mínimos, basear-se também em outros parâmetros, tais como a evolução recente e frequência dos resultados dos atletas, as classificações e marcas obtidos anteriormente em grandes competições, a margem de progressão existente, capacidade psicológica demostrada, etc. Por exemplo, não faz qualquer sentido seleccionar para uma grande competição quem, já ultrapassado o auge da sua carreira e sem margem de progressão evidente, nunca tenha alcançado qualquer lugar ou resultado, no mínimo, dentro da média de uma grande competição.
  • Também não me parece ser defensável continuar a investir em Federações desportivas cuja evolução de resultados o não justifica, sem que estas apresentem um plano estratégico coerente que prove a sua capacidade para inverter essa tendência, sempre tendo em atenção que, em condições idênticas, acções semelhantes geram necessariamente os mesmos resultados. Será este o caso da Federação Portuguesa de Natação. Os investimentos devem, isso sim, ser canalizados para onde mostrem ser rentáveis. O mesmo se passa em relação a atletas e treinadores.
  • Deve ser seleccionado um conjunto de modalidades (poucas) nas quais, historicamente, o país tenha demonstrado capacidade para obter resultados consistentes (vela, atletismo, judo), ou algumas outras, emergentes, nas quais as potencialidades sejam evidentes, tanto pelo facto de terem atletas ganhadores já com provas dadas, como é o caso de Vanessa Fernandes, como por estarem em franco desenvolvimento (v. g. triatlo, canoagem). Nessas modalidades e atletas deve ser concentrado o investimento.

    E fiquemo-nos por aqui, pelo menos por agora... Talvez volte ao assunto.

domingo, agosto 17, 2008

100 metros...

A propósito da final dos 100 metros dos Jogos Olímpicos, um post publicado neste blog em 15 de Junho de 2007.
"Não me interessando especialmente por ciclismo, confesso tenho lido com alguma curiosidade e interesse as notícias sobre as acusações e condenações por doping de alguns ciclistas de topo, mormente antigos vencedores da “Volta a França”. Ainda hoje o “Público” faz menção das acusações de um tal ex-ciclista Rolf Järmann em relação à legalidade das classificações de ciclistas como Bjarne Riis, Jan Ullrich ou Richard Virenque no Tour de 96. Bom, deixemo-nos de hipocrisias. Nos idos de setenta – tenho isso nas minhas memórias de forma bem nítida – lembro-me de ler, salvo erro em “A Bola”, uma entrevista ao “velho” Joaquim Agostinho (acho que sempre foi velho...) em que este, na sua frontalidade de aldeão da região saloia talvez um pouco agastado com tanto fingimento, acaba a perguntar ao entrevistador (talvez o seu também “velho” amigo Carlos Miranda) :

"mas vocemecê acha que se sobem os Alpes e os Pirinéus de bicicleta só a comer bifes com batatas fritas?"
Talvez não se referisse especificamente ao doping, mas, de forma mais abrangente, a todas as ajudas ligadas à medicina desportiva, dietética, metodologia de treino, etc, objecto de grande evolução e desenvolvimento nos últimos anos e de grande aplicação no ciclismo. Mas, mudando de desporto, duas perguntas me ocorrem sempre que vejo uma final dos 100m nos jogos olímpicos ou nos campeonatos do mundo de atletismo:
  • Será que alguém corre os 100 metros em nove segundos e oitenta ou noventa e tal centésimos sem recurso ao consumo de substâncias dopantes?
  • E se esses mesmos atletas fizessem tempos na ordem dos dez segundos e qualquer coisa alguém perderia o seu tempo a ver, com todas as consequências que daí adviriam?

Enfim, para as federações e instituições que legislam sobre o assunto tratar-se-á sempre de manter o equilíbrio aceitável, desejável e possível entre o espectáculo e a credibilidade da indústria enquanto desporto, isto é, de manter o negócio. Não será de mim com certeza que vão esperar a censura ou o voto piedoso..."

Les Belles Anglaises (VIII)









Jaguar D Type (1955)

Portugal e os Jogos Olímpicos (6): contas

Seria interessante que cada federação pudesse disponibilizar as suas contas relativas à preparação e participação nos Jogos Olímpicos. Uma vez comparadas com os resultados obtidos, seria enfim possível efectuar uma análise da rentabilidade do investimento respectivo e efectuar as correcções necessárias no futuro.

As Capas de Cândido Costa Pinto (47)

Capa de CCP para "O Caso da Jovem Arisca", de Erle Stanley Gardner, nº 9 da "Colecção Vampiro"

"Gato Maltês"

O "Gato Maltês" agradece ao "Público" a publicação de um excerto deste seu post, que pode ser lido aqui na íntegra.

sábado, agosto 16, 2008

Portugal e os Jogos Olímpicos (5)

Parece-me fazer pouco sentido que atletas que apenas conseguiram realizar os mínimos exigíveis para participação olímpica uma única vez e em provas realizadas em condições ideais de “pressão e temperatura” (organizadas expressamente para esse efeito, sem pressão, em situações de "pico de forma" para os atletas que se prepararam expressa e unicamente para o efeito, etc, etc) sejam seleccionados para a equipa olímpica, sabendo-se de antemão que essas condições estarão longe de se verificar durante os Jogos e que a sua forma já então será bem diferente daquela que deu origem à obtenção desse mesmo mínimo. Mas isso é resultado de uma mentalidade distorcida, em que a participação olímpica é vista como um prémio ao que o atleta realizou e não uma ferramenta para obtenção de resultados de nível internacional concedida aos que têm verdadeira capacidade para o fazer. Idêntico raciocínio se aplica àqueles que conseguindo sistematicamente obter resultados que lhe permitem a participação nas grandes provas internacionais (europeus, mundiais, J. O), nunca nelas terão obtido marcas ou classificações com qualquer relevância internacional, quedando-se por classificações modestas ou não passando das 1ªas eliminatórias.

Summer Songs (8)

The Zombies - "Time Of The Season"
Os Zombies, de Rod Argent e Colin Blunstone, tiveram a honra e a glória de abrirem o primeiro “Em Órbita”, a 1 de Abril de 1965, algo que desconhecerão. O tema chamava-se, e chama-se, “A Kind Of Girl”, mas não é dele que vamos agora falar. Desta vez falamos de “Time Of The Season”, composto por Rod Argent para o “Verão do Amor” de 1967, nesse mesmo ano gravado e editado no ano seguinte incluído no álbum “Odissey and Oracle”, o único álbum verdadeiramente digno desse nome do grupo e também o seu toque a finados.

Este (2008) não será propriamente o “Verão do Amor”, mas o tema perpetuará algo que não se apaga da memória e ajudou a moldar o mundo tal como hoje o conhecemos.

Portugal e os Jogos Olímpicos (4) - "natacinha"

Se nos dermos ao trabalho de verificar as classificações dos nadadores portugueses nas várias edições dos Jogos Olímpicos verificamos que apenas uma vez um deles atingiu a final: Alexandre Yokochi, 7º lugar em Los Angeles 1984 nos 200 metros bruços. O mesmo Yokochi foi 9º nessa mesma prova em Seoul, correspondendo a uma participação nas meias-finais. Fora essa excepção, não existe registo de mais qualquer classificação portuguesa entre os 16 primeiros, correspondente a numa meia-final, pertencendo as melhores classificações seguintes a José Couto (18º nos 100 metros bruços em Sidney e nos 200 metros bruços em Atlanta), Artur Costa (17º nos 1 500 metros livres em Barcelona) e Sandra Neves (18º lugar em Seoul nos 200 metros mariposa).
Convenhamos que é pouco para delegações que não raras vezes excederam a dúzia de nadadores: com os recursos empregues e o investimento realizado não seria exagero esperar algumas presenças nas meias-finais (digamos que pelo menos 1/3, em média, dos participantes seria o mínimo exigível) e uma ou outra presença numa final. Será, pois, altura para a Federação Portuguesa de Natação e o governo reequacionarem a estratégia, investimento e aplicação de recursos até aqui seguidas no sentido de um efectivo e real progresso dos resultados alcançados, colocando um definitivo ponto final ao esbanjamento de recursos até aqui verificado, como prova qualquer análise rigorosa dos resultados obtidos.

sexta-feira, agosto 15, 2008

Portugal e os Jogos Olímpicos (3)

Com, até aqui, uma maioria de resultados medíocres nos Jogos Olímpicos, começam as desculpas idiotas por parte dos atletas e responsáveis portugueses. Para Telma foi o árbitro, para Sidónio Serpa a falta de psicólogos, isto é, de emprego estatal para si e seus colegas, para o treinador dos trampolins a falta de meios, ou seja, de dinheiro para esbanjar, para um qualquer cavaleiro a égua que entrou em histeria (falta de psicólogo especializado em equídeos, suponho). Ainda ninguém se lembrou da falta de fruta fresca, alegada pelo malogrado Manuel Galrinho Bento quando de uma derrota da selecção de futebol por 5-0 em Moscovo, talvez porque depois do “Apito Dourado” isso da fruta começou a ter ressonâncias brejeiras ou até mesmo eróticas.

Um pedido. Percam, fiquem em último, no limite desistam, mas, de uma vez por todas, poupem-nos à vergonha destas desculpas indignas de um qualquer Burkina Faso.

Roger Corman classics (7)

"It Conquered The World" (1956)

quinta-feira, agosto 14, 2008

Economia...

O crescimento do PIB em 0.4% face ao trimestre anterior é certamente uma razoável notícia. Mas, tal como o Ministro Teixeira dos Santos referiu, ainda existem demasiadas incertezas. Que mercados contribuíram para este crescimento? O mercado interno ou a exportação (e, neste caso, para onde)? E, em cada um deles - mercado interno e exportação - que sectores e de que modo? Só isso permitirá avaliar qualitativamente esse crescimento, definir algumas medidas a tomar e saber o que esperar no futuro.

"Que floresçam mil flores" (21)

Wei Yingzhou, 1986
"I strive to bring glory to the mother country"
Publisher: Shanghai People's Fine Arts Publishing House(Offset, 77x53 cm., inv.nr. BG E13/85, coll. Landsberger)
"A New Year print with children dressed for table tennis, volleyball, archery, gymnastics and swimming. These are sports at which China excells. Below are gold Olympic medals of the 1984 Los Angeles Games."

Aljubarrota: 14 de agosto de 1385

Texto escrito neste blog em 22 de Dezembro de 2006 a propósito da Batalha de Aljubarrota.

"Confesso que estou curioso sobre o primeiro (?) programa da série “As Grandes Batalhas de Portugal” que hoje, na 2: (21.15h), se debruça sobre a batalha de Aljubarrota, cuja descrição e enquadramento nos livros de História de Portugal do ensino secundário tem constituído fraude digna de candidatura ao “Guiness Book Of Records”, tão do agrado dos portugueses que preferem o fogo fátuo ao trabalho organizado de longo prazo. Vá lá que nos últimos anos alguns artigos de divulgação, publicados em jornais e revistas, se têm encarregue de colocar as coisas nos seus devidos lugares. De qualquer modo, e antecipando-me um pouco, não quero deixar desde já de acentuar algumas questões:
  • Não existia, na época, um sentimento “nacional” tal como o conhecemos hoje, não estando, por isso, o assunto na primeira linha do conflito. O levantamento do “povo” (leia-se “burgueses”) de Lisboa tem como objectivo fundamental não a “independência” mas a tentativa de evitar o seu domínio por parte da aliança entre grande aristocracia portuguesa e castelhana, o que constituiria um travão às suas aspirações de fortalecimento e poder. Forçaram mesmo aquilo a que se chamaria hoje um “parecer jurídico”, por parte de D. João das Regras, para justificar a entrega do trono a um bastardo que, ainda por cima, estaria relutante em aceitá-lo.
  • Estávamos, na Europa, em plena “Guerra dos Cem Anos”, e o que aconteceu em Aljubarrota (onde parece que os dois exércitos nunca estiveram realmente face a face o que, a acontecer, tornaria qualquer eventual heroísmo ou bravura inglórios), em certa medida, não foi mais do que um dos seus episódios, não substancialmente diferente do que aconteceu em Crécy e Poitiers e, mais tarde, em Azincourt. Aliás, havia ingleses do lado português, que foram decisivos, e franceses, além de portugueses (uma boa parte da grande aristocracia portuguesa combateu por D. João de Castela, que defendia os seus interesses), do lado de Castela que foram também decisivos, neste caso para derrota.
  • John of Gaunt, 1º Duke of Lancaster e filho de Edward III de Inglaterra, pai da futura rainha Filipa de Portugal (Philippa of Lancaster), era pretendente ao trono de Castela por via do seu casamento com D. Constança, filha de D. Pedro de Castela, e o seu envolvimento, para além de questões de Estado relacionadas com a “Guerra dos Cem Anos”, deve-se também a este facto. Invadirá, sem sucesso, Castela no ano seguinte (1386) ao da batalha de Aljubarrota.
  • Este é o início da chamada “aliança inglesa” (entre Portugal e a Inglaterra), episódio da luta de Inglaterra contra as duas grandes potências continentais (Castela/Espanha e França), que garantirá a independência de Portugal nos séculos seguintes mas tornará o país uma sub-potência marítima sob protecção britânica, afastando-o das grandes decisões que se jogarão no espaço europeu continental. Talvez a referência inicial do nosso subdesenvolvimento."

Summer Songs (7)

Teresa Brewer - "The Hula Hoop Song"


Falando francamente, não sei mesmo quem nasceu primeiro, se o ovo ou a galinha. Não, não é bem assim. Francamente, não sei quem gravou primeiro o tema, se Georgia Gibbs se Teresa Brewer, pois ambas as gravações são de 1958. Mas, para mim, “The Hula Hoop Song”, um tema que acompanhou a febre do dito, um arco de plástico que era suposto fazer rodar com as ancas e á volta das mesmas, será sempre de Teresa Brewer, que foi a versão mais popular aqui pelo rectângulo. Eu teria uma idade á volta dos 10 anos e não tinha jeito nenhum para a “habilidade”, mas também achava aquilo irritante e mais coisa de raparigas (e era). Mas o que é facto é que a “músiquinha” ficou e aqui há uns anos, na era pré-internet, resolvi uma vez pedir o CD a uma “conhecida” que ia a Londres em resposta a um daqueles pedidos “olha, queres alguma coisa?”, já que nos meus tempos londrinos nunca de tal me lembrara (eu bem disse que o hula-hoop era coisa de raparigas) e Teresa Brewer cá por casa só em vinil. A brincadeira, lembro-me, custou-me o CD e um jantar de agradecimento. Digamos que barato, barato, não foi... Mas também o que é a vida sem alguns gestos de grandeza?

Portugal e os Jogos Olímpicos (2)

Sidónio Serpa, presidente da Sociedade Portuguesa de Psicologia e professor da Faculdade de Motricidade Humana onde rege a cadeira de Psicologia do Desporto, perorava esta manhã no Rádio Clube pelo facto de os atletas olímpicos não terem em Pequim e na fase anterior de preparação para os Jogos apoio psicológico qualificado. Falava, inclusivamente, das tentações existentes na Aldeia Olímpica que, dizia, podiam afastar os atletas portugueses dos seus objectivos essenciais.

Bom, para além do atestado de menoridade comportamental que está a passar a atletas já habituados aos grandes eventos internacionais, capazes de serem desviados da atitude competitiva adequada “por estarem perto dos grandes campeões” e por “haver diversões 24 horas por dia”, e da descarada tentativa de arranjar um emprego para si e para alguns dos milhares de psicólogos sem ocupação profissional, fica no ar uma pergunta: porque só fala agora, depois de alguns resultados medíocres, e não falou antes quando, a ter razão, iria bem mais a tempo de resolver o eventual problema?

Também o treinador dos atletas portugueses de trampolins se vem agora queixar da “falta de condições” e da ausência de uma carreira nacional de treinador (como disse?). Para além da mesma pergunta (porque não falou a tempo de corrigir algo que pensava estar mal) uma outra ideia ainda: se achava que não tinha condições, porque foi a Pequim esbanjar os recursos que poderiam, eventualmente, ser investidos de outro modo com melhores resultados?

quarta-feira, agosto 13, 2008

Traduções: "barrister" e "solicitor"

Alguém me explica porque os tradutores de filmes e séries insistem em traduzir “solicitor” por solicitador, como há pouco vi pela enésima vez agora num episódio de “Poirot” transmitido pela RTP Memória? Será assim tão difícil informarem-se de que em países anglo-saxónicos existe a diferença entre “barrister”, o advogado de “barra”, litigante, e “solicitor”, que poderemos considerar um advogado de “back office”, que aconselha do ponto de vista legal, prepara documentos e age em representação de outrém? Para ambos, a tradução correcta será "advogado", já que em Portugal o termo solicitador tem um outro significado, um pouco diferente, não requerendo mesmo a licenciatura em direito ou a inscrição na Ordem dos Advogados.

Vanessa Fernandes e a avó

Aqueles que afirmam que “isto está cada vez pior”, “no tempo do Salazar é que era bom”, “não sei onde isto vai parar” e outros dislates de igual calibre, deveriam ter visto ontem um programa da RTP, incluído na série “Campeões”, sobre Vanessa Fernandes. Devo dizer que vi apenas uma pequena parte e cheguei lá absolutamente por acaso, mas na sequência que tive oportunidade de ver, Vanessa, uma jovem moderna, universitária, vestida desportivamente como qualquer outra jovem da sua idade do norte ou centro da Europa, aparelho corrector nos dentes, exprimindo-se de forma desenvolta em português e inglês, falava com a sua avó, uma “velhinha” enrugada, vestida de preto dos pés á cabeça, exprimindo-se com dificuldade, muitos dentes em falta, cuidando da terra tal como os seus pais, avós e gerações anteriores teriam já feito. Provavelmente, não porque precisasse de o fazer (a família de Vanessa terá já, felizmente, uma vida suficientemente folgada para que a senhora se escusasse ao trabalho), mas porque essa sempre foi a sua actividade, aquilo que saberá fazer e esse será o seu modo de se sentir útil. O contraste entre as duas, Vanessa e sua avó, entre o Portugal de Salazar e o da democracia e da UE não poderia ser mais evidente.

Nada que António Barreto não nos tivesse já dito no seu “Portugal: Um Retrato Social”. Mas é sempre bom ter oportunidade de olhar o caminho percorrido. Com um ror de asneiras e disparates pelo meio, pois claro; sabendo que tudo poderia estar bem melhor; mas, ainda assim, uma imagem no mínimo reconfortante. Ainda bem!

Les Belles Anglaises (VII)






Singer nine (1934)

Uma história de violência (VIII)

Não quero fazer o papel de ave agoirenta, mas há que ter em atenção que um dos resultados possíveis das últimas acções policiais também pode ser este: pôr o país a ferro e fogo numa espiral incontrolável de violência em vez de servir de elemento dissuasor de futuras acções criminosas, como muitos afirmam. Até porque me parece bastante perigoso que as polícias tenham sentido da parte da opinião pública apoio generalizado para acções “musculadas” e nos limites da legalidade, ou mesmo legalmente questionáveis. Mas a responsabilidade última é do respectivo ministro, que “apanhou a boa onda” populista em vez de ter agido com o bom senso, didactismo e equilíbrio que a situação justificava. Pois é: “o que pode correr mal, corre sempre mal”.

Ligeirinho, como a estação...

Só com a guerra entre a Rússia e a Geórgia fiquei a saber ainda existir uma estátua do cidadão Ioseb Besarionis Dze Jughashvili , aka Stalin, em Gori, sua cidade-natal. Um pouco como se em Braunau am Inn ainda existisse uma estátua de Adolf Hitler... Alguém, salvaguardadas as devidas distâncias em número de mortos, se lembrou de Santa Comba Dão?

Parece que a Michael Phelps, por questões de saúde, lhe terá sido receitado Ritalina em criança, a mesma droga que eliminou Joaquim Agostinho numa Volta a Portugal em Bicicleta por se encontrar incluída nas listas de substâncias proibidas. Caso para dizer que, qual Obélix, Phelps terá caído no caldeirão da poção mágica quando era pequeno...

terça-feira, agosto 12, 2008

Roger Corman classics (6)

"The Oklahoma Woman" (1956)

Uma história de violência (VII) - o silêncio dos partidos

Sendo a questão da criminalidade e segurança, bem como o crescente sentimento de largos sectores população no sentido de aceitação de uma deriva securitária crescente que possa mesmo pôr em causa certos elementos definidores do estado de direito, uma questão sem dúvida importante na sociedade portuguesa actual, pouco interessando para o caso que esse sentimento seja claramente desproporcional face à efectiva dimensão do problema, estranho, mesmo tendo em conta a desculpa da silly season, o silêncio dos partidos sobre o assunto.

Parece que finalmente o BE se pronunciou, pela voz de Fernando Rosas e isso é de saudar, bem como a sua posição que reputo de maioritariamente correcta, mas o BE é um partido minoritário no Parlamento e na sociedade portuguesa não estando eu certo que as suas convicções democráticas e em favor do estado de direito sejam assim tão enérgicas em outras áreas da política e da governação. Não tendo grandes dúvidas sobre qual será a posição de princípio do CDS/PP, gostava de ouvir a opinião dos dois principais partidos sobre o assunto – e não apenas a do governo pela voz do ministro das polícias -, para não me ver obrigado a interpretar este silêncio ensurdecedor como mais um acto de cobardia política.

Summer Songs (6)

Eddie Cochran - "Summertime Blues"
Eddie Cochran é alguém “muito cá de casa” desde que, no início dos anos 60 e era eu ainda um pré- adolescente, tomei dele conhecimento através dos meus primos mais velhos. Mais tarde “recuperei-o”, claro, e continuou a ser um dos meus favoritos talvez porque, não vindo directamente do “rockabilly", é, em termos de estilo de interpretação, um dos que dele mais se aproxima. Este “Summertime Blues” é sem dúvida das minhas favoritas. Escrita em 1958 por Cochran (morreu em 1960 no desastre de carro, em Londres, em Gene Vincent ficou gravemente ferido) e Jerry Capehart, era originalmente um “B” side e chegou a #8 no Billboard e #18 no UK. Dele existem um número infindável de covers, sendo talvez a mais célebre a dos “The Who”, gravada “ao vivo”. “Summer song”, pois claro, até pelo próprio nome!

Uma história de violência (VI)

Para que não restem dúvidas...

Obrigar um pré-adolescente de onze ou doze anos a participar num acto criminoso, como um assalto, é um acto ignóbil e deve, por si só, merecer punição legal, para além da que é devida ao acto criminoso em si. Mas atenção: a responsabilidade pela sua integridade física não se esgota em quem o integrou nesse acto criminoso. Para ser mais concreto, e no caso de Loures, não se pode afirmar “a responsabilidade pelo acontecido é dos pais” e... ponto final! Polícia e criminosos não são face e verso de uma mesma realidade. Estes agem à margem da legalidade, àquela compete-lhe fazer cumprir a lei de um estado democrático e direito, estando também a ela sujeitos. Por isso mesmo, não podem fazer justiça pelas próprias mãos e devem ter como objectivo último levar os alegados criminosos a responder pelos seus actos perante os tribunais competentes e as leis da república, com todas as garantias de defesa previstas mormente aquela que afirma que até prova em contrário todos os cidadãos são inocentes e que todos são iguais perante a lei e têm direito a uma defesa justa. Mais ainda, essa pena deve, também ela, ser proporcional ao crime em causa. Em função desse seu estatuto e desse objectivo último, devem as polícias usar da força com parcimónia e apenas com a proporcionalidade necessária ao cumprimento desse seu desiderato, pelo que - e o que vou dizer será politicamente incorrecto – será mesmo preferível deixar escapar meia-dúzia de criminosos de 2ª ou 3ª extracção com igual meia-dúzia de milhares de euros a pôr em risco a vida de uma criança ou de outros cidadãos inocentes. Mesmo em relação a eventuais criminosos, constitui uma clara desproporção de forças e desrespeito pela lei atirar a matar num caso como o do assalto de Loures. É tudo isto que distingue a civilização da barbárie, uma polícia competente e profissional de um bando de malfeitores.

Nota: muitos daqueles que agora glorificam as acções das polícias nos casos do BES e de Loures, que estão muito longe de serem casos de grande criminalidade organizada ou terrorismo, incentivando-as à justiça por conta própria, serão os mesmos que espumam de raiva nos diversos fóruns de “opinião pública” contra os “ricos e poderosos”, os “grandes tubarões” e “grandes criminosos e corruptos” que nunca são presos ou condenados preocupando-se a polícia apenas em “apanhar” o “peixe miúdo”. O problema não é deles, que não sabem o que dizem. o problema é de quem, com responsabilidades governativas, cede a este tipo de comportamentos e atitudes demagógicas.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Uma história de violência (V)

No "Público" on-line - Loures: Criança de onze anos morta por GNR durante assalto.

Só quem não conheça o triste registo das polícias neste país bem expresso nos sucessivos relatórios da Amnistia Internacional, a sua tradicional falta de profissionalismo e preparação que tem como resultado a facilidade com que carregam no gatilho acertando em tudo o que mexe, ou então, como foi o caso, quem perfilha a demagogia mais rasteira, poderia pensar que a forma como foi gerida e inconscientemente louvada a participação da PSP no assalto à dependência do BES não traria, mais dia menos dia, maus resultados e desastrosas consequências. Infelizmente, mais cedo do que esperava quando escrevi este post sobre o modo como um dos piores e mais desastrados ministros deste governo, Rui Pereira (um autêntico “chega-me isso” do PS) geriu o acontecimento. Aguardo com interesse o que dirá agora e qual a sua autoridade para tomar as decisões que, neste caso, se justificam. Escancarou a caixa de Pandora; agora que a feche, se for capaz.

A Guerra Aqui (mesmo) Ao Lado (35)

Aumentar la productividad de los campos y fabricas es aumentar la combatividad de los frentes
Signed: Luna. Ministerio de Instrucción Pública, Dirección Gral. de Bellas Artes. Asociación de Obreros Litógrafos. Gráficas Reunidas, U.H.P. Madrid. Lithograph, 3 colors; 100 x 69 cm.

"Issued by the government of the Republic through its Ministry of Public Instruction, this image calls for an increase in the productivity of the land and the factories, which will result in an increased military capacity. The weathered peasant-fighter in the center of the scene is the target of the message expounded by the government, and may also be seen as an example of someone who is responsive to it. During the early part of the war, approximately from the summer of 1936 to the summer of 1937, the areas of Spain where popular resistance to the military rebellion had succeeded were largely controlled by workers' committees. The agrarian and industrial collectivization which these committees often imposed eventually proved unworkable and led to reduced productivity in most areas of the economy (among them grain, fruits and vegetables, all of which are represented in this image). To combat this situation, the central government and other institutions gradually began to call for a more centralized and ordered economy, which was seen as essential for winning the war.
The Ministry of Public Instruction and its agency, the Dirección General de Bellas Artes, were among the most active institutions in the production of propaganda during the war, especially after Jesús Hernández was named to head the ministry on September 4, 1936. Like most of the posters issued by that Ministry, this one can probably be dated between the start of Hernández' tenure in early September, and the time when the government fled the capital for Valencia on November 6 of the same year.
The author of this poster is Antonio Rodríguez Luna (1910-1985). Rodríguez Luna studied in the Escuela de Bellas Artes in Seville before moving to Madrid in 1927, where he became an active participant in avant-garde circles. In 1932, he exhibited his work in the Museum of Modern Art in Madrid. In that year, and again in 1933, he was included in a traveling exhibition organized by one of the leading associations of artists in Spain, the Sociedad de Artistas Ibéricos, which was shown in Copenhagen and Berlin. He was also a part of other important groups of artists formed in Spain at the time, including the Grupo de Arte Constructivo, founded by the Uruguayan painter Joaquín Torres García in 1933. From 1933 to the outbreak of the war in 1936, Rodríguez Luna resided in Barcelona. In the fall of 1934, after the frustrated social revolution that took place in many areas of Spain, he begun to make public statements in favor of a socially conscious and revolutionary art.That same year, he participated in the first Exhibition of Revolutionary Art, which was held in Madrid. He also published drawings and prints in important left-wing periodicals such as El Mono Azul (The Blue Overalls), published a book of drawings, Dieciseis dibujos de guerra (1937), and exhibited his work in the Spanish Pavilion in the International Exhibition in Paris in 1937. After the war, he moved to Mexico and he continued his work as an artist, collaborating with the mural painter Siqueiros and with Renau, who was also in exile there. He exhibited his work in prominent museums and galleries throughout Mexico and the U.S., including an exhibition in the San Diego Museum of Art in 1967. After Franco's death in 1975, Luna returned to Spain. "

História(s) da Música Popular (97) - Isaac Hayes (20 de Agosto de 1942 - 10 de Agosto de 2008)

Isaac Hayes - "Walk On By"
Para que não restem dúvidas numa terra em que o sentido crítico se perdeu (principalmente quando alguém morre), não considero Isaac Hayes um nome incontornável da música negra americana (muito menos o “rei” de coisa nenhuma), mas apenas alguém que nela ocupou uma posição com algum relevo e o fez com todo o merecimento. Mais ainda, toda a gente irá falar de “Shaft”, mas eu limito-me a falar de dois temas que, quanto a mim, marcam um álbum-chave na sua carreira (“Hot Buttered Soul”) e ambos de nomes importantes da música branca: “Walk On By”, de Burt Bacharach e Hal David que aqui estarão lá mais para Setembro incluídos no capítulo de “História(s) da Música Popular” que lhes será dedicado e Jim Webb, autor de um tema um pouco gongórico, tal como as versões de Hayes de “Walk on By” e “By The Time I Get To Phoenix” - no fio da navalha de algum pretenciosismo e a piscar o olho ao que poderíamos chamar de “soul sinfónico” - interpretado pelo actor Richard Harris mas pelo qual sempre nutri algum fascínio: “McArthur Park”. Para além desse álbum-chave na sua carreira e marcante na vida da Stax Records, Hayes foi também co-autor de alguns temas (“Hold On, I’m Comin”, por exemplo) de Sam & Dave, nomes de peso da Atlantic Records. Fica aqui a sua, mais do que interpretação, recreação de “Walk On By”, realmente única e, para mim, o que de melhor fez na sua carreira, apesar das reservas apontadas. Ele, só por si, justifica uma referência a Isaac Hayes, que agora desaparece.