domingo, agosto 17, 2008

100 metros...

A propósito da final dos 100 metros dos Jogos Olímpicos, um post publicado neste blog em 15 de Junho de 2007.
"Não me interessando especialmente por ciclismo, confesso tenho lido com alguma curiosidade e interesse as notícias sobre as acusações e condenações por doping de alguns ciclistas de topo, mormente antigos vencedores da “Volta a França”. Ainda hoje o “Público” faz menção das acusações de um tal ex-ciclista Rolf Järmann em relação à legalidade das classificações de ciclistas como Bjarne Riis, Jan Ullrich ou Richard Virenque no Tour de 96. Bom, deixemo-nos de hipocrisias. Nos idos de setenta – tenho isso nas minhas memórias de forma bem nítida – lembro-me de ler, salvo erro em “A Bola”, uma entrevista ao “velho” Joaquim Agostinho (acho que sempre foi velho...) em que este, na sua frontalidade de aldeão da região saloia talvez um pouco agastado com tanto fingimento, acaba a perguntar ao entrevistador (talvez o seu também “velho” amigo Carlos Miranda) :

"mas vocemecê acha que se sobem os Alpes e os Pirinéus de bicicleta só a comer bifes com batatas fritas?"
Talvez não se referisse especificamente ao doping, mas, de forma mais abrangente, a todas as ajudas ligadas à medicina desportiva, dietética, metodologia de treino, etc, objecto de grande evolução e desenvolvimento nos últimos anos e de grande aplicação no ciclismo. Mas, mudando de desporto, duas perguntas me ocorrem sempre que vejo uma final dos 100m nos jogos olímpicos ou nos campeonatos do mundo de atletismo:
  • Será que alguém corre os 100 metros em nove segundos e oitenta ou noventa e tal centésimos sem recurso ao consumo de substâncias dopantes?
  • E se esses mesmos atletas fizessem tempos na ordem dos dez segundos e qualquer coisa alguém perderia o seu tempo a ver, com todas as consequências que daí adviriam?

Enfim, para as federações e instituições que legislam sobre o assunto tratar-se-á sempre de manter o equilíbrio aceitável, desejável e possível entre o espectáculo e a credibilidade da indústria enquanto desporto, isto é, de manter o negócio. Não será de mim com certeza que vão esperar a censura ou o voto piedoso..."

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