quinta-feira, agosto 28, 2008

Em defesa do direito ao disparate

Ontem, na SIC Notícias, Inês Serra Lopes apontava o dedo às máfias de leste no caso da “actual onda de crimes violentos”. Se Inês se pusesse em sossego, tratando de pensar um pouco, facilmente concluiria que as ditas máfias de leste actuam fundamentalmente em três áreas bem definidas: prostituição, tráfico de droga e de armas - aconselhando-a, por exemplo, a ver um dos melhores filmes portugueses dos últimos anos, “Noite Escura”, de João Canijo, bem como “Eastern Promises” de David Cronenberg – não me parecendo que roubos a caixas multibanco e postos de combustíveis, ourivesarias de província ou pequenas agências bancárias se enquadrem bem dentro do género. Quando muito a maior disponibilidade de armas a baixo preço pode dar para esses crimes alguma pequena contribuição, longe de decisiva, e ser elemento propicionador de consequências mais gravosas nas desordens armadas dos bairros suburbanos. Quanto ao direito ao disparate, felizmente, não me parece seja liberdade em perigo na sociedade portuguesa. Valha-nos isso!

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