Aqueles que afirmam que “isto está cada vez pior”, “no tempo do Salazar é que era bom”, “não sei onde isto vai parar” e outros dislates de igual calibre, deveriam ter visto ontem um programa da RTP, incluído na série “Campeões”, sobre Vanessa Fernandes. Devo dizer que vi apenas uma pequena parte e cheguei lá absolutamente por acaso, mas na sequência que tive oportunidade de ver, Vanessa, uma jovem moderna, universitária, vestida desportivamente como qualquer outra jovem da sua idade do norte ou centro da Europa, aparelho corrector nos dentes, exprimindo-se de forma desenvolta em português e inglês, falava com a sua avó, uma “velhinha” enrugada, vestida de preto dos pés á cabeça, exprimindo-se com dificuldade, muitos dentes em falta, cuidando da terra tal como os seus pais, avós e gerações anteriores teriam já feito. Provavelmente, não porque precisasse de o fazer (a família de Vanessa terá já, felizmente, uma vida suficientemente folgada para que a senhora se escusasse ao trabalho), mas porque essa sempre foi a sua actividade, aquilo que saberá fazer e esse será o seu modo de se sentir útil. O contraste entre as duas, Vanessa e sua avó, entre o Portugal de Salazar e o da democracia e da UE não poderia ser mais evidente.
Nada que António Barreto não nos tivesse já dito no seu “Portugal: Um Retrato Social”. Mas é sempre bom ter oportunidade de olhar o caminho percorrido. Com um ror de asneiras e disparates pelo meio, pois claro; sabendo que tudo poderia estar bem melhor; mas, ainda assim, uma imagem no mínimo reconfortante. Ainda bem!
Nada que António Barreto não nos tivesse já dito no seu “Portugal: Um Retrato Social”. Mas é sempre bom ter oportunidade de olhar o caminho percorrido. Com um ror de asneiras e disparates pelo meio, pois claro; sabendo que tudo poderia estar bem melhor; mas, ainda assim, uma imagem no mínimo reconfortante. Ainda bem!
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