domingo, agosto 10, 2008

Portugal e os Jogos Olímpicos

Devo confessar não sou grande entusiasta dos Jogos Olímpicos, desde que me conheço o acontecimento desportivo de alto nível onde a política e a hipocrisia, de mãos dadas, ocupam um lugar de maior destaque. Mas, principalmente, porque neles os meus desportos favoritos (futebol, rugby, ténis) ou estão ausentes ou a sua importância é bastante relativa. Limito-me, se a transmissão em directo tem lugar a horas decentes, a fazer um esforço para ver as provas de atletismo, desporto cujas grandes competições internacionais tento seguir normalmente com algum interesse.

Bom, tendo dito isto, não percebo porque razão Portugal - que já não é, felizmente, um país indigente em matéria de desporto como o era há 30 ou 40 anos - insiste em levar aos Jogos atletas ou participantes que se sabe, à partida, não irão passar das qualificações ou das 1ªs eliminatórias com resultados entre os últimos. Claro que não é absolutamente necessário que todos tenham capacidade para lutar pelas medalhas (até me parece já ter havido este ano um ou outro resultado digno), mas não entendo qual o output do investimento realizado em atletas que já se sabe de antemão nunca terão capacidade para ultrapassar a mediocridade, podendo esse investimento ser canalizado para outros desportistas, competições ou áreas do desporto com resultados – penso - bem mais positivos. Ou melhor, sei a razão – a vontade de agradar às diversas corporações e federações – mas é saber disso mesmo que me desagrada. Acresce que um melhor aproveitamento dos poucos recursos que há para investir poderia poupar todos os portugueses ao espectáculo verdadeiramente patético ter de assistir a comentários televisivos de uma tremenda falta de rigor, tentando valorizar resultados, no mínimo, deprimentes. Mas esse é um fado muito português, país onde, por vícios criados por um mercado incipiente e uma consequente enorme dependência do Estado e das instituições, qualquer tipo de crítica mais directa tende a ser evitada, primeiro, por receio de represálias, depois, por doença já endémica.

2 comentários:

Anónimo disse...

Deixe-me adivinhar... É um frustado e desiludido com a vida, certo?? Quer dizer, se não somos os melhores não devemos participar?? Então como é óbvio nunca chegaremos a ser os melhores, porque, e usando um desporto que lhe é caro, no futebol português os 3 grandes são muito bons, mas é só cá em Portugal, porque quando vão lá para fora apanham no pelo!!

JC disse...

Caro anónimo: não disse que não devíamos participar e até afirmei termos conseguido um ou outro resultado digno. Apenas pus em causa se deveríamos investir em participantes que sabemos de antemão não terem condições para passar sequer as 1ªas eliminatórias, ou se esse investimento não poderia ser aplicado de outra forma nessa ou em outras modalidades com melhores resultados. Quanto ao futebol, por favor consulte os resultados das equipas e selecções portuguesas nos últimos 20 ou 30 anos.