O passado político de Zita Seabra enquanto dirigente do PCP e o modo como exerceu esse poder no partido deviam levá-la a assumir algum pudor e direito, ou dever, de reserva na sua disponibilidade para fazer o elogio fúnebre de Alexandre Soljenitsyne. Tê-lo feito do modo como o fez (dada a sua personalidade não se esperaria o fizesse de outro modo) aproxima mais essas suas afirmações de um qualquer exercício de autocrítica, de uma necessidade de se mostrar “reeducada”, de um exorcismo dos fantasmas de um passado com o qual convive mal, do que do mero elogio fúnebre - que, aliás, não me parece alguma vez ter estado nos seus objectivos. O contraste com as afirmações equilibradas e contidas do seu ex-companheiro Carlos Brito é por demais evidente. Assim, por muito que se esforce por demonstrar o contrário, Zita Seabra apenas confirma aquilo que todos nós já sabíamos: no fundo, em si nada mudou, e as suas actuais convicções democráticas não passam de uma mera funcionalidade julgada conveniente para aquilo que sempre foi o seu objectivo: o exercício do poder e a exibição de um “ego” e de uma vaidade desmesuradas com os quais tenta ultrapassar as marcas de um passado que não consegue sublimar.
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