O spot de TV promovendo a Antena 1 e baseado numa crítica explicita ao direito de manifestação - algo fundamental num estado democrático concordemos ou não com as reivindicações e os objectivos, a cada momento, em causa – é, pura e simplesmente e numa primeira abordagem, má publicidade. Em primeiro lugar porque coloca contra si uma percentagem significativa da população portuguesa – habitual participante em manifestações - que poderá constituir inclusivamente o “core-target” da estação. Em segundo lugar porque, ao criticar o direito de manifestação recorrendo a um argumento populista e demagógico, de natureza “fascizante” (é preciso não ter medo das palavras), atingindo o estado de direito democrático na sua essência, alarga significativamente o universo de potenciais ouvintes que nele se não reconhece a largas centenas de milhares que não participam habitualmente em manifestações, afastando-os da audição da Antena 1. Em terceiro lugar, e de um ponto de vista meramente técnico, a “marca” a promover (Antena 1) não integra a pequena parte do “spot” que é memorizável (“contra quem quer chegar a horas”), prejudicando notoriamente os níveis de recordação da marca, logo, a eficácia da campanha. Em quarto lugar porque, em virtude das duas primeiras razões apresentadas, se vira contra os interesses do próprio accionista da estação (o Estado, actualmente representado pelo governo de José Sócrates e do PS), prejudicando gravemente os objectivos que este persegue e, em última análise, todos seus "stakeholders": aqueles que se reconhecem nos valores da democracia. Por último, porque é demonstrativo de falta de profissionalismo e da adopção de uma metodologia errada por parte de quem o desenvolveu e aprovou, já que, se tivesse sido desenvolvido de forma correcta, com recurso a metodologias de pré-teste e/ou por profissionais qualificados, facilmente os problemas agora emergentes teriam sido detectados em tempo útil e a sua exibição impedida.
Por todas estas razões, embora não comungando da ideia dos que acham seja caso para forçar a direcção da Antena 1 a demitir-se, seria salutar, a bem do rigor e do profissionalismo que deveria nortear a actuação de qualquer serviço público, da defesa do seu accionista e ouvintes e, em última análise, do estado de direito democrático, que os responsáveis pelo desenvolvimento e aprovação de tal disparate fossem publicamente responsabilizados e afastados dos cargos que, pelos vistos incompetentemente, ocupam. Com pouca ou nenhuma esperança, no entanto, o afirmo.
Por todas estas razões, embora não comungando da ideia dos que acham seja caso para forçar a direcção da Antena 1 a demitir-se, seria salutar, a bem do rigor e do profissionalismo que deveria nortear a actuação de qualquer serviço público, da defesa do seu accionista e ouvintes e, em última análise, do estado de direito democrático, que os responsáveis pelo desenvolvimento e aprovação de tal disparate fossem publicamente responsabilizados e afastados dos cargos que, pelos vistos incompetentemente, ocupam. Com pouca ou nenhuma esperança, no entanto, o afirmo.
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