sábado, março 14, 2009

Sport Lisboa e Benfica: escrito e publicado a 9 de Janeiro, reiterado agora após a derrota com o Vitória de Guimarães

"Uma vez mais e para que não existam dúvidas. O objectivo do Sport Lisboa e Benfica não pode nem deve ser o de conseguir ser campeão, de forma não sustentada, a curto prazo; consegui-o com Trapattoni mas sem proveito de maior. Ou mesmo segundo classificado. O objectivo para um clube como o SLB só pode ser o de vir a dominar o futebol português, de forma duradoura, num horizonte temporal de 3 a 5 anos, sendo campeão, digamos, 3 em cada 5 ou 6 em cada dez anos e estando sempre presente em todas as edições da Champions League, salvo acidente de maior.
Para que esse objectivo seja conseguido ele nunca deve ser sacrificado ao curto prazo, e a estratégia e os planos de acção que o servem ser preteridos ou subalternizados por questões conjunturais, laterais e inconsequentes. Antes pelo contrário: definido o objectivo, ajustada a estratégia e os planos de acção adequados, estes devem ir sofrendo pequenas modificações e aperfeiçoados, entre Rui Costa e Quique Flores, à medida das necessidades: total flexibilidade táctica desde que em consonância com a estratégia e os objectivos; inflexibilidade estratégica, o que significa, entre outras coisas, “nenhuma concessão à “rua” ou a quem internamente a representa (à bon entendeur...). Ser governado pela “rua” ou por quem a tem representado, ao mais alto nível, nos orgãos dirigentes do SLB tem sido sempre parte do problema e do seu agravamento, nunca da solução.
Para ser ainda mais claro: mudar de treinador e de plantel à primeira decepção ou em resultado da opinião da inconsequente imprensa desportiva ou dos interesses que esta conjunturalmente representa tem sido a receita que conduziu o SLB ao descalabro, depois de um dos piores presidentes da história do SLB ter dado o pontapé de saída para a decadência ao decidir trocar uma equipa de futebol por mais uns degraus de cimento no estádio; prometer “os amanhãs que cantam”, já ali ao virar da esquina, é apenas mais uma miragem. O despedimento de um treinador, talvez demasiado humilde e com ausência de carisma, mas competente como Fernando Santos, depois de uma época aceitável e só porque no último minuto o Leixões conseguiu empatar, por troca com mais um “Messias”, foi uma cedência à “rua” benfiquista que apenas prova o que aqui digo.
Neste sentido, seria talvez a altura de Rui Costa garantir que a receita não é mais do mesmo. De explicar claramente a todos os benfiquistas, de forma solene e institucional, o que está em causa. De lhes dar a escolher, e de garantir publicamente a Quique Flores o seu apoio para além dos resultados conjunturais. Rui Costa tem de entender que a sua credibilidade enquanto dirigente passa por este projecto e, assim, agir em conformidade, provando que “é vermelho e competente”. E do seu benfiquismo nunca ninguém pôde ter dúvidas."
Nota escrita a 15 de Março de 2009: parece que LFV subscreve o que digo. Espero não seja só uma declaração de circunstância e saiba ser mais consistente do que até aqui.

10 comentários:

gin-tonic disse...

Não era este o "Guronsan" que estava à espera, mas também serve!...
Um abraço

JC disse...

Abraço, Hugo.

Anónimo disse...

Boas!
Uma gestão que não aproveita Mourinho, Trapattoni, Koeman, Jesualdo, Santos - etc.etc. you name it - mais do que alguns meses, ou, se aproveita, é apenas por uma época (Trapattoni) , como é posível aspirar a um qualquer projecto de médio ou longo prazo?

Com este fraco historial de permanência, quem serão os treinadores de renome e competência firmada que aceitarão inscrever o seu nome em mais uma lápide nesse cemitério de treinadores ?

Rui Costa foi um grande jogador, é um grande benfiquista, mas isso não tem que dar uma metamorfose para um grande gestor, coisa que parece não abundar por ali.

JC disse...

Caro anónimo: está a comprovar exactamente o que eu quero dizer. O que indica foi o caminho (a gestão) que não levou o SLB a lado algum, mesmo com treinadores competentes como os que cita. É exactamente esse caminho que se deve e tem de evitar, mantendo Quique e Rui Costa.

Karocha disse...

A ver vamos JC!
Ainda me lembro do grade Benfica e de grandes jogos que vi na luz.
Duvido que a continuar assim , vá a qualquer lado,posso estar enganada, mas...

JC disse...

Olhe, Karocha: a mudar de treinador e de projecto todos os anos é que, como se tem provado, não vai a lado nenhum!

Karocha disse...

Tem toda a razão JC, já andam por ai a dizer que o Quique já está de malas aviadas!!!!!

Anónimo disse...

Caro JC
Voltando à carga, penso que o Benfica, mais do que Quique Flores ou Rui Costa juntos, precisa apenas de um treinador com um perfil mais emparelhado com Bella Gutman, Jimmy Hagan ou Sven Eriksson, para não falar daqueles que já rejeitou a começar pelo Mourinho.

E precisa ainda mais de uma gestão tipo Manchester United ou Arsenal, que mantêm os seu técnicos por anos a fio, ainda que estes se encontrem arredados dos êxitos.

Convém recordar que o Leixões e o Braga com o orçamento exponencialmente menor já fizeram flores esta época e estão a curta distância duma equipa vermelha de estrelas, que esta época,ainda se arrisca a nem na UEFA entrar.

Quique Flores já conseguiu chegar às meias finais da Taça UEFA com uma equipa bem menos recheada e só não foi à final por uma burrice do seu guarda-redes frente ao Bayern de Munique (o tal do 5aSec e SevenUp na juba e no bucho dos leões).

O que falta então a Quique no Benfica ?
Abraços

JC disse...

Oh!, meu caro Anónimo: já viu o que o futebol mudou desde Gutman ou Hagan (este último, aliás, um treinador medíocre?). Nenhum treinador consagrado vem hoje para Portugal. Não há dinheiro para lhe pagar nem ninguém está disposto a vir para um campeonato da 2ª divisão europeia, s/ visibilidade. E, mesmo assim, não acho Quique tenha um perfil mtº diferente do Eriksson dos anos 80, descontando o que o futebol evolui desde então ao nível do treino e dos conceitos de jogo. Mas o país, a imprensa e os seus interesses e os "meandros" são outros
1. Claro que o SLB precisa de estabilidade (veja o meu "post" de hoje) e não é querendo mudar tudo de novo que a obtém.
2. O Braga tem um orçamento mais baixo do que o SLB, mas, mesmo assim, um orçamento significativo. Joga um futebol de posse e circulação de bola, de toque "abrasileirado" que lhe permite fazer umas flores mas nada mais. É um futebol que obtém melhores resultados a mais curto prazo, mas daí não passa. Lembra-me o futebol de "fio de jogo" da Académica dos anos 60 ou do Vit. de Setúbal dos anos 70. Este nunca passou dos 1/4 de final da Taça das Taças, a mais fácil competição da UEFA e quando havia menos eliminatórias. É o futebolzinho à Pedroto. Quer que o SLB faça uma flores ou domine o futebol português e atinja patamares razoáveis na Europa? O Braga está nos 1/8 de final da UEFA e veremos se chega mais além. O Leixões é apenas um caso esporádico de um clube, ao seu nível, bem dirigido
O que falta a Quique no SLB: estabilidade, estabilidade e ainda mais estabilidade. Mais uma ou outra correção no plantel.
Abraço e veja o "post" de hoje.

JC disse...

Repare uma outra coisa, caro Anónimo: quando Eriksson veio para o SLB, este ainda dominava o futebol português - pese o FCP estar já em grande recuperação (2 vezes campeão) -, e tinha uma dinâmica recente de vitórias, que perdeu. Não é pois um treinador que vai fazer a diferença (e isso está provado pelas constantes mudanças recentes s/ resultados) mas uma estratégia coerente, planos adequados que a ponham em execução servidos pelas pessoas certas. O que o clube não tem tido!
Cumprimentos