A incapacidade política da direcção de Ferreira Leite teve ontem o seu epílogo na derrota significativa de Paulo Rangel nas eleições para a presidência do PSD. De facto, o candidato escolhido pela direcção cessante não parecia ter quaisquer condições para assegurar a vitória no partido e, pior ainda, convencer o país. Em primeiro lugar, aparecia um pouco como alguém demasiado comprometido com a direcção de Ferreira Leite e Pacheco Pereira e, dada a ausência de um seu percurso político significativo, quase como se de “criatura” e “criador” se tratassem. O seu demasiado conservadorismo, do qual, aqui e ali, sem grande convicção tentou descolar, parecia vir também em contra-ciclo num partido que vinha perdendo o eleitorado urbano e jovem e que se mostrava disposto a tentar “algo de diferente”. Em segundo lugar, o seu discurso demasiado retórico, palavroso, quase como se as palavras se quisessem dele autonomizar e ganhar vida própria (ele que me desculpe, mas não raras vezes me lembrei de Cantinflas e do seu “ai mi gabardini...), também terá contribuído para lhe colar uma imagem demasiado démodé, muito século XIX, desfasada de uma geração SMS e Facebook que reinventou e criou uma linguagem. Por fim, e quer queiramos quer não isso também conta mesmo quando não está em causa a eleição de “mister” ou “miss” Portugal, a sua imagem, circunstancialmente agravada em função do seu principal opositor, não só não ajuda como, pior ainda, o penaliza. Será cruel, mas é assim mesmo.
Tendo em consideração todo este “handicap” já de si penalizador à partida de uma disputa eleitoral que, em função disso, sempre terá sido desigual, Rangel cometeu ainda gafes imperdoáveis, como o foram as histórias da aprendizagem de ofícios por crianças e adolescentes, o discurso patético no Parlamento Europeu e a questão das Comissões Coordenadoras Regionais (e não sei se estou a deixar escapar qualquer outra...). Demasiados obstáculos para bater um Passos Coelho “clean cut” a quem bastou ligar o piloto automático para conquistar um partido em busca de um “new look” e de uma “fresh start”.
Tendo em consideração todo este “handicap” já de si penalizador à partida de uma disputa eleitoral que, em função disso, sempre terá sido desigual, Rangel cometeu ainda gafes imperdoáveis, como o foram as histórias da aprendizagem de ofícios por crianças e adolescentes, o discurso patético no Parlamento Europeu e a questão das Comissões Coordenadoras Regionais (e não sei se estou a deixar escapar qualquer outra...). Demasiados obstáculos para bater um Passos Coelho “clean cut” a quem bastou ligar o piloto automático para conquistar um partido em busca de um “new look” e de uma “fresh start”.
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