segunda-feira, junho 07, 2010

Selecção, patrocínios e populismo

Como bem se pôde ver nas TVs durante o fim de semana prolongado, o populismo, tempo de antena e falta de noção das realidades à volta da selecção nacional de futebol pouco mudaram de Scolari para Queiroz. Única diferença? Queiroz parece manifestamente um erro de “casting”, de pouco à vontade no papel.

E porque pouco mudou? Bom, desde que os patrocínios entraram “a sério” no futebol, neste caso na selecção nacional, tornou-se absolutamente necessário, para que os patrocinadores rentabilizem o seu investimento, valorizar ao máximo, e até aos limites do absurdo, a actividade patrocinada, utilizando os “media” para a respectiva promoção e difusão. No fundo, quanto maior for o valor atribuído pelo “grupo-alvo”de consumidores à actividade patrocinada, neste caso a selecção nacional de futebol, maior será o valor reconhecido da marca patrocinadora e mais elevada a verba pedida pela FPF aos patrocinadores. Nada mais simples e evidente, portanto, e os relativamente bons resultados conseguidos nos últimos anos pela selecção portuguesa por certo ajudaram a aumentar o valor dos patrocínios e a rentabilidade das verbas investidas. O Euro 2004, disputado em “casa”, e a personalidade de Scolari ajudaram na implementação deste modelo.

Ponto frágil do negócio? Simples: uma má prestação da equipa portuguesa no Mundial* facilmente poderá degenerar em enorme desilusão e revolta para os portugueses (vejam o que aconteceu em 2002), com a subsequente desvalorização do valor reconhecido às marcas associadas. Para a FPF acarretará a necessidade de apagar rapidamente a imagem perdedora com recurso à demissão do seleccionador - mesmo que, porventura, este se tenha revelado competente - e a uma “fresh start” como resposta. Pois, não há almoços grátis...

*Em bom rigor, qual a prestação que se pode considerar “normal” para a selecção nacional no Mundial 2010? Muito simplesmente, apurar-se para os 1/8 de final, com o 2º lugar no grupo, e eliminar qualquer adversário do grupo concorrente que não seja a Espanha (a Suiça, por exemplo). Menos do que isso seria uma má prestação e a partir daí não vale a pena especular. Mas caso tenha de defrontar a Espanha nos 1/8 de final – o que parece ser o cenário mais provável - e perder, poderá considerar-se a sua prestação dentro do satisfatório.

3 comentários:

pois disse...

Caro JC,

A+i tem o seu protegido R. Amorim na selecção e pasme-se nem vai ser para médio defensivo nem para lateral, esquerdo ou direito, como defendeu, vai substituir um extremo. Isto sim é polivalência, quanto mais não seja, polivalência de raciocinio de C. Queirós, depois de incluir nas reservas um (M. Fernandes) que não estava nos 50.
Cumprimentos

JC disse...

1. É uma chamada inteiramente merecida. Pena seja por lesão de Nani, o jogador em melhor forma da selecção.
2. Não vai substituir um extremo e percebo a ideia de Queiroz: pode adiantar Coentrão e/ou Duda (este joga a extremo no seu clube) e fica c/ mais uma alternativa quer para defesa dtº (P. Ferreira pode tb jogar a defesa esqº) ou para o lado dtº do 1/2 campo em 4X4X2. Consultando os que estavam de "prevenção", na lista para a FIFA, encontra melhor opção?

pois disse...

Caro JC,

Acho, (sempre achei) R. Amorim um excelente jogador, um excelente atleta, um excelente elemento e uma excelente opção.
Acho, desde que o vi no scp e mais tarde no r. madrid, o prof C. Queirós um excelente adjunto, um excelente técnico de treino, um excelente metodologista e uma nulidade como líder de equipa e como técnico principal. Infelismente, para mim, como adepto da selecção e como portista o prof. veio confirma-lo novamente à frente da nossa selecção (oxalá como antitese se sagre campeão do Mundo).