Interessante assinalar o diferente entusiasmo com com que foram acolhidas nos “media” e em alguma “blogosfera” as declarações bombásticas e mal-educadas, aspirando ao protagonismo fácil, de Alexandre Soares dos Santos (será que ousaria referir-se em público ao primeiro-ministro polaco como o fez em relação ao português?) e a sensatez política da entrevista do banqueiro Ricardo Salgado ao “Expresso”, revelando, com o “low profile” que é a sua “imagem de marca”, inteligência e um conhecimento aprofundado das matérias sobre as quais opina. Reveladora, essa diferença de entusiasmo da opinião publicada, de algumas pulsões dominantes na sociedade portuguesa.
Estamos aqui, nestas duas intervenções públicas, claramente perante duas metodologias de afirmação de poder e de defesa dos respectivos interesses, talvez estabelecidas pelas diferentes origens de cada um dos grupos (comercial e posteriormente também industrial, no caso da JM, e financeira, no caso do GES): uma, mais burguesa, que se pretende afirmar pelo “soundbite”, confrontação e arruaça, fazendo apelo às pulsões sociais populistas; outra, de raiz aristocrática, que joga na influência discreta, na cooperação com o poder político, na rede estabelecida de relacionamentos sociais e no desenvolvimento de negócios em parceria com o Estado, tendo sabido, de modo inteligente, percorrer o longo caminho entre a prosperidade à sombra da ditadura colonial de Salazar e Caetano e a reafirmação no Estado Democrático membro de pleno direito da UE. Em função disto, não será surpresa que, dos grandes grupos económicos anteriores ao 25 de Abril, tenha sido o GES aquele que melhor se adaptou à mudança e mais influente se tornou no Portugal democrático e europeu do século XXI.
Independentemente da opinião de cada um – e elas existirão para todos os gostos, favoráveis e desfavoráveis – um verdadeiro “case study” ao cuidado dos historiadores.
Estamos aqui, nestas duas intervenções públicas, claramente perante duas metodologias de afirmação de poder e de defesa dos respectivos interesses, talvez estabelecidas pelas diferentes origens de cada um dos grupos (comercial e posteriormente também industrial, no caso da JM, e financeira, no caso do GES): uma, mais burguesa, que se pretende afirmar pelo “soundbite”, confrontação e arruaça, fazendo apelo às pulsões sociais populistas; outra, de raiz aristocrática, que joga na influência discreta, na cooperação com o poder político, na rede estabelecida de relacionamentos sociais e no desenvolvimento de negócios em parceria com o Estado, tendo sabido, de modo inteligente, percorrer o longo caminho entre a prosperidade à sombra da ditadura colonial de Salazar e Caetano e a reafirmação no Estado Democrático membro de pleno direito da UE. Em função disto, não será surpresa que, dos grandes grupos económicos anteriores ao 25 de Abril, tenha sido o GES aquele que melhor se adaptou à mudança e mais influente se tornou no Portugal democrático e europeu do século XXI.
Independentemente da opinião de cada um – e elas existirão para todos os gostos, favoráveis e desfavoráveis – um verdadeiro “case study” ao cuidado dos historiadores.
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