sexta-feira, fevereiro 18, 2011

A Alexandre Soares dos Santos recomenda-se contenção na linguagem.

Pode gostar-se muito, pouco ou nada de José Sócrates e do seu governo. Pode mesmo odiar-se o primeiro-ministro e estar com ele em profundo desacordo político. Detestá-lo enquanto personalidade; às suas atitudes e comportamentos. Às políticas que o seu governo prossegue. Mas quando oiço o presidente do grupo Jerónimo Martins, Alexandre Soares dos Santos, referir-se em público, através da televisão e em reunião formal, ao primeiro-ministro como “o Sócrates” (há pouco no Telejornal – RTP), utilizando tom e linguagem mais próprios das caixas de comentários e dos “fóruns de opinião”, pergunto-me que imagem está a projectar de si próprio, do grupo de empresas que dirige e do empreendorismo em geral. Mais: que exemplo está a dar aos seus accionistas, funcionários, “stakeholders” e público em geral, e se permitirá que estes também a ele, Soares dos Santos, se refiram em público e em reuniões formais como “o Alexandre”.

O que me parece é que este comportamento de Soares dos Santos, enquadrando as já habituais queixas ouvidas sobre a falta de apoio do governo português aos empresários, em contraste com o que – segundo ele – se passa na Polónia, onde o grupo JM tem actividade relevante, só demonstra, uma vez mais, a razão dos que assinalam a falta de preparação e profissionalismo tantas vezes atribuída aos empresários portugueses, bem como a sua tradicional dependência estatal. Também uma enorme ausência de cultura democrática. Melhor serviço prestado a PCP e BE seria difícil imaginar.

Tudo isto é lamentável e, de facto, retrato, não de uma geração "rasca", mas de um país demasiado rasca.

2 comentários:

ié-ié disse...

E na Polónia "o Alexandre" está cheio de problemas, com processos judiciais por alegadas explorações de trabalhadores...

LT

JC disse...

Os "canalizadores polacos"? Bom, mas isso, se me permites, é um outro assunto, embora não me admire tal aconteça: de quem se refere a um 1º ministro naqueles termos não há que esperar grande coisa na consideração que possa ter para c/ terceiros. O que me espanta (ou já não espanta) é a benevolência c/ que é tratado pelos "media". Pois, o que é preciso é "bater no Sócrates" e para isso vale tudo. Lembras-te? "Um dia vieram buscar os comunistas, mas como eu não era comunista não me importei"...
Abraço