O governo parece querer que nenhum sector ou área de actividade escapem à sua estratégia de empobrecimento. A serem implementadas (o que, felizmente, de certeza não acontecerá), as conclusões para a dita "protecção dos jogadores nacionais" de um tal grupo de trabalho dirigido por José Luís Arnaut mais não fariam do que retirar competitividade e "albanizar" o futebol português, uma das poucas indústrias em que o país ainda consegue alguns alguns sucessos internacionais.
Mas como nada disto é inocente e o governo sabe de antemão tais disparates nunca passarão do "powerpoint", este estudo tem objectivos políticos bem definidos: nas suas populistas conclusões, apelar aos sentimentos mais primários e proteccionistas dos portugueses, daqueles que gostariam o SLB apenas competisse com portugueses, o SCP com jogadores oriundos da formação e o FCP (sei lá!) com jogadores nascidos a norte do Mondego, colocando depois nos "lobbies", nos "interesses" e nos "negócios", como se estes não fossem legítimos, o ónus da sua não implementação. Digamos que é um pouco "rabo escondido com o resto do gato de fora", mas do ministro Relvas e do ex-ministro Arnaut não seria de esperar muito mais.
Já agora:
- Ainda não entendi em que ponto os jogadores estrangeiros prejudicam a selecção nacional. Antes pelo contrário: obrigam-nos, pela concorrência, a serem melhores e tornarem-se mais competitivos, optando pelos Cercle Bruges, Apoel e Cluj (e Man. United, Real Madrid e Chelsea) deste mundo em vez de se arrastarem no Paços de Ferreira e Moreirense ou estagnarem no SLB, FCP ou SCP. Aliás, muitos dos jogadores vice-campeões do Mundo de sub-20 jogam em clubes estrageiros e foi em mercado liberalizado, incluindo quando teve o benefício de poder contar com jogadores das colónias (1966), que a selecção nacional obteve os seus melhores resultados. Ou será que as tais "conclusões" são ainda resquícios dos mitos Queiroz e "geração de oiro"?
- Gostaria de saber qual a reacção dos adeptos de SLB, FCP, SCP e SCB (agora, tão "nacionalistas") quando, e se, por absurdo, estas "conclusões" fossem implementadas, os seus clubes passassem sistematicamente a ficar pelas pré-eliminatórias e "play-off" das competições europeias.
- O jornalismo desportivo (ou lá o que é) tem grande quota parte de responsabilidades neste tipo de populismo.
Espero, portanto, que tal documento tenha o destino que merece: ir directamente para o caixote do lixo "sem passar pela casa da partida e sem receber os dois contos".
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