Um acordo de concertação social é, em abstracto, e para aqueles, como eu, que não se identificam com o sindicalismo radical e contestatário, um objectivo sempre desejável. No entanto, este acordo recente entre governo, associações patronais e UGT, expressando uma coligação política que vai do PSD ao CDS, passando pelo PS de António José Seguro e pelo Presidente da República, contém em si dois elementos que o fragilizam:
- Em primeiro lugar parece ser visto por uma grande parte dos portugueses e da opinião publicada, mesmo por aqueles que não se identificam com os objectivos e metodologia da CGTP e PCP, como demasiado ou quase totalmente enviesado para um dos lados, o das associações empresariais. Digamos que, deste modo, se torna socialmente pouco abrangente e demonstra alguma falta de autonomia do governo face ao patronato.
- Em segundo lugar, em vez de isolar a CGTP, suas práticas e objectivos, acaba por permitir a esta central sindical granjear um capital de simpatia em sectores insuspeitos de comungarem habitualmente das suas posições.
Digamos que no curto-prazo é a vitória de que o governo tanto precisava. Mas interrogo-me sobre se não terá vistas demasiado curtas.
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