segunda-feira, agosto 15, 2011

O governo, a despesa do Estado e as "corporações"

Penso, uma coisa este governo terá já compreendido: a "paz social", a ausência de contestação ou a sua manutenção em "banho maria" têm menos que ver com a contestação sindical, as manifestações e greves da CGTP, do PCP e BE, das várias "gerações à rasca"ou dos "precários inflexíveis", mas estará mais, muito mais, ligada à ausência de medidas que possam afrontar as corporações do costume. Aliás, fácil foi perceber que não foi a rua da CGTP e afins, mas sim o Sr. Litério da Anadia, os juízes e magistrados de António Martins e João Palma e os professores, conjuntural e oportunisticamente mobilizados por Mário Nogueira, que tramaram José Sócrates e as veleidades reformistas do seu primeiro governo.

E outra coisa, ligada a esta, também o governo já terá compreendido: não pode haver cortes significativos na despesa do Estado que não passem por uma ainda maior contracção das transferências sociais ou de cortes nos salários dos funcionários públicos sem medidas e reformas que afrontem o poder das corporações, e não afrontar esse poder é condição sine qua non para eliminar qualquer veleidade de contestação ao governo ou a mantê-la nos limites do tolerável. Por isso mesmo, este governo resistirá enquanto puder a avançar com quaisquer reformas que possibilitem tais cortes. Mas também por uma outra razão: no fim de contas, deve em boa parte a essas corporações  a criação do caldo de cultura" que permitiu a sua ascensão ao poder. E que um favor tem sempre de ser pago já todos aprendemos nos filmes...

3 comentários:

Anónimo disse...

Ou como diria Erich Maria Remarque "A oeste nada de novo"...por enquanto.
Ou em versão mais sec xxi...Vamos metendo a mão no vosso bolso, descaradamente, mas mantenham-se calmos nós (os iluminados governantes) não queremos confusões.

JC disse...

Pois, irão evitar "agitar" as corporações enquanto puderem e a "troika" os não obrigar.

Anónimo disse...

Esqueci-me da troika. Esquecimento imperdoavel. Claro que a Troika ( e o documento é bem esclarecedor quanto às acções a desenvolver) os há-de obrigar a cumprir o programa (reformas da justiça, saude, etc...) e aí lá irão aparecer umas agitações...essas controlaveis. As incontrolaveis...podem aparecer quando menos se espera (as condições estão criadas).