Parece-me ser quase impossível a alguém que desconheça os pormenores e não esteja por dentro do negócio BPN/BIC (ou melhor, Estado português/Estado angolano) opinar com rigor sobre a bondade do mesmo para o Estado e cidadãos portugueses. De uma coisa - penso - poderemos contudo estar certos: a partir do momento em que o BIC (leia-se, o Estado angolano) manifestou o seu interesse no negócio, dificilmente, dentro de determinados limites, o resultado poderia ter sido muito diferente sem que os interesses portugueses em Angola e os futuros negócios angolanos em Portugal sofressem um duro revés, algo a que Portugal, neste momento, não se pode dar ao luxo. Aliás, é este um dos problemas que sempre se deparam às empresas e aos Estados que afunilam demasiado os seus negócios com países onde vigoram regimes ditatoriais e campeia a corrupção a favor da elite no poder.
A decisão do negócio BPN/BIC foi pois, e independentemente dos argumentos de ordem social, económica e financeira que se têm vindo a esgrimir no Parlamento e nos "media", uma decisão política, e só assim poderia ter sido. O que estranho - estranho mesmo - é ver e ouvir alguns dos que sempre têm defendido, e bem, o primado dessa mesma política, passarem agora ao seu lado na discussão do tema. "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"?
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