Oiço e leio frequentemente que a ausência de contestação a algumas medidas do governo se ficará a dever ao período de férias. Tenho algumas dúvidas, embora não descarte sejam as férias pouco amigas da contestação. Parece-me mais evidente que essa ausência de tal contestação se ficará mais a dever ao facto de, até agora, não terem sido atingidos de modo notório, específico e exclusivo os interesses de algumas das corporações dominantes e que estiveram na vanguarda das acções contra o anterior governo, tais como, por exemplo, professores, autarcas, magistraturas, forças de segurança, camionistas, médicos, etc. Enquanto tudo se resumir a uns cortes salariais e das transferências sociais, mais ou menos universais pelo menos para quem vive ou sempre viveu do seu trabalho, a contestação, mesmo chegado Setembro, ficará reduzida apenas a umas poucas e institucionais manifestações do costume a cargo dos organizadores habituais, CGTP, PCP e BE. Digamos que pelo menos neste ponto a gestão do governo tem sido inteligente.
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