Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
sábado, fevereiro 28, 2009
5 capas de Vespeira (2)
O congresso do PS e um erro político de José Sócrates
Exactamente por isso, não gostei de ouvir o secretário-geral do PS, eleito pelo país primeiro-ministro - e por muitas e boas razões que possam existir para a sua indignação (e não duvido que as haja) -, bradar contra directores de jornais e responsáveis de televisões. Confesso isso me incomodou e uma boa lição de superioridade democrática teria sido nunca o ter feito. Mesmo que tivesse querido referir-se ao caso, podia, e devia, tê-lo feito em abstracto. Ficou no ar uma amarga sensação de constrangimento, um sabor a argumento em “último ratio” de dirigente de clube de futebol em dificuldades. Qualquer coisa de “Chavista”. No mínimo, um “não sei bem o quê” de autoritarismo terceiro-mundista, de pequenez intelectual e populista.
A partir de agora, o primeiro-ministro instituiu oficialmente a dúvida legítima sobre o constrangimento da informação. Ou concedeu o beneficio da dúvida para que achemos credíveis os que falam de medo. Deu razão aos que o acusam. No limite, fez-nos – a todos – duvidar do seu bom senso político, da sua estatura de governante europeu. Como já deve ter percebido, nada terá a ganhar com isso e alguma coisa poderá estar a perder. Repito: por mim, bem gostaria de viver num país em que um qualquer ministro nunca o fizesse.
"Underdog"
Que a questão seja elevada a importante tema de debate político, por parte dos comentadores habituais nos “media” também habituais, só pode provocar tristeza. Tristeza mesmo, pois se esperaria que os “media” pudessem ser algo mais do que meras caixas de ressonância de algum lixo partidário. Acredito as audiências o justifiquem, mas estão assim a contribuir para colocar os “standards” da discussão pública a um nível underdog. Depois não se queixem do atraso do país e da falta de educação do “povo”...
sexta-feira, fevereiro 27, 2009
quinta-feira, fevereiro 26, 2009
A democracia deveria funcionar assim
Existem sérias dúvidas sobre a razoabilidade do negócio de compra de acções da Cimpor, por parte da CGD, ao empresário Manuel Fino. Dúvidas não só legítimas como pertinentes em face do que é público sobre o teor desse negócio. Eu, pelo menos, tenho-as, mas devo confessar que o meu conhecimento de Bolsa e Banca – que é algum mas não aprofundado - não me permite ter dados suficientes para formar opinião. Para as esclarecer, o CDS-PP solicitou a presença do Presidente da “Caixa” na Assembleia da República, pretensão à qual a maioria deu provimento. Ainda bem. Faria de Oliveira terá assim possibilidade de esclarecer os deputados e os cidadãos sobre a compra de acções nas condições conhecidas e estes de aquilatar da oportunidade e “bondade” do negócio para o banco público e para o país, com todas as suas consequências. Também políticas, pois claro. A democracia funciona (ou deveria funcionar) assim.
Cinema e Rock n' Roll (21)
Mas pronto, para mim e outros tantos como eu valia mesmo só para ver Sylvie Vartan, por quem todos tínhamos uma verdadeira paixão assolapada na verdura da nossa adolescência que nos impelia sempre, ou quase sempre, ao bom gosto. E, claro, ela interpretava esse canção-rainha das festas de garagem, durante a qual só mesmo as muito feias ficavam sentadas: “La Plus Belle Pour Aller Danser”, que eu e alguns mais versados na língua de Moliére resolvemos “trocadilhar” apelidando-a de “La Poubelle (trad.: caixote do lixo) Pour Aller Danser”. Mas apesar da poubelle, eram mesmo - a canção e Vartan - de partir todos os corações... O meu deve ter caído em cacos no cinema Alvalade, onde me lembro vi o filme numa sessão (chamava-se matinée) de sábado à tarde.
Curiosamente, na sequência do filme passada no Olympia podem ver-se na plateia figuras como Françoise Sagan, Juliette Gréco, Jean Marais e Marie Laforêt. Mas eu não dizia que o objectivo era mesmo vender a França?
quarta-feira, fevereiro 25, 2009
A beleza do futebol defensivo do Man. United
Braga e Torres Vedras: provincianismo e pobreza
Que significam os tristes episódios proibicionistas do “Magalhães” de Torres Vedras ou da reprodução do quadro de Courbet? Que existem pulsões autoritárias e censórias na sociedade portuguesa? Não me parece: não nego essas pulsões existam, mas não se expressarão deste modo. Virão mais de quem pretende que uma qualquer ditadura ou regime musculado ajudem à implementação das reformas necessárias à resolução da crise endémica da economia portuguesa, à “imaginada” falta de segurança, e essas não passarão, por certo, pelo menos preferencialmente, por atitudes deste tipo. Note-se que não me estou a referir ao “desabafo” de Ferreira Leite, apenas e nada mais do que um desabafo inofensivo de alguém politicamente inábil, mas a certas tendências populistas e securitárias que por aí se expressam, desde o OSCOT às caixas de comentários dos blogs e fóruns de opinião.
O que os episódios de Torres Vedras e Braga expressam uma vez mais é, isso sim - e não é nenhuma novidade - a incompetência e provincianismo de quem ocupa os lugares intermédios do aparelho de estado, sem formação e “mundo”, tementes a Deus, ao Diabo e a um qualquer “Gauleiter” de ocasião, num país periférico e saído há pouco da “idade agrícola”. Significam, no fundo, subdesenvolvimento, pequenez. Numa palavra: pobreza.
Moretti e "a" Mangano
terça-feira, fevereiro 24, 2009
Liedson na selecção portuguesa?
Liedson tem 31 anos (está na fase final da sua carreira, portanto) e chegou a Portugal já não adolescente – ao contrário de Deco e Pepe -, mas homem e jogador feito, com 26 anos. Tem, neste momento, 31 anos e apenas será cidadão português penso que daqui a alguns meses. A questão que se coloca é a seguinte: valerá a pena proceder à integração de um homem e jogador nestas condições arriscando, eventualmente, numa fase de divórcio ou pelo menos de afastamento evidente entre público e selecção, um enfraquecimento dos laços internos e com o exterior, com o público apoiante? Por muito que possa reconhecer valor ao jogador – e reconheço – e por muito que as dificuldades de preenchimento do lugar de “ponta de lança” sejam evidentes, tendo em atenção o que acima afirmei penso a resposta só pode ser negativa e, neste caso, bem compreendo as hesitações de Queiroz.
5 capas de Vespeira (1)
História(s) da Música Popular (118)
Bom, por onde começar? Parece que - ponto assente - pelos Beatles, claro, os grandes iniciadores da “British Invasion” e o seu grupo mais importante (o que não significa o meu preferido). E, claro está – e uma vez que os Beatles apenas gravaram "singles" (deixemos de parte essa coisa híbrida dos EP’s) com originais de Lennon & McCartney – talvez pelo seu primeiro álbum, “Please Please Me”, de 1963 e pelo primeiro tema não assinado Lennon & Mccartney no alinhamento desse mesmo álbum, que por sinal começa várias vezes pela letra “A”: “Anna” (Go To Him)", um original da música negra americana de Arthur Alexander (1940-1993, Sheffield, Alabama). E, já agora, Alexander permite-nos também juntar Beatles e Rolling Stones (este sim, o meu grupo favorito) pois é Alexander o autor e intérprete original de um tema dos Stones incluído no seu álbum “December’s Children”, de 1965: “You Better Move On”. Acrescente-se que na minha discografia de Alexander existem duas versões de “You Better Move On”, ambas no mesmo CD da MCA, uma referenciada como "LP version" e uma outra como sendo a "single version". Optei por esta última, a existente no "You Tube", sem orquestra de suporte e com a bateria muito mais em evidência.
segunda-feira, fevereiro 23, 2009
As capas de Cândido Costa Pinto (54)
domingo, fevereiro 22, 2009
"Cinq chansons revolutionaires" (5)
Uma afirmação de MFL
A "esperteza" do advogado Paulo Castro Rangel
sábado, fevereiro 21, 2009
Porque perdeu o Benfica
Para anular o ataque e meio-campo ofensivos muito rápidos e móveis do SCP o Benfica precisava de ter:
- Centrais e um meio-campo defensivo mais rápidos, mas quem ganha em altura, muito importante nas bolas paradas e no poder físico-atlético, perde normalmente em rapidez. Teria sido preferível Miguel Vítor em vez de Sidnei, mas é fácil falar depois do jogo.
- Um meio-campo capaz de fazer circular a bola, retirando a iniciativa ao SCP, mas não é esse o modelo de jogo da equipa: Yebda e Katsouranis são fundamentalmente jogadores pressionantes, de recuperação e ocupação de espaços, Reyes e Di Maria (ou Urreta) de transição rápida e Aimar não tem pulmão e capacidade física para jogar em grandes espaços. Restam Rúben Amorim e Carlos Martins, mas este ainda não revelou categoria para aspirar à titularidade. E a evidente má forma de Reyes e Suazo, bem como as intermitências de Di Maria, prejudicam em muito essas mesma transições rápidas.
Tornam-se assim evidentes as razões porque a defesa andou “aos papéis” e a equipa apenas conseguiu chegar ao segundo golo através do futebol directo e de Cardozo.
sexta-feira, fevereiro 20, 2009
Duas notas de sexta-feira à tarde
- O excesso de notícias, também o seu teor e conteúdo nem sempre muito claros e o facto de terem normalmente origem num número reduzido de “media”, sobre alegadas irregularidades praticadas pelo primeiro-ministro durante e antes da sua actividade governativa, acaba por ter consequências antagónicas daquelas que porventura teria como objectivo gerar. A “campanha negra”, a “perseguição”, acabam por ganhar credibilidade e o pretendido réu com facilidade passa a ser visto como vítima. Como estratégia, parece-me já provou a sua ineficácia e as mesmas acções, repetidas, tendem normalmente a produzir consequências idênticas.
- Mais do que apresentar vinte medidas para resolver a crise, o que é de difícil memorização pelos eleitores e reduz o impacto mediático e o “share of mind” de cada uma delas, teria sido bem mais eficaz se o PSD tivesse apresentado ao país um “conceito” , uma USP (unique selling proposition), consubstanciada num “slogan”, numa “assinatura”, que facilmente traduzisse o seu pensamento e a sua proposta de modo diferenciador. O PS de Guterres fê-lo em 1995, traduzindo essa ideia força no “slogan” razão e coração” assim atingindo directamente aquele que era visto pela maioria da população como o calcanhar de Aquiles “cavaquista”. Ganhou as eleições, como estamos recordados.
quinta-feira, fevereiro 19, 2009
AS PMEs, as quotas e Manuela Ferreira Leite
A primeira dificuldade é: como definir PMEs? Em função do volume de negócios? Do número de trabalhadores? Poderia parecer um bom princípio, mas... é suficiente? De ambos e, simultaneamente, não integrarem grandes grupos económicos? “Idem” e por serem empresas maioritariamente de capital nacional? Por serem empresas familiares? Uma história ridícula e que revela essa dificuldade: trabalhei na subsidiária portuguesa de uma multinacional líder no seu sector de actividade que recebeu financiamentos do PEDIP por ser considerada, em Portugal, uma PME!
Segunda dificuldade: uma vez ajustada a definição, é o sector homogéneo? Claro que não. Como aqui afirmei, coexistem pequenas empresas familiares, de gestão incipiente, produzindo bens de baixo valor acrescentado, sem trabalho qualificado, condenadas a prazo e empresas tecnológicas de gestão eficiente e altamente qualificada, capital intensivas, pertencentes a grandes grupos económicos ou a sectores emergentes, de enorme potencial futuro. Da economia do conhecimento. De multinacionais. Altamente competitivas em mercados exigentes. Respeitadoras do ambiente e sustentáveis. Misturar “alhos com bugalhos” só poderá levar ao descalabro e a falta de rigor nunca foi boa conselheira.
Tendo dito isto... Devem ser apoiadas de igual modo? Mesmo tendo em conta a necessidade de manter o emprego, no curto prazo, a níveis razoáveis, a resposta só pode ser uma: claro que não. Caso contrário estaríamos a financiar a ineficiência, o desperdício, a falta de qualidade e a má gestão, o passado e não o futuro. Isto é, a desperdiçar o dinheiro de todos nós, contribuintes, em projectos inviáveis.
Uma provocação em relação à questão das quotas sugeridas pelo PSD: se um ministério quiser encomendar uma campanha de publicidade deve fazê-lo a uma dessas pequenas agências de “amigos”, muitas vezes constituídas apenas para esse projecto, ou a uma outra, profissional, pertencente a um grande grupo de comunicação? E se uma autarquia quiser montar ou restruturar a sua rede informática? A quem é competente, assegura um serviço de qualidade, ou a uma pequena empresa amadora, de alguém relacionado com o presidente da câmara local?
quarta-feira, fevereiro 18, 2009
O Presidente e Manuel Dias Loureiro (capítulo II)
O Presidente da República fez em tempos saber ao país que confiava na palavra do conselheiro de estado Manuel Dias Loureiro, por si nomeado. Perante os novos factos revelados recentemente que põe em causa as afirmações do conselheiro de estado perante a Assembleia da República, os portugueses esperariam um qualquer sinal de Cavaco Silva, por pequeno e subtil que fosse, que permitisse a estes entender que o Presidente pelo menos tem dúvidas ou, até, se terá porventura enganado. Isso teria como consequência que esses mesmos portugueses pudessem continuar a confiar nas suas escolhas e opções (dele, Presidente). Pelo contrário, na ausência desses sinais os portugueses entenderão que a confiança de Cavaco Silva no conselheiro de estado Manuel Dias Loureiro se mantém. Com todas as suas consequências...
"Cinq chansons revolutionaires" (4)
Rastreios, doenças e desenvolvimento humano
Acrescento eu, se me é permitido e antes que se esbanje dinheiro sem sentido, que essa diferença entre número de rastreios não terá apenas que ver com número de centros onde estes se possam efectuar e sua acessibilidade, número de médicos e centros de saúde, equipamentos, listas de espera, etc, etc. Tudo isso terá a sua importância mas não é suficiente. A questão será bem mais funda e terá, na sua base, que ver fundamentalmente com o nível de educação e conhecimento dos habitantes de cada uma das regiões. Numa doença em que a detecção precoce é fundamental e em que cada um assume nessa detecção um papel insubstituível, será com certeza possível efectuá-la com mais frequência e cuidado junto de uma população mais instruída do que numa região onde, maioritariamente, a população apresente índices inferiores de desenvolvimento humano (instrução, iliteracia, capacidade de compreensão, hábitos de higiene, etc). Aliás, falando de um modo geral, este (o índice de desenvolvimento humano) é um dos principais factores limitativos de uma maior eficácia nos serviços prestados pelo SNS. E, até, de uma melhor aplicação de recursos, inclusivé financeiros. A quem não estiver de acordo, sugiro uma visita a algumas urgências hospitalares ou centros de saúde.
A Igreja Católica e o casamento
Bom, a questão deu pelo menos para nos divertirmos um pouco com a ideia dele e a mulher viverem em pecado há quase trinta anos (tantos quanto dura o casamento), mas, falando mais seriamente, disse-lhe que não teria razão. Vejamos.
A Igreja sempre tentou - e faz parte da sua luta pela sobrevivência - estender a sua influência a toda a sociedade, fazendo prevalecer nesta, sobre a égide da moral, os seus comportamentos e valores. Quando não o consegue ou nisso sente dificuldades, entra em “crise” - mais ou menos o que passa actualmente nos países mais desenvolvidos. Durante anos lutou contra o casamento civil. Sem sucesso, como se sabe. Depois, durante o Estado Novo, conseguiu ver reconhecida pela Concordata a impossibilidade de casamento civil para quem tivesse contraído matrimónio (católico) anterior. Apenas após o 25 de Abril (esta, de facto, uma enorme “conquista de Abril”) matrimónio e casamento civil ganharam efectiva autonomia. Agora, no caso do casamento homossexual, tenta de novo a sua “chance”, esforçando-se, uma vez mais, por tentar fazer valer e adoptar no casamento civil os valores que atribui ao sacramento do matrimónio. Sabe não será bem sucedida, mas mantém-se assim fiel aos valores que definem a sua identidade. Ganha em coerência o que perde em proselitismo. Neste aspecto, muito pouco a distingue do PCP.
terça-feira, fevereiro 17, 2009
O incesto, o casamento "gay" e as "Blasfémias" de João Miranda
Óscares...
Bom, vem este prólogo a propósito dos candidatos aos ditos cujos Óscares deste ano. Depois de já ter visto vários (outros cuidadosamente evitei), confesso a minha total e completa desilusão. Profissionalismo, sim. Métier também (também era melhor que não existisse). Mas uma total ausência de um qualquer vislumbre que ultrapasse a vulgaridade, de algo que nos diga “espera, aqui está uma ponta de talento”! Até o interessante Gus Van Sant se atola na vulgaridade. Mais: indústria, acima de tudo. Telenovelas e séries de TV de 120' acenando-nos com actores, estrelas, sem que seja possível distinguir origens e autores, de tal modo o molde nos parece sempre o mesmo. Saímos e perguntamos: “espera lá, mas de quem é o filme?”.
Lembro-me de, aqui há bem poucos anos (talvez 2006), quando me perguntavam sobre os candidatos aos Óscares responder que sim, que os melhores filmes que tinha visto nesse início de ano (“Uma História de Violência”, de Cronenberg, e “The Three Burials of Melquíades Estrada”, de Tommy Lee Jones) nada tinham que ver com eles. O ano passado ainda houve o filme dos Cohen (“No Country For Old Men”). Este ano... Bom, este ano começo a perder a esperança, e acho prefiro um Woody Allen divertido (sem mais), como Vicky Cristina Barcelona, e esquecer de vez a indústria. A bem da inteligência, claro!
segunda-feira, fevereiro 16, 2009
A CML e o fecho da Ribeira das Naus
Muito bem. Agora, esperemos os prazos se cumpram...
"Cinq chansons revolutionaires" (3)
Para mim, contudo, a Comuna de Paris estará sempre mais ligada aos escritos de Marx e Engels e ao conto de Karen Blixen em que se baseia o excelente filme de Gabriel Axel “Babettes gæstebud” do que à canção que aqui trago hoje. Isso, claro está, não impede que se trate de um tema belíssimo, tocante, “émouvante” - perdoem-me que recorra ao francês tão a propósito.
Também, para mim, “Le Temps des Cerises” será sempre a voz de Yves Montand, talvez por ter sido a primeira versão que ouvi; talvez por Montand ter sido durante muito tempo associado à esquerda e esta é uma canção claramente “à esquerda”; talvez, também, por causa do “Chant des Partisans”, canção que me habituei a ouvir na sua interpretação nos tempos da ditadura. No fundo, talvez porque Montand sempre tenha sido “muito cá de casa”!
domingo, fevereiro 15, 2009
Beat (2)
With a love a madness for Shelley
Que regras para a "ajuda" às empresas?
De facto, não me parece se possam estabelecer, neste caso, regras estritas, quase como um código ou um manual de instruções do estilo “check list”: empresas com mais de X funcionários, com facturação superior a tanto, inseridas nos sectores tais e tais, exportanto n% da sua produção, com y% de trabalhadores com formação superior e por aí fora. Pura e simplesmente, não me parece alguma vez tal coisa, a existir, pudesse funcionar eficazmente e no tempo útil requerido. Será com certeza impopular admiti-lo, mas parece-me que estamos perante um assunto que terá uma abordagem muito mais eficiente se feita apenas na base de alguns guidelines mais ou menos flexíveis, não abdicando, em alguns desses princípios orientadores, de questões que se prendem com a importância estratégica e estruturante das empresas e do sector em que se integram, da região em que se situam e da sua importância na coesão social local, da sua eventual vocação exportadora, da esperada competitividade futura. Digamos que muito dependente da lógica e do bom-senso, algo que tantas vezes falta a políticos e governantes e em quem, por isso mesmo, é tarefa árdua confiar. Assim sendo, um contra-senso, o que se propõe? Sem dúvida, mas em situação de dificuldade ímpar não me parecem existir opções que não passem por simples governantes se verem obrigados a transformarem-se, por vezes em aparente “contra-natura”, em respeitados “homens de estado”... Tal como, na guerra, a necessidade de sobrevivência tantas vezes cria "heróis", pois claro...
sábado, fevereiro 14, 2009
sexta-feira, fevereiro 13, 2009
História(s) da Música Popular (117)
Miriam viu-lhe ser retirado o passaporte sul-africano, em 1960, fruto da sua luta "anti-apatheid". Exilou-se nos USA e aí gravou os seus maiores êxitos, “The Click Song” e, principalmente, “Pata Pata”, que lhe granjeou fama mundial e ainda maior notoriedade para a sua causa. Só regressaria à África do Sul em 1990, já a pedido de Nelson Mandela, depois de em 1968 se ter visto obrigada a trocar os USA pela Guiné do ditador Sékou Touré em virtude do seu casamento e envolvimento político com Stokely Carmichael, líder dos Panteras Negras. Digamos que era o “ar do tempo”, que acaba por não afectar demasiado aquela que foi a luta da sua vida: a militância "anti-apartheid" e pelos direitos dos negros.
Participou na digressão “Graceland”, com Paul Simon, e acabou por morrer em 2008, em Itália, de ataque cardíaco após um espectáculo.
quinta-feira, fevereiro 12, 2009
José Luís Saldanha Sanches disse verdades inconvenientes
Toda essa situação dos bombeiros voluntários, que não prima pela clareza mas por uma algo promiscua confusão de funções e fontes de financiamento, apoiada numa ideologia de exaltação das suas funções consubstanciada na denominação “soldados da paz”, que está longe – essa ideologia - de corresponder a uma realidade dos dias de hoje, tende sempre a alastrar e estender-se, como é comum nos casos em que a definição e separação de funções não é muitas vezes clara, também a outras formas de relacionamento e interligação entre a instituição e a sociedade, fomentando, sob a capa do serviço altruísta e benemerente, a emergência de zonas cinzentas e pouco ou nada escrutináveis na actividade normal das corporações em causa, razão acrescida, pois, para uma sua clarificação. Para demonstrar a razão que assiste a JLSS, basta verificar o teor dos comentários suscitados pela notícia e a reacção corporativa que gerou. À bon entendeur...
Salazar "pop star" ou a destruição do mito
Durante muitos anos Salazar foi uma figura sacralizada, à esquerda e à direita. Por cada um dos campos políticos, à sua maneira, claro. Consoantes os seus valores, como não poderia deixar de ser. Assim se ajudou também a construir o mito.
Por isso, esta actual transformação do ditador em "pop star", por muito que isso falsifique a História e certamente o fará (não me passa pela cabeça ver a série da SIC para o confirmar: o “crime” não compensa), não deixa por certo de constituir uma contribuição importante para a destruição desse mesmo mito. Embora preferisse a “desconstrução”, o que pressuporia o rigor histórico da análise o que também tem sido feito embora de forma mais recatada, não deixo de considerar essa destruição do ditador enquanto mito como sintomática de um país cuja sociedade e democracia caminham para a maturidade. Boas notícias, portanto. Apesar de tudo.
"Cinq chansons revolutionaires" (2)
A canção tornou-se popular principalmente após a prisão de Luís XVI e a tomada das Tulherias (1792), alguns dos versos referindo mesmo o massacre da guarda suíça do rei.
Reapareceria várias vezes, com versos adequados ás circunstâncias, durante o conturbado século XIX francês e europeu.
quarta-feira, fevereiro 11, 2009
"Cinq chansons revolutionaires" (1)
Esta é a “hard-core”, a mais conhecida, aqui interpretada por Edith Piaf no filme de Sacha Guitry “Si Versailles m' était conté”, de 1954.
Casamento "gay": a Igreja Católica ajuda José Sócrates
Devo dizer - com o à vontade de quem fez campanha e votou pela IVG e de quem é favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo com direito a constituição de família plena, incluindo a adopção - que, ao contrário do que afirma Vitalino Canas citado no “Público” de hoje, considerei e considero perfeitamente legítimo que a Igreja Católica (ou qualquer outra), utilizando todos os meios legais de que dispõe incluindo a celebração da eucaristia (peço desculpa se o meu rigor de agnóstico deixa algo a desejar), se manifeste e faça campanha (ou até “cruzada”) contra o casamento dos homossexuais. São estas as regras das democracias liberais e dos Estados laicos. Só que me parece, tal como aconteceu no caso da IVG, o resultado possa vir a ser bem o contrário do desejado, e a contundência verbal do comunicado da Conferência Episcopal tenha apenas como consequência avivar na memória dos cidadãos e voltar a colocar na ribalta política o José Sócrates reformista, que não teme as corporações nem se sujeita ás pressões. O José Sócrates “ganhador”, enfim, que bem saberá agradecer a “graça” assim recebida. E quanto a votos, todos sabemos quanto a Igreja Católica tem sido pouco persuasiva mesmo no seio do seu próprio “rebanho”...
Nota: no mínimo, de muito mau gosto, é o que se poderá dizer da foto de José Sócrates, benzendo-se, que acompanha a notícia na edição em papel do “Público” de hoje. Aliás, o jornal lembra-me cada vez mais, o título português de um filme de Gus Van Sant - que por sinal é “gay”: “Disposta (o) a Tudo”.
terça-feira, fevereiro 10, 2009
Gritos...
Confesso a minha atracção e interesse pela cinematografia de Jerzy Skolimowski, desde que, há umas boas décadas, vi pela primeira vez “Deep End” num qualquer cinema de Paris. Continua a ser o meu filme favorito do realizador do muito badalado “Moonlighting”, mas agora estou a falar de “The Shout” (em português, “O Uivo”), um filme estranho, misterioso e mal amado, e daí talvez essa minha atracção adicional. Como estranho é quase sempre Alan Bates (lembram-se de “The Go-Between”?). Como bonita é sempre Susannah York. A cena, essa, quase se poderia dizer tirada de Antonioni, e não é apenas por causa do "grito". Ou, se quisermos ser mais modestos, de um qualquer mistério televisivo de Ruth Rendell, talvez por causa de “Master of the Moor” (porque será que me lembro sempre?).
Pois, gritos...
Scolari e o Chelsea F. C.: "mismatching", riscos e caprichos de um outrora simpático clube de Fulham Road
O “casamento” Scolari/Chelsea F.C. foi de facto um contrato de risco. Para Scolari? Não me parece: depois de José Mourinho ter sido despedido após duas épocas bem sucedidas e únicas na História do clube e de Avram Grant ter sofrido o mesmo destino por John Terry ter escorregado ao marcar um "penalty" na final da Champions League, Scolari sairá com o prestígio intacto e um saco cheio de libras (pena a desvalorização, não é, Filipão?), algo que com certeza equacionou ao aceitar o "enlace". Para o Chelsea sim, pois nunca se compreenderam muito bem as razões que estiveram na base da contratação de alguém cuja experiência como treinador de clube se limitava a uma passagem já longínqua pelo muito específico campeonato brasileiro sem, a esse nível, qualquer vivência no primeiro mundo futebolístico europeu e sabendo que a gestão de selecções é bem outra coisa. Mais ainda, de alguém cujas “strenghts & weaknesses”, que o tornaram no homem certo para o lugar de seleccionador de Portugal no período em que exerceu o cargo, nunca o aconselhariam para o emprego oferecido.
O que fica a descoberto neste caso - se isso ainda fosse necessário e acho não o é – é que o Chelsea F. C. e a sua “gestão”(???) não são nada que se deva levar demasiado a sério, mas sim algo que se enquadra bem melhor no campo dos caprichos. Um dia, os adeptos do que em tempos era um simpático clube de Fulham Road lá terão de acordar do sonho, tornado então pesadelo.
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
António Capucho e o "bonapartismo gaullista" (leia-se, "cavaquista")
António Capucho, presidente da Câmara Municipal de Cascais e antigo líder parlamentar do PSD, apoiante de Ferreira Leite, vem defender mais poderes para o Presidente da República, no sentido da transformação do regime num semi-presidencialismo à “francesa” em que o PR escolhe ele próprio o primeiro ministro. No fundo - e para além de querer alterar as regras a meio do jogo no sentido que mais convém ao partido a que sempre pertenceu, o que demonstra o estado de desespero a que chegou - sabendo como, quando e porquê nasceu a V República francesa, o que Capucho propõe é, nada mais, nada menos, do que um "bonapartismo gaullista" sem a tradição democrática francesa, o que, conjugado com a “redução drástica” (sic) do número de deputados (proposta também sua), afastando da representação institucional muitos sectores políticos, conduziria Portugal a um regime mais ou menos “fechado” e autoritário, caricatura de qualquer democracia moderna e progressiva. Mais ainda, a uma situação que se poderia facilmente tornar socialmente explosiva, forçando a respectiva “musculação”.
Seria bem mais pertinente, parece-me – e como aliás sempre tenho por aqui defendido –, que após o período de reeleição do actual presidente (não me parece justo alterar regras a meio de um qualquer jogo, mesmo que sejam a “bisca” ou o “7 e ½”) se caminhasse no sentido de um regime parlamentar clássico, à semelhança do que acontece na grande maioria das mais antigas democracias europeias, monarquias ou repúblicas. Isso sim, constituiria um sintoma de maturidade e maioridade democráticas e não uma qualquer tentativa de um também envergonhado regresso ao passado.
domingo, fevereiro 08, 2009
Uma questão de "altura"
Ainda e sempre as traduções...
Já agora, a palavra (“claret”) também designa a cor que em português se denomina “cor de vinho” (ou “bordeaux”).
Willie Dixon's Blues Dixonary (15)
A Convenção do "Bloco" e os despedimentos
Como resultado, se o remédio fosse aplicado a sociedade e a economia portuguesas não morreriam da doença (o desemprego e a falta de competitividade das empresas) mas certamente de tal “cura”. E se decidissem deixar-se de fantasias?
sábado, fevereiro 07, 2009
Ricardo Quaresma não tem nada a provar?
Aliás, fico sempre pasmado quando oiço profissionais de uma qualquer área, mesmo quando têm um passado de sucesso, afirmarem alto e bom som que nada têm a provar. Não é verdade: todos temos de provar diariamente que estamos à altura dos desafios que se nos colocam, e só as nossas prestações, nesse mesmo dia-a-dia, poderão demonstrá-lo.
"Expresso": uma notícia lamentável como resposta a uma (não) argumentação lamentável
“Dois ex-funcionários das empresas de Manuel Pedro e Charles Smith garantiram ao Expresso que grande parte da documentação dos escritórios sob suspeita no caso Freeport foi eliminada um dia antes das buscas da PJ de Setúbal, a 9 de Fevereiro de 2005.”
1ª pergunta: Qual a credibilidade desta fonte? Quais as funções que os referidos funcionários desempenhavam? Porque saíram da empresa e em que condições? Qual o seu relacionamento com os seus empregadores, agora "ex"? Porque só agora se manifestam?
2ª pergunta: Foi eliminada grande parte da documentação dos escritórios sob suspeita. Sabendo que isso - eliminação de material de arquivo obsoleto - é algo comum acontecer nas empresas, existe algum indício ou garantia de que essa documentação estava, de algum modo, relacionada com o negócio Freeport, ou tratar-se-á apenas de algo circunstancial?
Continua a notícia:
“A destruição dos documentos foi, segundo as mesmas fontes, ordenada por Manuel Pedro, o consultor português para a aprovação do projecto de outlet em Alcochete, indiciando que estaria a par da operação policial”
1ª pergunta: Manuel Pedro foi o consultor português para a aprovação do projecto Freeport, mas era também um dos sócios da empresa. Nessa qualidade não tinha total autoridade para decidir da destruição de arquivos ou outro material da empresa que poderia nada ter que ver com o caso ou com a visita da PJ?
2ª pergunta: Qualquer prova de corrupção ou ilegalidades envolvendo personalidades do Estado, tais como membros do governo ou dirigentes da autarquia, estaria devidamente guardada nos arquivos da empresa, para quem a quisesse facilmente consultar?
Acho que é suficiente, cabendo, no entanto, perguntar se face a uma eventual ausência de provas por ausência de delito não será melhor urdir desde já uma justificação que mantenha para sempre a suspeita. Se assim for, digamos que me resta dizer que a teoria da cabala terá aqui uma resposta ao seu nível: lamentável. Pura e simplesmente lamentável.
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
Oposição em "outsourcing"
História(s) da Música Popular (116)
Jerry Ragovoy (IV)
Pois para além de “Try (Just a Little Bit Harder)” ter tido mais sucesso na versão de Janis Joplin do que na sua, o outro problema de Lorraine Ellison chama-se “Stay With Me”, aka “Stay With Me Baby”, um sucesso bem maior na interpretação dos Walker Brothers, pelo menos na Europa já que os WB nunca foram tão bem sucedidos no seu país de origem, os USA, do que na sua versão original. Esta nunca ultrapassou o #64 na pop chart e o #11 na tabela de R&B, enquanto a versão dos WB, de 1967, chegou ao #26, mesmo assim longe dos #1 para “Make It Easy On Yourself” e “The Sun Ain’t Gonna Shine Anymore”, os maiores sucessos de Scott Engel, Gary Leeds e John Maus, um exemplo de que ninguém é profeta na sua terra.
Falta de conseguir o original de Lorraine (confesso não o ter nem estar disponível no "You Tube" e isso também acontece) fica a bem conhecida versão dos Walker Brothers e uma outra do Long John Baldry, também de 1967, mais conhecido pelo tema “Let The Heartaches Begin” mas, originalmente, um dos nomes incontornáveis do panorama dos "blues" britânicos e do "Marquee Club", onde muito de bom do pop/rock das ilhas (Rolling Stones, por exemplo) começou.
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
Esclarecimento de Fernanda Câncio
A propósito deste post, a jornalista Fernanda Câncio teve o cuidado de me esclarecer que é alheia e repudia qualquer exploração e aproveitamento da sua imagem e vida privada, para fins políticos, por parte dos “media”. Aqui fica a devida nota.
Se fosse adepto da selecção portuguesa ficaria aterrorizado!
E não está aqui – pelo menos, neste caso – implícita alguma crítica a Queiroz, já que embora se estranhe a ausência de Bosingwa e Meira, a falta de uma oportunidade a Ruben Amorim e as bizarrias Eliseu, Gonçalo Brandão, Duda e, pasme-se, Orlando Sá, não vejo muito mais para onde se pudesse ter voltado.
Talvez seja mesmo altura para a imprensa desportiva portuguesa "cair na real"...
O contra-ataque mediático de José Sócrates
Quem ainda se permite duvidar da importância de uma boa estratégia de comunicação pode bem começar a converter-se. Chapeau!!!
quarta-feira, fevereiro 04, 2009
A música em Kubrick (11)
Kubrick utiliza a marcha do seu 2º acto em “Barry Lyndon”, e no CD da respectiva banda sonora é apenas mencionado “With kind permission of EMI records” - sendo, portanto, desconhecida a interpretação. Socorri-me, por isso, da minha gravação, também ela da EMI, com a Glyndebourne Festival Orchestra and Chorus e com Lucille Udovick no papel de Elettra, um pouco diferente da utilizada por Kubrick, esta última apenas uma versão orquestral. Aqui fica, com a nota de que, se não estou errado, é a única presença de Mozart na cinematografia de Kubrick.
A "onda" Freeport e o sentimento de "segurança"
terça-feira, fevereiro 03, 2009
"Il Ballo"
Devo dizer que não sou especial admirador da operática Verdiana; prefiro o seu “Requiem” e na ópera o seu contemporâneo Wagner, um dos meus génios de cabeceira e tenho tão poucos. Como também não sou de Brükner, e nunca vi e ouvi ambos, Verdi e Brückner - o Brückner de “Senso” –, tal como também Mahler, tão bem e tão a propósito como em Visconti. Mas também, devo dizer, que nunca como em Visconti vi tão bem filmada uma gloriosa decadência e aqui também me lembro de “La Caduta Degli Dei”, que também um dia transportarei comigo para o outro mundo ou, maiscerto, mundo nenhum.
Pois aqui está um pequeno excerto desse mais famoso baile, de um filme ("Il Gattopardo") que tive a rara felicidade de rever não há muitos anos reposto no Nimas, que isso de “cinema em casa” é bem mas para outras “fitas”.
Ah, a valsa! Pois é a “Valsa Brilhante” de Giuseppe Verdi, claro.
O "momento Chavez" do futebol português...
O futebol português – e José Pacheco Pereira que me desculpe por lhe pedir emprestada a expressão – teve hoje o seu “momento Chavez”. Passámos todos a saber que para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, constituído por mui ilustres e doutos juristas (nem poderia ser de outro modo), a “linguagem popular e do desporto” (sic) prevalece sobre a linguagem técnico-jurídica. Resta saber quem define e o que se pode assumir como “linguagem popular e do desporto”, se as “transições ofensivas” de Luís Freitas Lobo, a expressão gestual de Fernando Seara no “Dia Seguinte”, os “unhs”, “unhs” de Luís Filipe Vieira, o “Cântico Negro” declamado pelo presidente do FCP ou o léxico colorido dos expontâneos da “Liga dos Últimos”. Venha pois o respectivo código onde possa ser devidamente oficializada e condensada. E, claro está, espero que a partir deste momento a FPF substitua a palavra treinador por “mister” em toda a sua comunicação e documentos oficiais.
Se a decisão faz jurisprudência...
segunda-feira, fevereiro 02, 2009
"Piece of Cake" na RTP Memória
Fica um excerto.
Ricardo Quaresma e a gestão de José Mourinho
Por muito que sejam os resultados desportivos o objectivo último de avaliação de um clube de futebol e daqueles que o dirigem, o trabalho de José Mourinho, mais a mais em época de crise financeira em que os recursos se tornaram ainda mais escassos, não poderá deixar de ser também julgado e avaliado por este tipo de decisões. Dele e de qualquer dos seus colegas-treinadores de outras equipas de topo. Será assim cada vez mais no futuro.
A crise e as PME
Tendo dito isto, isto é, que existe ouro e pechisbeque e que convém saber muito bem de quem se fala quando nos referimos a PME, devo dizer que não comungo da histeria anti-Banca que parece por aí começar a grassar (e não só nas associações do sector) pelos altos juros cobrados e dificuldades de obtenção de crédito por parte das ditas PME. Em primeiro lugar – e como disse – há que saber muito bem de quem se fala e não confundir o lombo com o cachaço: estou certo essa dificuldade não será universal no sector e muito dele foi sobrevivendo apenas á custa do crédito barato e fácil, em função dele em tempo de vacas gordas adiando a reconversão ou a extinção; em segundo lugar, ter bem presente que nunca na História dos nossos dias o dinheiro foi bem tão escasso e que não compete aos bancos substituírem-se à Santa Casa da Misericórdia emprestando a quem não tem condições de eficácia para, a prazo, garantir o seu retorno ou minimizar o risco de incumprimento. Mais ainda: não me parece que o Estado – o sacrossanto Estado – possa dedicar-se, mesmo em época de crise e desemprego, a tentar salvar o que, não tendo salvação, nem sequer, ao contrário da Quimonda ou do sector automóvel - aqui citados como mero exemplo - possui assinalável valor estratégico ou emblemático.
Peço desculpa se estou a entrar no mundo do “dog eat dog”, e não é popular o que afirmo. Mas é mesmo assim: também no Titanic e em todos os mega-desastres se dá prioridade às mulheres e às crianças. Não por qualquer sentimento de compaixão ou caridade; mas porque são elas que podem assegurar a continuidade da espécie, o objectivo derradeiro da humanidade.
domingo, fevereiro 01, 2009
"Doo Wop" - a poem by John Updike (1932 2009)
where these old doo-wop stars you see
in purple tuxedos with mauve lapels
on public-television marathons
have been between the distant time when they
recorded their hit (usually only one,
one huge one, that being the nature of doo-wop)
and now, when, bathed in limelight and applause,
the intact group re-sings it, just like then?
They have aged with dignity, these men,
usually black, their gray hairdos still conked,
their up-from-the-choir baby faces lined
with wrinkles now, their spectacles a-glimmer
upon their twinkling eyeballs as they hit
the old falsetto notes and thrum-de-hums,
like needles dropped into a groove,
the groove in which both they and we are young again,
the silent years skipped over.
they bided their time in? And when at last
the agitated agent’s call came through
—the doo-wop generation old enough
and rich enough by now to woo again,
on worthy telethons this time around,
nostalgia generating pledges—why
was not a weathered man of the quartet
deceased or otherwise impaired? How have
they done it, come out whole the other side,
how did they do it, do it still, still doo
"Milk"
No final da sua crítica no Y da passada sexta-feira, Vasco Câmara, que tece enormes elogios ao filme, pergunta-nos se alguém ainda consegue dizer que “Milk” é um filme convencional. Depois do que aqui escrevo, a minha resposta só pode ser positiva: sim, é um banal e convencional panfleto político, embora, como quase todos os panfletos políticos, justo cheio de boas intenções. O que não chega para se tornar grande cinema, claro.
Nota: Sean Penn será com certeza um sério candidato ao Óscar para melhor actor. Está lá tudo para o catapultar...