Esta pouco subtil diferença, invocada pelo deputado e presidente do grupo parlamentar do PSD Paulo Rangel, entre confiança política e confiança institucional (“não se deve misturar justiça com política”; “os comportamentos ilícitos de titulares de cargos políticos, quer existam quer sejam apenas suspeitos, apenas responsabilizam individualmente quem os faz”), sob a aparência de uma lógica linear, nada mais significa, na presente conjuntura, do que uma evidente habilidade política de advogado para tentar evitar que o PSD seja “salpicado”, ou até "encharcado até aos ossos", pelos grossos pingos do caso BPN, onde os visados, apesar de membros relevantes do PSD, não detêm actualmente, ao contrário do que acontece com José Sócrates, qualquer cargo institucional do qual seja impossível a opinião pública separá-los. Ou seja, por não exercerem actualmente qualquer cargo político, qualquer dano de imagem ou acusação deduzida contra os visados no caso BPN não pode, segundo Rangel, produzir efeitos no PSD, apenas responsabilizando os próprios. O mesmo não acontece, claro, com José Sócrates, qualquer mera suspeita afectando a confiança política inseparável do cargo que ocupa. A lógica, de tão evidente, integra-se naquilo que costumo designar como “rabo escondido com gato todo de fora” e, de tão canhestra, apenas tem como consequência, pela sua evidente “chico-espertice” tratando os portugueses como parvos, contribuir um pouco mais para o desprestígio dos políticos e da política. Ou seja, de si próprio e da "indústria" que o emprega, algo que Paulo Castro Rangel deveria saber evitar.
Sem comentários:
Enviar um comentário