António Capucho, presidente da Câmara Municipal de Cascais e antigo líder parlamentar do PSD, apoiante de Ferreira Leite, vem defender mais poderes para o Presidente da República, no sentido da transformação do regime num semi-presidencialismo à “francesa” em que o PR escolhe ele próprio o primeiro ministro. No fundo - e para além de querer alterar as regras a meio do jogo no sentido que mais convém ao partido a que sempre pertenceu, o que demonstra o estado de desespero a que chegou - sabendo como, quando e porquê nasceu a V República francesa, o que Capucho propõe é, nada mais, nada menos, do que um "bonapartismo gaullista" sem a tradição democrática francesa, o que, conjugado com a “redução drástica” (sic) do número de deputados (proposta também sua), afastando da representação institucional muitos sectores políticos, conduziria Portugal a um regime mais ou menos “fechado” e autoritário, caricatura de qualquer democracia moderna e progressiva. Mais ainda, a uma situação que se poderia facilmente tornar socialmente explosiva, forçando a respectiva “musculação”.
Seria bem mais pertinente, parece-me – e como aliás sempre tenho por aqui defendido –, que após o período de reeleição do actual presidente (não me parece justo alterar regras a meio de um qualquer jogo, mesmo que sejam a “bisca” ou o “7 e ½”) se caminhasse no sentido de um regime parlamentar clássico, à semelhança do que acontece na grande maioria das mais antigas democracias europeias, monarquias ou repúblicas. Isso sim, constituiria um sintoma de maturidade e maioridade democráticas e não uma qualquer tentativa de um também envergonhado regresso ao passado.
Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
António Capucho e o "bonapartismo gaullista" (leia-se, "cavaquista")
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