domingo, fevereiro 01, 2009

"Milk"

De Gus Van Sant recordo sempre um interessante e já longínquo “To Die For” e uns recentes e excelentes “Paranoid Park” e “Elephant”, este último a remeter para o baú das curiosidades que nada têm que ver com o cinema o “Bowling For Columbine” do cabotino Moore. Por isso, dele espero sempre um pouco mais e melhor do que este panfleto do movimento LGBT (Van Sant é homossexual), “Milk”, algo que já vimos dezenas de vezes no cinema americano, umas vezes melhor outras pior, bastando substituir os activistas e o activismo gay por uma ou outra qualquer comunidade minoritária, ou nem tanto assim, em luta pelos seus justos direitos e reivindicações. Resta-nos, como positivo, que Van Sant, sendo gay, consegue fazer um filme sobre a luta dos homossexuais sem ser um filme homossexual ou sobre a homossexualidade (o filme podia ter sido dirigido por um realizador “straight”), e também sem optar pelo caminho do exorcismo dos seus fantasmas, o que nem sempre acontece e basta ver Almodovar.

No final da sua crítica no Y da passada sexta-feira, Vasco Câmara, que tece enormes elogios ao filme, pergunta-nos se alguém ainda consegue dizer que “Milk” é um filme convencional. Depois do que aqui escrevo, a minha resposta só pode ser positiva: sim, é um banal e convencional panfleto político, embora, como quase todos os panfletos políticos, justo cheio de boas intenções. O que não chega para se tornar grande cinema, claro.

Nota: Sean Penn será com certeza um sério candidato ao Óscar para melhor actor. Está lá tudo para o catapultar...

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