terça-feira, fevereiro 17, 2009

Óscares...

Nos meus tempos de adolescência e jovem adulto os Óscares eram algo de denegrido: a indústria contra o cinema de autor, o capital contra a arte. Ben-Hur ganhou 11, e ainda hoje o filme me irrita e conduz directamente a uma breve sonolência. Um amigo meu, para se vingar dos tais 11 Óscares, diz sempre alto e bom som que prefere a versão de 1925, de Fred Niblo e com Ramon Novarro. Confesso só a vi uma vez e via TV... “Titanic”, do ex-marido da Katherine Bigelow de “Strange Days”, igualou-o – vá lá saber-se porquê – e acho foi aí que ganhei a minha enorme embirração por Kate Winslet e a convicção de que ainda bem que o raio do navio se afundou. Só merecia!

Bom, vem este prólogo a propósito dos candidatos aos ditos cujos Óscares deste ano. Depois de já ter visto vários (outros cuidadosamente evitei), confesso a minha total e completa desilusão. Profissionalismo, sim. Métier também (também era melhor que não existisse). Mas uma total ausência de um qualquer vislumbre que ultrapasse a vulgaridade, de algo que nos diga “espera, aqui está uma ponta de talento”! Até o interessante Gus Van Sant se atola na vulgaridade. Mais: indústria, acima de tudo. Telenovelas e séries de TV de 120' acenando-nos com actores, estrelas, sem que seja possível distinguir origens e autores, de tal modo o molde nos parece sempre o mesmo. Saímos e perguntamos: “espera lá, mas de quem é o filme?”.

Lembro-me de, aqui há bem poucos anos (talvez 2006), quando me perguntavam sobre os candidatos aos Óscares responder que sim, que os melhores filmes que tinha visto nesse início de ano (“Uma História de Violência”, de Cronenberg, e “The Three Burials of Melquíades Estrada”, de Tommy Lee Jones) nada tinham que ver com eles. O ano passado ainda houve o filme dos Cohen (“No Country For Old Men”). Este ano... Bom, este ano começo a perder a esperança, e acho prefiro um Woody Allen divertido (sem mais), como Vicky Cristina Barcelona, e esquecer de vez a indústria. A bem da inteligência, claro!

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