A crise financeira e económica trouxe para a ordem do dia as chamadas “pequenas e médias empresas” (PME) concedendo-lhes uma visibilidade e uma oportunidade únicas para aumentarem o seu poder reivindicativo em função do número de postos de trabalho que representam e da sua aparente fragilidade que os pode facilmente pôr em risco. No entanto, dizem-me teoria e experiência que o sector está muito longe de se poder considerar homogéneo, isto é, enquadrável numa categoria que se poderia caracterizar, a traço grosso, por empresas familiares, de gestão incipiente ou pouco rigorosa, antiquada, demasiado centralizada na figura do “patrão” e sem pessoal qualificado, com dificuldades de crédito (a montante) e de acesso aos mercados em condições de competitividade (a juzante). Mais, usando uma terminologia cara ao PCP (aliás, penso que esta definição pouco rigorosa de PME tem origem ou foi desenvolvida no PCF dos anos 60, preparando o caminho para o Programa Comum da Esquerda), sector (as tais PME) vivendo espartilhado, em termos de proveitos e capacidade de desenvolvimento, pelo “grande capital”.
Se este “quadro” poderá ajudar a caracterizar muitas delas, existe um largo número que dele está bem longe: não só possuem uma gestão moderna e eficiente, com pessoal qualificado, como desenvolveram know how avançado no seu sector de negócio e acesso e conhecimento aprofundado dos mercados em que operam. Mais ainda, operam em pequenos segmentos e nichos altamente competitivos e a sua existência e desenvolvimento não só não é espartilhado pelo “grande capital” (ou “capital monopolista”) como o seu crescimento e lucratividade depende quase exclusivamente - também ele - do sucesso das grandes empresas e dos grupos económicos.
Tendo dito isto, isto é, que existe ouro e pechisbeque e que convém saber muito bem de quem se fala quando nos referimos a PME, devo dizer que não comungo da histeria anti-Banca que parece por aí começar a grassar (e não só nas associações do sector) pelos altos juros cobrados e dificuldades de obtenção de crédito por parte das ditas PME. Em primeiro lugar – e como disse – há que saber muito bem de quem se fala e não confundir o lombo com o cachaço: estou certo essa dificuldade não será universal no sector e muito dele foi sobrevivendo apenas á custa do crédito barato e fácil, em função dele em tempo de vacas gordas adiando a reconversão ou a extinção; em segundo lugar, ter bem presente que nunca na História dos nossos dias o dinheiro foi bem tão escasso e que não compete aos bancos substituírem-se à Santa Casa da Misericórdia emprestando a quem não tem condições de eficácia para, a prazo, garantir o seu retorno ou minimizar o risco de incumprimento. Mais ainda: não me parece que o Estado – o sacrossanto Estado – possa dedicar-se, mesmo em época de crise e desemprego, a tentar salvar o que, não tendo salvação, nem sequer, ao contrário da Quimonda ou do sector automóvel - aqui citados como mero exemplo - possui assinalável valor estratégico ou emblemático.
Peço desculpa se estou a entrar no mundo do “dog eat dog”, e não é popular o que afirmo. Mas é mesmo assim: também no Titanic e em todos os mega-desastres se dá prioridade às mulheres e às crianças. Não por qualquer sentimento de compaixão ou caridade; mas porque são elas que podem assegurar a continuidade da espécie, o objectivo derradeiro da humanidade.
Tendo dito isto, isto é, que existe ouro e pechisbeque e que convém saber muito bem de quem se fala quando nos referimos a PME, devo dizer que não comungo da histeria anti-Banca que parece por aí começar a grassar (e não só nas associações do sector) pelos altos juros cobrados e dificuldades de obtenção de crédito por parte das ditas PME. Em primeiro lugar – e como disse – há que saber muito bem de quem se fala e não confundir o lombo com o cachaço: estou certo essa dificuldade não será universal no sector e muito dele foi sobrevivendo apenas á custa do crédito barato e fácil, em função dele em tempo de vacas gordas adiando a reconversão ou a extinção; em segundo lugar, ter bem presente que nunca na História dos nossos dias o dinheiro foi bem tão escasso e que não compete aos bancos substituírem-se à Santa Casa da Misericórdia emprestando a quem não tem condições de eficácia para, a prazo, garantir o seu retorno ou minimizar o risco de incumprimento. Mais ainda: não me parece que o Estado – o sacrossanto Estado – possa dedicar-se, mesmo em época de crise e desemprego, a tentar salvar o que, não tendo salvação, nem sequer, ao contrário da Quimonda ou do sector automóvel - aqui citados como mero exemplo - possui assinalável valor estratégico ou emblemático.
Peço desculpa se estou a entrar no mundo do “dog eat dog”, e não é popular o que afirmo. Mas é mesmo assim: também no Titanic e em todos os mega-desastres se dá prioridade às mulheres e às crianças. Não por qualquer sentimento de compaixão ou caridade; mas porque são elas que podem assegurar a continuidade da espécie, o objectivo derradeiro da humanidade.
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