Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
domingo, novembro 30, 2008
sábado, novembro 29, 2008
No país dos sovietes (9)
sexta-feira, novembro 28, 2008
Quique...
Quique Flores parece-me um treinador organizado, rigoroso, extremamente profissional. Com conhecimento do futebol que se joga a alto nível, cosmopolita. Enfim, competente. Em função disso, a equipa e cada um dos seus elementos sabem perfeitamente o que devem fazer em campo, talvez de um modo demasiado cibernético, em função de um plano elaborado ao pormenor. Receio que essa sua força se transforme também na respectiva fraqueza quando o jogo não decorre de acordo com o plano prévio: a equipa tem então dificuldade em reagir por si própria, em adaptar-se às circunstâncias, em procurar por ela as soluções para o imprevisto. Foi assim contra o FCP quando Katsouranis resolveu “asneirar”, o que não estava no programa. Foi assim ontem quando um golo no primeiro minuto “baralhou” o “plano de batalha”.
Pois, prova-se que os grupos são sempre espelho dos verdadeiros líderes... Para o bem e para o mal.
A música em Kubrick (5)
Bloco de Esquerda, contestação e poder
quinta-feira, novembro 27, 2008
História(s) da Música Popular (107)
Pois aqui ficam as três, uma mais “soul” (a de Warwick), outra mais “pop” (de Springfield) e dos Merseybeats, claramente "Liverpool sound".
Paulo Bento
quarta-feira, novembro 26, 2008
Manuel Alegre e a "sua" esquerda
Post de 16 de Fevereiro deste ano:
"Não acredito que Manuel Alegre ainda não tenha compreendido que a divisão fundamental nas sociedades actuais não é mais entre “esquerda” e “direita”, entre capitalismo e socialismo, mas entre duas concepções antagónicas de organização do estado e dessa sociedade: um modelo aberto e democrático, que só pode basear-se na livre iniciativa capitalista pois é essa a sua essência, aquilo que lhe deu origem e o criou - com gradações que vão desde os ideais ultra-liberais até àqueles que, por colocarem o seu ênfase na protecção do cidadão, poderemos considerar integrados no “modelo social europeu - e um outro essencialmente centrado no “poder do Estado”, que também pela sua própria essência conduz fatalmente a universos concentracionários e conservadores, a sociedades fechadas e repressivas. Longe, muito longe, por inadequados aos tempos que correm e ao mundo actual, vão portanto os tempos do anti-fascismo, das frentes populares e dos programas comuns de esquerda.
Quer isto dizer que, do ponto de vista estrutural, existe uma contradição inultrapassável entre os projectos de sociedade do PS, por um lado, e os do PCP e do Bloco de Esquerda, por outro, o que não impedindo acordos pontuais, por vezes mesmo coincidência de pontos de vista em algumas áreas políticas, põe em causa um caminho comum, uma partilha institucional. Não poderá deixar de ser assim a não ser que se decida abdicar dos princípios fundadores. Já quanto aos partidos considerados á sua direita existirão divergências políticas, aqui e ali mesmo estratégicas, em muitos casos visões e concepções diferentes do mundo em ocasiões em que o dramatismo se acentua, mas, no essencial, na questão-chave, uma coerência e coincidência de pontos de vista quanto aos princípios institucionais definidores.
Claro que Manuel Alegre, que viveu Argel e o Portugal de 75 e fez até hoje da política a sua profissão, conhece tudo isso e mais algumas coisas, todas elas muito bem. Mas também percebeu, ao fazer este seu apelo institucional a uma esquerda tal como ele conservadora, que a situação actual do país e a política que o governo do PS se vê “obrigado” a implementar, com repercussões evidentes nas bases do partido e no seu eleitorado, lhe concede uma “oportunidade de negócio” que não podia deixar indiferente o seu incomensurável "ego". Também sabe, para seu bem e mal de Sócrates, que este, ao ceder à sua chantagem no caso do Ministério da Saúde, não fez mais do que escancarar portas até aí somente entreabertas. Assim sendo, Sócrates terá o que merece. Quanto a ambos, esperando a Alegre não lhe suceda o mesmo que ao sapo, não consigo chegar a perceber se o país mereceria qualquer coisa de melhor."
"M" e "Peer Guint"
Enfim, e para que conste, aqui ficam 3’ 21’’ do melhor cinema que já se fez e alguma vez se fará.
A fé dos homens...
terça-feira, novembro 25, 2008
As capas de Cândido Costa Pinto (51)
A música em Kubrick (4)
Os erros, ou as opções, de Cavaco Silva
segunda-feira, novembro 24, 2008
Dias Loureiro: um conselheiro contrastante
Liedson e Paulo Assunção na selecção portuguesa?
domingo, novembro 23, 2008
O Presidente da República, Dias Loureiro e o BPN
Nos últimos tempos, o Presidente da República parece demonstrar alguma dificuldade no modo como utiliza os meios de intervenção e influência de que dispõe. Nos casos em que se esperaria, e requereria, uma intervenção pública, como nos casos da Madeira, terá optado, e preferido, exercer a sua influência de modo mais discreto. Noutras, em que talvez esse modelo resguardado se revelasse preferível, como, por exemplo, na questão do estatuto dos Açores, preferiu o dramatismo encenado de uma comunicação ao país. Agora, quando ninguém questiona, nem nunca questionou, séria e credivelmente, a sua honestidade, e teria sido bem melhor para si e para o país utilizar a sua influência discreta para conseguir a renúncia de Dias Loureiro ao cargo de conselheiro de estado, onde este chegou por sua indicação, resolveu emitir um comunicado desmentindo qualquer eventual ligação ao BPN. Ao preço a que andam os desmentidos, seria bem melhor para todos que se tivesse mantido em silêncio.
A música em Kubrick (3)
sábado, novembro 22, 2008
sexta-feira, novembro 21, 2008
Manuel Dias Loureiro
Há frases assassinas, que se colam a quem um dia as pronunciou acompanhando-o para sempre, definindo uma personalidade. Manuel Dias Loureiro pronunciou um dia uma dessas frases (“pai, já sou ministro!”), anunciando de imediato ao que vinha e ao que ia, e a sua vida política e profissional posterior, para quem estava atento aos “bruáá” (a expressão é sua, na entrevista a Judite Sousa), nada mais fez do que confirmar aquilo que essa frase tinha “alto e bom som” anunciado. A entrevista de hoje à RTP1, ou melhor e para começar, a pura e simples necessidade da sua existência e, depois e para terminar, o contraste entre a ingenuidade que pretendeu assumir e a demonstração simultânea de como se negoceia e enriquece à sombra do estado e do serviço público, mesmo quando de forma legal, nada mais fez do que prolongar essa primeira imagem de há tantos anos. Em última análise, louve-se-lhe a coerência.
História(s) da Música Popular (106)
Bom, resta acrescentar que o tema não passou de #21 e, portanto, o melhor estaria ainda para vir.
Queiroz e o significado de vestir a camisola da selecção
O "gesto de boa vontade" da ministra da educação e o futuro político do governo
Em primeiro lugar, demonstra claramente que a ministra, ao contrário do que acontece com os sindicatos, não pode, não quer ou não tem coragem de assumir a ruptura, com todas as suas consequências, assim demonstrando à saciedade que as partes estão a negociar em condições de desigualdade absoluta: de fragilidade a ministra e de força os representantes dos professores. Dificilmente estes deixarão de aproveitar a situação, “carregando onde lhes possa parecer mole”. Como na vida de todos os dias, é sempre quem não deseja o rompimento de uma relação, ou aquele a quem um eventual rompimento mais fragiliza, que faz cedências. Esse “horror” ao rompimento, aliás, foi bem visível na entrevista à RTP1, evitando a ministra um discurso de tom essencialmente político (refugiando-se em questões técnico-administrativas), até porque aí se não deve sentir particularmente à vontade, o que é uma das suas fraquezas, e procurando sempre responder ao afrontamento dos sindicatos com "modos" de teor conciliatório.
Por outro lado, qualquer modelo de avaliação que procure alguma justiça nos seus resultados não pode deixar de exigir alguma complexidade inicial na sua definição e implementação, complexidade essa que poderá vir a ser reduzida à medida que os seus agentes se vão familiarizando com o processo e a sua aplicação e adaptação ao terreno vá demonstrando os seus vícios e virtudes. Mesmo admitindo o actual modelo seja demasiado burocratizado (o actual colectivismo centralista dificilmente autoriza que o não seja e a necessária mudança, se não quisermos brincar aos aprendizes de feiticeiros, é trabalho para uma década), uma simplificação excessiva poderá, assim, trazer consigo muito maior injustiça, logo, um aumento da contestação nas escolas. Ou então, pura e simplesmente, transformar-se em algo apenas formal, sem qualquer significado prático.
Que deve fazer, então, um governo que parece cercado à sua esquerda e à sua direita, com alguma contestação no próprio partido que o apoia e a quem o Presidente da República parece não perder oportunidade de tirar o tapete, assim pela “calada” e quando vê a oportunidade de o poder fazer sem grande risco? Retomar a iniciativa perdida, assumindo a possibilidade de ruptura. O que significa assumir o conflito como uma questão política, definir um programa com medidas simples de emergência para a gestão das escolas e, através do primeiro-ministro, explicar politicamente e de forma muito directa aos portugueses o que está em causa e o que se encontra em jogo, com todas as suas consequências. Ah, e depois disso pedir o apoio dos portugueses através de eleições antecipadas, fazendo de um programa com medidas simples e consequentes de modernização da gestão escolar e de melhoria da escola pública, entendível por todos, uma das suas bandeiras eleitorais. Caso contrário, corre o risco ainda maior de deixar apodrecer a actual situação e definhar com ela. Agora escolha, apesar do medo, esse medo que tudo parece tolher.
quinta-feira, novembro 20, 2008
A mania de inventar...
quarta-feira, novembro 19, 2008
Uma afirmação à taxista!
Mais grave, bem mais grave do que a talvez ironia de ontem no almoço da Câmara de Comércio Luso-Americana, foram estas afirmações “à motorista de táxi” que põe em causa a verdadeira essência do estado democrático e passaram quase despercebidas: “enquanto o sistema jurídico não for eficaz, o polícia está transformado num palhaço, porque prende um indivíduo e meia hora mais tarde está na rua.” Ou seja, adeus independência do poder judicial, um dos pilares fundamentais do estado de direito. Para Manuela Ferreira Leite, a função desse sistema judicial será, isso sim, apenas caucionar as decisões previamente tomadas pelas polícias. É o reino do arbítrio, o estado policial em todo o seu esplendor. Pena não ter sido confrontada!
A música em Kubrick (2)
Parece que quando da estreia de “Clockwork Orange” acesa polémica se levantou sobre o recurso à utilização de sintetizadores nas versões de Walter Carlos das aberturas de “La Gazza Ladra” e “William Tell”. Francamente, não me lembro, mas o Hugo Santos se encarregou de trazer o assunto à discussão um outro dia no Ié-Ié. E ainda bem que o fez, já que isso me permite vir a terreiro defender a sua utilização e, com este post, mostrar à evidência quão inadequadas estariam as versões orquestrais “académicas” (chamemo-lhes assim) num filme que, pelo seu conceito, lhes está nos antípodas. Outra curiosidade é que “Clockwork Orange” será talvez o filme de Kubrick que mais recorre à música erudita de “gosto popular”: ambas as aberturas de Rossini o são, como também o é a 9ª Sinfonia de Beethoven. Poder-se-á falar do “Danúbio Azul” de “2001”, também popular, com certeza, mas nesse último filme Kubrick recorre também a algumas peças de Ligeti, por exemplo, que se afastam nitidamente desse paradigma.
Bom, para que se possa avaliar da eventual justeza das minhas afirmações, aqui fica a abertura da ópera “La Gazza Ladra”. A interpretação é da Filarmónica de Viena dirigida por Claudio Abbado (ena!!!)
O "Gato Maltês", José Pacheco Pereira e o creme "Nívea"
- Aplique-o (ao “Nívea”) na sola dos sapatos (quando esta for de couro, evidentemente). Assim, a sola humedece, fica mais flexível e quebra com muito menos facilidade, evitando romper-se (e um par de solas novas "como deve de ser" é bem caro!). Tenha, no entanto, o cuidado de deixar secar e só tornar a utilizar os sapatos no dia seguinte, dando então os primeiros passos com o cuidado suficiente para não malhar com o corpinho (ou o corpanzil) nos escorregadios e ondulados passeios lisboetas.
- Use-o, do mesmo modo como aplica graxa nos sapatos “de cidade”, nos chamados “docksides” (ou “sapatos de vela”, à portuguesa), desde que estes não sejam de camurça ou "nubuck". Ficam como novos e duram eternidades. Devo avisar os mais tementes que a receita não é minha, mas da Timberland que vende um creme específico para o efeito. A história é muito simples: aqui há uns anos (mais de dez?) tendo-se acabado a minha bisnaga do dito creme, desloquei-me à loja Timberland para comprar uma nova. Como estava esgotado em Portugal, o solícito empregado sugeriu usasse creme “Nívea” em sua substituição. Mau negócio para a Timberland, já que, a partir daí, fiel ao “Nívea” fiquei. É melhor e mais barato!
E pronto. Dixit et fecit.
Sarah Palin vs Ferreira Leite
terça-feira, novembro 18, 2008
"Mio Dio, come sono caduta in basso!"
Se as declarações de Manuela Ferreira Leite sobre a democracia ou a respectiva ausência não foram objecto de uma interpretação errónea, nada mais tenho a acrescentar ao que muitos vão dizer sobre as suas convicções democráticas. Ou melhor, a ausência delas. Abstenho-me, por isso, de contribuir para o aumento do ruído.
Se, de facto, o PSD tem razão e foram mal interpretadas, Ferreira Leite demonstra uma vez mais, e de forma recorrente, a inabilidade para exprimir as suas ideias em público, reforçando apenas a convicção daqueles que, como eu, sempre pensaram que estamos na presença de alguém honesto mas politicamente medíocre, sem qualquer sucesso, do qual se possa minimamente orgulhar, obtido durante as suas passagens pelos governos que integrou.
Helena Matos e avaliação de professores (uma vez mais)
segunda-feira, novembro 17, 2008
A PSP e as claques
A Guerra Aqui (Mesmo) Ao Lado (37)
In the poster, a poor woman and her child gaze up at a prisoner as she castes her ballot into a voting box. The message of the poster is straightforward: "Vote for the Popular Front." The image seems to be a reference to Popular Front's aims to grant amnesty to all political prisoners and to release them from prison. As we know, the Popular Front achieved this goal after winning a political majority in the elections in February of 1936. In the bottom left corner, a businessman, identified by his top hat, watches the scene while a conspicuous outline of the crown floats next to the businessman's top hat. The proximity of these two icons - the top hat and the crown - may be the artists attempt to underline the association between conservative political parties and business interests. This association helps to emphasize the Popular Front's desire to be represented as a party of the laborer and the working class. The term "amnesty" is a clear reference to the Popular Front's plan of freeing political prisoners. One of the benefactors of this policy was Lluis Companys, the President of the Generalitat of Cataluña, who had been jailed in 1934 over a dispute regarding the autonomy of the Catalonian government.
A group with initials, G.R.S.A., produced this poster. It is unknown what these initials stand for or who is the artist of the image."
Sugestão
No meio de tanto dinheiro esbanjado sem sentido, porque não contrata o ministério da educação a uma empresa credível de consultoria internacional (por exemplo, Roland Berger, Boston Consulting Group, McKinsey, A. T. Kearney) um estudo sobre a reorganização do ensino público, nele incluindo toda a definição da carreira docente, com respectivo modelo de avaliação de desempenho, estatuto do aluno, organização das escolas e do próprio ministério, etc, etc? Estou certo os resultados pouco ou nada agradariam aos professores, quiçá também não demasiado ao ministério, mas seria bem interessante analisar as conclusões.
A música em Kubrick (1)
Bom, mas o que me traz aqui hoje é o papel da música em Kubrick e, principalmente, o modo como soube utilizar com maestria e a propósito temas previamente existentes, uns adaptando-os, quando isso era essencial ou importante para a estrutura do filme (seria impensável um “Clockwork Orange” com as versões originais e sem Walter Carlos e os sintetizadores) noutros casos mantendo as versões ou interpretações de origem (estou a lembrar-me da “Musica Ricercata”, de Ligeti, em “Eyes Wide Shut”). Pese embora hoje possamos achar (eu acho) demasiado óbvias e fáceis algumas dessas ligações (estou a lembrar-me do “Danúbio Azul” e de “Also Sprach Zarathustra”, este último, a partir daí, usado um pouco por todo o lado para “aberturas dramáticas”, desde congressos políticos a reuniões de empresa), muitos da minha geração chegaram à música erudita através de Kubrick. Por outro lado, e se me permitem que pessoalize (para todos os efeitos este é um blog pessoal), Kubrick dá-me a oportunidade de conjugar duas das minhas paixões da vida: a música e o cinema.
Passando ao modus operandi, e para que esta nova rubrica não se torne demasiado óbvia, sempre que possível tentarei aqui apresentar interpretações diferentes daquelas que foram utilizadas por Stanley Kubrick nos seus filmes e, para começar por algo bem simples, “We’ll Meet Again”, que acompanha a sequência final de “Dr. Strangelove”, parece-me uma boa solução. Kubrick utilizou, com óbvia ironia para quem se lembra da sequência, o original de Vera Lynn (1939), uma optimista canção de despedida para os soldados britânicos que iam combater na Europa, na WWII. Curiosamente, e tendo por aqui apresentado excertos de “Lipstick On Your Collar”, convém lembrar que a canção foi também utilizada na série “The Singing Detective” de Dennis Potter. O tema foi objecto de variadíssimas versões posteriores (Byrds, Turtles, Johnny Cash). Por isso, junto também a dos Byrds, do álbum “Mr. Tambourine Man”, talvez a minha favorita. E por Kubrick por aqui continuarei, nos tempos mais próximos, sem qualquer preocupação cronológica.
domingo, novembro 16, 2008
"E Alegre se fez triste" - a entrevista ao DN e TSF
sábado, novembro 15, 2008
Um "post" com 8 meses. No entanto, muito actual
As "cambalhotas" da crítica política
sexta-feira, novembro 14, 2008
O Orçamento de Estado e a fábula do sapo e do escorpião
Ainda a avaliação dos professores - ou as questões de princípio
- Primeiro, parece-me que existe aqui algum raciocínio virado upside down, pois pergunto-me se o objectivo será um partido conseguir uma maioria absoluta para governar de acordo com as suas ideias ou esse mesmo partido governar, se calhar sem ideias, de modo conseguir uma nova maioria absoluta. Cruel dilema, como dizia o Narciso Canalizador/Vasco Santana do “Pátio das Cantigas”, mas não me parece que uma maioria absoluta - ou, pura e simplesmente, ser governo – sirva de alguma coisa se não for para governar tentando tudo para implementar as suas ideias. A memória Guterrista parece se desvaneceu cedo, mesmo para aqueles que o criticavam, e muitos ou mesmo quase todos já se terão esquecido de como a história acabou.
- Segundo, vejo e oiço demasiada gente que defendeu a actual equipa ministerial passar agora ao ataque esquecendo o essencial (a reforma do sector em defesa da qualidade da escola pública) e assumindo o acessório (a discussão sobre a “bondade” deste processo de avaliação). Talvez o problema seja, quando tudo parece complicar-se, começar desde já a abandonar o navio e preparar o transbordo para o seguinte. Ou então concluir que nada melhor para deteriorar a qualidade da escola pública do que deixar tudo como está. Mas a questão a colocar àqueles que contestam o proposto sistema de avaliação, que, admito - mais, acredito - tenha falhas e seja demasiado burocrático e complexo, é antes a seguinte: os sindicatos e os professores aceitam, como princípio, um sistema de avaliação, com quotas e parâmetros objectivos e subjectivos, em que os professores sejam avaliados pelas respectivas hierarquias, i. e, conselhos directivos, não-eleitos pelos professores, e coordenadores de disciplinas e/ou directores de turma (peço desculpa se não é esta a denominação exacta)? Em que o vencimento e progressão na carreira seja, fundamentalmente, resultado dessa avaliação? Em que a antiguidade seja um factor com baixa ponderação e a nota de curso perca relevância ao longo dos anos? Em que as diferentes universidades de licenciatura tenham ponderação diferenciada? Em que o facto de terem exercido funções de chefia e coordenação, nos últimos anos, seja valorizado? Em que o progresso efectivo dos alunos seja parte dessa avaliação?
Se sim, o diálogo estará aberto, com certeza. Se não...
A "Grande Entrevista" com Carlos Queiroz
Lembrei-me disto ao ouvir ontem, na RTP (“Grande Entrevista” com Judite Sousa), o discurso redondo e enfadonho, muito ao estilo “português suave”, de funcionário público, de Carlos Queiroz, cheio de frases feitas e oco significado ao estilo “é uma honra e uma missão treinar a selecção” e “todos os jogadores têm sido inexcedíveis e dado o máximo” (se fossem professores eram todos “excelentes”, acrescento eu). Mais, “que quando vai assistir a um jogo tem de se sujeitar aos lugares que lhe disponibilizam e não pode recusar sentar-se ao lado de um presidente de clube”. Talvez seja exactamente por este tipo de discurso que apenas tenha tido êxito como adjunto, onde a liderança não tem peso específico. Será que já ouviu dizer que um excelente número dois raramente será um bom número um? Oxalá seja ele uma das excepções, mas começo a duvidar seriamente.
quinta-feira, novembro 13, 2008
Quim Barreiros teve um antepassado!
Mas isto acontecia connosco, jovens urbanos, estudantes pertencentes a uma elite. Havia um outro Portugal, o dos bairros populares, o do folclore rural. Também o da geração dos nossos pais, que venerava Sinatra, Tony Bennett, as grandes orquestras, o festival de San Remo e até talvez tivesse alguma abertura para com os Calvários e Madalenas, o Eugénio Pepe e o Galarza, enfim, a música pré rock & roll.
No meio disto tudo, como classificar António Mafra? Era “bimbo”, claro, com ressonâncias de ruralidade, ou melhor, pertencia àquele território do norte, do Porto-cidade onde a ruralidade ainda se misturava (e, aqui e ali, isso ainda acontece) com uma vivência urbana mal e recentemente assumida. Diria que é um hinterland muito específico, que talvez esteja em extinção e não é possível encontrar em qualquer outro lado. Mas, o tom fácil das melodias e o jocoso, muitas vezes brejeiro, das letras cedo também nos "caiu o goto", num tempo em que pequenas coisas hoje inocentes eram suficientes para afirmarmos a nossa identidade de geração, a nossa irreverência fosse face aos mais velhos ou ao regime. Por isso lhe achávamos graça e, volta e meia, lá se incluía um tema numa festa de garagem ou o trauteávamos, para escândalo geral, no autocarro que nos levava e trazia do liceu. Foi, podemos dizê-lo com total verdade, um antecessor de Quim Barreiros, mas com uma outra elegância, um sentido de humor mais “fino”, como diriam no norte.
Mais tarde, por via do correr dos anos e do nosso envelhecimento, da adaptação de Sérgio Godinho de um dos seus temas (“O Carteiro”), virou kitsch, o “piroso artístico”, como diz um amigo meu. Fosse o que fosse, seja o que seja, quando saiu uma sua colectânea em CD corri a comprá-la e, tal como acontece com os filmes de Vasco Santana e António Silva, não consigo deixar de rir cada vez que oiço um dos seus temas.
Pois aqui deixo a minha homenagem pelo tanto que me divertiram e, como estamos no S. Martinho, nada mais apropriado do que este tema, bem definidor do que era a música do grupo.
Qualidade dos professores e avaliação
Sem uma avaliação credível todos vão progredindo sem grande esforço e temos de ter em consideração que a maioria dos professores não serão indivíduos muito predispostos à competitividade. Pelo contrário – haverá excepções –, dedicaram-se ao ensino por não encontrarem colocação em outras actividades, quer por via do curso que escolheram, quer por serem oriundos de universidades com pouco prestígio ou com más classificações de curso. Muitos também por comodismo, e no ensino encontraram assim uma carreira que vai ao encontro da sua personalidade e a potencia. Há excepções, claro, e conheço uma ou outra, mas apenas servem para confirmar a regra. Ora a antiguidade nivela por baixo, algo que lhes é favorável dado o seu background, e sabem que perante uma avaliação credível, com quotas, apenas uma minoria progredirá com rapidez, já que, como na vida, raros são os génios e poucos são os que conseguem sobressair da multidão. Pode ser duro de ouvir, mas é a realidade que tem de ser dita.
Por outro lado, sem o actual modelo colectivista – em que o professor e a escola têm uma capacidade de escolha muito limitada, em que apenas a antiguidade conta, a nota de curso persegue o professor para toda a vida como um anátema, ambos tornando inútil qualquer esforço de melhoria por ausência de recompensa, e não existe avaliação pelos superiores hierárquicos, etc, etc – o poder dos sindicatos tenderá a diminuir de modo drástico, como aconteceu nos sectores exteriores à função pública. Daí as queixas que se ouvem, vindas dos sindicatos e repetidas “por simpatia”, sobre o “mau ambiente” e o “pôr professores contra professores” que o novo modelo pode gerar. É uma luta pelo poder em que, por circunstâncias várias, como se viu acima, a Fenprof e o PCP conseguem conjunturalmente agregar uma frente alargada.
O novo modelo de avaliação é burocrático, ocupa tempo, causa injustiças, etc, etc? É provável, mas essa está longe de ser a questão-chave, face ao que acima se descreveu, e não será nada que a colaboração e o bom senso não consigam ultrapassar. O ministério tem as suas responsabilidades no conflito? Admito que sim; a surpresa seria o contrário. Mas a maior de todas essas responsabilidades é pensar que estava a lidar com gente honesta, qualificada, competitiva e, portanto, com qualidade. Como se comprova, na grande maioria dos casos não está.
quarta-feira, novembro 12, 2008
Os direitos constitucionais segundo o PR
Dos pepinos tortos(!)
História(s) da Música Popular (105)
O de hoje é um caso semelhante. Parece que por uma questão de saias” (dizem as boas e as más línguas), “I Just Don’t Know What To Do With Myself”, originalmente (1962) interpretado por Tommy Hunt, foi mal ou nada promovido e a composição de Bacharach e David tornou-se num flop notório. Mais tarde (1964), a britânica Dusty Springfield recuperou o tema e fez dele um êxito (#3 no UK), continuado pela versão de Dionne Warwick em 1966. Resta acrescentar que Tommy Hunt fez parte dos Flamingos, um grupo "Doo-Wop" cujo principal sucesso se chama “I Only Have Eyes for You” e é, de certeza, um dos meus temas "Doo-Wop" favoritos. Mas, falando francamente, tanto a versão de Dusty (Mary Isabel Catherine Bernadette O’Brien - “Dusty” advém do facto de ser uma “maria rapaz” e a sua sexualidade foi alvo de “mexericos” até à sua morte em 1999), que gravou outros temas de Bacharach e David tais como “24 Hours From Tulsa” e “The Look Of Love” (faz parte da banda sonora de "Casino Royale", o primeiro) , como de Dionne são de facto bem superiores.
E eis senão como, sem a presença de Dionne Warwick, este post constitui uma boa introdução aos próximos capítulos, os da sua colaboração com Bacharach e David. Lá virão!
Um dia na vida do autarca Isaltino Morais...
Deixo alguns conselhos ao ilustre autarca. Tente chegar ao seu local de trabalho ½ hora mais cedo. Se puder ser uma hora ainda melhor. Como deve viver no concelho e ter carro com motorista, isso não deve ser por demais complicado. Por certo terá alguém na Câmara que lhe prepare antecipadamente o que ler, o que, estou certo, lhe irá poupar algum tempo, desse modo podendo começar a reunião da 10h pelo menos meia hora mais cedo. Outro conselho (com “s”, já que com “c” deixe-se estar onde está que pelo vistos bem o merecem e apreciam). Tente almoçar qualquer refeição ligeira no seu local de trabalho (há empresas de catering que as fornecem com muita qualidade), enquanto trata dos assuntos que tem a tratar com o tal empresário, que lhe ficará grato com a familiaridade assim demonstrada de lhe dar a honra de com ele almoçar num ambiente reservado. Uma hora e meia, no máximo, é mais do que suficiente. Olhe que até lhe dar um ar de maior eficácia (“à americana”, como dizia o carteiro do “Há Festa na Aldeia” do Tati), emagrece, que bem precisa, e ainda lhe aumenta a esperança de vida. Ah, e ainda é capaz de aligeirar o orçamento da autarquia! Claro que a reunião das 15h pode assim passar para 14h.
Se seguir estes conselhos vai ver que a tarde lhe corre melhor, vai trabalhar com mais à vontade e decidir com mais rigor e, last but not least, poderá regressar ao “rimanço” do lar aí pelas 19h, 19.30h, no máximo. Isto para o caso de querer, claro, por lá também o quererem e assim se sentir bem. “Bute lá” experimentar? "À americana, à americana"!
A SIC N debateu(?) ontem a avaliação de professores
terça-feira, novembro 11, 2008
"Remembrance" - "The Poppy Appeal"
Between the crosses, row on row
That mark our place; and in the sky
The larks, still bravely singing, fly
Scarce heard amid the guns below.
We are the dead. Short days ago
We lived, felt dawn, saw sunset glow,
Loved and were loved, and now we lie
In Flanders fields.
Take up our quarrel with the foe;
To you, from failing hands, we throw
The torch; be yours to hold it high.
If ye break faith with us who die
We shall not sleep, though poppies grow
In Flanders fields.
"In Flanders Fields" - a poem by Major John Mc Crae (1915)
A avaliação de professores: um caso pessoal
Estão a perceber, senhores professores?
A democracia "chewing gum" de Cavaco Silva
segunda-feira, novembro 10, 2008
Hoje, apetece-me dizer isto
"Six, cinq, quatre, trois, deux, un et une, mon oiseau a perdu ses plumes"
A ilusão "cavaquista"...
Afinal, depois de despido do seu manto, o rei vai nu? Não ousarei chegar a tal ponto, mas já nada mais o cobre do que um véu diáfano de ilusão.