When I woke up this morning, como diria qualquer bluesman fiel á sua música e aos seus princípios e valores, fi-lo, como sempre, com recurso a um noticiário da TSF, neste caso o das 7.30h. Fiquei logo a perceber que o tema do dia, que depois confirmei ir ser o do Fórum - que não ouvi - seria o perigo do PS perder a maioria absoluta por mor da contestação dos professores e, agora, segundo parece, de alguns alunos. Duas notas.
- Primeiro, parece-me que existe aqui algum raciocínio virado upside down, pois pergunto-me se o objectivo será um partido conseguir uma maioria absoluta para governar de acordo com as suas ideias ou esse mesmo partido governar, se calhar sem ideias, de modo conseguir uma nova maioria absoluta. Cruel dilema, como dizia o Narciso Canalizador/Vasco Santana do “Pátio das Cantigas”, mas não me parece que uma maioria absoluta - ou, pura e simplesmente, ser governo – sirva de alguma coisa se não for para governar tentando tudo para implementar as suas ideias. A memória Guterrista parece se desvaneceu cedo, mesmo para aqueles que o criticavam, e muitos ou mesmo quase todos já se terão esquecido de como a história acabou.
- Segundo, vejo e oiço demasiada gente que defendeu a actual equipa ministerial passar agora ao ataque esquecendo o essencial (a reforma do sector em defesa da qualidade da escola pública) e assumindo o acessório (a discussão sobre a “bondade” deste processo de avaliação). Talvez o problema seja, quando tudo parece complicar-se, começar desde já a abandonar o navio e preparar o transbordo para o seguinte. Ou então concluir que nada melhor para deteriorar a qualidade da escola pública do que deixar tudo como está. Mas a questão a colocar àqueles que contestam o proposto sistema de avaliação, que, admito - mais, acredito - tenha falhas e seja demasiado burocrático e complexo, é antes a seguinte: os sindicatos e os professores aceitam, como princípio, um sistema de avaliação, com quotas e parâmetros objectivos e subjectivos, em que os professores sejam avaliados pelas respectivas hierarquias, i. e, conselhos directivos, não-eleitos pelos professores, e coordenadores de disciplinas e/ou directores de turma (peço desculpa se não é esta a denominação exacta)? Em que o vencimento e progressão na carreira seja, fundamentalmente, resultado dessa avaliação? Em que a antiguidade seja um factor com baixa ponderação e a nota de curso perca relevância ao longo dos anos? Em que as diferentes universidades de licenciatura tenham ponderação diferenciada? Em que o facto de terem exercido funções de chefia e coordenação, nos últimos anos, seja valorizado? Em que o progresso efectivo dos alunos seja parte dessa avaliação?
Se sim, o diálogo estará aberto, com certeza. Se não...
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