sexta-feira, novembro 14, 2008

A "Grande Entrevista" com Carlos Queiroz

Se existe algo em que todos poderão estar de acordo em relação a Luís Filipe Scolari é que ele foi capaz de separar claramente as águas: havia os dele, que defendia a todo o custo, e os outros, que ignorava ou votava ao ostracismo, por vezes não hesitando em críticas públicas. Tinha as suas ideias e só as mudava em circunstâncias extremas, pouco se importando com pressões e influências. Tinha amigos e inimigos, e nomeava estes em público. Afrontava as críticas e os críticos com rara frontalidade, usando frases que fizeram história. Por vezes procurava mesmo fazer “sair da toca” os seus inimigos. Talvez por isso tenha sido bem sucedido e, quanto a mim (algumas discordâncias à parte), estabelecido um saudável contraste com aquele que é, maioritariamente, o comportamento dos portugueses.

Lembrei-me disto ao ouvir ontem, na RTP (“Grande Entrevista” com Judite Sousa), o discurso redondo e enfadonho, muito ao estilo “português suave”, de funcionário público, de Carlos Queiroz, cheio de frases feitas e oco significado ao estilo “é uma honra e uma missão treinar a selecção” e “todos os jogadores têm sido inexcedíveis e dado o máximo” (se fossem professores eram todos “excelentes”, acrescento eu). Mais, “que quando vai assistir a um jogo tem de se sujeitar aos lugares que lhe disponibilizam e não pode recusar sentar-se ao lado de um presidente de clube”. Talvez seja exactamente por este tipo de discurso que apenas tenha tido êxito como adjunto, onde a liderança não tem peso específico. Será que já ouviu dizer que um excelente número dois raramente será um bom número um? Oxalá seja ele uma das excepções, mas começo a duvidar seriamente.

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