Na sequência daquilo que por aqui já afirmei, o que me causa alguma, para não dizer, total perplexidade é a nomeação de alguém como o perfil de Manuel Dias Loureiro para conselheiro de estado por parte de uma personalidade, como é o caso de Cavaco Silva, que sempre fez do rigor e credibilidade parte do seu património político e pessoal. Principalmente, se tivermos em conta o que isso representa de contrastante com os restantes quatro conselheiros de estado por si nomeados. Esse é, de facto, o seu erro político original, que está a pagar caro e não soube, não pôde ou não conseguiu corrigir, antes pelo contrário, com as suas intervenções posteriores. Se, também como aqui já disse, a nota emitida a propósito do BPN é despropositada e, porque não dizê-lo, acaba, ao contrário do que se pretendia, por gerar um efeito comprometedor ou, pelo menos, lançar a suspeição onde ela não existia, as afirmações da tarde de ontem, remetendo para uma lei cuja interpretação está muito longe de ser consensual, arriscam-se a ser lidas como uma opção em duas possíveis, seja, um puro e simples gesto de confiança em Dias Loureiro. Acresce ainda que ao receber pouco depois o conselheiro de estado dando azo a que este afirme, após a audiência, que não vê razão para apresentar a sua demissão, Cavaco Silva sujeita-se a que seja essa sua opção, de confiança em Dias Loureiro, a confirmar-se e fazer caminho junto da opinião pública. Exagero? Talvez nem tanto, já que nos últimos tempos, mormente no caso da Madeira, o Presidente da República, sob a capa da “cooperação estratégica”, não tem esbanjado qualquer oportunidade para demonstrar onde residem, de facto, as suas lealdades políticas e pessoais.
Nota: Já depois de publicado este post, li que o Presidente da República saiu publicamente em defesa de Dias Loureiro, não dando sequer azo a quaisquer dúvidas interpretativas sobre a audiência de ontem e posteriores afirmações do conselheiro de estado. Abre assim caminho a todas as especulações.
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